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DIREITO CIVIL:

Direito das Sucessões


Sucessão legítima
IIES
10º Semestre
Profa. Ms: Gisele de Mello Almada
Localizando o tema na Parte Especial do CC2002:
conteúdo

Livro V -Do Direito das Sucessões


TÍTULO II - Da Sucessão Legítima (1829 a 1856)
Capítulo I - Da ordem da vocação hereditária
Capítulo II - Dos herdeiros necessários
Capítulo III - Do direito de representação
Alguns aspectos históricos
 CC16: cônjuge aparecia em 3º lugar na ordem de vocação hereditária, após os
descendentes e ascendentes: 1603 CC. Não era herdeiro necessário. Podia ser
afastado da sucessão por testamento.

 CC2002 trouxe série de inovações se comparado ao CC16:


 Sistema de concorrência sucessória do cônjuge e companheiro (1829, I e II): c/
relação aos descendentes e ascendentes (após declaração inconstitucionalidade art. 1790 CC)

 Herdeiros necessários no CC16: descendentes e ascendentes


 Sucessão do companheiro antes do CC02 constou das Leis 8.971/84 e 9.278/96

 Herdeiros necessários no CC02 antes DI 1790 CC: descendentes, ascendentes e cônjuge


(1845)
 Herdeiros necessários no CC02 após DI 1790CC: descendentes, ascendentes, cônjuge e
companheiro (1845) (!?): este último não consta do rol de herdeiros necessários do 1845
Outras mudanças do CC16 para CC02
Usufruto vidual em favor do cônjuge (direito de usar e fruir) do
CC16 foi substituído pela concorrência sucessória
Direito real de habitação sobre imóvel do casal apenas qto ao
cônjuge casado sob regime da comunhão total de bens
Direito real de habitação como direito sucessório do
companheiro: Lei 9278/96 – não está expresso no CC02! Doutrina
tem entendido pela sua manutenção!
CC1916 CC02 antes 2017 CC02 após 2017
Art. 1.603. A sucessão Descendentes + cônjuge Descendentes + cônjuge ou
legítima defere-se na ordem sobrevivente, nos termos do companheiro sobrevivente, nos
seguinte: 1829, I termos do 1829, I
I - Aos descendentes
II - Aos ascendentes Ascendentes + cônjuge Ascendentes + cônjuge ou
III - Ao cônjuge sobrevivente sobrevivente companheiro sobrevivente
(antes da LFP: era de 4ª
classe) Cônjuge sobrevivente sozinho Cônjuge ou companheiro
IV - Aos colaterais sobrevivente sozinho
CC16 desde 1946: até 4º grau Colaterais até 4º grau + Colaterais até 4º grau
(art. 1.612 ) companheiro sobrevivente
CC16 até 1945: até 3º grau
Após LFP/1907: até 6º grau Companheiro sobrevivente
Ord. Filipinas: até 10º grau sozinho
V - aos Municípios, ao
Distrito Federal ou à União.
(Lei 8.049/90).
Casamento: art. 1829 Casamento e união estável:
aplicação do art. 1829
Apenas casamento
União Estável não era União Estável: art. 1790
reconhecida (o que somente (CC2002 regrediu no RE 646.721 e   RE 878.694
tratamento da sucessão do (revogação tácita do 1790 pela
ocorreu após CF1988 + Lei
companheiro, se comparado à declaração de
8971/94 e 9278/96)
lei 8971/94, art. 2º, III) inconstitucionalidade c/
repercussão geral do art. 1790)
Sucessão legítima
 Transmissão causa mortis às pessoas indicadas na lei. Indicação ocorre pela
ordem de vocação hereditária, na sucessão legítima: art. 1829

 Critério adotado pelo sistema sucessório brasileiro:


 laços familiares de parentesco + vínculo decorrente do casamento ou união
estável: divisão em CLASSES

o Sucessão por cabeça: se título hereditário é idêntico entre os herdeiros (ex. todos
filhos): ÷ do patrimônio em partes iguais

o Sucessão por representação ou estirpe: herdeiros recebem em partes iguais a


quota que o representado receberia por cabeça.
Sucessão legítima

Herdeiros 1845+1846: legítima =


necessários 50% herança

Legítima
Antes DI 1790:
companheiro +
colaterais até 4º grau

Sucessão Herdeiros
facultativos

Após DI 1790:
colaterais até 4º grau
Testamentária
Legítima dos herdeiros necessários: quota fixa

66,67% 50% 50% 50%


Decreto
Ordenações 1.839/1907
CC1916 CC2002
Filipinas (Lei Feliciano
Pena)
• 2/3: Livro IV, Título • ½: art. 2º • ½: art. 1576 • ½: art. 1845
91-92 • Descendentes Descendentes
• Ascendentes Ascendentes
Cônjuge/
companheiro*
Companheiro é herdeiro necessário?
 Após a declaração de inconstitucionalidade do art. 1790 pelo STF,
companheiro deve ser considerado herdeiro legítimo necessário ou
facultativo?
 já era um tema que vinha sofrendo críticas na doutrina, mesmo antes da DI 1790
 o STF não deixou expresso em sua tese final a condição do companheiro, o que
ainda vai ensejar vários debates

 Favorável à tese da igualdade (ambos herdeiros necessários): Ex. Ana Luiza


Nevares, Maria Berenice Dias, Nelson Rosenvald, Cristiano C de Farias, Fabio U Coelho, Paulo Lôbo,
Flavio Tartuce, Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, Aldemiro Rezende Dantas Jr, Elpídio
Donizetti e Felipe Quintella

 Favorável à tese do companheiro como herdeiro facultativo: Ex. James


Eduardo de Oliveira, Mario Luiz Delgado
Companheiro é herdeiro necessário?
 Maria Berenice Dias: “Quando a lei trata de forma diferente a união estável
em relação ao casamento, é de se ter simplesmente tais referências como não
escritas. Sempre que o legislador deixar de nominar a união estável frente a
prerrogativas concedidas ao casamento, outorgando-lhe tratamento
diferenciado, devem tais omissões ser tidas por inexistentes, ineficazes e
inconstitucionais.” (in Manual de Direito das Famílias).

