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Não sei se é sonho,

se realidade

Trabalho proposto pela professora Dina Chaves no âmbito


da disciplina de Português realizado pela aluna Beatriz
Pereira.
Índice

Introdução Poema Pintura Tema Poema

Poesia de ortónimo Análise do poema Pintura Pintura e poema Sonho e realidade

Reflexão Conclusão
Introdução
Neste trabalho irei fazer uma breve comparação de uma
pintura com o poema em questão, na qual retrata a oposição
entre o sonho e a realidade e o assunto trata-se da questão
aonde poderemos ser felizes.
Não sei se é sonho, se realidade
Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri.
 
Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego deem aos crentes
De que essa terra se pode ter.
Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez.
 
Mas já sonhada se desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar,
Sob os palmares, à luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar.
Ah, nessa terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem.
 
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.
Na pintura de Paul Gauguin:

Uma com várias cores e


vários animais
floresta
Um homem Aparenta ser um sonho

Várias Remete para um sonho


cores
Está ilustrado:
Tema--»oposição entre o sonho e a realidade.

Corresponde à Ilha dos Amores, já


“ilha extrema do sul” imaginada por Camões - é o Paraíso
Terrestre.

Poema
O eu poético considera que a vida De que essa
«a Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
inexistência da solidão humana» terra se pode ter jovem (a imortalidade) e o
amor (inexistência da solidão humana) são os
valores mais importantes.
Mesmo na terra dos
sonhos a felicidade não
é garantida.

O eu poético não consegue


ter a vida, jovem que tanto No final do poema, o eu
ambiciona visto que deseja
sempre viver através do seu Poema poético, admite que a dúvida
acerca da existência da
sonho. felicidade é em vão visto que
a mesma não existe.
Consciencialização da realidade:
Descrição valorativa da terra do sonho: • o sujeito poético toma consciência de
•“terra de suavidade” que a felicidade de cada um não
• fica no extremo do sul depende do local onde nos encontramos
• onde “A vida é jovem e o amor sorri” Poema mas sim do intimo de cada um.
• é arborizada
• onde talvez seja possível ser feliz
Desvalorização da terra do sonho:
• à noite sente-se frio
• existe mal, o bem não é infinito
Poesia de ortónimo
Temas recorrentes/linhas  Características
de sentido:  Temáticas
• Identidade perdida.
• Fuga da realidade para o sonho. • Consciência do absurdo da
• Incapacidade de viver a vida. existência.
• Tensão sinceridade/fingimento,
consciência/inconsciência,
sonho/realidade.
Estilo • Oposição sentir/pensar,
pensamento/vontade,
esperança/desilusão.
• Linguagem simples, espontânea, • Anti sentimentalismo:
mas sóbria intelectualização da emoção.
Traços característicos
Analise do poema
A negatividade do início do poema escorre lentamente e definha, dilui-se. Mas não
parece diluir-se para um otimismo inverso, porque a conclusão é uma conclusão de
inevitabilidade. Poderíamos pensar que tomasse consciência da futilidade dos
seus sonhos e da necessidade de encarar a frio a vida presente, mas o que
parece ter acontecido é que chega à conclusão de que os sonhos de nada valem, que
tudo se realiza nesta vida, mas que mesmo assim ele não vai encontrar força para se
sentir vivo, para reagir a essa adversidade. Isto porque é uma grande adversidade a
sua vida não poder concretizar-se como ele a imagina em sonhos - é um momento de
triste realização da sua impotência, não consegue viver normalmente, não consegue
ter a vida jovem onde o amor sorri, porque deseja sempre o sonho irreal, mesmo que
por apenas um segundo.
 O assunto consiste na constatação, por parte
do sujeito poético, de que a felicidade está
presente no interior de cada um e não na
nostalgia de um passado que se desvanece.

Paul Gauguin, Matamoe, Taiti (1892)


Palmeiras
Ilha

A ilha com palmeiras representa o A ilha imaginada é o produto


sonho de um lugar exótico, de um sonho mas tem também
separado do mundo quotidiano. marcas de realidade, pois é
Esse lugar de permanente verão constituída por elementos reais
tem contornos paradisíacos e e é um lugar que poderia
proporciona a felicidade. existir.
Pintura

Ilustração
Esta obra está ilustrada de
uma forma muito complexa,
embora se verifique uma
imaginação incrível. Obra
Temática
Assim, Paul Gauguin pinta-
Esta temática é consentânea
nos uma tela com significado
com o conceito de arte que
bastante impressionante com
caracteriza o Modernismo,
imaginação e talento. Uma
enquanto experimentação
obra complexa na sua
para recriar a vida, criando
compreensão, mas também
uma realidade nova.
cativante no seu todo.
Pintura Caracterizado pela
Demonstra uma tranquilidade,
realidade ,necessári sossego, serenidade e
a, agradável, com afastamento.
os pequenos conclui que a
detalhes que temos felicidade, a cura da
Esta obra dor de viver, de
em falta.
mostra uma pensar, não se
mistura da encontra no exterior
realidade com o mas no interior de
sonho, o cada um.
Poema Obra
Realidade fica sempre
Vive através do sonho além do sonho e mesmo
Pintura e Poema no sonho o mal
permanece

