Você está na página 1de 28

LIBRAS

O SURDO, A SURDEZ, A EDUCAÇÃO, A CULTURA E


IDENTIDADES SURDAS
O que o percurso
histórico da educação
de surdos impacta na
atualidade?
Ivanilda Meira de Almeida Novais
Unidade 1

Objetivos de Aprendizagem: Clique no ícone para adicionar


uma imagem
■ Refletir sobre o percurso histórico da
Educação de Surdos.
■ Conhecer as principais abordagens
pedagógicas na Educação de Surdos.
■ Refletir sobre cultura e processo de
construção de identidades surdas.
História da Educação de Surdos

Como foi marcada a educação de surdos ao longo da história?

Nos aspectos pedagógicos, desde o início, a discussão esteve


centrada entre duas vertentes:
 Utilização da línguas de sinais;
 Língua oral;
Essa decisão, durante muito tempo, foi tomada pelos ouvintes.
- Durante muito tempo, os surdos eram considerados incapazes de ser ensinados, por
isso, eles não frequentavam escolas.

- As pessoas surdas, principalmente as que não falavam, eram excluídas da


sociedade, sendo proibidas de casar, possuir ou herdar bens e viver como as demais
pessoas.
Aspectos históricos do Século XV.

Até o final do século XV não havia escolas com ensino especializado para surdos,
mas, na verdade, a figura do preceptor (professor particular) era muito comum
para todas as crianças e jovens, principalmente das famílias ricas.
A educação estava baseada, no ensino da fala.
Curiosidade

O espanhol Pedro Ponce de Leon


(1520-1584) é considerado o
primeiro professor de surdos por
ter ensinado crianças surdas da
nobreza espanhola. Frei Ponce de
Léon usava na educação dos
surdos, sinais, treinamento de voz e
leitura labial.
Século XVII

Nesse século, Juan Pablo Bonet publicou o que seria o primeiro livro do mundo
para ensinar língua de sinais a surdos, contendo o alfabeto manual. Bonet dava
grande importância à expressão e ao treino oral nos primeiros anos de vida da
pessoa e sempre utilizava a comunicação gestual. A primeira intervenção
pedagógica de Bonet com seus alunos era ensinar o alfabeto gestual e as letras
correspondentes na forma escrita.
A educação dos surdos avança bastante,
principalmente com os trabalhos do
Abade Charles Michel De L’Epée, na
França; de Thomas Braidwood, na
Inglaterra e de Samuel Heinicke, na
Alemanha.
Apesar de utilizarem metodologias
diferentes, o que os aproxima é o fato
de terem criado as primeiras escolas
coletivas para surdos em seus países.

No século XVIII
Thomas Braidwood fundou, em 1760,
em Edimburgo, a primeira escola para
surdos de toda Grã-Bretanha.
Braidwood utilizava um alfabeto digital
envolvendo ambas as mãos para apoiar
o ensino da escrita e da fala. Este
alfabeto ainda é utilizado na Inglaterra.
Samuel Heinicke criou, em 1778, uma
escola em Liepzig, na Alemanha. A sua
metodologia defendia que a coisa mais
importante no ensino da criança surda
seria a linguagem falada e que a
linguagem por meio de gestos poderia
prejudicar esta aprendizagem. Heinicke é
considerado o fundador do oralismo
(que vamos estudar melhor na seção
seguinte) e de uma metodologia que
ficou conhecida como o “método
alemão”.
Em 1775, De L’Epée fundou uma escola
para surdos, a primeira em seu gênero,
com aulas coletivas, na qual professores
e alunos usavam os chamados sinais
metódicos. A proposta educativa da
escola era que os professores deveriam
aprender tais sinais para se comunicar
com os surdos. Os professores
aprendiam com os surdos e, utilizando
os “sinais metódicos”, ensinavam o
francês falado e escrito.
A partir do século XVIII, dois grupos foram criados na educação de surdos:

Um grupo que defendia o oralismo puro, não permitindo o recurso


gestual;

