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VIGOTSKI

•Alternativa a Piaget, preocupação com a escola


e a ação pedagógica;
•Valorização da escola e do professor;
•Com Leontiev e Luria, Vigotski formou um
grupo de jovens que buscava uma nova
psicologia;
•Produção vasta – 200 trabalhos científicos
(neuropsicologia, crítica literária, deficiência,
linguagem, psicologia e educação).
•A parte mais conhecida da extensa obra
produzida por Vigotski  em seu curto tempo de
vida converge para o tema da criação da cultura.
Aos educadores, interessa em particular os
estudos sobre desenvolvimento intelectual. Ele
atribuía um papel preponderante às relações
sociais nesse processo, tanto que a corrente
pedagógica que se originou de seu pensamento
é chamada de sociointeracionismo.
Vigotski não formulou uma teoria pedagógica;
Ressalta a importância da instituição escolar na
formação do conhecimento, pois a intervenção
pedagógica provoca avanços que não
ocorreriam espontaneamente;
Ao formular o conceito de zona proximal,
Vigotski mostrou que o bom ensino é aquele
que estimula a criança a atingir um nível de
compreensão e habilidade que ainda não
domina completamente, puxando dela um novo
conhecimento.
Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o
aluno e ir além de sua capacidade é inútil.
Todo aprendizado amplia o universo mental do
aluno.
O ensino de um novo conteúdo não se resume à
aquisição de uma habilidade ou de um conjunto
de informações, mas amplia as estruturas
cognitivas da criança.
Planos genéticos de desenvolvimento
Interacionismo ( 4 planos genéticos, entradas do desenvolvimento)
Filogênese – História da espécie (História de uma espécie animal. O que define
limites e possibilidades de funcionamento psicológico. A plasticidade do cérebro é
uma das características humanas mais importante, pois permite adaptação às mais
variadas situações, ao nascer muitas possibilidades)
Ontogênese- História de um indivíduo da espécie (uma dada sequência de
desenvolvimento típico da espécie)
Sociogênese - História cultural do meio (formas de funcionamento cultural que
interferem no desenvolvimento psíquico). A cultura funciona como um alargador
das potencialidades humanas e ao mesmo tempo cada cultura organiza o
desenvolvimento de uma forma peculiar. Ex. Puberdade (fenômeno biológico) e
adolescência (fenômeno cultural)
Microgênese - Aspecto microscópico do desenvolvimento (cada fenômeno do
desenvolvimento tem sua própria história – “ entre o não saber o saber”. Não
determinismo.
As funções psicológicas têm um suporte biológico e são moldadas
ao longo da história da espécie e do indivíduo (filogênese e
ontogênese)
O sujeito biológico converte-se em sujeito humano pela interação
social (sociogênese)
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
•Mediação Simbólica
•Uso dos signos análogo ao uso dos instrumentos (ferramentas), mediação de
natureza semiótica/simbólica.
•Signo – representação simbólica (ainda com existência no real, embora não
interfira diretamente no mundo concreto. Exemplo do anel em outro dedo para
acessar uma lembrança. (representação externa à psiquê)
•Mediação semiótica - Possibilidade tipicamente humana, representação mental,
coisas postas para dentro do sistema psicológico. Nos relacionamos com as coisas
para além do objeto, com o conceito simbólico do objeto (representações do
mundo).
•Nas relações com a coisas do mundo, na primeira vez, há uma relação direta, na
segunda, uma relação mediada pela lembrança da primeira vez.
•A mediação pode ser ainda a participação do outro, sinalizando o que fazer ou
não. (Grande parte da ação do homem no mundo é mediada pela ação dos
outros, aspecto fundamental da aprendizagem)
Pensamento e linguagem
Os signos são construídos culturalmente e isso acontece na língua.
Duas funções básicas da linguagem:
• Comunicação – Aspecto presente nos animais. Exemplo no ser humano: choro do
bebê.
• Pensamento generalizante – aqui se dá a relação pensamento/linguagem.
Compreensão generalizada do mundo. Ato de classificação. Uma palavra classifica o
mundo em duas grandes categorias. O grande salto qualitativo se dá pelo sistema
simbólico fornecido pela língua.
O significado da palavra é uma generalização/conceito – fenômeno do pensamento.
Na filogênese – existem linguagem e pensamento separados (chimpanzés) – inteligência
prática e comunicação direta.
Criança pequena – comunicação com fins de intercambio social, inteligência prática
similar a de um chimpanzé.
Há um momento em que pensamento e linguagem se unem e vão representar parte
substancial do funcionamento psicológico humano. Inteligência passa a ser abstrata, atua
em planos simbólicos (descola tempo e espaço).
O pensamento não é somente expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a
existir.
Um signo é algo Um instrumento é algo
que significa que pode ser usado para
uma outra coisa fazer alguma coisa. Os
animais também usam
e é também um instrumentos em sua
instrumento interação com o ambiente
Instrumento mediador.
e Signo

A combinação do uso de instrumentos e


signos permite o desenvolvimento de
funções mentais superiores.
Signo é algo que significa alguma coisa. Os
significados de palavras e gestos são
construídos socialmente.

