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O ESTADO COMO

CONSTRUÇÃO HIPOTÉTICA:
THOMAS HOBBES

Professora Cristina Passos


THOMAS HOBBES (1588-1679)

 “(...) a natureza,
mediante a qual
Deus fez e
governa o
mundo, é
imitada pela
arte humana
(...): é possível
fazer o homem
artificial.”
LEVIATÃ (1651)

 “A arte vai mais


longe ainda,
imitando a criatura
racional, a mais
excelente obra da
natureza, o
Homem. Porque,
pela arte, é criado
aquele grande
Leviatã a que se
chama Estado, ou
cidade (em latim
civitas).”
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REFORMA PROTESTANTE

 Século XVI: Reforma religiosa


protestante
 Burguesia em ascensão - modo de
vida burguês incomodava a Igreja
Católica, mas o burguês queria ser
considerado cristão
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
CALVINISMO

 Reforma (religião alternativa)


liderança de Ítalo Calvino
 O calvinismo defendeu as atividades
burguesas: teoria da predestinação
 Espalhou-se pelos países em que a
burguesia era mais forte: França
(huguenotes), Holanda e Inglaterra
(presbiterianos e puritanos)
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
ANGLICANISMO INGLÊS
 Século XVI: Igreja Católica – Estado
importante, cuja capital é em Roma
 Tentativa de reforço do poder
absoluto por parte de Henrique VIII
com o Ato de Supremacia de 1534:
criação da Igreja Anglicana
 Confisco dos bens da Igreja Católica
 Subordinação da Igreja ao Estado
 Manutenção dos dogmas do
catolicismo
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REVOLUÇÃO BURGUESA INGLESA

 Século XVII: Inglaterra passa por


crise econômica + insatisfação com
o Absolutismo + opressão popular
 Guerra Civil, de 1642 a 1649
 Cavaleiros (nobreza anglicana) x
Cabeças redonda (burguesia +
camponeses + nobreza
aburguesada → puritanos e
presbiterianos)
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REVOLUÇÃO BURGUESA INGLESA

 Cavaleiros: lutavam pelo poder


absoluto do Rei
 Cabeças redonda: apoiavam a
supremacia do Parlamento
 Burguesia venceu a Guerra Civil
(cabeças redonda – puritanos e
presbiterianos)
 1649: cai Carlos I e é proclamada a
República burguesa
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REVOLUÇÃO BURGUESA INGLESA

 Cromwell (general do Exército


puritano) assume o poder
 1653: Cromwell dissolve o
Parlamento e inaugura uma ditadura
puritana (Lorde Protetor da
Inglaterra) – segundo os
historiadores não se reinstala a
monarquia absolutista
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REVOLUÇÃO BURGUESA INGLESA

 1658: Cromwell falece, operando-se a


restauração monárquica da família Stuart
 1660: Rei Carlos II assume a coroa
inglesa
 1685: Rei Jaime II (católico, apoiado por
Luiz XIV, o Rei Sol) objetivava restaurar
o absolutismo
 1688: Guilherme de Orange desembarca
na Inglaterra, depondo Jaime II
(Revolução Gloriosa)
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REVOLUÇÃO BURGUESA INGLESA

 Instaura-se uma monarquia


parlamentarista (limitação dos
poderes reais), onde o rei reina, mas
não governa
 Parlamento soberano através da
eleição pelo voto censitário
 Promulgação do Bill of rights, de
1689
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:
REVOLUÇÃO BURGUESA INGLESA
 As Revoluções acabaram com o
Absolutismo na Inglaterra e
conferiram poder político à
burguesia, que antes detinha
apenas o poder econômico
INTRODUÇÃO AO
PENSAMENTO HOBBESIANO
 Demonstra uma concepção
estática da sociedade e
despreocupação com questões
econômicas
 Idéia dominante no livro
“Leviatã”: problema da unidade
do Estado
INTRODUÇÃO AO
PENSAMENTO HOBBESIANO
 Entende que a salvação para os
indivíduos é a criação do Estado
Civil: o “Homem Artificial”, o Estado
Leviatã (monstro marinho da
mitologia fenícia)
 Estado como produto da vontade
humana
ESTADO DE NATUREZA