 Até onde vai a equiparação entre UE e casamento? Tornou-se a UE um casamento


forçado?
 Deve ser total ou parcial? Nova tese de Anderson Schreiber (equiparação apenas para
fins de solidariedade: equiparação quanto às regras sucessórias, alimentos e regime de
bens e não de formalidade)
Sucessão legítima (1788/9)
 Quando ocorre:
a) Na falta de disposição de última vontade (se não há qualquer disposição
testamentária)
b) Inexistência de testamento válido deixado pelo autor da herança
c) Se testamento perder eficácia (ex. falecendo o contemplado antes do testador, sem instituição
de substituto)

d) Se, apesar de existir testamento, as disposições não contemplarem a


universalidade do patrimônio do testador, compreendendo bens fora do
patrimônio do “de cujus”
e) Se vivos herdeiros necessários (1845): aplicação das regras da sucessão
legítima, mesmo se existir testamento: parcela indisponível: 50% (1789):
caberá redução das disposições testamentárias que ultrapassarem a legítima
Art. 1829 – herdeiros legítimos
Regra geral

Destinação patrimonial c/ ordem


de preferência dos chamados a
herdar (em classes):
1ª: descendentes em concorrência
c/ cônjuge ou companheiro, nas A lei especifica a forma de
hipóteses legouais distribuição do acervo para
herdeiros de mesma classe.
2ª: ascendentes em concorrência
c/ cônjuge companheiro
3ª: cônjuge ou companheiro
4ª: colaterais (até 4º grau)
Ordem de vocação hereditária: 1829
1. Observe quem são os herdeiros do autor da herança: os de grau mais
próximo excluem o de grau mais remoto.

2. Se convocado o cônjuge ou companheiro: a partilha será de acordo com as


várias situações trazidas nos arts. 1832 e 1837;

3. Sucessores de mesma classe e grau: dividem o acervo hereditário em partes


iguais = sucessão por cabeça (ex. filhos)

4. Sucessões de mesma classe com igual preferência, mas grau de parentesco


diferente (ex. colaterais de 2º a 4º grau)
 A distribuição do acervo dependerá da categoria a que pertencem (ex. sobrinhos? tios?): a
forma de partilha pode ser diversa para cada situação: ex. direito de representação (1851-
6)
Observar a última
vontade do falecido
Deixou testamento
válido Utilizo regras da
sucessão legítima no
que a vontade do
falecido não
alcançou
Quem são os
sucessores? Utilizar regras da
Não deixou
sucessão legítima
testamento
(1829 e seguintes)

Utilizar regras da
O testamento é
sucessão legítima
inválido
(1829 e seguintes)
Ordem de vocação hereditária
CC, Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge* sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares (1ª
classe: 1830, 1832 a 1835)
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge* (2ª classe: 1830, 1836
e 1837)
III - ao cônjuge* sobrevivente (3ª classe: 1838 e 1839, 1ª parte)
IV - aos colaterais (até 4º grau: 1839: 2ª parte a 1843)

*com a declaração de inconstitucionalidade do art. 1790 pelo STF (RE 878.694/MG: tema 809 + RE
646.721/RS: tema 498), onde se lê “cônjuge”, leia-se também “companheiro”!
1ª classe: 1ª hipótese = se só há descendentes
 Preferência sucessória: descendentes concorrendo, eventualmente, com
cônjuge ou companheiro

1) Se somente filhos concorrem à herança: todos a recebem em igual direito


(partilha em quotas iguais) = mesma classe (1ª) e mesmo grau (1º)

2) Grau mais próximo exclui os mais remotos (2º, 3º: netos, bisnetos...): Art.
1.835 (ex. se filhos vivos, netos não recebem por cabeça)
 igualdade de filhos, independentemente da origem (1596, CC + CF1988, §6º, 227)
 Previsão legal genérica: descendentes sem limites de gerações (linha reta
infinita). Potencialmente beneficiados: netos, bisnetos, trinetos ...
1ª classe: os descendentes (por cabeça ou estirpe)
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros
descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo
grau. (representação)
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas
NUNCA na ascendente. (filhos, netos, bisnetos...)
Art. 1853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em
favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
(APENAS sobrinhos, quando concorrem com tios)
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o
representado, se vivo fosse. (a quota do representado)
 Por cabeça (por direito próprio): cada parte é entregue a um sucessor direto.
Ex. o filho com relação ao pai falecido.
 Por estirpe (ou representação): receberão no lugar do representado o que ele
receberia. Ex. os netos (se pré-morto o seu pai) herdarão por representação o que
cabia ao seu pai.
F1 e F3: filhos herdam por cabeça (1835, 1ª parte)
F2 (pré-morto): filhos de F2 (netos) herdam sua quota-parte por
estirpe ou representação (1835, 1852, 1854)

de cujus = pai
(P)

