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CRIMES AMBIENTAIS

Lei 9.605/98
Profa. Carol
Mecanismos de proteção do meio ambiente face ao ilícito
jurídico ambiental
• Art. 225, §3º/CF: “As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados”
• âmbito penal (aplicação das penas)
• âmbito administrativo (fiscalização e aplicação de sanções
administrativas, tais como embargo de obra, interdição de
atividades etc.)
• âmbito civil (liminares para prevenir danos, reparação de
danos, compensação por equivalente e indenização)
Direito Penal Mínimo e crimes ambientais
• De acordo com o caráter fragmentário do Direito Penal: só
deve tutelar os valores mais elevados, mais relevantes para
a sociedade, sempre que os outros mecanismos sejam
insuficientes (DIGNIDADE PENAL + NECESSIDADE PENAL)
• Justificativa da intervenção do Direito Penal na tutela dos
bens ambientais: meio ambiente é um direito fundamental
da pessoa humana, já que essencial à sadia qualidade de
vida (art. 225, caput da CF) e à dignidade humana (art. 1º,
III da CF) a relevância dos bens ambientais (dignidade
penal) aliada à grande eficácia dissuasória do Direito Penal
(necessidade penal) justificam a criminalização de condutas
que agridem o meio ambiente.
Bem jurídico/objeto jurídico tutelado nos
crimes ambientais:
• tutela-se a qualidade ambiental, a higidez do
meio ambiente.
• SUJEITO PASSIVO dos crimes ambientais é a
coletividade, já que é ela (e não o Estado) a
detentora do bem jurídico lesionado ou
colocado em risco. Por isso ser um crime vago,
pois não atinge a determinada pessoa e sim a
um todo.
SUJEITO ATIVO DOS CRIMES AMBIENTAIS
• 1. Pessoa natural:
• a) Condição especial do sujeito ativo CRIMES COMUNS – podem ser cometidos
por qualquer pessoa.
• CRIMES PRÓPRIOS – só podem ser cometidos por determinada pessoa ou
categoria de pessoas, como os crimes praticados por funcionário público.
EX: Art. 67 da Lei 9.605/98: “Conceder o funcionário público licença, autorização
ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou
serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Publico:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é
culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.”
b) Crimes ambientais praticados por índios Segundo o disposto no art. 4º do Estatuto
do Índio (Lei 6001/73): “Os índios são considerados: I- Isolados - Quando vivem em
grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes através de
contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; II - Em vias de integração -
Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam
menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas
e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão
necessitando cada vez mais para o próprio sustento; III - Integrados - Quando
incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos
civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.”
grau de integração do silvícola para
atribuição de sua culpabilidade:
• Art. 56 do Estatuto do Índio: “No caso de condenação de índio
por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua
aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do
silvícola. (atenuante genérica)
“Índio – Responsabilidade criminal – Tentativa de homicídio –
Índio em vias de integração – Lei 6.001/73, arts. 4º, 10 e 56. O
índio pode ser processado, criminalmente, estabelecendo-se, no
art. 56 da Lei 6.001/73, entretanto, que a pena deve ser atenuada
e na sua aplicação o juiz atenderá, também, ao grau de integração
do silvícola. Pelo só fato de encontrar-se em vias de integração,
não se torna, assim, o índio, criminalmente, inimputável...” (STF,
Rel. Min. Néri da Silveira. In: DJU 18.3.83, p. 2979)
imputabilidade plena penal:

• “Se o índio já é aculturado e tem


desenvolvimento mental que lhe permite
compreender a ilicitude de seus atos, é
plenamente imputável” (STF, Rel. Min.
Carlos Madeira. In: RT 614/393).
Concurso de agentes na Lei 9.605/98:
• Art. 2º da Lei dos Crimes Ambientais: “Quem, de
qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o administrador, o membro de
conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o
preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que,
sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-
la.”(crimes de rompimento de barragem de
Brumadinho e Mariana)
co-autoria e participação:
• trata-se de co-autoria (dois ou mais agentes,
conjuntamente e com unidade de desígnios,
realizam o verbo do tipo)
• participação: o partícipe, sem praticar o verbo
(núcleo) do tipo, concorre de algum modo
para a produção do resultado) por COMISSÃO
e por OMISSÃO.
Penas aplicáveis às pessoas naturais
• Pena privativa de liberdade (cabendo a suspensão condicional da
pena, por 2 a 4 anos, nos casos de condenação a pena privativa não
superior a três anos”) –
• Penas restritivas de direitos: (i) prestação de serviços à comunidade
(tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de
conservação, e, no caso de dano a coisa particular, pública ou
tombada, na restauração desta, se possível); (ii) interdição
temporária de direitos; (iii) suspensão parcial ou total de atividades;
(iv) prestação pecuniária (pagamento de 1 a 360 salários mínimos à
vítima ou à entidade pública ou privada com fim social) e (v)
recolhimento domiciliar.
• Pena de multa :10 a 360 dias-multa, sendo o dia-multa de 1/30 a 5
vezes o valor do s.m, de acordo com a situação econômica do réu,
triplicável se, aplicável no máximo, for ineficaz, considerando a
vantagem econômica auferida.
Substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de
direitos