Outro grupo que buscava a aquisição da língua oral, tendo como


suporte a linguagem gestual (metodologia combinada).
Congresso Internacional de Milão

-Em 1880, foi realizado o II Congresso Internacional, em Milão, que provocou uma
reviravolta nas práticas pedagógicas para o ensino dos surdos.
-Organizado praticamente apenas por oralistas, o objetivo velado do Congresso de
Milão era tornar o oralismo obrigatório na educação de surdos.
-Nesse congresso, o inventor do telefone Graham Bell exerceu enorme influência a
favor do oralismo.
A partir do Congresso de Milão, no mundo todo, com exceção do Instituto
Gallaudet nos Estados Unidos, o oralismo foi o referencial assumido e suas práticas
educacionais foram amplamente desenvolvidas e divulgadas, não sendo
questionadas por quase um século.
O SURDO, A SURDEZ, A EDUCAÇÃO, A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS

O oralismo entende a surdez como uma deficiência que precisa ser direcionada para
a normalidade, mediante à estimulação auditiva e à reabilitação da fala da criança
surda, buscando assemelhá-la o máximo possível à criança ouvinte e assim integrá-la
na comunidade.
O objetivo do oralismo, ou filosofia oralista, é a integração da criança surda na
comunidade de ouvintes, mediante o desenvolvimento da língua oral, o português,
no caso do Brasil. (GOLDFELD, 1997).
Enfoque oralista

O único meio de comunicação aceito é a língua oral.

■ O trabalho para a aquisição da fala deve ser iniciado assim que se descobre a surdez da
criança, atualmente, com o “teste da orelhinha”, seria desde o seu nascimento.
■ A educação oral deve começar no lar, exigindo a dedicação de todas as pessoas que
convivem com a criança, especialmente a mãe, durante todas as horas de cada dia do ano.
■ O trabalho de aquisição da fala ou educação oral necessita de fonoaudiólogos e
pedagogos especializados para atender o aluno e orientar e acompanhar a ação da família.
■ A educação oral requer equipamentos especializados como o aparelho de amplificação
sonora individual.
GESTUALISMO

Para De L’Epée, a linguagem de sinais seria a língua natural dos surdos e


possibilitaria o desenvolvimento do pensamento e sua comunicação.
Falamos aqui em “linguagem” de sinais e em abordagem “gestualista”,
porque em seu início, os sinais eram confundidos com gestos e a
comunicação por sinais ainda não possuía o status de língua.
COMUNICAÇÃO TOTAL

Na Comunicação Total, como o próprio nome indica, todos os esforços


são empregados no sentido de uma comunicação mais efetiva entre
surdos e entre surdos e ouvintes, utilizando, portanto, modelos
auditivos, manuais e orais.
Comunicação Total

A surdez é entendida pelos defensores da Comunicação Total não como uma


patologia (doença), nem como uma deficiência que precisa ser normalizada, como
os oralistas entendem, mas como uma “marca” com “significações sociais”
(CICCONE, 1990, p. 7).
De acordo com Ciccone (1990), um programa de Comunicação Total utiliza técnicas
e recursos para:

■ Estimulação auditiva.
■ Adaptação de aparelho de ampliação sonora individual (AASI - prótese auditiva).
■ Leitura labial.
■ Oralização.
■ Leitura e escrita.
BILINGUISMO

A abordagem bilíngue tem como ponto de partida que os surdos podem


desenvolver uma língua que permite uma comunicação eficiente. Essa língua,
apoiada na visão e utilizando as mãos, a Língua de Sinais, é, para os
bilinguistas, a primeira língua dos surdos, que a aprendem com naturalidade e
rapidez.
De acordo com essa filosofia, a criança surda deve adquirir, o mais cedo
possível, primeiro a língua de sinais, considerada a sua língua natural.
Essa aquisição deve ser feita com a comunidade surda. Somente como
segunda língua deveria ser ensinada, na escola, a língua oficial do país,
mas de preferência, na sua forma escrita.
Título da disciplina

Você também pode gostar