F1P vivo F2P F3P vivo


(1/3) 33,33% pré-morto (1/3) 33,33%
(1/3÷3) 33,33%

N1P, N2P e N3P


herdam por
estirpe ou
1/3 ÷ 3 = 1/3 x 1/3 representação de
= 1/9 N1P viva N2P vivo N3P vivo F2P (1852 e 1854)
(1/9) 11,11% (1/9) 11,11% (1/9) 11,11%
Sucessão descendentes: 1829, I
 Enunciado 609 da VII JDC/CJF: O regime de bens no casamento somente
interfere na concorrência sucessória do cônjuge com descendentes do
falecido.
▫ Justificativa: Há inúmeras discussões doutrinárias e jurisprudenciais acerca da qualidade de herdeiro
necessário do cônjuge sobrevivente casado pelo regime convencional da separação total de bens. No dia
31/7/2015, foi divulgada pelas redes sociais a decisão monocrática do Ministro do STJ, Marco Buzzi, (REsp
1.466.647/RS), na qual o cônjuge viúvo foi afastado da condição de herdeiro necessário, nos seguintes termos:
"considerando que o cônjuge sobrevivente, no caso em questão não pode ser considerado herdeiro necessário e
que a falecida não deixou descendentes nem possuía ascendentes vivos na data do seu óbito, é inegável que a
única herdeira legítima é a sua irmã recorrente, nos termos do art. 1.829, inc. IV, do Código Civil". (Grifo nosso).
Tal decisão gerou ainda mais discussão entre os juristas. Cabe ressaltar que não se trata de jurisprudência
dominante do STJ, pois o REsp 992749/MS, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, citado na decisão
monocrática, reconhece apenas que não há ocorrência de concorrência hereditária com os descendentes do
falecido, ou seja, situação completamente diferente. O art. 1.829 do CC apresenta a ordem da vocação hereditária,
e faz ressalvas à concorrência do cônjuge com os descendentes, em atenção ao regime de bens adotado.
Entretanto, tais ressalvas são feitas apenas na concorrência com os descendentes, conforme se observa no inc. I.
Já na concorrência com os ascendentes, a referida norma legal (inc. II) não apresenta qualquer
restrição, e estabelece, em seguida, o cônjuge sobrevivente como o terceiro da lista da ordem sucessória, sendo,
nesse caso, o único herdeiro, também independentemente do regime de bens (inc. III).
Filho socioafetivo: STJ
STJ: os herdeiros não podem desconstituir a parentalidade socioafetiva: REsp
1128539/RN, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe
26/08/2015:
RECURSO ESPECIAL - CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - MEDIDA CAUTELAR INOMINADA E
AÇÃO ANULATÓRIA DE PARTILHA - FILIAÇÃO CONTESTADA PELOS IRMÃOS - EXAME
DE DNA - RESULTADO NEGATIVO - ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM
RECONHECIDA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
INSURGÊNCIA RECURSAL DO AUTOR.
REGISTRO DE NASCIMENTO - PRESUNÇÃO DE VERACIDADE - PRETENSÃO DE
DESCONSTITUIÇÃO DE PATERNIDADE PELOS CO-HERDEIROS - INADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA - NECESSIDADE DE AÇÃO PRÓPRIA FUNDADA EM ERRO OU FRAUDE
(ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL) - AFETO COMO PARADIGMA DAS RELAÇÕES
FAMILIARES - FILIAÇÃO RECONHECIDA - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM
PARTE E, NA EXTENSÃO, PROVIDO.
Filho socioafetivo: STJ
Cont REsp 1128539: [...]
2.1 A simples divergência entre a paternidade declarada no assento de nascimento e a paternidade
biológica não autoriza, por si só, a anulação do registro, o qual só poderia ser anulado, uma vez
comprovado erro ou falsidade, em ação própria - destinada à desconstituição do registro.
2.2 Jurisprudência e doutrina consagram a possibilidade de reconhecimento da
socioafetividade como relação de parentesco, tendo a Constituição e o Código Civil previsto
outras hipóteses de estabelecimento do vínculo parental distintas da vinculação genética.
Ademais, a filiação socioafetiva, a qual encontra respaldo no artigo 227, § 6º, da CF/88, envolve
não apenas a adoção, mas também "parentescos de outra origem", de modo a contemplar a
socioafetividade.
2.3 As decisões proferidas pelas instâncias ordinárias, ao desconstituírem o registro de
nascimento com base, exclusivamente, no exame de DNA, desconsideraram a nova
principiologia, bem assim as regras decorrentes da eleição da afetividade como paradigma a
nortear as relações familiares.
1ª classe: 2ª hipótese: descendentes + cônjuge/ companheiro
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge* sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (1.640, p. único); ou se, no regime da comunhão parcial, o
autor da herança não houver deixado bens particulares; (**porque é meeiro!)

 Concorrência sucessória: *cônjuge/companheiro. Identifique qual é o regime


de bens adotado pelo casal. Foco do I, 1829 = são os bens particulares.

 Importante identificar a massa patrimonial (bens particulares x bens comuns).


 não há concorrência: na comunhão universal, na sep. legal e na comunhão parcial
sem bens particulares (2ª parte I, 1829)
 há concorrência: qdo falecido deixar bens particulares, na participação final dos
aquestos e na separação convencional, se houver bens particulares
1ª classe: 2ª hipótese: descendentes + cônjuge/ companheiro
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge* sobrevivente, salvo se**
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens*** (1.640, p. único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares; (**porque é meeiro!)

 1830: desde q/ não separado de direito ou de fato por + de 2 anos! (REsp 1.065.209/SP,
de 2010)
 Pela possibilidade de concorrência entre cônjuge sobrevivente (sep. de fato há - de 2
anos) e atual companheiro(a): Enunc. 525 JDC/CJF
 Pela impossibilidade (irrelevante o PZ 2 anos): Resp 1065209 (2010) e 555.771 (2009) +
doutrina majoritária contemporânea

 ***De novo a questão: o que é separação obrigatória? a legal + a convencional ou


apenas uma delas? Resp 1.382.170/SP = legal
MEAÇÃO
(50% que já tenho direito HERANÇA
pelo regime de bens)

 Instituto de Direito de  Instituto de Direito das


Família: depende do regime Sucessões: decorre do
de bens adotado pelo casal evento morte
Parte cabível ao  Parte cabível aos
cônjuge/ companheiro herdeiros
sobrevivente: metade  Pode ser que o cônjuge
seja herdeiro
dos bens, a depender do
regime adotado

