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O Método clínico

de Bohoslavsky
Professor Rafael Diniz de Lima
Princípios, objetivos e funções
Entender a psicodinâmica vocacional do sujeito;

Compreender a problemática vocacional (conflito vocacional básico),


que seria o tipo específico de problemas de personalidade que envolve
mecanismos de decisão diante de papéis ocupacionais;

Possibilitar a integração do devir vocacional com as possibilidades


ocupacionais (Veinstein, 1997);

Dar oportunidade para os indivíduos se expressar como sujeito de


escolhas; um indivíduo em ação, no sentido de Arenet (1958/1987) lhe
dá, como atividade existencial, não só existente (Veinstein, 1994), sendo
esta a proposta ética da estratégia clínica em Orientação Profissional.
Estratégia, tática e técnica
Instrumentos – a entrevista clínica é o principal instrumento
técnico. Alguns testes projetivos e técnicas de informação
ocupacional , técnicas complementares básicas.

A Orientação Profissional pode ser, então, realizada na


modalidade individual ou grupal, sendo que ambas, guardadas
as devidas especificidades, obedecem aos mesmos princípios e
etapas de intervenção: diagnóstico, prognóstico e orientação
profissional.
Setting
Espaço Individual

 SETTING Tempo 15 a 20 sessões

Frequência 1-2vezes por semana


Técnica
Atitude Neutralidade

Atividade-
Ativo
Passividade

“Escuta” Todas as associações

Prospectiva – ligada ao desenvolvimento da identidade


Interpretação
vocacional

Transferência Interpreta-se apenas quando interfere no enquadre

Semiaberto – Organizado em 3 momentos: [Diagnóstico,


Planejamento
Prognóstico e Orientação Profissional propriamente dita]

Predominância das
Projetivas não gráficas (R-O, minibiografia, etc.)
técnicas auxiliares

Testes [Weschler; TAT; BBT; EAP e outros]


O adolescente...
Tem um autodiagnostico prévio

Uma definição de como enfrentou sua dificuldade

Fantasias sobre a testagem por parte do orientando e do


orientador
O primeiro diagnóstico...
“ Quem é esta pessoa?”
“ O que acontece com ela?”
“ Por que escolher uma carreira gera dificuldade?”

A partir dessas respostas decidimos se o processo de OP é válido


ou não e elencamos pontos a serem trabalhados

Estabelecer o contrato: Horários, honorários e papéis nesse


trabalho
O primeiro diagnóstico auxilia...
Determinar os pontos a serem trabalhados

Haverá uma certa flexibilidade

Esclarecer a dinâmica interna do entrevistado

Apresentar informações sobre a problemática vocacional

Problemática vocacional – todos os mecanismos que envolver a


decisão frente a opções ocupacionais
A PRIMEIRA ENTREVISTA
OBJETIVO: elaboração do primeiro diagnóstico,
formulação do contrato de trabalho e se necessário
encaminhamento para outro tipo de atendimento

A entrevista é aberta

O profissional analisa o modo como o orientando lida com


aquela situação nova
Se atentar as primeiras falas do orientando

Principais temas: relação com os estudos, preferências e


antipatias, relações pessoais e com os professores, opiniões da
família sobre seus projetos e futuro, opiniões que tem sobre si
mesmo, dados pessoais e familiares

Fazer o contrato ao fim do primeiro diagnóstico. Se necessário


aumentar o número de entrevistas

Aplicação de testes
O PRIMEIRO DIAGNÓSTICO
– CRITÉRIOS
A) Manejo do tempo
B) Momento em que o jovem se situa quando ao processo de
decisão
C) Ansiedades predominantes
D) Carreiras como objeto e suas características
E) Identificações predominantes
F) Situações que o adolescente atravessa
G) Fantasias de resolução
H) Deuteroescolha
A) Manejo do tempo
Passado , presente e futuro

Que tipo de relação que o jovem tem com cada período de sua
vida e como isso interfere na dinâmica da escolha)

A escolha implica um projeto ( Momento presente)


B) Momento em que o jovem se
situa
SELEÇÃO
Exige capacidade de discriminação das opções
Integração de aspectos internos e externos
Indiferença (não se relaciona com nenhuma profissão)
Confusão ( ter várias opções e não saber o que fazer )
ESCOLHA

Exige discriminação
Estabelecimento de vínculo com o objeto
Capacidade de manter relações estáveis com o objeto
DECISÃO

Controle dos impulsos


Capacidade de decidir
Tolerar frustrações
Suportar o luto ( Pessoal e ocupacional)
C) Ansiedades predominantes
Referentes à autoimagem: Impotência, onipotência,
dependência, etc.

Referentes ao futuro: Medo do fracasso, aborrecimento,


mediocridade, inveja, erros no exercício da profissão

Referentes à vida universitária: Ser superexigido, não


conseguir se submeter ao trote

Referentes a escola secundária: desvalorização, não poder


discriminar matéria- professor, matéria-faculdade, matéria-
profissão
D) Carreiras como objeto
A relação que o indivíduo estabelece com a carreira

Carreiras podem ser analisadas como objetos do


comportamento

Os objetos podem: proteger, perseguir, destruir, reparar,


frustrar, confundir, superexigir, reter, agredir, na fantasia do
sujeito e não na realidade.
Quantas carreiras menciona é um dado significativo a ser
analisado.

