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IGREJA

CAPÍTULO II

VISÃO HISTÓRICA DA IGREJA


• Nesse 2º capítulo vamos ter uma 'visão histórica da
Igreja', desde os primeiros cristãos até a reforma,
mesmo que alguns pontos sejam difíceis de tratar
devido aos erros que desfiguraram a Igreja como
Povo de Deus.
• Esses erros não devem nos servir como desânimo ou
julgamento, mas para sentirmos que como povo que
caminha, muito há de crescer espiritualmente, tanto
individual como coletivamente.

INTRODUÇÃO
• Como sabemos, A Igreja nasce do peito aberto de Jesus
na cruz após a instituição da Eucaristia (CIC 766) e se
manifesta publicamente em Pentecostes.
• Este é o início, o surgimento da Igreja na Palestina, uma
província Romana, cujo império se estendia do Oceano
Atlântico, até partes da África e Ásia.

IGREJA NO MUNDO ANTIGO


• O Império Romano sempre se destacou por alguns
pontos estruturais: a boa comunicação, estradas, o
Direito Romano, o poderio militar, o uso do latim
(língua oficial) e do grego. Todas estas características
favoreceram a expansão da Igreja em seu início.
• Esse primeiro momento também foi duro, pois os
primeiros cristãos eram judeus e quando pretendeu-se
abrir o cristianismo também aos gentios quase surgiu
a primeira divisão na Igreja, que precisou ser
resolvida no primeiro Concílio Ecumênico, o Concílio
de Jerusalém.
• Também surge nesta época as primeiras perseguições e a
preocupação de se defender dos cismas (separações por
questões disciplinares) e das heresias (separações por questões
doutrinárias).
• A partir do século II, tem-se início ao período que chamamos
de Patrística, os santos pais e mães da Igreja
EM ORDEM CRONOLÓGICA, TEMOS:
PERÍODO IMPERADOR ACONTECIMENTO NA IGREJA
- Pedroe Paulo são martirizados;
54 A 68 NERO - Muitos cristãos são mortos distração para os
romanos.
- Morte a quem se proclamasse cristão;
- Santo Inácio de Antioquia (98-117) é entregue aos
leões no coliseu. O santo era discípulo de João e
defendia a unidade da igreja, a primazia da sé romana, a
divindade de jesus contra o Docetismo, e a guarda do
98 A 117 TRAJANO
domingo;
- São Justino mártir (100-165), morreu decapitado e
defendia a guarda do domingo, a celebração da eucaristia
como culto perpétuo do cristão.
PERÍODO IMPERADOR
ACONTECIMENTO NA IGREJA
- Condenação e martírio de inúmeros cristãos;
- São Policarpo de Esmirna (69-155), martirizado na fogueira;
Milagrosamente não queimou. Foi apunhalado e queimado numa
MARCO
161 A 180
AURÉLIO
estaca.
- Santo Irineu (130-202), combateu fortemente o Gnoticismo,
heresia que defendia o conhecimento intuitivo com influencia da
astrologia
180 A 193 CÔMODO - Vários cristãos foram martirizados.
- Martirizadas Felicidade e Perpétua por decapitação por não
renunciarem a fé cristã;
- Tertuliano (160-220), introdutor do termo Trindade e
pessoas no estudo da Trindade e também defende a Igreja
como Mãe;
SÉTIMO - Clemente de Alexandria (150 a 215), defendeu a vivência
193 A 211
SEVERO
fraterna e a repartição das riquezas entre os homens; escreveu
o Pedagogo em que descreve Jesus como Instrutor da
humanidade.
- Orígenes, defendia o batismo dos recém-nascidos, o primado
PERÍODO IMPERADOR ACONTECIMENTO NA IGREJA

-Para animar o exército e os civis, o imperador obrigou a


todos fazerem sacrifícios aos deuses. Os cristãos que se
249 a 251 DÉCIO recusavam eram martirizados.