 Quem é meeiro, não é  Quem é herdeiro, não é


meeiro, sobre a mesma
herdeiro sobre a mesma quota
quota
1ª classe: concorrência c/ cônjuge, companheiro

Cônjuge/ companheiro NÃO


Cônjuge/ companheiro HERDA (já é meeiro!)
HERDA em concorrência
c/ descendentes Apenas descendentes
herdam
• No regime da comunhão • No regime da comunhão
parcial com bens parcial sem bens
particulares do falecido particulares do falecido
• No regime da • No regime da comunhão
participação final nos universal
aquestos • No regime da separação
• No regime da separação legal/obrigatória (Resp
convencional (Resp 1.382.170/SP)
1.382.170/SP)
Herdeiros de 1ª classe: situação do cônjuge
 Bens particulares:
 Zeno Veloso: é provável que o morto tenha deixado bens
particulares, pelo menos a roupa do corpo! Difícil imaginar a
hipótese em que cônjuge casado pelo regime da comunhão parcial
não tenha deixado bens particulares!

 Existindo bens particulares: concorrência sobre bens


particulares – cônjuge herda apenas sobre estes bens
Sobre bens comuns: partilha exclusivamente entre descendentes!
(1829, I)
Situação do cônjuge: outras críticas à redação 1829
 Francisco Cahali: “É confusa a indicação na ordem da vocação
hereditária e falha a sistematização da sucessão legítima. Confusa
porque condiciona a qualidade de herdeiro do cônjuge ao regime
de bens no casamento e as circunstâncias fáticas de acordo com a
casuística (ex. existência de bens particulares no regime da
comunhão parcial). Confusa, ainda, pois, convocado o cônjuge, o
critério de divisão da herança depende de existência ou não de
descendentes comuns. [...]”
STJ após decisão de 2011
CIVIL. SUCESSÃO. CÔNJUGE SOBREVIVENTE E FILHA DO FALECIDO.
CONCORRÊNCIA. CASAMENTO. COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. BENS
PARTICULARES. CÓDIGO CIVIL, ART. 1829, INC. I. DISSÍDIO NÃO
CONFIGURADO. 1. No regime da comunhão parcial de bens, o cônjuge sobrevivente
não concorre com os descendentes em relação aos bens integrantes da meação do
falecido. Interpretação do art. 1829, inc. I, do Código Civil. 2. Tendo em vista as
circunstâncias da causa, restaura-se a decisão que determinou a partilha, entre o
cônjuge sobrevivente e a descendente, apenas dos bens particulares do falecido. 3.
Recurso especial conhecido em parte e, nesta parte, provido. (STJ – REsp nº
974.241 – DF – 4ª Turma – Rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro –
Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti – DJ 05.10.2011)
Sucessão do cônjuge: direito real de habitação
 CC02 preserva o direito à moradia, mas desvinculado do regime de bens: direito
real de habitação em favor do viúvo, como vantagem paralela à qualidade de herdeiro
destinatário de parte da herança e independentemente desta: Art. 1.831. Ao cônjuge
sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.

 Requisito da exclusividade depende de inexistência de outros imóveis


residenciais no inventário!

 Titulares da herança serão condôminos do viúvo: que pode ter ainda


propriedade em decorrência da meação. Não poderão: reclamar posse direta e cobrar
aluguel proporcional ao imóvel, enqto subsistir direito real de habitação.
Sucessão do cônjuge: direito real de habitação
 Proteção de moradia do cônjuge (CF, art. 6º): tese do patrimônio mínimo de
Luiz Edson Fachin

 Zeno Veloso: direito real de habitação é personalíssimo, tendo como destinação


específica a moradia do titular, que não poderá emprestar ou locar imóvel a
terceiro!

 F. Tartuce: ponderação a favor da moradia


Ex. cônjuge que loca imóvel por questão de necessidade, utilizando aluguel para a
locação de outro, destinado à sua moradia: direito poderá ser mantido - neste
sentido: TJRS. Agravo 70027892637, DJERS 20/03/09)
Sucessão do cônjuge: direito real de habitação
 CC02 não traz restrições qto a novo casamento ou UE (q/ existia no
CC16): em tese poderá o viúvo ali constituir nova família em favor da família e da
moradia (Flavio Tartuce, Francisco Cahali)

 Enunciado 271 da III JDC/CJF: O cônjuge pode renunciar ao direito real de


habitação nos autos do inventário ou por escritura pública, sem prejuízo de
sua participação na herança.
 Criticado exatamente pelo acima exposto!!
 Flavio Tartuce: o direito real de habitação é irrenunciável, por envolver
consagração do direito fundamental à moradia nas relações privadas.
 No mesmo sentido STJ entende que bem de família é irrenunciável (AgRg-Ag
426.422/PR, j. 27/10/09 e AgRg-Ag 1.114.259/RS, j. 26.5.09)
Concorrência com descendentes: quotas
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao
cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, NÃO PODENDO a
sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com
que concorrer.

garantia de 25%
 Dispositivo aborda a descendência comum ou exclusiva:

a) Na concorrência com descendentes exclusivos do falecido: quinhão igual para


cada sem reserva de quota mínima ao cônjuge/ companheiro (1ª parte, 1832)
b) Na descendência comum: se cônjuge/companheiro genitor de todos os
descendentes (relevância da regra: quando há mais de 4 filhos): garantia de quota
mínima de ¼ da herança (2ª parte, 1832). Ex. 4 filhos + mãe viúva = ¼ (25%) para viúva
e restante distribui-se entre os filhos (75% restantes)
Concorrência com descendentes: quotas
Art. 1.832. [...]

