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Algumas reflexões sobre o ensino

de línguas estrangeiras:
um olhar sobre teorias e metodologias

Francisco José Quaresma de Figueiredo – UFG


O que veremos hoje:

- Teorias de aquisição de língua materna e de


aquisição/aprendizagem de línguas estrangeiras
- Metodologias de ensino de línguas (métodos,
técnicas e abordagens)
- Discussões sobre erro e correção
Aquisição de língua materna

- Behaviorismo
- Inatismo
- Sociointeracionismo
Behaviorismo

Aquisição de língua é uma questão de imitação e de


formação de hábitos.

Estímulo – Resposta – Reforço


Inatismo
A língua não é simplesmente comportamento verbal, mas, sim, um
complexo sistema de regras.

As crianças são biologicamente preparadas para adquirir língua


(Dispositivo de Aquisição de Língua).

A língua se desenvolve na criança da mesma forma que as outras


funções biológicas se desenvolvem.
Inatismo

O meio ambiente tem uma função básica (prover input); o dote biológico
faz o resto.

A criança tem a capacidade de gerar ou criar sentenças nunca ouvidas


anteriormente (e, devido a isso, poder cometer erros) – criatividade.
Sociointeracionismo
A língua é adquirida como consequência da interação entre a
capacidade biológica da criança e o meio ambiente em que a criança se
desenvolve.

O discurso que é dirigido a criança é facilitado, o que favorece a


compreensão e a aquisição da língua.

A troca que ocorre na conversação é o que importa. (A televisão, como


meio de input, não permite essa troca).
Resumindo...
A abordagem behaviorista explica a aquisição de fórmulas
utilizadas no dia-a-dia, por meio da repetição.
 
A abordagem inatista explica a capacidade das crianças de
adquirir um sistema tão complexo como a língua em tão
pouco tempo.
 
A abordagem interacionista explica o fato de que input
apenas não promove uma completa aquisição (como, por
exemplo, a televisão e o rádio). É necessária a troca, a
interação entre a criança e os outros.
Aquisição e aprendizagem de segunda língua (L2)

Aquisição X aprendizagem

Aquisição: informal, inconsciente, automático

Aprendizagem: formal, consciente, controlado


Algumas teorias sobre aquisição/aprendizagem de L2

- Teoria da aculturação/“pidginização”
- Teoria dos universais linguísticos
- Teoria da interlíngua
- Teoria do discurso
- Teoria behaviorista
- Teoria do monitor
Teoria da aculturação/“pidginização”

Aculturação é definida como o processo pelo qual um indivíduo se


adapta a uma nova cultura (SCHUMANN, 1978).

A aculturação é determinada pela “distância” social e psicológica entre


a cultura do indivíduo e a nova cultura do país em que está inserido.
Teoria da aculturação/“pidginização”
√Fatores que diminuem a distância social são:
- a igualdade social entre os grupos de L1 e L2;
- as semelhanças entre as duas culturas;
- o desejo do indivíduo em permanecer no país
estrangeiro por um longo tempo etc.

√ Fatores que diminuem a distância psicológica são:


- a ausência de choques culturais;
- uma alta motivação por parte do indivíduo etc.
Teoria da aculturação/“pidginização”
Se as distâncias social e psicológica forem grandes, o indivíduo
receberá pouco input na L2 e terá dificuldade para converter o input em
intake.

Quando as distâncias social e psicológica forem grandes, o indivíduo


terá dificuldades para ir além dos estágios iniciais do processo de
desenvolvimento da nova língua. Esta, então, permanecerá
“pidginizada”, ou seja, “fossilizada” em formas simples e reduzidas,
como, por exemplo, “my father 42 years old” (meu pai 42 anos de
idade).
Teoria da aculturação/“pidginização”

A teoria de aculturação/“pidginização” tenta explicar a aquisição de L2


em um ambiente natural.

Porém, aspectos como a motivação do indivíduo são de relevante


importância e podem ter um papel semelhante na aprendizagem de L2
em uma sala de aula.
Teoria dos universais linguísticos

Essa teoria tenta explicar a aquisição de L2 através de um elemento


linguístico, biológico e inato, que é comum a todas as pessoas.