Esta obra mostra uma mistura da Obra Poema


realidade com o sonho, o imaginável.
Felicidade sonho de vida,
suavidade, sem “Mas já sonhada se desvirtua,
preocupações Só de pensá-la cansou
pensar”
(vontade de sonhar, mas a realidade como barreira)-Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
(agrado ao que vê e ao que sente)-Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
(o tal sentimento, o amor, volta ao passado, sem a dor de viver)-A vida é jovem e o amor sorri.
Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego deem aos crentes
De que essa terra se pode ter.
Pessoa faz contrastar o sonho e a Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
realidade. O eu lírico não (Tentativa de superação da dor, do presente, através da evocação da infância, idade de ouro, onde a felicidade ficou
encontra a felicidade na perdida e onde não existia o doloroso sentir)-Naquela terra, daquela vez.
realidade do quotidiano, porque (Tem uma visão negativa e pessimista da existência; o futuro aumentará a sua angústia
porque é o resultado de sucessivos presentes carregados de negatividade)-Mas já sonhada
é dominado pela frustração, pelo se desvirtua,
vazio ou pelo tédio existencial. Só de pensá-la cansou pensar,
Então, idealiza o sonho, onde Sob os palmares, à luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar.
acredita conseguir realizar-se e
Ah, nessa terra também, também
atingir a plenitude, a felicidade (A sua angústia existencial leva-o a
ou o equilíbrio. procurar escapar da realidade amarga através do sonho.
No entanto, este surge como um projeto falhado, que traz a desilusão
)-O mal não cessa, não dura o bem.
 
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
. Assim sendo, o sonho não resolve as insatisfações e
as ansiedades do eu lírico. Isso sucede porque o
sonho é uma ilusão ou porque não é resposta para os
problemas que se geraram: o tédio, o vazio existencial,
as saudades da infância perdida.

. O poeta “passou a sua vida” a pensar e a sonhar. De


facto, autoanalisa-se, recorrendo permanentemente
ao pensamento, tentou iludir a vida através dos
sonhos, mas, porque se entregou intensamente ao
pensamento e se virou para o sonho, acabou por se
separar do mundo e não atingiu a felicidade.

. Em “Não sei se é sonho, se realidade”, o poeta


manifesta a esperança de alcançar a felicidade
através do sonho, no entanto acaba por duvidar da
possibilidade de viver tal forma de felicidade. E
conclui mesmo que é impossível vivenciar a felicidade
no sonho, pelo caráter efémero do bem e permanente
do mal, o que gera um grande desânimo e desilusão.
Sonho e Realidade

Não sei se é sonho, se realidade


⇒ símbolo do rio: divisão, separação, fluir da vida – percurso da vida; é a imagem permanente da
divisão e evidencia a incapacidade de alterar essa situação (o rio corre sem fim – efemeridade da vida);
no presente, tal como no passado e no futuro (fatalidade), o eu está condenado à divisão porque
condenado ao pensamento (se fosse inconsciente não pensava e por isso não havia possibilidade de
haver divisão); tristeza, angústia por não poder fazer nada em relação à divisão que há dentro de si;
metáfora da casa como a vida: o seu eu é uma casa com várias divisões – fragmentação.
⇒tensão entre o apelo do sonho e o peso da realidade;
a realidade fica sempre além do sonho e mesmo no sonho o mal permanece – frustração;
Reflexão
O sujeito poético neste poema, numa primeira fase procurou colocar a hipótese de poder alcançar o
sonho, numa segunda fase contradiz a hipótese colocada, expondo a concretização do sonho.
Finalmente conclui que não é necessário fingir para o sonho, porque aquilo que procuramos está dentro
de nós mesmos. No entanto, ao referir que é “Ali, ali / A vida é jovem e o amor sorri”, deixa entender que
mesmo estando dentro de nós, o sonho e a felicidade estão distantes, pois são difíceis de alcançar.
4/5

Conclusão

5/5
Este poema é certamente exemplo vivo desta atenção ao
pormenor, na maneira como nele se recortam em fino
detalhe o principal tema, em subsequentes catadupas de
análise e supra-análise. Esta exaustiva procura poderia
sentir-se no ritmo do mesmo, mas é a atenção ao pormenor
que evita este sentimento.  

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