• Art. 7º da Lei 9.605/98: “As penas restritivas de direitos


são autônomas e substituem as penas privativas de
liberdade quando:
• I – tratar-se de crime culposo [neste caso,
independentemente do tempo da pena] ou for aplicada a
pena privativa de liberdade inferior a 4 anos;
• II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a
personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja
suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do
crime.
Duração da pena substitutiva (rectius: restritiva de
direito) na Lei dos Crimes Ambientais:

• Art. 7º, parágrafo único da Lei 9.605/98: “As


penas restritivas de direitos a que se refere
este artigo terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída”
• à exceção daquelas em que o fator ‘tempo’
não tem influência alguma, como, p.ex., a de
prestação pecuniária, não cumprimento da
pena restritiva de direito : conversão em pena
privativa de liberdade.
Responsabilidade penal da pessoa jurídica

• países que a adotam: Holanda, Dinamarca,


EUA, Canadá, Inglaterra, Austrália, França,
Colômbia, Venezuela etc. no Brasil: amparo na
Constituição Federal (art. 225, §3º) e na Lei
9.605/98 o paradoxo da SOCIETAS
“DELINQUERE NON POTEST”, segundo o qual o
jus puniendi só pode ser exercido em face de
pessoas naturais.
TEORIAS sobe a PJ:
• TEORIA DA FICÇÃO (Savigny) - a pessoa jurídica é
uma ficção, uma abstração, sendo incapaz de
delinqüir por faltar-lhe vontade e ação. Tutela dos
Direitos Difusos, Coletivos e Individuais
Homogêneos Direito Ambiental I - Aula 11 TEORIA
DA REALIDADE OBJETIVA (Otto Gierke) - a pessoa
jurídica é um ente real, com existência real,
independente dos indivíduos que a compõem.
Possui personalidade real e VONTADE PRÓPRIA.
Lei 9.605/98:
• Art. 3º da Lei 9.605/98: “As pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a
infração seja cometida por Tutela dos Direitos Difusos,
Coletivos e Individuais Homogêneos Direito Ambiental I -
Aula 11 decisão de seu representante legal ou contratual,
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das
pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato”
Requisitos da responsabilidade penal da pessoa jurídica
• a) decisão do representante legal ou contratual, ou do órgão colegiado da
empresa A ordem para o cometimento do crime ambiental deve partir de
alguém de mando dentro da estrutura decisória da empresa, não se
configurando a responsabilidade penal da pessoa jurídica se o crime foi fruto
de decisões de empregados.
• b) ato cometido no interesse ou benefício da entidade:
• “A Turma proveu o recurso do MP, para determinar o recebimento da
denúncia também em relação à microempresa. O Min. Relator destacou
que, apesar de alguns obstáculos a serem superados, a responsabilidade
penal da pessoa jurídica é um preceito constitucional, não apenas como
punição da conduta lesiva, mas como forma de prevenção. Após essa opção
constitucional, veio regulamentá-la a referida lei ambiental prevendo a
penalização das pessoas jurídicas por danos ao meio ambiente.(...) A
atuação em nome e proveito da pessoa jurídica significa sua vontade. (...)
Em tese, são as pessoas jurídicas as maiores responsáveis pelos danos ao
meio ambiente por meio de sua atividade de exploração comercial ou
industrial.” (REsp 564.960-SC, STJ, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 2/6/2005)
Penas aplicáveis às pessoas jurídicas:
• Art. 21 da Lei 9.605/98: “As penas aplicáveis isolada,
cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de
acordo com o disposto no art. 3º, são:
• I – multa;
• II – restritiva de direitos;
• III – prestação de serviços à comunidade”
• Art. 6º, inc. III da Lei 9.605/98: “Para imposição e
gradação da penalidade, a autoridade competente
observará: (...) III) a situação econômica do infrator, no
caso de multa”.
Princípio da insignificância e atipicidade
• Admite-se a adoção da insignificância para os
crimes previstos nesta lei.
• Princípio da insignificância: exclusão da
tipicidade material do fato, descaracterizando-
o como infração penal, em função de sua
ínfima lesividade.
• EX: atirar no rio uma latinha de coca-cola.
Jurisprudências:
• Que admitem a insignificância:

• “Crime contra a fauna – Abate de apenas um animal da fauna silvestre


– Ilícito penalmente irrelevante se não demonstrado o dano ao
equilíbrio ecológico e à preservação da espécie – Interpretação da Lei
5.197/67 – Voto vencido. Ementa oficial: Penal. Crime contra a fauna.
Atipicidade da conduta. Absolvição. I – A Lei nº 5.197/67 tutela a
fauna silvestre e sua preservação, bem como o equilíbrio ecológico,
coibindo a utilização e exploração comercial das espécies. II – O abate
de apenas um animal da fauna silvestre é penalmente irrelevante se
não se demonstra o dano ao equilíbrio ecológico e à preservação da
espécie. III – recurso a que se dá provimento”. (ApCrim 95.03.090026-
3/SP, TRF, 3ª Região, j. 25.11.97, Rel. Juiz Célio Benevides)
Jurisprudências:
• Que não admitem a insignificância:
• “CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE - Artigo 34 da Lei nº 9.605/98.
Acusado que, em período proibido, utilizando-se de tarrafa, é
surpreendido com apenas cinco peixes equivalentes a meio quilo.
Configuração. Reconhecimento do princípio da insignificância.
Impossibilidade: configura o delito do artigo 34 da lei nº 9.605/98, a
conduta do acusado que, utilizando-se de tarrafa, é surpreendido em
período proibido, com apenas cinco peixes equivalentes a meio quilo,
sendo impossível o reconhecimento do princípio da insignificância,
uma vez que em tal hipótese pratica o agente crime contra o meio
ambiente, não importando a quantidade de peixes pescados, nem
mesmo a captura.” (Apelação nº 1.334.243/5, Assis; 2ª Câmara,
30/1/03, v.u., rel. Oliveira Passos).
Dosimetria da pena
Circunstâncias Agravantes Específicas:
Igualmente, para além das circunstâncias
agravantes previstas nos art. 61 e 62 do Código
Penal, para os crimes ambientais também devem
ser aplicadas, na segunda fase de dosimetria da
pena, as circunstâncias específicas trazidas pelo
art. 15 da Lei de Crimes Ambientais.
São elas:
I) reincidência nos crimes de natureza
ambiental;
Circunstâncias Agravantes Específicas
II) Ter o agente cometido a infração: para obter vantagem pecuniária;
coagindo outrem para a execução material da infração; afetando ou expondo a
perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; concorrendo
para danos à propriedade alheia; atingindo áreas de unidades de conservação
ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; em período
de defesa à fauna; em domingos ou feriados; à noite; em épocas de seca ou
inundações;

lII) no interior do espaço territorial especialmente protegido; com o emprego


de métodos cruéis para abate ou captura de animais; mediante fraude ou
abuso de confiança; mediante abuso do direito de licença, permissão ou
autorização ambiental; no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades
competentes; facilitada por funcionário público no exercício de suas funções
Circunstâncias Atenuantes Específicas
Além das circunstâncias atenuantes previstas nos art. 65 e 66 do
Código Penal, para os crimes ambientais também devem ser
aplicadas, na segunda fase de dosimetria da pena, as circunstâncias
específicas trazidas pelo art. 14 da Lei de Crimes Ambientais. São
elas:
I) baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II) arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação
ambiental causada;
III) comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
degradação ambiental; e
IV) colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do
controle ambiental.
Suspensão Condicional da Pena