Em se tratando de L1, a criança adquire o cerne da gramática de sua


língua por meio da gramática universal. As outras regras que fogem do
“normal” (periféricas) têm de ser aprendidas. Dessa forma, as regras
que fazem parte do cerne da gramática são não-marcadas. As
periféricas são marcadas.
Teoria dos universais linguísticos

Desse modo, ao aprender uma L2, há a tendência do aprendiz em


transferir as formas não marcadas da L1.

É difícil de se definir o que constitui o cerne da gramática e o que é


periférico.

Além disso, a hipótese universal parte do pressuposto de que o


conhecimento linguístico é homogêneo, ignorando, desse modo, a
variabilidade.
Teoria da interlíngua

O que é interlíngua?

A interlíngua, um termo cunhado por Selinker (1972), é caracterizada


por uma série de estágios – um continuum – cujos polos são a língua
materna e a língua-alvo.
Teoria da interlíngua

A interlíngua pode ser ilustrada como na figura a seguir:

Língua Materna (Interlíngua) Língua-alvo


Teoria da interlíngua

As pessoas produzem erros semelhantes ao adquirir/aprender uma L2.

O entendimento desses erros e uma grande quantidade de input podem


ajudar as pessoas a moldar sua produção de modo que se aproxime, o
máximo, da língua-alvo.
Teoria do discurso

A teoria do discurso parte do princípio de que a aquisição de uma L2 é


favorecida pela interação e pela negociação que ocorre nessa
interação.

Long (1985) afirma que uma interação modificada é necessária para a


aquisição de L2, e faz a seguinte relação:

- a modificação interacional torna o input compreensível;


- o input compreensível promove a aquisição.
Teoria behaviorista

Ao aprender uma L2, o aluno já possui um conjunto de hábitos, ou seja,


a sua L1. Alguns desses hábitos ajudam a aprendizagem de L2
(transferência positiva), ao passo que outros a dificultam (transferência
negativa).
Teoria behaviorista

“O menino comeu o bolo”



The boy ate the cake.

“O menino bonito comeu o bolo”



*The boy beautiful ate the cake.
Teoria behaviorista

A L1 pode ser um obstáculo para a aprendizagem de L2.

O erro deve ser corrigido imediatamente.

Exercícios exaustivos de repetição.


Teoria do monitor

A teoria do monitor, elaborada por Krashen (1981, 1982, 1985), consta


de cinco hipóteses principais: a da distinção entre aprendizagem e
aquisição; a da ordem natural; a do input; a do monitor; e a do filtro
afetivo.

Esta teoria aborda tanto a língua que é adquirida em um ambiente


natural (imersão), como a que é aprendida em uma sala de aula (em um
país que fala outra língua).
Teoria do monitor
a) a distinção entre aprendizagem e aquisição

√Aquisição – inconsciente (não presta atenção nas regras da L2); a


correção é feita pela intuição; ênfase no conteúdo da mensagem.

√ Aprendizagem – conhecimento consciente das regras de uma L2; a


correção é importante; ênfase na forma.
Teoria do monitor

b) a hipótese da ordem natural

A ordem de aquisição das regras da L1 é também percebida na


aquisição da L2.
Teoria do monitor
c) a hipótese do Monitor

O Monitor é um dispositivo que o aprendiz utiliza para corrigir sua


produção linguística.

O Monitor só é colocado em prática se três condições forem cumpridas:


• tempo
• foco na forma
• conhecimento das regras
Teoria do monitor

De acordo com Krashen, existem 3 tipos de usuário do Monitor:

- os que usam demasiadamente o Monitor;


- os usuários moderados do Monitor;
- os que usam muito pouco o Monitor.
Teoria do monitor

d) a hipótese do input

Para que a aquisição se processe, é necessário que o input esteja um


pouco além do estágio em que se encontra o indivíduo (i + 1).
Teoria do monitor
e) a hipótese do filtro afetivo

O filtro afetivo é um bloqueio mental que impede os indivíduos de


utilizar totalmente o input compreensível que eles recebem para a
aquisição da língua.
filtro

Dispositivo
de aquisição Competência
Input de língua adquirida
Teoria do monitor

Krashen não explica os processos cognitivos responsáveis pela


aprendizagem e aquisição.

O modelo do monitor não considera a importância do output.

O modelo do monitor recebeu críticas por não ser falsificável.


Concluindo?

Os processos de aquisição e aprendizagem de L2 são complexos, pois


envolvem aspectos afetivos, cognitivos, sociais, psicológicos,
situacionais etc.