- Proibição de culto e reuniões dos cristãos,


obrigando-os a oferecer sacrifícios aos deuses;
- Bispo Cipriano de Cartago, foi fiel ao papa
Cornélio e uniu os bispos a Roma contra o Anti-
papa Novaciano;
253 a 260 VALERIANO
- O papa Sixto e seu assistente diácono Lourenço,
que foram martirizados. Lourenço apresentou os
pobres como a grande riqueza da igreja.
PERÍODO IMPERADOR
ACONTECIMENTO NA IGREJA

- Maior perseguição aos cristãos já registrada;


- Cosme e Damião, médicos, são martirizados;
- Eulália de Mérida, virgem, torturada e morta aos 12 anos;
- Pantaleão de Nicomédia, decapitado aos 23 anos;
284 A 305 DIOCLECIANO - Inês de Roma, decapitada;

- Em 313 foi promulgado o Édito de Milão, dando liberdade


de culto aos cristãos;
- Surge a heresia do Arianismo, no qual o presbítero Ario
306 A 337 CONSTANTINO defendia que Deus era apenas Pai, e que Jesus havia sido
adotado como Filho;
- Concílio de Nicéia (325), onde foi elaborado o Símbolo da
Fé (Credo).
PERÍODO IMPERADOR ACONTECIMENTO NA IGREJA
- Assinou o Édito de Tessalônica, tornando o cristianismo a
religião oficial do Império Romano;
- Hilário de Poitiers (300-368) defendia a Trindade;
- Gregório Nazianzeno (329-389) defendia a Trindade;
- Basílio de Cesaréia (329-379) defendia a consubstancialidade
entre o Pai e o Filho;
- Gregório de Nissa (330-395) defendia Jesus como verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, assim Maria é a Theotokos;
- Ambrósio de Milão (340-397), batizou Agostinho;
379 a 395 TEODÓSIO I - São Jerônimo (347-420) tradutor da bíblia;
- São João Crisóstomo (349-407), pai da Doutrina Social da
Igreja;
- Santo Agostinho de Hipona (354-430), filosofo e teologo, grande
doutor da Trindade.

527 a 565 JUSTINIANO I - Últimos resquícios de resistência foram aniquilados.


• No século V, sob o imperador Teodósio I, houve a
divisão do Império Romano em ocidente e oriente. Esta
divisão também ocasionou em divisões dentro da Igreja,
pois enquanto o bispo de Roma abrangia cada vez mais
liderança, o bispo de Constantinopla também passa a
desejar semelhante poder. No século VI as vias de
comunicação do Mediterrâneo são interrompidas e o
distanciamento Roma x Constantinopla é cada vez maior.
• A época da Idade Média se divide em 3: Primeira Idade Média,
Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

Primeira Idade Média (fim do século VII até a época do papa


Gregório VII) - A Igreja passa por muita dor após perder o
norte da África e o Oriente, porém muita alegria com a
conversão dos germanos ao cristianismo e sua entrada na
Igreja Católica.

Em 1054 a divisão entre a Igreja do Ocidente e a do Oriente se


concretiza com o "Grande Cisma". Alguns fatos influenciaram
esta divisão:

A IGREJA NA IDADE MÉDIA



a) Os gregos (orientais) eram intelectuais, os latinos dados a prática;

b) Após o século IV os documentos passam a ser escritos em latim e quando
traduzidos para o grego nem sempre eram fiéis;

c) O calendário da páscoa divergia entre ambos;
d) Na Eucaristia, a matéria era o pão ázimo para a Igreja latina e o pão fermentado
para os gregos;

e) O celibato sacerdotal só era observado no Ocidente;

f) Para os orientais, a barba era de suma importância;

g) Os Orientais não aceitavam que o Espírito Santo procede do Filho também.
Em 1054 o Papa Leão IX enviou uma delegação a Constantinopla, porém o Patriarca
Miguel Cerulário não aceitou o diálogo e no mesmo ano, foi promulgada a bula de
excomunhão.
Com o sistema feudal, o poder da Igreja também passa a influenciar no poder
temporal, no senhorio do feudo.
A ALTA IDADE MÉDIA (SÉCULO XI AO SÉCULO XII)

Marcada pela "Reforma Gregoriana", elaborada pelo grande Papa
Gregório VII (1073-1095), marca a renovação e fortalecimento da
Igreja, eliminando influências até mesmo por parte de leigos
poderosos no que se dizia a investiduras e nomeações. Os conflitos de
poder levaram inclusive a excomunhão e deposição do Imperador
Henrique IV. Graças a esta reforma, a Igreja se via livre do comando
civil.