Nenhuma: mundo externo confuso, incapacidade do ego de


discriminar, ansiedade é alta ou baixa ( fruto de um bloqueio)

Todas as carreiras: mundo externo confuso, imaturidade,


incapacidade de escolher. Ansiedade é baixa devido a sensação
de onipotência
Duas carreiras: mundo exterior relativamente claro e
diferenciado. Maturidade suficiente para efetuar uma escolha.
Dificuldade no momento de decisão

Várias carreiras: os objetos valiosos para o ego estão dispersos


em vários setores. Ansiedade é baixa possivelmente com esta
distribuição de objetos bons e maus
E) Identificações predominantes
Processo de identificação é constitutivo do ser

Uma boa escolha depende de identificações não distorcidas

Funções do ego que auxiliam nesse processo: adaptação a


realidade , interpretação da realidade ( boa percepção e
orientação tempo espacial), sentido de realidade ( ego e não
ego)
F) Situações que o adolescente
atravessa
PREDILEMÁTICA
Não se dá conta que deve explorar
Não sabe para que veio
Não tem interesse no processo
Imaturidade
Mantém relações paterno-filial com o psicólogo
Geralmente são trazidos pelos pais
DILEMÁTICA

Tem consciência que tem algo importante para fazer


Pode ser invadido pela “ Urgência” de ter que escolher algo
Ambiguidade e ambivalência frente as situações
PROBLEMÁTICA

Parece realmente preocupado


Há mais discriminação e menos confusão , mas não há,
integração
“ Gostaria de tal coisa para me realizar, mas aquela outra me
daria dinheiro”
Pode haver projeção, negação e até isolamento quando os
termos do conflito é o afeto
RESOLUÇÃO

 Resolução do luto e capacidade para escolher relativamente


desenvolvida
 Se relaciona melhor com os objetos e com sentimentos
ambivalentes
 Pode ocorrer uma regressão esporádica
Pode querer voltar a uma posição de dependência quando se sente
responsável
 Sensação de cansado mas contente
 “ Bem não quero mais pensar”
 “ Não quero mais discutir”
G) Fantasias de resolução
Liberdade: se libertar dos vínculos de dependência que vive. O
psicólogo deve investigar como ele acredita que alcançara sua
“ emancipação” , pode ser por:

Competência
Rebelião
Submissão as figuras de autoridade
Apoio: esperar que o profissional apoie e concorde com as suas
decisões

Permissivo: vê no profissional alguém que possa conter e permitir que


ele realize determinada escolha.

Pode fantasiar que para fazer uma boa escolha precisa ser um “ adulto
sério”

Pode se comportar de forma a agradar o profissional


A transferência pode ser...
Mágica: Profissional onipotente que fará tudo pelo adolescente

Paterno filial: se eu me comportar bem o psicólogo ficará do meu lado,


apoiará e aconselhará

Autoconfiada: o adolescente acredita que bastará poucas palavras do


profissional para ele “ decidir”

Aspiração: Vê na orientação profissional uma grande oportunidade ,


aceitará o contrato de boa vontade ,tem vínculo de cooperação.
H) Deuteroescolha
Como o adolescente escolheu escolher
O PROGNÓSTICO EM
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Estrutura da personalidade
Manejo da crise do adolescente
Histórico escolar
Histórico familiar
Identidade vocacional
Maturidade para escolher
Estrutura da personalidade
Nos oferece padrões de funcionamento do indivíduo

Abre campo para pensarmos na adequação das características à


ocupação

Alguns testes: BFP, Palográfico, HTP, TAT entre outros .


Manejo da crise adolescente

Será que o adolescente neste momento é capaz de submeter-se


ao processo e as demandas da vida “ adulta”.
Histórico escolar
Quais matérias mais gostava?

Quais os vínculos com cada matéria?

Quais matérias tinha mais dificuldade?

Quais matérias tinha facilidade ?


Histórico familiar
Os pais tem que tipo de formação?

Qual a influência familiar desse jovem?

Que tipo de influência a família costuma exercer com relação a


escolha?
Identidade vocacional e
ocupacional
O que o jovem se vê fazendo?

Quais aspectos ele considera importante em uma profissão?


Maturidade para escolher

O quão apto o jovem está para realizar a escolha?

Teste EMEP
A partir desses itens temos uma noção acerca da
orientabilidade

Permite decidir o plano de trabalho

Definir se essa indivíduo está apto a avaliação profissional


A decisão de enfrentar ou não um processo de orientação
vocacional baseia-se nas seguintes perguntas

Tem, o adolescente, possibilidade de adquirir sua identidade ocupacional


sem uma modificação substancial da estrutura da personalidade?

Tem maturidade para tomar decisões quando a seu futuro profissional?

Tem possibilidade de empregar sua percepção, pensamentos e ação a


serviço do princípio de realidade , de prever dificuldades, alcançar
sínteses, tolerar frustrações ?

Sou a pessoa mais indicada para ajudá-lo?

É este o momento mais adequado para que se inicie seu processo de


orientação?
Os testes em orientação
profissional
São instrumentos do processo
Profissional deve ter condições técnicas e éticas para sua
aplicação
Os testes jamais deverão substituir a função do psicólogo
Não existem testes vocacionais
Geralmente são aplicados no início do processo
Tomar cuidado com os sentidos que o orientando da aos testes
Pode ser visto como objeto idealizado e persecutório

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