 Problema: lei não prevê regra para os casos de descendência híbrida


(GHironaka) ou mista: filhos comuns e filhos exclusivos do falecido (família
mosaico). Como conciliar as 2 regras 2? Há 3 soluções: (tabela de FCahali):

1) Considerar todos os descendentes como comuns e aplicar a quota mínima da


quarta parte (1/4) ao cônjuge/ companheiro: FCahali, JFSimão e Svenosa.
2) Considerar todos os descendentes como exclusivos e dividir a herança por igual,
sem aplicar a quota mínima da quarta parte ao cônjuge/ companheiro: posição
majoritária e acolhida pelos Tribunais) + Enunciado 527, V JDC/CJF
3) Subdividir a herança em 2 partes: cada submonte deve ser dividido segundo os
tipos de herdeiros (comuns e exclusivos). Abater dos herdeiros comuns a quota
mínima de ¼. (GHironaka)
Herdeiros de 1ª classe: situações interessantes
1) A transmissão de bens de filhos e cônjuges brasileiros, relativamente a
transmissão de bens de estrangeiro situados no Brasil: poderá ser regulada
pela lei pessoal do falecido, se for mais favorável aos herdeiros

2) Distribuição de verbas relacionadas a saldos de salários, FGTS, PIS-PASEP,


restituição de IR e saldos bancários de pequeno valor qdo não existirem
outros bens a inventariar:
 critério de dependência: por prévia habilitação ou indicação legal do segurado junto à
Previdência Social: serão destinadas à viúva, c/ exclusividade ou concorrendo c/
filhos menores ou inválidos. Como dependente, a viúva recebe verbas c/
exclusividade ou concorrendo c/ outros dependentes. Somente na falta de
dependentes, os valores serão destinados aos sucessores, na ordem da vocação
hereditária.
Herdeiros de 1ª classe: situações interessantes
3) (Cont)
 PIS-PASEP e FGTS: na falta de dependentes e de parentes sucessíveis, os valores
serão revertidos em favor do respectivo fundo e não ao Poder Público, como
herança jacente! Veja Lei 6.858/80: pagamento, aos dependentes ou sucessores, de
valores não recebidos em vida pelos Respectivos Titulares e Decreto 85.845/81, art.
7º: trata do pagamento, aos dependentes ou sucessores, de valores não recebidos em
vida pelos respectivos titulares.
 CPC15: Art. 666.  Independerá de inventário ou de arrolamento o pagamento dos valores previstos
na Lei no 6.858, de 24 de novembro de 1980.

4) DPVAT: em razão do falecimento de pessoas em acidente: lei específica prevê sua


destinação: metade ao cônjuge não separado e a outra metade aos herdeiros indicados
na ordem legal de sucessão (CC, art. 792 + Lei 6.194/74)
2ª classe: ascendentes (linhas materna e paterna)
Art. 1829, II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge* (*ou companheiro)!
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em
concorrência com o cônjuge sobrevivente*.
1) § 1º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem
distinção de linhas. (ex. pai recebe, avô não)
2) § 2º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha
paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. (ex. avô materno ou
paterno?)

3) Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge* tocará um


terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior
for aquele grau.
 Cônjuge/comp.: se há ascendentes de 1º grau (pais) = recebe 1/3
 Cônjuge/comp.: se há 1 ascendente de 1º grau (pai ou mãe) OU se são de 2º grau em
diante = recebe ½ (metade)
2ª classe: sucessão dos ascendentes
1) Grau mais próximo excluem os de grau mais remoto, sem distinção
de linhas (materna ou paterna): 1836, §1º

de cujus
= FILHO Ascendentes não tem direito
de representação! (1852)

Pai: único Pai vivo (1º) Mãe pré-


herdeiro 100% morta (1º)

Avós não
Avó Avô
materna materno
herdam!
viva (2º) vivo (2º)
2ª classe: sucessão dos ascendentes, sem concorrência com cônjuge/ comp

2) Igualdade de grau e diversidade de linha (materna e


paterna): 1836, §2º (metade p/ linha paterna e metade p/ a materna)
de
cujus =
FILHO

Pai morto Mãe morta


(1º) (1º)

Avó Avô Avó Avô


paterna paterno materna materno
viva (2º) vivo (2º) viva (2º): morto
25% 25% 50% (2º)

Mesmo grau, em linhas (LINHAGEM) diferentes: materna e paterna:


herança é dividida igualmente entre as linhagens
2ª classe: sucessão dos ascendentes
3) Ascendente em concorrência c/ cônjuge ou
companheiro: 1829, II+1830+1837
de cujus = filho e
esposo/ companheiro
(não importa o regime de
bens!)
Regra 1830
Esposa(o) ou
Mãe viva (1ª):
Pai vivo (1º): 1/3 companheira(o)
1/3 ou
ou 33,33% viva(o): 1/3 ou
33,33%
33,33%

a) pai E mãe (1º) + cônjuge/ companheiro: 3 pessoas = 1/3 para cada (1837, 1ª parte) –
exemplo acima
b) pai OU mãe (1º) + cônjuge/ companheiro: 2 pessoas = 1/2 para cada (1837, 2ª parte)
c) avós (2º) OU bisavós (3º) OU trisavós (4º) ... + cônjuge/ companheiro: 2 ou + pessoas =
1/2 para cônjuge/ companheiro e outra metade é dividida entre demais ascendentes
(1836, §1º e 1837, 3ª parte)
3ª classe: apenas cônjuge ou companheiro: 1838
CC, 1829, III
CC, 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro
ao cônjuge sobrevivente.
 Cônjuge/companheiro é o único herdeiro: recebe 100%. (após DI art. 1790)
 INDEPENDE o regime de bens adotado no casamento com o falecido! MAS, não
será herdeiro se já estavam separados judicialmente (melhor entendimento c/
EC66):

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da
morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais
de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem
culpa do sobrevivente.
 Prova da culpa pela ruptura do casamento: criticada após EC66
 Limites 1830 ainda em discussão na doutrina! Doutrina majoritária entende que prazo
é irrelevante, basta estar separado
Herdeiros de 1ª, 2ª, 3ª classe: NECESSÁRIOS
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o
cônjuge.
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos
bens da herança, constituindo a legítima.
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da
sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em
seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.