A hegemonia do papado no Ocidente teve seu ponto culminante sob o


domínio espiritual do papa Inocêncio III (1198-1216). Em
compensação, o papa Bonifácio VIII teve seu extremo em relação a
disputas, chegando ao ponto de ser aprisionado pelo rei da França
Felipe,  o Belo.
• Também temos pontos importantes nos séculos XII, XIII e XIV:

- Surgimento de novas Ordens Religiosas (Franciscanos e


Dominicanos);
- Muitos Santos: São Bernardo de Claraval (1090-1153), São
Boaventura (1221-1274), São Tomás de Aquino (1225-1274), São
Francisco de Assis, Santa Clara, São Domingos de Gusmão, Santa
Catarina de Sena;
- Construção de catedrais;
- Surgimento de Universidades;
- Início do período chamado de Escolástica, onde busca-se a harmonia
entre a fé e a razão;
- É criado o Conclave dos Cardeais para Eleição do papa, o Direito
Canônico.
A BAIXA IDADE MÉDIA (1300 A 1500)

• Este período mostrou-se um verdadeiro desafio a Igreja, onde mostrou-se


pouco preparada para tratar algumas questões:
- Uma reflexão mais profunda sobre a existência do mundo. É a ascensão da
Antropologia;
- A civilização e a burguesia adquire uma importância determinante para o
futuro;
- A vida eclesiástica encontrava-se numa fase de certezas abaladas, mas não
certezas de fé;
- O "Grande Cisma do Ocidente", no qual 3 papas disputaram o seu
reconhecimento exclusivo, fortaleceu o "conciliarismo", que entendia que
acima do papa havia o Concílio Geral que podia julgar e depor o papa. Este
Cisma foi resolvido no Concílio de Constança, onde os 3 reclamantes do
papado foram obrigados a renunciar e Martinho V foi eleito papa em 1417,
restaurando a unidade da Igreja;
• - Com a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, o resto
do Império Bizantino caiu sob a dominação muçulmana;
A INQUISIÇÃO (BAIXA IDADE MÉDIA E ÁPICE DURANTE OS SÉCULOS XVI E XVII)

• Em 1229, o Concílio de Tolosa dispunha que todos os fiéis deveriam prestar


a cada 2 anos juramento de renúncia a tudo que fosse contrário a fé da Igreja
Católica Apostólica Romana, isso devido as inúmeras ideologias e heresias
perigosas existentes na época.
Para os crimes comuns já haviam os tribunais civis da Idade Média e contra
as ameaças espirituais foram criados os tribunais responsáveis por este
encargo.
No século XI, surgiram os cátaros, que rejeitavam a face visível da Igreja e
também as instituições básicas da vida civil como o matrimônio e o serviço
militar. Estes provocavam tumultos, ataques a Igreja e incitavam o povo.
Precisamos lembrar que naquela época era lícito reprimir pelo uso da força
quando elas ameaçavam a segurança do povo e da ordem civil e religiosa.
Baseado nestas considerações, o papa Gregório IX criou oficialmente a
Inquisição que perdurou até 1834.
• Em alguns locais e ocasiões, os membros da Igreja eram iludidos por
governos, que para alcançarem seus objetivos e até com a cobiça por
terras e posses taxavam as oposições como heresias, que eram
perseguidas pela Inquisição e, caso condenados, perdiam seus bens em
benefício dos acusadores.

Logicamente, não podemos julgar os acontecimentos de outrora com o


conhecimento e diplomacia do nosso tempo, mas usar estes
acontecimentos como escola, ensinando-nos mais uma vez que o
cristianismo não pode ser imposto, mas fruto de um encontro com
Jesus.

Por outro lado, muitos desfocam a Inquisição do contexto social,


temporal, cultural e religioso que aconteceu e, analisando e
interpretando-a de maneira equivocada acusam e escarnecem da
Igreja. Reconhecendo isto, o papa João Paulo II, na celebração do
jubileu do ano 2000, pediu perdão publicamente pelos erros cometidos
pelos filhos da Igreja.
A IGREJA NA IDADE MODERNA
• A REFORMA - Um dos momentos marcantes da história, a chamada
Reforma começa com o protesto de Lutero em 1517 sobre a pregação
das indulgências, cujos pregadores faziam o possível para arrecadarem
dinheiro para as obras para a construção da nova Basílica de São Pedro
em Roma. Este protesto gera o impasse entre Lutero e o Papa.

