S1
7ª SECÇÃO
RELATOR: ORLANDO AFONSO
• Sabendo que no 1º juízo do Tribunal Judicial da comarca do Porto ocorreu um processo de oposição
á execução AA e BB (réu ou executado), contra CC (exequente ou autor).
• Foi inverificada a condição suspensiva de exigibilidade desse crédito, visto que (sem que o clausulado se
reportasse á época desportiva de 2005) foi pago o montante em causa por contrato de patrocínio ajustado no ano
2006.
• Foi invocada a ocorrência de uma nulidade concluindo não ter sido aposta (promessa
mutua) qualquer condição quanto ao pagamento de honorários.
• No despacho saneador (art.º 596 CPC) “Identificação do objeto do litígio e enunciação dos temas da prova – nº1 o juiz profere despacho
destinado a identificar o objeto do litígio e a enunciar os temas da prova.”
• Foram feitas diligencias de prova, que tinham como finalidade a prestação dos depoimentos.
• Os termos destas diligencias foram determinados pelo acórdão do Tribunal da Relação do Porto de acordo com o 396º do cc
“Força probatória”.
• Foi julgada improcedente o recurso á arguida nulidade processual.
• AA e BB inconformados interpuseram recurso, desta vez para o Supremo Tribunal da Justiça alegando que nos presentes
autos estava em causa o seguinte:
-Interpretação do clausulado
• «Os Professores Pires de Lima e Antunes Varela, no “Código Civil Anotado”, vol. 1º, pág. 233, em
nota ao art.º 236º do Código Civil ensinam:
“ [...] A regra estabelecida no nº 1, para o problema básico da interpretação das declarações de
vontade, é esta: o sentido decisivo da declaração negocial é aquele que seria apreendido por um
declaratário normal, ou seja, medianamente instruído e diligente, colocado na posição do
declaratário real, em face do comportamento do declarante. Excetuam-se apenas os casos de não
poder ser imputado ao declarante, razoavelmente, aquele sentido (nº 1), ou o de o declaratário
conhecer a vontade real do declarante (nº 2).
(...) O objetivo da solução aceite na lei é o de proteger o declaratário, conferindo à declaração o
sentido que seria razoável presumir em face do comportamento do declarante, e não o sentido
que este lhe quis efetivamente atribuir.
• O Tribunal da relação proferiu uma decisão surpresa e está constitucionalmente vedado,
ao faze-lo feriu de nulidade a decisão proferida.
• Por violação do nº3 do art. 3º do CPC, tal decisão é nula, nos termos do 201º, 615º ess do
CPC, aplicável por via da alínea c) do nº1 do artigo 674ºCPC.
ANÁLISE CRITICA
• Perante toda a fundamentação do acórdão, entendi que duas são as questões colocadas pelo recorrente á
apreciação do STJ, tais como, a violação dos princípios do dispositivo e do contraditório com o proferimento de
uma decisão surpresa e ilegal interpretação do contrato proferido nos autos sendo nula a decisão.
• A interpretação do contrato efetuado entre os recorridos e o estado, não foi tema discutido e deveria ser dos
temas abordados desde a 1ª instância, ou ate mesmo desde a petição inicial.
• Sabendo que estamos em torno do princípio do dispositivo (segundo o qual ás partes cabe iniciar o processo,
dar-lhe conteúdo que entendam (formulando o pedido e a causa de pedir), suspendendo-o ou pôr-lhe termo, por
desistência, transação ou confissão. Poderíamos ter outra sentença proferida, se fosse projetado desde início
de forma diferente.
• “O tribunal só pode, em princípio, resolver o conflito de interesse subjacente á ação se a respetiva resolução lhe
for solicitada (pedida) por uma das partes e se a contraparte for devidamente chamada a deduzir oposição...”
• O voto vencido de hoje pode ser a
jurisprudência de amanhã.
Obrigada