Uma única teoria não dá conta de explicar tais processos. As teorias se


complementam e fazem que possamos compreender melhor uma ou
outra faceta dos dois processos.
Sobre métodos, técnicas e abordagens
Na literatura sobre ensino de línguas, podemos encontrar termos como
abordagem, técnica e método sendo utilizados indevidamente de forma
intercambiável.

Anthony (1963), já na década de 60, nos alertava sobre a necessidade


de haver uma utilização mais precisa desses termos e se propôs a
defini-los. De acordo com o autor, há uma hierarquia entre eles: as
técnicas implementam os métodos que se enquadram em uma
abordagem.
Sobre métodos, técnicas e abordagens

Abordagem  tem um caráter filosófico e é um conjunto de


pressuposições que trata da natureza das línguas e da natureza do
ensino e da aprendizagem dessas línguas.

Método  se refere a um plano global para a apresentação ordenada


de material linguístico, com base nos objetivos do curso.

Técnica  se refere às ações utilizadas para realizar um determinado


objetivo durante a aula, bem como aos instrumentos utilizados no
ensino de línguas (gravadores, laboratórios de língua, recursos
audiovisuais etc.).
Sobre métodos, técnicas e abordagens
Há uma relação de interdependência entre esses termos, sendo
abordagem o termo mais amplo, que norteia os métodos, que, por sua
vez, são implementados por técnicas, como é ilustrado na figura a
seguir.
Alguns métodos e abordagens na história
do ensino de línguas estrangeiras

Na história do ensino das línguas estrangeiras, uma sucessão de


métodos e abordagens tem sido utilizada nessa empreitada.

Neste breve panorama, apresento os métodos e abordagens agrupados


em quatro blocos, a saber: abordagens tradicionais, abordagens
alternativas, metodologias comunicativas e a era pós-métodos.
Bloco das abordagens tradicionais

O bloco das abordagens tradicionais compreende o Método de


Gramática e Tradução, o Método Direto e o Audiolingual.
O Método de Gramática e Tradução
Historicamente, o Método de Gramática e Tradução é o mais antigo e
prevaleceu durante todo o século XIX até o início do século XX. Sua
origem remonta ao estudo de línguas clássicas, como o latim e o grego
e, ainda hoje, é possível vislumbrar seu uso em vários contextos de
ensino de línguas em nosso país.
O Método de Gramática e Tradução

- As aulas são ministradas na L1 dos alunos e não na


L2/LE.
- O foco da aula é na explicação dedutiva das regras
gramaticais.
- O vocabulário é apresentado por meio de listas bilíngues
de itens isolados.
- As habilidades de leitura e escrita são enfatizadas.
- Utiliza-se a tradução de passagens literárias da L2/LE
para a L1, e vice-versa.
- Pouca ou nenhuma ênfase é dada à pronúncia.
O Método Direto

A premissa básica do Método Direto é a de que a aprendizagem da


L2/LE deve ser semelhante ao da L1.

A língua-alvo deve ser ensinada, fazendo-se uma conexão direta na


mente do aluno, entre o que ele pensa e aquilo que ele diz. Em outras
palavras, o aluno não faz uso da L1.

Dessa forma, a língua-alvo torna-se tanto o objetivo quanto o meio no


processo de ensino-aprendizagem.
O Método Direto

No Método Direto, a associação é o princípio básico da atividade


mental. Dessa forma, para se fazer compreendido, o professor usa
gestos, gravuras, fotos, objetos, simulação e tudo mais que possa
facilitar a compreensão, sem, no entanto, fazer uso da tradução.
O Método Direto

- O ensino é realizado oralmente por intermédio da língua-alvo.


- Os professores devem ser ou falantes nativos ou extremamente
fluentes na língua-alvo.
- A gramática é ensinada indutivamente por meio de situações.
Itens concretos de vocabulário são ensinados de forma contextualizada
e através de definições e imagens.
- Itens abstratos de vocabulário são ensinados através de associação
de ideias.
- As habilidades linguísticas são ordenadas de forma natural:
compreensão oral, produção oral, leitura e escrita.
O Método Audiolingual
O Método Audiolingual – inserido em uma abordagem estruturalista e
influenciado pelo behaviorismo – postula que a aquisição de língua se
dá por meio da formação de hábitos que é facilitada por intermédio de
exercícios de repetição.
O Método Audiolingual

- O erro era corrigido imediatamente.


