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ESCOLA DE

TEOLOGIA MONTE
SINAI
ACONSELHAMENTO
PASTORAL
AULA 2: ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL SEGUNDO PETERSON

OBJETIVOS DA AULA:

1. Compreender que a “orientação espiritual” se dá em


meio ao cotidiano da vida.

2. Discernir a diferença entre ser “professor” e ser “pai”.


Introdução:

Segundo Eugene Peterson, “existem três atividades pastorais tão


básicas, tão críticas, que determinam a forma de todas as outras:

• Oração,

• Leitura da Bíblia

• Orientação espiritual”.

• São básicas e, além disso, “silenciosas”, pois não chamam a


atenção e,

• Por isso, muitas vezes são negligenciadas.


Para Peterson:

• Diante de um quadro de tantas urgências no trabalho pastoral,


não somos incentivados a nos apegarmos a elas.

• Essas três atividades “são compostas por atos que envolvem


atenção:

1 Ao orar, posto-me perante Deus, atento a Ele;

2 Ao ler as Escrituras, presto atenção ao que Deus falou e como


agiu durante dois milênios, primeiro em Israel e depois em Cristo;

3 Ao orientar alguém espiritualmente, fico atento ao que está


fazendo na vida daquela pessoa que se encontra diante de mim”
• Todos esses atos nos levam a centralizar nossa atenção em
Deus, por causa de Seus relacionamentos:

• Comigo - ORAÇÃO, com Seu povo LEITURA DA BÍBLIA e com


uma pessoa específica ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL.

• Peterson usa como metáfora do ministério pastoral uma figura


geométrica: o triângulo.

• Para ele, os ângulos que compõem um triângulo representam as


três atividades que compõem um ministério de cuidado pastoral.
MINISTÉRIO PASTORAL SEGUNDO PETERSON

O
PREGAÇÃO R ENSINO
A
Ç PÚBLICO
Ã
O

PRIVADO
ORIEN
A T
LEITUR ESPIR AÇÃO
ITUA
BÍBLICA L

ADMINISTRAÇÃO
• Para Peterson, “a oração significa relacionar-se primeiro com
Deus e, depois, com o mundo,

• O mundo é visto não como um problema a ser solucionado,


mas como uma realidade, na qual Deus está agindo”

• A oração, nesse sentido, nos empurra a agirmos de acordo com a


ótica de Deus.

• Nesse sentido, a oração nunca é a primeira palavra, mas a


segunda.

• “Deus diz a primeira.

• A oração é a réplica, não o primeiro discurso...”.


ANALISE:

A oração é sempre “ato segundo”, pois é


resposta à “palavra” de Deus.
Por leitura da Bíblia:

• Peterson entende como o trabalho de transformar olhos em


ouvidos.

• Ultrapassa a mera leitura, pois ler a Bíblia não é o mesmo que


ouvir Deus.
• “Ouvir é um ato interpessoal, que envolve duas ou mais pessoas em
razoável proximidade.

• A leitura envolve uma pessoa com um livro escrito por alguém que pode
estar a muitos quilômetros de distância, ou morto há séculos, ou ambas
as coisas”.

• “Ouvindo, o falante está no controle; na leitura, quem controla é o leitor.

• Muitos preferem ler a ouvir, pois do ponto-de-vista emocional exige


menos, “e pode-se adaptar a leitura de forma a atender às conveniências
pessoais”.

• A experiência com as Escrituras deve se dar mais pela audição do que


pela leitura. Quando lemos, estamos no controle; quando ouvimos é o
falante quem controla.
Finalmente, a orientação espiritual:

• É o trabalho feito “entre domingos”,

• Que se caracteriza não pela proclamação dominical diante de


uma congregação reunida,

• Mas pela conversação com uma pessoa, ou pequenos grupos,

• Ou mesmo pela reclusão no estudo e na oração, em que se


busca descobrir o “significado das Escrituras,

• Desenvolver uma vida de oração,

• Guiar o crescimento em direção à maturidade”.


• Para entender melhor a prática do aconselhamento, vamos nos
ater a está última atividade proposta: ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL

1. ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL EM MEIO AO ORDINÁRIO

• Vivemos imerso em uma cultura que aprendeu a celebrar o


“extraordinário”, o “grande”

• E, por isso mesmo, paulatinamente estamos perdendo a


capacidade de enxergar o “ordinário” e “pequeno”.

• Obviamente, isso traz implicações sérias à prática do


aconselhamento.
Peterson afirma:

• “A cultura nos condiciona a nos aproximarmos das pessoas e


situações como jornalistas: (DESPERTA A ATENÇÃO) (DAMOS
MAIS ATENÇÃO)

1. Ver o grande,

2. Explorar as crises,

3. Editar e resumir o comum,

4. Entrevistar o fascinante.
• As Escrituras, porém, e as melhores tradições pastorais nos
treinam em um sentido diferente:

• Notar o pequeno,

• Persistir no comum,

• Apreciar o obscuro

• A VISÃO DA SOCIEDADE É MACRO PARA MACRO - A VISÃO DE


DEUS E DAS ESCRITURA É DO MICRO PARA ALCANÇAR O
MACRO

• Na visão Bíblica o micro tem muita importância


• Peterson define a orientação espiritual como o trabalho feito
“entre domingos”.

