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FACULDADE

CATÓLICA DE
BELÉM
Língua portuguesa
Tipos e mecanismos
de coesão textual
Profª.: Francinete Celestino
francinetecel@hotmail.com
Coesão é a conexão dos elementos do texto de
forma a criar harmonia entre eles.

Trata, basicamente, das articulações


gramaticais que existem entre as palavras,
frases e orações cuidando para que haja boa
sequência entre parágrafos, orações, períodos
e palavras. 
Tipos de coesão
• Coesão referencial: é quando um termo ou expressão
substitui, refere-se a um outro pertencente ao
universo textual. Esse tipo de coesão ocorre quando os
elementos coesivos ou conectivos retomam ou
anunciam palavras, frases e sequências que exprimem
fatos ou conceitos.
 
• Coesão sequencial: ocorre por meio dos componentes
do texto que estabelecem relações semânticas entre
orações, períodos ou parágrafos à medida que o texto
progride.
Mecanismos de coesão referencial
• ANÁFORA – ocorre quando um termo já dito (referente) é recuperado
por meio de um item coesivo depois. 
"Em tudo o que a natureza opera, ela nada o faz bruscamente”
"Aquele que recebe um benefício não deve jamais esquecê-lo; aquele
que o concede não deve jamais lembrá-lo.“
 
• CATÁFORA – é quando o termo pressuposto (referente) aparece após
o termo coesivo. 
“Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra
pronunciada, e a oportunidade perdida.” (Provérbio Chinês)
“Ela está no horizonte (...) Me aproximo dois passos, ela se afasta dois
passos. Caminho dez passos, e o horizonte corre dez passos. Por mais
que eu caminhe jamais a alcançarei. Então para que serve a utopia?
Para isso mesmo; para nos fazer caminhar...” (Anônimo)
Mecanismos de coesão referencial
• ELIPSE – se dá quando algum elemento do texto é
retirado, evitando a repetição.
“É preciso viver, [é preciso] não apenas existir.” (Plutarco)
 
• REITERAÇÃO – é decorrente da repetição do mesmo item
lexical e de outros procedimentos já mencionados acima
como o emprego de sinônimos, hiperônimos etc.
  "Questionar não é duvidar, questionar é querer saber
mais!"
"Coragem é resistir ao medo. Coragem não é a ausência do
medo."
A contiguidade é um mecanismo de coesão referencial que
CONSISTE NO USO DE TERMOS PERTENCENTES A UM
MESMO CAMPO SEMÂNTICO (sinônimos ou quase sinônimos) no
texto com o objetivo de:
Evitar a repetição de palavras no texto;
Fazer retomadas da ideia/tema central do texto;
Contribuir com a progressão textual.
EX.:
“À medida que o rio se afunila entre os paredões cada vez mais
verticais, a correnteza vai ganhando velocidade e companhia
de uma espuma branca, originada pelo choque violento
das águas contras as pedras.”
Observe que os substantivos  destacados criam no texto
um campo semântico relacionado a rio. À medida que cada um
desses substantivos é utilizado, retoma o tema central e faz
com que o texto progrida.
EXEMPLOS
1.a. Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso isso volte a
acontecer, eles serão suspensos.

Nesse texto, o termo alunos e a expressão mau comportamento foram retomados


pelos elementos coesivos “eles” e “isso”

b. Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso isso volte a


acontecer, deverão ser suspensos.

Já nesse texto, optou-se pela omissão do pronome “eles”, havendo, portanto, a


coesão por elipse.

3. Os jornalistas protestaram após a decisão do STF quanto à não


necessidade de diploma para o exercício da profissão. Segundo o
sindicado da categoria, essa decisão é uma afronta à prática de um
jornalismo profissional e eficiente.

Nesse texto, recorreu-se a coesão por contiguidade; categoria substitui


jornalista – há um quase sinônimo.
 COESÃO SEQUENCIAL POR OPERADORES
ARGUMENTATIVOS
Esses elementos são responsáveis por evidenciar a
intensidade argumentativa do discurso e qual o caminho
que o falante está trilhando.
Do ponto de vista gramatical, as palavras que funcionam como
operadores argumentativos
são os conectivos (notadamente as
conjunções), os advérbios e outras palavras que,
dependendo do contexto, não se enquadram em nenhuma
das dez categorias gramaticais (são classificadas
como palavras denotativas): 
até, inclusive, também, afinal, então, é que, aliás, etc.
Tipos de operadores argumentativos
Os operadores argumentativos são
utilizados para introduzir variados tipos
de argumentos. Veja os mais comuns:
 