- Exercícios de repetição e de substituição de palavras e estruturas.
- Memorização de diálogos.
- Não recorrência à tradução ou ao uso da L1.
O Método Audiolingual
Para obter sucesso na repetição do diálogo, o professor usava a
técnica de quebrar as estruturas linguísticas em unidades menores, e a
repetição ocorria gradativamente – do final para o início da estrutura.
Vejamos:
Professor: Repitam: correio
Alunos: Correio
Professor: Ao correio
Alunos: Ao correio
Professor: Indo ao correio
Alunos: Indo ao correio
Professor: Eu estou indo ao correio.
Alunos: Eu estou indo ao correio.
Bloco das abordagens tradicionais –
Concluindo?
Embora existam diferentes concepções e princípios subjacentes a este
bloco das Abordagens tradicionais, o que estes métodos têm em
comum é o fato de enfatizarem o domínio das regras gramaticais da
língua e de ainda serem usados em vários contextos educacionais no
Brasil e no mundo, apesar de toda a evolução ocorrida nas pesquisas
sobre o processo de ensino e aprendizagem de L2/LE e de as
circunstâncias sócio-históricas serem diferentes atualmente.
Bloco das abordagens alternativas

O grupo das abordagens alternativas inclui métodos e abordagens


“inovadores”, como a abordagem da Resposta Física Total, o Método
Silencioso, a (De)sugestopedia e a Aprendizagem Comunitária de
Línguas.
Resposta Física Total

Esta abordagem foi desenvolvida nos anos 60 e 70 por


James Asher, que postulava que a aquisição de uma L2/LE
pelo adulto é similar à aquisição da L1 pela criança.

Este princípio vem dos estudos de aquisição da linguagem que provaram


que a criança passa por um período de silêncio antes de começar a falar.
Asher apontou, então, que a compreensão oral precede à produção oral
e que a atividade motora antecede a produção linguística.
Resposta Física Total
Uma aula que segue essa abordagem é baseada em uma série de
comandos dados pelo professor aos quais os alunos têm de responder
por meio de ações em vez de por respostas orais. Eles são encorajados
a falar apenas quando se sentirem aptos.

O professor pode utilizar, por exemplo, os seguintes comandos:

Professor: Abra a janela. Feche a porta. Fique de pé. Sente-se.


Pegue o livro. Dê o livro ao João.
O Método Silencioso

O Método Silencioso, desenvolvido por Caleb Gattegno, baseia-se na


premissa de que o professor deve permanecer o mais calado possível
em sala de aula – daí a denominação do método –, enquanto o aluno é
encorajado a produzir na L2/LE o máximo possível (RICHARDS;
RODGERS, 1986).
O Método Silencioso

Neste método, são usados alguns materiais, como blocos de madeira


coloridos chamados de “barras” ou “bloquinhos de cuisenaire” e
também gráficos coloridos para o ensino dos fonemas. Esses blocos
coloridos foram utilizados no ensino de línguas como forma de criar as
mais diversas situações de aprendizagem. Dessa forma, os blocos
podiam ser usados para ensinar, por exemplo, cores, números,
preposições, sintaxe etc.
O Método Silencioso

Vejamos os seguintes exemplos, retirados de Larsen-Freeman (2000, p.


69):

O bloco azul está entre o bloco verde e o amarelo. [ensino de preposições]


Se você me der um bloco azul, eu lhe darei dois blocos verdes. [ensino do condicional]
A (De)Sugestopedia

A Sugestopedia foi introduzida no final dos anos 70 na área de ensino


de L2/LE pelo psiquiatra e educador búlgaro Georgi Lozanov e deriva
da Sugestologia – ciência que estuda as influências não conscientes e
não racionais às quais as pessoas são expostas (RICHARDS;
RODGERS, 1986).