Príncipes do centro e do norte da Alemanha que protestavam contra o


Papa e o Imperador apoiaram Lutero e por isso seus seguidores foram
chamados de 'protestantes'. Aderiram a este movimento alguns países
menores da Europa, além de Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia
e desencadeou inúmeras revoltas que culminaram com a destruição de
templos, profanação de sacrários e altares e um sem número de
mortos.
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA REFORMA
• O fortalecimento do individualismo e do subjetivismo levaram o homem a
distanciar-se da comunidade e, ao contrário do que os reformadores
planejavam, a obra de Lutero levou a inúmeras divisões da cristandade e o
surgimento de um sem número de comunidades eclesiais e seitas com
diferentes doutrinas e costumes. Podemos destacar:

-Na Suíça, Calvino e Zwinglio iniciam o movimento que dá origem a Igreja


Reformada, que se expandiu na Suíça, Alemanha, França e Holanda.
- Na Escócia, John Knox inicia um movimento que dá origem a Igreja
Presbiteriana;
- Na Inglaterra, após o episódio em que o rei Henrique VIII rompe com
Roma por não obter a declaração de nulidade do seu matrimônio com a
rainha Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bojena, é criada a Igreja
Anglicana. O primeiro-ministro do rei, Thomas More, foi executado por se
manter fiel a fé Católica.
• Através do Concílio de Trento (1545-1547; 1551-1552; 1562-1565) a Igreja
busca restabelecer a unidade.

NA PRIMEIRA FASE (1545-1547) redefiniu-se o cânon das Sagradas


Escrituras e declarou-se a a Vulgata, tradução latina, era totalmente isenta de
erros teológicos. Definiu-se que o bispo deveria residir em sua diocese.
Tratou-se também sobre os sacramentos, a justificação e o pecado original.

NA SEGUNDA FASE (1551-1552) tratou-se dos sacramentos.


- Eucaristia: foram promulgadas verdades sobre a presença real de Jesus no
pão e no vinho consagrados, sobre a transubstanciação e sobre o culto;
- Penitência: foram promulgadas verdades sobre a necessidade, partes
essenciais e a satisfação;
- Unção dos Enfermos: foram promulgadas verdades sobre a origem, o
ministro, seus efeitos e o sujeito do sacramento.

Uma Reformulação Católica: A Contra-


Reforma

NA TERCEIRA FASE (1562-1565) foram promulgadas verdades
sobre: O Santo Sacrifício da Missa, os sacramentos da Ordem e do
Matrimônio, sobre o Purgatório, sobre as imagens, sobre a invocação
dos santos e resoluções sobre os religiosos e religiosas.

FRUTOS DESTA CONTRA-REFORMA podemos citar o surgimento


de novas ordens religiosas bastante ativas como os jesuítas e os
capuchinhos e a retomada das missões na África e Ásia e o início das
missões na América.
• MUDANÇAS NO RUMO DA HUMANIDADE –
• Na Idade Moderna, o Iluminismo, partindo da Holanda e Inglaterra viria a
provocar muita luta tanto a nível intelectual como político. Seu objetivo era
colocar o homem, enquanto ser racional, no centro de todos os esforços.

Baseado nisto, surge a Revolução Francesa em 1789 e dela acabam sendo


alimentadas as ideias revolucionárias em outros povos.

O período que vai da Revolução Francesa até a primeira Guerra Mundial


(1914) é um período marcado por movimentos de liberdade e de
industrialização devido a chamada Revolução Industrial iniciada no Reino
Unido. Com este cenário em que o homem passa a ser simples "assalariado",
preocupada com a "questão social", surge uma oportunidade especial para a
mensagem da Igreja. Este foi o período em que o povo de Deus mais se
congregou em torno do Papa, sendo que em 1891 o papa Leão XIII escreve a
Encíclica "Rerum Novarum", a primeira encíclica social da Igreja.
• Os acontecimentos, sucintamente narrados neste capitulo,
devem servir para um despertar de interesse pela história
da Igreja que fortalecerá, sem dúvidas, a certeza da
presença do Espirito Santo que a dirige e move.

• Indicação de filmes históricos:


• Quo Vadis;
• Lutero.

CONCLUSÃO
DUVIDAS ?

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