• Tal tarefa se dá em meio à cotidianidade da vida – Não existe um


momento pré determinado, ela acontece mediante a necessidade

• Longe da extraordinariedade dos momentos especiais de


celebração (cultos),

• Que ocorrem em dias especiais (domingos),

• Em lugares ditos especiais (templos) - Não está condicionada a


um lugar específico

• Conduzidos por pessoas consideradas especiais (clero).


• A prática do aconselhamento possui essa característica de
acontecer naqueles momentos em que não estamos vivendo
experiências de êxtase com o sagrado.

• Acontece no dia-a-dia, e talvez por isso não goze do mesmo


status daquelas práticas dominicais, tais como a pregação e a
adoração

• Você já notou como as pessoas parecem não ter problemas nos


cultos de celebração realizados dominicalmente nas igrejas
locais?

• É como se por um pequeno momento elas vivessem o paraíso!


Mas, logo, logo precisam encarar os problemas que as esperam
já na segunda-feira.
• Pulam, cantam e dançam com extrema “paixão” no domingo,

• Mas, parecem se arrastar com impressionante letargia ao longo


da semana.

• O aconselhamento, pois, normalmente é requerido lá onde a crise


parece não ter solução: na rotina da vida.

• Bem se expressa Peterson quando diz:

• “A orientação espiritual é o aspecto do ministério que explora e


desenvolve esta atenção absorvente e devota aos detalhes
específicos dos incidentes diários e às ocorrências cotidianas da
vida contemporânea”
• “Notar o pequeno, persistir no comum, apreciar o obscuro”

• Constituem posturas que, embora destoem de nossas práticas


culturais, devem acompanhar o conselheiro em sua tarefa de ajudar
as pessoas a se re-situarem.

• Frequentemente, a origem do problema que aflige determinada


pessoa pode ser encontrada nos “pequenos detalhes” de uma
conversa com o aconselhando.

• Se o conselheiro não tiver “olhos” para as pequenas coisas — as


coisas comuns que envolvem o histórico de vida de alguém —,
deixará de ser relevante em boa parte dos casos que atender.
• Além disso, a orientação espiritual também é a tarefa de levar as
pessoas a se livrarem daquela visão que os tornam reféns da
“publicidade” e a discernirem o “material de vida misturado” aos
“entulhos” da existência,

• Mas ao mesmo tempo capaz de ajudá-las a resignificarem suas


próprias vidas.

• Portanto, o trabalho de orientação espiritual não goza de muito


glamour e, além disso, consiste em prestar atenção ao obscuro,
discreto, silencioso, entediante e periférico.

• No entanto, “[...] as partes „sem importância‟ do ministério podem


ser as mais importantes.
• O que fazemos nos momentos em que pensamos não estar
desempenhando tarefa significativa talvez seja o que faça mais
diferença”

• 2. A DESPROPORÇÃO ENTRE “PROFESSORES” E “PAIS”

• Em 1 Coríntios 4:15, Paulo nos dá um bom “caminho” para


pensarmos a natureza da orientação espiritual.

• Em relação aos coríntios ele afirma: “[...] ainda que tivésseis


milhares de professores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos
pais”.
• Paulo nesse texto estabelece uma diferença entre ser professor e
ser pai,

• Que se aplica em grande medida à prática do aconselhamento.

• Além disso, podemos concordar com ele que mesmo hoje não
dispomos de tantos “pais” quanto dispomos de “professores”.

• Como vimos na primeira “aula”, aconselhar não significa “dar


conselhos”.

• Mas, de fato, é mais fácil dizer à pessoa o que deve fazer do que
estar com ela, acompanhando-a pacientemente à medida que
prossegue;
• É mais fácil indicar a direção do que trilhar com ela o caminho da
cura.

PROFESSORES MOSTRAM O CAMINHO

PAIS CAMINHAM JUNTO


• Portanto, há uma desproporção entre “professores” e “pais”
quando o assunto é cuidar de pessoas.

• O aconselhamento deve ser feito por pessoas que se enquadram


nessa segunda categoria.

• “Pais” denotam a necessidade constante de um relacionamento


interpessoal.

• Nesse sentido, a prática do aconselhamento pressupõe uma


pessoa:
1. Sábia, mais do que a sabedoria;

2. Uma pessoa amorosa, mais do que lições sobre o amor;

3. Uma pessoa comprometida, mais do que discursos sobre o


compromisso.

• Deixar a orientação espiritual à responsabilidade de livros,


vídeos ou programas de televisão, também é problemático

• A ajuda que seria adequada a uma pessoa, num determinado


momento, pode não ser a outra (ou à mesma), em outro
momento.
• Portanto, é uma atividade levada a efeito pessoalmente, e cada
pessoa que entra numa parceria com seu conselheiro deve ser
vista como única,

• O que significa, também, que sempre estamos descobrindo novos


“vestígios” da graça de Deus.

• Todo conselheiro deve lembrar-se que as formas da graça não se


repetem, pois é multiforme.

• C.S. Lewis disse: “O céu conterá muito mais variedade do que o


inferno”.

• “Não existe muita originalidade no pecado”

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