O autor da Sugestopedia preconiza que o aprendizado pode ser


potencializado quando o aprendiz está relaxado, facilitando, então, o
recebimento de informações tanto no nível consciente quanto no
inconsciente.
A (De)Sugestopedia

Larsen-Freeman (2000), por sua vez, utiliza o termo


“dessugestionamento” que envolveria a “dessugestão” das barreiras
psicológicas que o aprendiz traz para o contexto da sala de aula. Nesse
intuito, é tarefa do professor criar um ambiente físico relaxante e
confiável, onde todos os obstáculos psicológicos trazidos pelos alunos
sejam diminuídos e até eliminados para que a aprendizagem ocorra de
forma profícua.
A (De)Sugestopedia
As principais características do método são:
- decoração e organização da sala de aula com móveis confortáveis;
- uso de músicas relaxantes durante as aulas;
- ensino das quatro habilidades através de diálogos lidos pelo professor
com variações de entonação;
- ênfase no desenvolvimento do vocabulário e da habilidade oral.
Aprendizagem Comunitária de Línguas
Charles Curran inspirou-se na visão humanista de educação de Carl
Rogers para criar um método no qual professores e alunos se unissem
e se vissem não como uma turma, mas como um grupo no qual cada
indivíduo é valorizado e estimado.

Nessa aprendizagem, a função do professor é ser


um conselheiro e centralizar sua atenção nos alunos
e em suas necessidades, dando-lhes apoio para que
entendam melhor os seus problemas e para que
possam, finalmente, superá-los.
Aprendizagem Comunitária de Línguas

Brown (1994) afirma que a Aprendizagem por Aconselhamento foi


estendida aos contextos de ensino de línguas na forma da
Aprendizagem Comunitária de Línguas. O autor revela ainda que,
embora sejam numerosas as adaptações a esse método, a metodologia
básica consiste no uso de técnicas de terapia de grupo.
Aprendizagem Comunitária de Línguas

Os alunos sentam-se em círculo enquanto o conselheiro (professor)


caminha do lado de fora desse círculo tentando estabelecer uma
relação de confiança interpessoal entre os membros do grupo. Nesse
primeiro momento, isso é feito na L1 dos aprendizes.

No caso de algum aluno desejar dizer algo ao grupo ou a um colega em


particular, o professor se aproxima e traduz em voz baixa, na L2/LE, a
frase requerida. O aluno, então, repete em voz alta a frase já traduzida
pelo professor. O outro aprendiz responde e, novamente, o enunciado é
traduzido pelo professor.
Bloco das abordagens alternativas –
Concluindo?

Nesse grupo de abordagens alternativas, apesar de aparentemente


desvinculadas umas das outras, elas compartilham algumas
pressuposições significativas: não são tão amplamente conhecidas; em
alguns casos, são movimentos que surgiram no ensino regular e, mais
tarde, foram aplicadas no ensino e na aprendizagem de L2/LE; também
foram relevantes por ressaltar que os aspectos afetivos da
aprendizagem de línguas são tão importantes quanto os aspectos
cognitivos.
Bloco das metodologias comunicativas

Neste grupo, estão a Abordagem Natural, a Abordagem Comunicativa, a


Abordagem Baseada em Tarefas e a Abordagem Colaborativa.
Abordagem Natural

Por volta do final dos anos 70, surge a Abordagem Natural, cujos
proponentes foram os professores pesquisadores Stephen Krashen e
Tracy Terrel. Os princípios naturalísticos do Método Direto e a
importância dos fatores afetivos na aprendizagem de uma L2/LE,
destacadas nas abordagens “inovadoras”, foram pressupostos
incorporados a esta abordagem.
Abordagem Natural

Dessa forma, o termo natural, segundo Richards e Rodgers (1986), é


usado em referência ao Método Direto, que enfatizava a aquisição da
língua-alvo da mesma forma como se adquire a L1.
Abordagem Natural

A abordagem natural se baseia na Teoria do Monitor que enfatizava a


importância de se prover input compreensível aos alunos.
Abordagem Comunicativa

Nesta abordagem, a língua-alvo é vista, em sala de aula, como veículo


para a comunicação e não apenas como objeto de estudo.

Assim, há uma preocupação maior com o significado e o estímulo ao


uso de materiais autênticos em sala de aula, bem como ao uso de
atividades interativas, realizadas em pares ou em grupos. Há, também,
o objetivo de integrar as quatro habilidades linguísticas.
Abordagem Comunicativa
De acordo com Brown (1994):
- mais do que competência gramatical, os objetivos do ensino de L2/LE
devem ser voltados para todos os componentes da competência
comunicativa;
- a forma não é a estrutura primária; o significado sim. Dessa maneira,
as atividades são elaboradas para suscitar a produção de significados;
- a fluência e a acuidade são complementares, embora, às vezes, a
fluência venha a ser mais priorizada;
- os aprendizes devem aprender a usar a língua de forma produtiva e
receptiva em contextos reais.
Abordagem Baseada em Tarefas

O ensino baseado em tarefas objetiva fornecer aos aprendizes um


contexto natural para o uso da linguagem.