Indicadores – são aqueles que têm uma relação


de causa e efeito com aquilo que significam (ex.
fumaça indica fogo)
Icônicos – são
imagens ou
desenhos daquilo
que significam
Simbólicos – têm uma relação abstrata
com o que significam.
LINGUAGEM

As sociedades criam sistemas de signos


ao longo da história que modificam e
influenciam seu desenvolvimento social
e cultural.
Para Vigotski é pela interiorização de
sistemas de signos, produzidos
culturalmente, que se dá o
desenvolvimento cognitivo.
•O domínio de linguagens abstratas (fala,
matemática, mapas, gráficos, etc.) permite
o afastamento de um contexto concreto.

•Isso leva ao desenvolvimento do


pensamento conceitual e proposicional.
A língua inicialmente está fora da pessoa.

Primeiro uso da linguagem: fala socializada: a fala com os outros, para os


outros.

Ponto de chegada: discurso interior/pensamento verbal.

Entre os dois momentos ocorre a fala egocêntrica – Criança fala alto, mas
para ela mesma. Vigotski X Piaget (de dentro para fora, de fora para dentro).
Explicitação de passos de raciocínio.
Desenvolvimento e
aprendizagem
•Para Vigotski a aprendizagem
promove o desenvolvimento ( o
caminho do desenvolvimento
está em aberto)
•Brincadeira – jogo simbólico
(lugar de desenvolvimento)
Simbólico regido por regras
(apreensão da cultura)
•Relação com o significado das
coisas e não com o próprio
objeto (descolamento do mundo
perceptual imediato).
Zona de desenvolvimento proximal ou potencial
O desenvolvimento deve ser olhado de maneira
prospectiva e não retrospectiva. A ação
educativa/intervenção pedagógica se dá
naquilo que está em processo.
Nível de desenvolvimento real – o que a criança
já capaz de fazer.
ZDP – o que permite intervenção.
Nível de desenvolvimento potencial – o que a
criança é capaz de fazer com ajuda.
Não se trata de um conceito instrumental , é
flexível e não visível na prática. Para cada micro
momento de desenvolvimento, para cada
criança há uma zdp.
Intervenção do outro – importância do outro
social.
APRENDIZAGEM

APRENDIZAGEM
•O desenvolvimento individual consiste, em boa parte, no acesso progressivo a esses signos
e sistemas de signos ou, em outras palavras, na aprendizagem progressiva dos signos e sua
utilização.
•A estrutura cognitiva desenvolve-se pelo uso de signos.
•Quanto mais instrumentos e signos se aprende, mais se amplia a gama de atividades que
o sujeito pode aprender.
•“Parceiro mais capaz”
•A aprendizagem de signos
ocorre com a participação em
situações de interação social
com pessoas mais
competentes no uso desses
sistemas de símbolos.
•Desta forma, o
desenvolvimento passa por
uma fase externa.
“Lei da Dupla Formação de Vigotski”

No desenvolvimento toda função aparece duas vezes –


primeiro em nível social, e, depois, em nível individual.

Primeiro entre pessoas (interpessoal) e depois no


interior do próprio interior da pessoa (intrapessoal).

Desta forma, Vigostki enfoca a interação social; enquanto


que Piaget enfoca o indivíduo como unidade de análise.
Diferentemente de Piaget, para Vigotski não é preciso
esperar determinadas estruturas mentais se formarem
para que a aprendizagem de um conceito seja possível.

É o ensino que desencadeia a formação de estruturas


mentais necessárias à aprendizagem.

É preciso, no entanto, não ultrapassar a capacidade


cognitiva do aprendiz quando se busca criar novas
estruturas mentais. Ou seja, respeitar a ZDP.
•IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO

•Vigotski caracteriza a aprendizagem como um processo que lida com


dois tipos de conceitos:
• conceitos espontâneos adquiridos no contexto cotidiano a partir de
referentes concretos
• conceitos científicos adquiridos, por meio do ensino, pela atribuição de
significados em uma estrutura conceitual
• Os conceitos científicos
são construídos pela
explicitação das suas
relações com outros
conceitos já existentes
na estrutura cognitiva
do aprendiz (os
conceitos prévios)
• O aluno aprende a
partir do que já sabe.
Para Vigotski, o bom ensino é
aquele que está à frente do
desenvolvimento cognitivo.

•O professor deve apresentar, dentro de


certos limites, desafios e informações
cuja utilidade o aluno possa começar a
perceber.
O professor reage às tentativas O aluno se desenvolve
do aprendiz, incentivando, porque sempre está
corrigindo, fazendo novas recebendo novas
perguntas e exigências, em informações e desafios, que
função de sua percepção do que exigem que ela vá um pouco
ele pode ou não fazer. além do que já sabe.
•A interação social não se dá por meio de
qualquer discussão ou conversa
•Ela deve ser assimétrica, isto é, deve
haver pelo menos um parceiro mais capaz
em relação ao conteúdo trabalhado.
•A questão (ou problema ou desafio) que
desencadeia a interação deve estar bem
definida e ser conhecida por todos os
participantes.
•A ZDP deve ser respeitada.
•Os conflitos cognitivos descritos por
Piaget são úteis mas não são
suficientes para explicar como ocorre
a aprendizagem de novos conceitos.
•Os conflitos cognitivos
desencadeiam, na mente do aluno,
um processo de aprendizagem.
•Além disso é preciso que os novos
conceitos sejam apresentados e
trabalhados reiteradamente numa
interação social em que o professor é
o parceiro mais capaz.

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