• A suspensão condicional da pena é admitida para os crimes ambientais nos


casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos
(art. 16), seguindo-se os demais requisitos previstos nos arts. 77 a 82 do
Código Penal, quais sejam:
• I) o condenado não ser reincidente em crime doloso (condenação em que
tenha sido aplicada somente pena de multa não impede a concessão do
benefício);
• II) culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizarem a concessão
do benefício; e
• III) não ser indicada ou cabível a substituição por pena restritiva de direito
(art. 44 do CP).
Também se admite, para os crimes ambientais, a aplicação das condições mais
favoráveis previstas pelo §2º do art. 78 do CP, sendo que a verificação da
reparação dos danos será feita mediante laudo de reparação do dano
ambiental. Ainda, as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-
se com a proteção ao meio ambiente (art. 17 da Lei de Crimes Ambientais).
Da Pena de Multa
• Nos termos do art. 18 da Lei de Crimes Ambientais, a multa
será calculada de acordo com os critérios do Código Penal
(art. 49).
• Caso revelada ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo,
poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor
da vantagem econômica auferida.
• Prevê, também, o art. 19 que a perícia de constatação do
dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do
prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo
de multa, podendo-se aproveitar a perícia produzida no
inquérito civil ou no juízo cível para fins do processo penal,
desde que instaurado o contraditório neste (parágrafo único
Sentença Penal Condenatória
• A sentença condenatória, conforme preleciona o art.
20 da Lei de Crimes Ambientais, deverá fixar o valor
mínimo para reparação dos danos sempre que
possível, considerando, para tanto, os prejuízos
sofridos.
• Com o trânsito em julgado da sentença, nos termos do
parágrafo único desse mesmo artigo, a execução do
valor correspondente à reparação dos danos poderá
ser efetuada, sem prejuízo da liquidação, com a
finalidade de apurar o dano efetivamente sofrido.
Competência
Nas infrações previstas pela Lei de Crimes
Ambientais, a Ação Penal será sempre Pública
Incondicionada (art. 26), cuja legitimidade ativa é de
titularidade exclusiva do Ministério Público.
A competência para julgar as infrações contra o meio
ambiente é, em regra, da Justiça Comum Estadual.
No entanto, se praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesses da União, de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas – exceto as
contravenções penais de qualquer natureza -, serão
de competência da Justiça Federal.
JECRIM

Prevê o art. 27 da Lei de Crimes Ambientais que, nos crimes


ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa,
prevista no art. 76 da Lei dos Juizados Especiais (9.099/95),
somente poderá ser formulada desde que tenha havido a
prévia composição do dano ambiental de que trata o art. 74
da mesma Lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Sendo assim, em relação aos crimes ambientais, o legislador
exige, como condição necessária para a proposta de
transação penal prevista pela Lei 9.099/95, que haja a prévia
composição (reparação) do dano ambiental causado, salvo se
o agente comprovar não ser possível a sua concretização.
Sursi processual

• Por sua vez, o art. 28 trata da aplicação das disposições


trazidas pelo art. 89, da Lei 9.099/95 (suspensão do
processo, por dois a quatro anos), aos crimes ambientais de
menor potencial ofensivo, com as seguintes modificações, as
quais visam obter, prioritariamente, a reparação do dano
ambiental:
I) a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o §
5° do artigo 89, dependerá de laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade
prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
II) na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter
sido completa a reparação, o prazo de suspensão do
processo será prorrogado, até o período máximo previsto
no artigo 89 (quatro anos), acrescido de mais um ano, com
suspensão do prazo da prescrição;
.

III) no período de prorrogação, não se aplicarão as


condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo 89;
IV) findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser
novamente prorrogado o período de suspensão, até o
máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
disposto no inciso III;
V) esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração
de extinção de punibilidade dependerá de laudo de
constatação que comprove ter o acusado tomado as
providências necessárias à reparação integral do dano
Tipos de Crimes Ambientais
• De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei N.º
9.605/98), os crimes ambientais são classificados em
cinco tipos diferentes:
• Contra a fauna (arts. 29 a 37);
• Contra a flora (art. 38 a 53);
• Poluição e outros crimes ambientais (art. 54 a 61);
• Contra o ordenamento urbano e o patrimônio
cultural (art. 62 a 64);
• Crimes contra a Administração Ambiental: previstos nos
(arts. 66 a 69-A)
• Por fim, os arts. 70 a 72 da Lei de Crimes Ambientais
preveem as infrações administrativas, o respectivo
processo administrativo a ser seguido e as sanções
aplicáveis.
Contra a fauna:
• Presentes nos artigos 29 a 37 da lei.
• São as agressões cometidas contra animais
silvestres, nativos ou em rota migratória,
como a caça, pesca, transporte e a
comercialização sem autorização; os maus-
tratos; a realização experiências dolorosas ou
cruéis com animais quando existe outro meio,
independente do fim. 
.
• Também estão incluídas as agressões aos
habitats naturais dos animais, como a
modificação, danificação ou destruição de seu
ninho, abrigo ou criadouro natural.
• A introdução de espécimes animal
estrangeiras no país sem a devida autorização
também é considerado crime ambiental, assim
como a morte de espécimes devido à
poluição.
Vejamos:

• Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir


ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
• Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa.
• § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos,
quando existirem recursos alternativos.
• § 2º A pena é aumentada de um sexto a um
terço, se ocorre morte do animal.
Crueldade contra animais
.
.
Atenção!