Na medida em que realizam a tarefa, eles interagem e se esforçam para


entender uns aos outros e expressar suas ideias. Isso, segundo os
defensores desta abordagem, faz com que eles desenvolvam a
competência comunicativa por meio da utilização de diversas funções
discursivas.
Abordagem Baseada em Tarefas

Nesta abordagem, uma tarefa maior é


decomposta em outras menores, com o
objetivo de facilitar o alcance de um objetivo
mais abrangente.

Um exemplo de possível tarefa é pedir aos alunos para planejar


atividades para um aluno estrangeiro que permanecerá na escola por
uma semana (tarefa maior). Dessa forma, pode-se dividir a turma em
sete grupos, de modo que cada grupo proponha atividades para cada dia
da semana (tarefas menores).
Abordagem Colaborativa

O reconhecimento do aluno como responsável por sua própria


aprendizagem deu origem a uma abordagem de ensino que favorecia
uma maior participação do aprendiz no processo de aprender línguas,
conhecida por aprendizagem colaborativa.

- abordagem construtivista
- coconstrução do conhecimento
- face a face e no meio virtual
Abordagem Colaborativa

A colaboração pressupõe que os alunos trabalhem juntos para atingir


objetivos comuns de aprendizagem.

- os alunos podem dar e receber ideias, prover assistência mútua para a


realização de uma atividade etc.
- oportunidades tanto para input quanto para output.
Bloco das metodologias comunicativas -
Concluindo?

Nesse grupo de metodologias comunicativas, a ênfase tem sido no uso


comunicativo da língua, que é favorecido por atividades que envolvam
trabalho em grupo e muita interação.
A Era Pós-Métodos
Este quarto bloco não compreende métodos ou abordagens em
particular. A tendência atual não é escolher entre um ou outro método,
mas, sim, selecionar aqueles aspectos que são úteis e adequados para
determinadas situações pedagógicas. Assim, o que se percebe é que
há uma tendência dos professores ao ecletismo.
A Era Pós-Métodos

- Os métodos não dão conta de todos os contextos.

- Os alunos podem ser bem-sucedidos ou malsucedidos a despeito dos


métodos ou das técnicas de ensino utilizados.

- Os métodos eram bastante prescritivos e não favoreciam a autonomia


dos professores.
A Era Pós-Métodos

Apesar dessas críticas, Liu (1995) argumenta que os métodos são


extremamente importantes, e que os bons professores podem escolher
o melhor método para uma situação específica.

Segundo a autora, o método da Resposta Física Total, por exemplo,


provou ser bem eficiente para alunos iniciantes, sejam crianças ou
adultos. Por sua vez, o Método de Gramática e Tradução funciona muito
bem em turmas de adultos cujo interesse se resume em ler na L2/LE.
De acordo com Liu (1995, p. 176), “[o]s problemas que temos não são
com os métodos, mas com aqueles que usam os métodos no lugar
errado e na hora errada”.
Concluindo?
Gramática e Tradução: exercícios gramaticais e de
tradução
Método Direto: uso de realia, fotos etc.
Audiolingual: repetição
Resposta Física Total: atividades dinâmicas
Método Silencioso: diminuição do tempo de fala do
professor
(De)sugestopedia: motivação, uso de música
Aprendizagem comunitária: questões afetivas
Concluindo?

Abordagem Natural: a importância de prover input


Abordagem Comunicativa: oportunidade para output
Abordagem Baseada em Tarefas e Abordagem
Colaborativa: a importância do trabalho em grupo e da
colaboração
Concluindo?

A literatura nos mostra que o conhecimento de diferentes métodos e


abordagens pode dar aos professores uma base inicial teórica para
explorar e desenvolver suas próprias convicções, princípios e práticas.

Nessa perspectiva, o conhecimento sobre os métodos e as abordagens


pode suscitar uma reflexão que pode auxiliar os professores a trazer,
para o nível consciente, os pensamentos subjacentes às suas ações,
suas suposições, seus valores e crenças. A partir disso, eles podem
tomar decisões baseadas na reflexão e não apenas nas suas
experiências anteriores enquanto aluno e professor.

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