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FACULDADE DE MEDICINA

INTERNATO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

DISCUSSÃO DE CASO
CLÍNICO
Interno: Moniz Francisco de Paiva Neto e Bianca Brunetta
Preceptor: Danilo Araújo Guimarães

Agosto
2022
HISTÓRIA CLÍNICA:
R.F.S. 14 anos, sexo feminino, comparece a UPA juntamente com coordenadora do Lar Transitório
para crianças. Foi retirada da família e está no lar há 2 dias. Veio a unidade encaminhada da UBS
para avaliação e solicitação de exames.

Acompanhante relata que a mesma sofria agressão sexual há cerca de 6 anos, sendo o último
episódio há aproximadamente uma semana, acompanhado de agressão corporal. Foi avaliada pelo
médico legista do IML há 2 dias. Está com humor deprimido, pouco cooperativa e com recusa
alimentar.
EXAME FÍSICO:
No momento da consulta, paciente hiporresponsiva, chorosa e deprimida. Apresenta lesões em
face, MMSS e MMII, que foram provocadas pelo agressor e também por automutilação.

Paciente não estava se sentindo confortável em consultório e por já ter sido avaliada por médico
legista, não foi realizado exame físico.
EXAMES COMPLEMENTARES:
• Solicitado avaliação com a psicóloga.

• Exames:
- Beta HCG
- Hemograma completo
- Anti-HCV
- HBsAg
- VDRL
- Teste rápido HIV
VIOLÊNCIA SEXUAL
O Termo ‘’ violência sexual’’ significa a realização de qualquer
ato sexual, com ou sem penetração oral, vaginal, anal, desde
que seja um ato praticado sob força.
ATENDIMENTO
• Realizar notificação compulsória (até 24 horas) ao SINAN;

• A notificação é de SUSPEITA, não precisa haver a confirmação do ato;

• Não exigir BO ou perícia médica para atender, mas comunicar à autoridade policial;

• Se a vítima for menor de 18 anos, além dos itens acima, acionar o conselho tutelar;

• Preservar o material, podem servir de possíveis evidências do crime de estupro.


ATENDIMENTO
• A vítima tem o direito de receber o atendimento clínico, laboratorial, psicológico e social
imediato;

• O atendimento exige o cumprimento dos princípios de sigilo, de ética e de segredo profissional.


ATENDIMENTO
• Sugere-se que a quebra de sigilo em indivíduos com idade inferior a 18 anos, mas, sobretudo em
adolescentes, seja preferencialmente ‘’negociada’’ para que não haja ‘’quebra da confiança’’ na
relação médico paciente.
PRONTUÁRIO
• Local, dia e hora aproximada da violência sexual;

• Tipo(s) de violência sexual sofrido(s);

• Forma(s) de constrangimento utilizada(s);

• Tipificação e número de autores da violência;

• Órgão que realizou o encaminhamento.


EXAMES NA ADMISSÃO
• HIV ( teste rápido);

• HbsAg;

• Anti- HBs;

• Hemograma, Creatinina, Ureia, Alt/Ast e Glicemia em jejum – se iniciado profilaxia para HIV;

• Teste treponêmico para sífilis;

• Teste de gravidez?.
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
• Se a mulher faz uso de contracepção de alta eficácia , não precisa;

• Levonorgestrel 1,5 mg VO, dose única, sem necessidade de fracionar.


PROFILAXIAS ISTS (VIRAIS)
• HIV: Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir. Iniciar em até 72 horas e realizar por 28 dias;

• HBV: Vacina e Imunoglobulina. Iniciar em até 14 dias.


PROFILAXIAS ISTS (NÃO VIRAIS)

PATOLOGIAS TRATAMENTO

Sífilis Pen G benzantina 2,4 milhões, IM

Gonorreia Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única

Infecção por clamídia e Cancro mole Azitromicina 500 mg, 2 cp, VO, dose única

Tricomoníase Metronidazol 500 mg, 4 cp, VO, dose única


PROTOCOLO SPIKES
• O protocolo SPIKES tem como objetivo facilitar à abordagem de assuntos delicados diante dos
pacientes;

• S – setting up the interview: planejar/ensaiar a conversa mentalmente, como responder às reações


emocionais do paciente, o local da entrevista. Presença de algum familiar;

• P – perception: avaliar a percepção do paciente sobre seu estado atual, através de perguntas.
PROTOCOLO SPIKES
• I – invitation: convidar para um diálogo, se colocar a disposição para esclarecer dúvidas futuras ou
para conversar com algum familiar;

• K – knowledge: dar conhecimento e informação ao paciente, usando um linguajar de fácil


compreensão, evitando expressões duras e frias. A informação deve ser passada aos poucos,
certificando-se sempre de que o paciente está entendendo o que está sendo dito.
PROTOCOLO SPIKES
• E – emoticons: abordar as emoções dos pacientes com respostas afetivas, oferecer apoio e
solidariedade através de um gesto ou uma frase de afetividade. É fundamental dar ao paciente o
tempo necessário para se acalmar;

• S – strategy and summary: estratégia e resumo, planos terapêuticos. Antes de discutir os planos
terapêuticos recomenda-se perguntar ao paciente se ele está pronto para prosseguir e se aquele é
o momento.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Protocolo Clínico e Diretrizes terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição ( PEP) de Risco à Infecção
pelo HIV, IST e Hepatites Virais;

• Ministério da Saúde 2021;

• Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas ( PCDT) Ministério da saúde 2021.

• GESSER, AM; DOS SANTOS, MS; GAMBETTA, MV Spikes: um protocolo para comunicação de más


notícias / Spikes: um protocolo para comunicação de más notícias. Revista Brasileira de
Desenvolvimento , [S. l.] , v. 7, n. 11, pág. 103334–103345, 2021. DOI: 10.34117/bjdv7n11-
111.Disponível em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/39204. Acesso
em: 9 ago. 2022.

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