 Regra geral: não podem ser excluídos da herança, salvo hipóteses de indignidade ou
deserdação!
 Forte tese: companheiro é herdeiro necessário após DI art. 1790 (não pode mais
ser afastado por testamento)
 Podem receber menos: desde que disposições de última vontade do autor da herança
não ultrapassem a legítima (metade dos bens).
A legítima dos herdeiros necessários: 1847
 Impossibilidade em ato inter vivos no contrato de doação: nulidade qto à parte
que exceder, conforme CC:
Sucessão dos colaterais: 4ª classe (1840-1843)
Art. 1.829, IV
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art.
1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. (2º a 4º
grau)
 Contagem a partir do parente/ tronco de referência*
 HERDEIROS FACULTATIVOS: podem ser excluídos da herança por
testamento. Basta dispor do patrimônio sem os contemplar (1850).

*Tronco dos
Irmãos *Tronco dos
(2º)
pais (1º)
avós (2º)

Sobrinho Tios (3º)


s (3º) *Tronco dos
bisavós (3º)
Sobrinho Primos Tios
s netos irmãos avós
(4º) (4º) (4º)
Regras da sucessão dos colaterais: 4ª classe (1840-1843)
1) Os mais próximos excluem os mais remotos, salvo direito de
representação concedido aos filhos de irmãos (1840). Ex. falecido deixou
irmão vivo e um sobrinho, filho de irmã pré-morta. O sobrinho tem direito
sucessório juntamente ao irmão vivo.

Irmão 1 Irmã 2
vivo (2º): I1 morta (2º):
50% I2
de cujus

Sobrinha 1 Sobrinho 2
não herda Sobrinha 1
viva (3º): S1 vivo (3º):
S2 = 50%

S2 herda por representação: 1853


Colaterais de 2º grau: bilaterais e unilaterais
2) Concorrendo à herança do falecido: irmãos bilaterais com
unilaterais, cada qual herdará metade do que herdar os bilaterais
(1841): ex. falecido deixa 1 irmão bilateral (recebe 66,66%) e 1 unilateral (recebe 33,33%)
PRIVILÉGIO DO DUPLO SANGUE
• Irmão bilateral ou germano: mesma mãe e pai
• Irmão unilateral ou meio-irmão: mesmo pai ou mesma mãe

Irmão 1 Irmã 2
bilateral unilateral
vivo (2º) (2º)
de cujus (2x: 2/3) (x: 1/3)
Colaterais de 2º grau bilaterais e unilaterais
(cont) Há inconstitucionalidade ou discriminação no dispositivo?

F. Tartuce, CFarias e N Rosenvald: entende que não: 227, §6º fala em filhos e não
em irmãos! Tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais.

Zeno Veloso e Rolf Madaleno: irmão bilateral é irmão 2 vezes. Vínculo é duplicad0,
cabendo quota dobrada. Norma atenta às mudas sociais e à realidade das famílias
mosaicas ou recompostas (RM)

Maria Berenice Dias, Paulo Lôbo, Eduardo de Oliveira Leite: arcaica repulsa à
fraternidade unilateral – inconstitucionalidade do 1841, CC – resquício da segregação
(filhos espúrios, desde as Ordenações do Reino)!
Colaterais de 2º grau: somente unilaterais

3) Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes


iguais, os unilaterais (1842)

Irmão 1 Irmã 2
unilateral unilateral
vivo (2º) viva (2º)
de cujus 1/2 1/2
Colaterais de 2º grau unilaterais
3) Existência apenas de irmãos unilaterais: estes herdam em partes
iguais (1842). Ex. se o falecido deixar 2 irmãos unilaterais, cada um
receberá 50% da herança.

Irmão 1 Irmã 2
unilateral unilateral
vivo (2º) (2º)
De Cujus 50% 50%
Colaterais de 3º grau (sobrinhos e tios): 1843
4) Na falta de irmãos (2º): herdam os filhos destes (sobrinhos) (3º). Se não
houver sobrinhos, herdam os tios (3º)
 Representação dos colaterais vai até o 3º grau

 Os sobrinhos tem prioridade sobre os tios, por opção legislativa (são mais
jovens): apesar de mesmo grau (3º).

 Somente sobrinhos: herdam por cabeça (§1º, 1843)


 Se concorrem sobrinhos bilaterais c/ sobrinhos unilaterais: sobrinhos
unilaterais herdam a metade do que herdar os bilaterais = regra do 1841 (§2º, 1843)
 Se todos os sobrinhos forem bilaterais OU unilaterais: herdarão por igual (§3º,
1843)
 Se não existirem sobrinhos, herdam os tios por igual, pois são de mesma classe
(última parte do caput 1843)
Colaterais de 4º grau
 CC não traz regra específica para sobrinhos netos, primos irmãos e tios avós

 Flavio Tartuce, MBD, F. Cahali: herdam por cabeça, sem direito de


representação (pois herança dos colaterais vai até 4º grau!). Como são de mesmo
grau e não há regra de precedência, um não exclui o outro, recebendo cada um uma
cota igual (1839)
 Não importa se vínculo é bilateral ou unilateral.

De Cujus

Primo
irmão Tia avó Tio avô
vivo viva (4º) vivo (4º)
(4º) 1/3 1/3
1/3 33,33% 33,33%
33,33%
Herança jacente: 1844
Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente
algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se
devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas
respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em
território federal.