O PL 1.095/19 foi aprovado no CN e segue aguardando a sanção do


presidente da república para aumentar pena do crime de maus tratos a
animais.
A prática de abuso, maus-tratos, ferimento ou mutilação a cães e gatos
será punida com pena de reclusão, de dois a cinco anos, além de multa e
proibição de guarda.
Hoje, a pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa.
O projeto altera a lei de crimes ambientais (lei 9.605/98) para criar um
item específico para cães e gatos, que são os animais domésticos mais
comuns e principais vítimas desse tipo de crime.
O deputado Fred Costa, autor da proposição, afirmou que o projeto
responde a um problema concreto da sociedade brasileira, que tem se
revoltado a cada caso de violência com os animais.

1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas


no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e
proibição da guarda.
Contra a flora:
• Previstos nos artigos 38 a 53 da lei.
• Consiste em causar destruição ou dano a vegetação de 
Áreas de Preservação Permanente, em qualquer estágio,
ou a Unidades de Conservação; provocar incêndio em
mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou
soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área;
extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins
comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos
de origem vegetal sem a devida autorização ou em
desacordo com esta; extrair de florestas de domínio
público ou de preservação permanente pedra, areia, cal
ou qualquer espécie de mineral.
.
•  Impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer
forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou
maltratar plantas de ornamentação de logradouros
públicos ou em propriedade privada alheia; comercializar
ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
• EX: Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de
origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem
munir-se da via que deverá acompanhar o produto até
final beneficiamento:
• Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
.
.
Poluição e outros crimes ambientais 
• Previstos nos artigos art. 54 a 61 da lei,
consistem em todas as atividades humanas
produzem poluentes (lixo, resíduos, e afins), no
entanto, apenas será considerado crime
ambiental passível de penalização a poluição
acima dos limites estabelecidos por lei. Além
desta, também é criminosa a poluição que
provoque ou possa provocar danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição
significativa da flora.
.

• Assim como, aquela que torne locais impróprios para uso


ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne
necessária a interrupção do abastecimento público e a
não adoção de medidas preventivas em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível.
• Abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou
nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; a
operação de empreendimentos de potencial poluidor sem
licença ambiental ou em desacordo com esta; também se
encaixam nesta categoria de crime ambiental a
disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e
aos ecossistemas.
.
.
Contra o ordenamento urbano e o
patrimônio cultural:
• Previstos nos artigos  62 a 65 da lei, consistem
em elementos artificiais - aqueles formados pelo
espaço urbano construído e alterado pelo
homem - e culturais que, juntos, propiciam um
desenvolvimento equilibrado da vida. 
• Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da
cultura também configura um crime ambiental.
• Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da
cultura também configura um crime ambiental.
Vejamos:
• Art. 65.  Pichar ou por outro meio conspurcar
edificação ou monumento urbano: (público ou
privado) 
• Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano, e multa. 
• § 1o  Se o ato for realizado em monumento ou
coisa tombada em virtude do seu valor artístico,
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis)
meses a 1 (um) ano de detenção e multa
.
• § 2o  Não constitui crime a prática de grafite
realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio
público ou privado mediante manifestação
artística, desde que consentida pelo proprietário e,
quando couber, pelo locatário ou arrendatário do
bem privado e, no caso de bem público, com a
autorização do órgão competente e a observância
das posturas municipais e das normas editadas
pelos órgãos governamentais responsáveis pela
preservação e conservação do patrimônio histórico
e artístico nacional. 
Estátua de Carlos Drummond de Andrade amanhece
pichada na manhã de Natal na Praia de Copacabana .
Grafite
.

• Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de


alguma infração ambiental, poderá apresentar
representação às autoridades integrantes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
• A autoridade ambiental não tem escolha: uma
vez ciente, deverá promover imediatamente a
apuração da infração ambiental sob pena de
corresponsabilidade.
• Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei,
a ação penal é pública incondicionada.
Balões.
• Dentre os crimes contra a flora, um dos mais
notórios é a soltura de balões.
• Diante dos grandes riscos e prejuízos que os balões
juninos podem provocar, especialmente na época da
seca, o que antes era só contravenção (delito de
pouca importância), agora é crime.
• O art. 42 estabelece que fabricar, vender, transportar
ou soltar balões que possam provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação é crime com
pena de um a três anos de detenção e/ou multa.
• Conforme o art. 59 do Dec. 6.514/08, a multa é de 1
mil a 10 mil reais por balão.
.

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