Operadores que introduzem argumentos que
se somam a outro tendo em vista uma
mesma conclusão: e, nem, também, não
só… mas também, não só… mas ainda, além
disso, etc.
EX.: Os efeitos danosos do trabalho infantil sobre a
escolarização são sentidos não só nas crianças
menores mas também nos adolescentes.
Operadores que introduzem enunciados que
exprimem conclusão em relação ao que foi
expresso
anteriormente: logo, portanto, então, em
decorrência, consequentemente, etc.
Ex.: O trabalho infantil prejudica o
desenvolvimento físico, emocional e
intelectual da criança, portanto deve ser
combatido.
•Operadores que introduzem argumento que
se contrapõe a outro visando a uma
conclusão
contrária: mas, porém, todavia, embora, ainda
que, mesmo que, apesar de, etc.

Ex.: Muitas pessoas são contra a exploração de


crianças e adolescentes, mas poucas fazem
alguma coisa para evitar que isso aconteça. 
Esses operadores são geralmente representados pelas
conjunções adversativas e concessivas. A opção por
determinado tipo de conjunção tem implicações na
estratégia argumentativa.

Por meio das adversativas


(mas, porém, todavia, contudo, etc.), introduz-se um
argumento que leva o interlocutor a uma conclusão
contrária a que chegaria se prevalecesse o argumento
usado no enunciado anterior.

Com as concessivas (embora, se bem que, ainda que,


etc.), o locutor dá a conhecer previamente o
argumento que será invalidado.
Ex.: Milhões de crianças e adolescentes
trabalham no Brasil, mas isso é proibido pela
Constituição.

Ex.: Embora a Constituição proíba, milhões de


crianças e adolescentes trabalham no Brasil.
• Operadores que introduzem argumentos
alternativos: ou, ou… ou, quer… quer, seja…
seja, etc.
EX.: Ou sensibilizamos a sociedade sobre os
efeitos danosos do trabalho infantil, ou o
problema persistirá. 
•Operadores que estabelecem relações de
comparação: mais que, menos que, tão…
quanto, tão… como, etc.

EX.: O problema do trabalho infantil


é tão grave quanto o do desemprego.
•Operadores que estabelecem relação de
justificativa, explicação em relação a enunciado
anterior: pois, porque, que, etc.

Ex.: Devemos tomar uma decisão urgente, pois o


problema tende a se agravar.

•Operadores cuja função é introduzir enunciados


pressupostos: agora, ainda, já, até, etc.

Ex.: Até o papa manifestou sua indignação.

Nesse enunciado, pressupõe-se que outras


pessoas, além do papa, tenham manifestado
indignação.
A coerência está diretamente ligada a coesão
do texto, pois uma comunicação eficaz depende
da manutenção dessa relação.
Um texto coerente é aquele que possui sentido
único e trata de um mesmo tema do início ao
fim.
 
Princípios básicos devem ser seguidos para manter um texto
coerente, sendo eles:
•Princípio da Relevância: ideias precisam se relacionar
•Princípio da Não Tautologia: evitar ideias redundantes
•Princípio da Não Contradição: evitar ideias contraditórias
•Princípio da Continuidade Temática: o texto deve seguir
dentro do mesmo assunto
•Princípio da Progressão Semântica: inserir informações novas
para seguir o todo.
Esses princípios são garantidos caso alguns fatores sejam
levados em consideração para garantir a coerência textual.

São eles:

Conhecimento de mundo (enciclopédico) – adquirido no


contato com o mundo que nos cerca.
- Conhecimento linguístico - utilização adequada da
gramática ou sistema da língua, em que o texto é
produzido.
- Conhecimento compartilhado – parcela de
conhecimentos comuns ao produtor e ao receptor do texto.
Referências
TERRA,E. Práticas de leitura e escrita. São Paulo.
Saraiva: educação 2019

KOCH, I.V; TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual –


São Paulo. Editora Contexto. 

https://www.ernaniterra.com.br/coesao/
Proposta de prática textual.
Identificar na crônica alguns recursos coesivos utilizados
pelo autor.

Texto - Furto de flor


Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício
cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo
senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e
flor não é para ser bebida
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia,
revelando melhor sua delicada composição. Quantas
novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-
la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi
por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem
apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via
morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a
docemente e fui depositá-la no jardim onde
desabrochara. O porteiro estava atento e
repreendeu-me.
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste
jardim!

Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80.

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