 Na falta de familiares sucessíveis, entrega-se a herança ao Poder


Público, por meio de procedimento específico para destinação de
herança jacente.
Curiosidade: a disputa pela herança da rede Pernambucanas:
24 anos de espera
“A disputa pela herança da matriarca da rede de varejo Pernambucanas, Helena
Lundgren, morta em 1990, daria um bom romance. Para começar, a mãe de
três filhos, Anita, Robert e Christina, deixou um testamento no qual
privilegia Anita com 50% dos bens, o que é absolutamente legal, mas
gera curiosidade.”
Família e advogados não revelam o motivo da predileção por Anita, mas pessoas
do mercado varejista apontam o tino comercial da herdeira majoritária e a
proximidade da mãe.
http://economia.ig.com.br/2015-01-20/herdeiros-das-pernambucanas-esperam-por-heranca-
ha-24-anos.html 
https://www.conjur.com.br/2015-jan-09/advogado-acusa-herdeira-pernambucanas-crime-
justica
Jurisprudência
 STJ uniformiza entendimento sobre herança em comunhão parcial de bens
• O cônjuge sobrevivente, casado sob o regime da comunhão parcial de bens, concorre com os descendentes
na herança do morto apenas em relação aos bens particulares deixados. Com esse entendimento, a 2ª
Seção do Superior Tribunal de Justiça analisou recurso que discutiu a interpretação da parte final do
inciso I do artigo 1.829 do Código Civil.
• A decisão confirma o Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil, organizada pelo Conselho da Justiça
Federal, e pacifica o entendimento entre a 3ª e a 4ª Turma, que julgam matéria dessa natureza.
• O enunciado afirma que “o artigo 1.829, I, do CC/02 só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de
concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação
convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos,
o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo
os bens comuns (meação) serem partilhados exclusivamente entre os descendentes".
• http://www.conjur.com.br/2015-mai-26/stj-uniformiza-entendimento-heranca-comunhao-parcial-bens?
utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook (26/05/15)
Jurisprudência
 STJ: herança na separação convencional de bens
Outra decisão da 2a Seção do STJ, agora sobre a o regime da SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL DE BENS . O cônjuge concorre com os descendentes quanto aos bens
particulares.

CIVIL. DIREITO DAS SUCESSÕES. CÔNJUGE. HERDEIRO NECESSÁRIO. ART. 1.845 DO


CC. REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS. CONCORRÊNCIA COM
DESCENDENTE. POSSIBILIDADE. ART. 1.829, I, DO CC. 1. O cônjuge, qualquer que seja
o regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário (art. 1.845 do Código Civil). 2.
No regime de separação convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre com os
descendentes do falecido. A lei afasta a concorrência apenas quanto ao regime da separação
legal de bens prevista no art. 1.641 do Código Civil. Interpretação do art. 1.829, I, do Código
Civil. 3. Recurso especial desprovido. (STJ, Resp 1382170/SP, j. 22/04/15)
Jurisprudência
Ineficácia de disposição testamentária, por culpa do testador, não retira do testamenteiro o direito a vintena. DIREITO CIVIL.
INEFICÁCIA DE DISPOSIÇÃO TESTAMENTÁRIA QUE NÃO AFASTA O PRÊMIO DO TESTAMENTEIRO.
A perda de finalidade de testamento – elaborado apenas para que os bens imóveis herdados pelos filhos do testador fossem
gravados com cláusula de incomunicabilidade – não ocasiona a perda do direito do testamenteiro de receber um prêmio pelo
exercício de seu encargo (art. 1.987 do CC/2002) caso a execução da disposição testamentária só tenha sido obstada em razão de
omissão do próprio testador que, após a vigência do novo Código Civil, deixou de aditar o testamento para indicar a justa causa
da restrição imposta (art. 1.848 c/c art. 2.042 do CC/2002). Com a vigência do CC/2002, passou-se a exigir a indicação de justa
causa para que o testador imponha cláusula de incomunicabilidade sobre os bens da legítima, tendo sido concedido o prazo de 1
(um) ano após a entrada em vigor do Código para que fosse feito o aditamento (art. 1.848 c/c art. 2.042 do CC/2002), o que não
foi observado, no caso, pelo testador. A despeito de a ineficácia da referida cláusula afetar todo o testamento, não há que se falar
em afastamento do pagamento do prêmio ao testamenteiro, a pretexto de que a sua atuação no feito teria sido singela, uma vez
que o maior ou menor esforço no cumprimento das disposições testamentárias deve ser considerado apenas como critério para a
fixação da vintena, que poderá variar entre o mínimo de 1% e o máximo de 5% sobre a herança líquida (art. 1.987 do CC/2002),
mas não para ensejar a sua supressão. Na hipótese, a fiel execução da disposição testamentária foi obstada pela própria inação
do disponente ante a exigência da lei, razão pela qual não pode ser atribuída ao testamenteiro nenhuma responsabilidade por
seu descumprimento. Ademais, cabe ressaltar que a perda do direito ao prêmio só é admitida, excepcionalmente, em caso de sua
remoção, nas situações previstas em lei (art. 1.989 do CC/2002 e art. 1.140, I e II, do CPC). REsp 1.207.103-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 2/12/2014, DJe 11/12/2014.
Herdeiros necessários: 1845 a 1850
Herdeiros legítimos:
a) Necessários (1829, I a III + 1845 a 1850): descendentes, ascendentes e cônjuge +
companheiro*
b) Facultativos (1829, IV) = colaterais – podem ser afastados por testamento. Basta
não contemplá-los!