 Igualdade de fato
 Permanente desconfiança,
concorrência, violência
 Busca incessante pelo poder
 Ausência de poder e ordenação
comum
 O homem é o lobo do homem
 Guerra de todos contra todos
DITAMES DA RETA RAZÃO

 Regras prudenciais: natureza


humana (leis naturais, como
expressão da vontade divina)
 Raciocínio entendido como um
cálculo
 1ª regra fundamental: busca da paz
(conservação da vida)
DITAMES DA RETA RAZÃO

 2ª regra fundamental: obediência


aos contratos
 No Estado de Natureza é
imprudente seguir as regras
prudenciais
 Necessidade de instituição de um
poder absoluto e irresistível para
obediência das regras prudenciais
PACTO DE UNIÃO – CONTRATO
SOCIAL OU PACTO DE SUBMISSÃO
 Consentimento de todos
 Transferência de poderes para uma
única pessoa ou para uma assembléia
de homens (soberano)
 O soberano terá a força de todos os
poderes individuais reunidos
 Súditos devem obediência ao que o
soberano ordenar (desigualdade entre
eles): pacto de submissão
 O contrato institui o soberano e o
Estado
SOBERANIA: IRREVOGÁVEL

 Pacto celebrado somente entre os


indivíduos, considerados como
multidão de pessoas
 Soberano não participa do pacto
 Irrevogabilidade: necessidade de
dupla obrigação (por parte dos
cidadãos – unanimidade – e por
parte do soberano – consentimento)
SOBERANIA: ABSOLUTA

 O poder soberano não tem limites:


se o soberano conhecesse limites, o
detentor de poder seria outro
 Com o contrato opera-se a renúncia,
por parte dos indivíduos, ao direito
de todas as coisas, exceto o direito à
vida → a preservação da vida é o
motivo pelo qual os indivíduos saem
do Estado de Natureza
SOBERANIA: ABSOLUTA

 O soberano não está sujeito às leis


civis
 O Direito vigente é o que emana do
Rei (soberano)
 As leis naturais (divinas) somente
são válidas se colocadas em vigor
pelo soberano, mas não limitam o
seu poder
LEIS CIVIS

 Cabe ao soberano estabelecer,


através das leis civis, o que é certo,
errado, justo ou injusto
 O soberano não ordena o que é
justo, mas é justo o que o soberano
ordena (paralelo com a teoria
kelseniana)
 Após a instituição do Estado, os
súditos estão obrigados apenas às
leis emanadas pelo Soberano
SOBERANIA: INDIVISÍVEL

 Soberania atribuída a uma única


pessoa ou grupo de pessoas
(concentração de poder)
 Unidade do poder x anarquia
 Inexistência de separação das
funções do Estado (concentração de
poderes)
 Impossibilidade de separar o poder
temporal do espiritual
O ESTADO E A IGREJA

 Impossibilidade de obedecer a Deus


e a um homem simultaneamente
 O soberano, ao promulgar as leis,
define quais as leis religiosas que
devem ser obedecidas
 Obediência ao próprio Estado, a
quem cabe decidir sobre as
questões espirituais
 Igreja como instituição do Estado
(religião de Estado)
CRÍTICAS AO PENSAMENTO
HOBBESIANO
 Apresenta o homem como belicoso
e o Estado como monstruoso
 Nega a liberdade de religião e o
direito natural à propriedade
 Não reconhece os resultados
benéficos dos conflitos
 Estado (poder centralizado)
apontado como único remédio para
a natureza corrompida do homem
CONCLUSÃO

 Para Bobbio, “o que os


contemporâneos não puderam
entender era que o Leviatã era o
grande Estado Moderno, que nascia
das cinzas do Estado Medieval.”
BIBLIOGRAFIA

 BOBBIO, Norberto. A teoria das


formas de governo. 10. ed. Brasília:
UnB, 1997.
 _______, Thomas Hobbes. Rio de
Janeiro: Campus, 1991.
 HOBBES, Thomas. Leviatã. São
Paulo: Martin Claret, 2001.
 SCHMIDT, Mario. Nova história
crítica: moderna e contemporânea.
São Paulo: Nova geração, 2003.
BIBLIOGRAFIA

 WEFFORT, Francisco C. Os
clássicos da política. São Paulo:
Ática, 2003. I V.

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