 LEGÍTIMA (1846: metade dos bens da herança, calculados na abertura da


sucessão): verificação de eventual excesso de disposição patrimonial em
testamento e a consequente redução das cláusulas testamentárias

Valor dos Valor dos


bens na bens
Legítima
abertura da sujeitos à
sucessão colação

Abatem-se as dívidas e despesas Colação: 2002 a 2012 CC, sob pena


funerais 1997 a 2001 CC de sonegados (1992 a 1996 CC)
Herdeiros necessários: 1845 a 1850
Herdeiros legítimos:
a) Necessários (1829, I a III + 1845 a 1850): descendentes, ascendentes e cônjuge +
companheiro*
b) Facultativos (1829, IV) = colaterais – podem ser afastados por testamento. Basta
não contemplá-los!

 LEGÍTIMA (1846: metade dos bens da herança, calculados na abertura da


sucessão): verificação de eventual excesso de disposição patrimonial em
testamento e a consequente redução das cláusulas testamentárias

Valor dos Valor dos


bens na bens
Legítima
abertura da sujeitos à
sucessão colação

Abatem-se as dívidas e despesas Colação: 2002 a 2012 CC, sob pena


funerais 1997 a 2001 CC de sonegados (1992 a 1996 CC)
Herdeiros necessários: 1845 a 1850
 (cont) Cálculo da Legítima considera: (é uma operação contábil)
 Os bens existentes no patrimônio do de cujus na data de sua morte
 O valor dos bens doados* (englobados na noção de colação, que é uma conferência): e
se houve doação inoficiosa, que excede o limite da quota disponível (art. 549) =
antecipação de herança
 O valor dos bens sujeitos à colação
 As dívidas da herança 50% 50%

 As despesas do funeral

 *Enunciado 119 JDC/CJF: para evitar enriquecimento sem causal, a colação será efetuada:
 com base no valor do bem à época da doação (2004 CC) se não pertencer mais ao donatário.
 com base no valor do bem à época da abertura da sucessão se ainda integrar o seu patrimônio
LEGÍTIMA
 No Direito Romano: 2/3 (até 4 filhos); ½ (+ 4 filhos); outros descendentes ou
ascendentes (variava da ½ a 1/3, ¼ se herdeiro era pessoa torpe – Cód. 3, 28, 1.27)
(Clóvis Beviláqua)

Ordenações Filipinas: 2/3 (Livro IV, Título LXXXII)

 Lei Feliciano Pena (Decreto 1839/1907): reduziu a legítima no Brasil de 2/3


para ½

CC 1916: ½

CC2002: ½
Herdeiros necessários: 1845 a 1850
 1849: se a quota disponível (50% ou menos) for deixada em testamento para
um herdeiro necessário (ou seja, sua herança será maior que a dos demais),
ele não perderá o direito à legítima (a parte nos outros 50%)

 1850: para excluir da sucessão os herdeiros facultativos (c0laterais), basta


que o testador não os comtemple em testamento
Direito de representação: 1851 a 1856
 Sucessão por estirpe (ou por representação): pessoas que recebem a quota daquele que
receberia por cabeça, dividido em partes iguais (1851, 1854, 1855) = substituição
sucessória cabível na sucessão legítima
 Finalidade da lei: reparar o mal sofrido pelos filhos em razão da morte prematura de
seus pais (F. Tartuce)
 Situações:
1) Na linha reta: APENAS em favor dos descendente (1852)
2) Na linha transversal: APENAS em favor dos sobrinhos (3º g),quando há
concorrência com = tios (irmãos do falecido ou excluído) (2º g) (1853) ou caso do 1840
 Lembre-se que a sucessão colateral vai apenas até 4º grau!
 Não atinge os sobrinhos-netos (Resp 1.064.363/SP, 2011)
 Comoriência entre ascendentes e descendentes ou entre irmãos: direito de
representação: descendentes e sobrinhos (Enunc. 610 JDC/CJF): 1851 (pré-morte ou
morte simultânea)
 1856: interação entre representação e renúncia Ex. um dos filhos renuncia à herança do pai
(torna-se estranho à herança), mas poderá representar o seu pai na sucessão do avô, por
exemplo.
Referências
 Os slides desta aula e do curso foram construídos ancorados nas seguintes obras:
CAHALI, Francisco José. HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões. 3. ed. rev. atual e ampl. São
Paulo, RT, 2007.
CARVALHO, Luiz Paulo Vieira. Direito das sucessões. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
CASSETTARI, Christiano. Separação, divórcio e inventário por escritura pública: teoria e prática. 9 ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Gen Atlas, 2018.
DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. 5. ed. RT: São Paulo, 2018.
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: sucessões. 11. ed. São Paulo, Saraiva, 2017. v. 7.
MADALENO, Rolf. Sucessão legítima. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
NEVARES, Ana Luiza Maia; Xavier. Marília Pedroso; Marzagão, Silvia Felipe (coords). Coronavírus: impactos no Direito de
Famílias e Sucessões. Indaiatuba: Foco, 2020.
OLIVEIRA, Euclides de; AMORIM, Sebastião. Inventário e partilha: teoria e prática. 25 ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018.
ROSENVALD, Nelson. De FARIAS, Cristiano Chaves. Curso de direito civil: sucessões. 4. ed. rev. ampl. v. 7. Salvador:
JusPodvm, 2018.
SCHREIBER, Anderson et at. Código civil comentado. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
TARTUCE, Fernanda. MAZZEI, Rodrigo. CARNEIRO, Sérgio Barradas (Coords). Família e sucessões. (Coleção
Repercussões do novo cpc, v. 15). Salvador: JusPodvim, 2016.
TARTUCE, Flavio. Manual de direito civil. 8 ed. São Paulo: Método, 2018.
TEPEDINO, Gustavo. NEVARES, Ana Luiza Maia; MEIRELES, Rose Melo Venceslau. Fundamentos do Direito Civil:
Sucessões. Rio de Janeiro: Forense, 2020. v. 7.

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