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SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA: A CONSOLIDAÇÃO DE UMA ESTÉTICA


CARACTERÍSTICAS DA POESIA DE 30
SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA

CLIQUE NAS FOTOS ABAIXO, PARA SABER MAIS SOBRE OS


POETAS QUE MAIS SE DESTACARAM NA GERAÇÃO DE 30.

Carlos Drummond Mario Quintana  Murilo Mendes  Cecília Meireles  Jorge de Lima  Vinicius de Moraes 
(1902-1987) (1906-1994) (1901-1975) (1901-964) (1895-1953) (1913-1980)
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Proclama a liberdade das palavras, uma libertação do idioma que autoriza modelação
poética à margem das convenções usuais.

Segue a libertação proposta por Mário de Andrade; com a instituição do verso livre,
acentua-se a libertação do ritmo, mostrando que este não depende de um metro fixo.

Se dividirmos o Modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais


objetiva e concreta, Drummond faria parte desta segunda.

A obra de Drummond desdobra-se em 4 fases:

1. a poesia irônica
2. a poesia social
3. a poesia metafísica
4. a poesia retrospectiva
Poesia de Drummond
Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias
modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato, herda a liberdade
linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas.
Mas vai além. "A obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto
Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da história, levando
o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo
Bosi (1994). Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer a poesia de Carlos Drummond a partir
da dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes:
• Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica
• Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social
• Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica

Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve.
A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo,
à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond,
que volta, com frequência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique
quieto no seu canto. / Não ame. Muito a propósito da sua posição política, Drummond diz, curiosamente, na
página 82 da sua obra "O Observador no Escritório", Rio de Janeiro, Editora Record, 1985, que "Mietta
Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: Do pescoço para baixo sou marxista, porém do
pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus." No final da década de 1980, o erotismo ganha
espaço na sua poesia até seu último livro.
A PRODUÇÃO LITERÁRIA DE
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Poesia Antologia poética

•Alguma Poesia (1930) •A última pedra no meu caminho (1950)


•Brejo das Almas (1934) •Antologia Poética (1962)
•Sentimento do Mundo (1940) •Antologia Poética (1965)
•José (1942) •Seleta em Prosa e Verso (1971)
•A Rosa do Povo (1945) •Amor, Amores (1975)
•Claro Enigma (1951) •Boitempo I e Boitempo II (1987)
•Fazendeiro do ar (1954) •Minha morte (1987)
•Lição de Coisas (1964)
•A falta que ama (1968)
•Nudez (1968)
•As Impurezas do Branco (1973)
•A Visita (1977)
•Discurso de Primavera (1977)
•A Paixão Medida (1980)
•Caso do Vestido (1983)
•Corpo (1984)
•Amar se aprende amando (1985)
•Poesia Errante (1988)
•O Amor Natural (1992)
Prosa Infantis

• Confissões de Minas (1944) •O Elefante (1983)


• Contos de Aprendiz (1951) •História de dois amores (1985)
• Passeios na Ilha (1952) •O pintinho (1988)
• Fala, amendoeira (1957)
• A bolsa & a vida (1962)
• Cadeira de balanço (1966)
• Caminhos de João Brandão (1970)
•Os dias lindos (1977)
• 70 historinhas (1978)
• Contos plausíveis (1981)
• Boca de luar (1984)
• O observador no escritório (1985)
•Tempo vida poesia (1986)
• Moça deitada na grama (1987)
• O avesso das coisas (1988)
• As histórias das muralhas (1989)
Temas típicos da poesia de Drummond

 O Indivíduo: "um eu todo retorcido". O eu lírico na poesia de Drummond é complicado,


torturado, estilhaçado. Vale ressaltar que o próprio autor já se definia no primeiro poema de
seu primeiro livro (Alguma Poesia) como alguém desajeitado, deslocado, tímido, posição
que marca presença em toda sua obra.
 A Terra Natal: a relação com o lugar de origem, que o indivíduo deixa para se formar.
 A Família: O indivíduo interroga, sem alegria e sem sentimentalismo, a estranha realidade
familiar, a família que existe nele próprio.
 Os Amigos: homenagem a figuras que o poeta admira, próximas ou distantes, de Mário de
Andrade a Manuel Bandeira, de Machado de Assis a Charles Chaplin.
 O Choque Social: o espaço social onde se expressa o indivíduo e as suas limitações face
aos outros.
 O Amor: nada romântico ou sentimental, o amor é uma amarga forma
de conhecimento dos outros e de si próprio
 A Poesia: o fazer poético aparece como reflexão ao longo da sua poesia.
 Os Poemas-piada: Jogos com palavras, por vezes de aparente inocência.
 A Existência: a questão de estar-no-mundo.
Do livro CLARO ENIGMA: “Tarde de Maio”, de
Carlos Drummond de Andrade
Esse poema causou controvérsia. De um lado, os modernistas o reconheciam como uma
manifestação significativa dos novos valores estéticos. Do outro, a opinião pública via o poema como
uma síntese do desrespeito da nova geração de poetas em relação à boa literatura. Entretanto, é 
preciso uma leitura mais atenta para percebermos uma profunda reflexão sobre a existência,
infelizmente o anedótico que é tão perceptível esconde o filosofar: no Meio do Caminho evoca o
primeiro canto de A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Esse segmento-título insistente reiterado na
pequena composição de Drummond é tradução literal das palavras iniciais do poema de Dante.
Dante narra. Tendo perdido o caminho verdadeiro, achava-se embrenhado em selva escura.
Recorda relutante. A experiência foi dolorosa. Mas, o Bem que por fim alcançou anima-o a prosseguir.
No Meio do Caminho apresenta-se como narrativa frustrada. a jornada não progride em direção
ao bem. os três versos iniciais e os três finais são inversamente simétricos. De sorte que o poema
gira sobre si mesmo e se fecha.
A Divina Comédia é um poema em espiral. Começa na selva escura e culmina nos píncaros da
luminosidade divina. Todos os obstáculos são transpostos. O percurso entre esses dois extremos
traça o aperfeiçoamento gradativo do homem.
No Meio do Caminho é um poema em circular. O executor perfaz continuamente o mesmo
percurso. O movimento circular deixa irremissivelmente no princípio quem está a caminho. A pedra
erige-se em símbolo de obstáculo intransponível.
O ritmo não é criado pela tonicidade ou pelo som, mas pela reiteração dos mesmos segmentos.
Marca iconicamente a marcha em círculo nas origens. Esse ritmo reiterativo mantém a pedra na
esfera de ação do observador. No seu movimento circular a pedra se move em torno do observador.
O observador faz menção a si mesmo nos versos centrais do poema. Na realização do poema a
experiência se especializa. A pedra envolve o poema em insistentes aparições. Age como um
sortilégio, só quebrado por um ato de reflexão. No entanto, nem aí a pedra sai da esfera do
observador. Antes o observador como que se tinha esvaziado na observação da pedra. ao se
apreender, reflete ainda sobre si em face da pedra.
E, desde que o observador é executor de uma ordem que se menciona, em busca de um bem
que também não se define, o observar converte a pedra em problema no sentido primitivo. Algo que
foi posto diante dele como obstáculo.
Na sua presença passiva a pedra se transforma em oponente – densa e inerte, A inércia
irremovível da pedra fatiga as retinas. Presa nas malhas da memória, a pedra se fixa no caminho.
Não há promessa de ir além. O caminho sugere o além. A pedra o converte em presença negada:
ausência.
O conflito faz-se tácito. O olhar e pedra. A fadiga é a do homem abandonado e fraco do Poema
da Sete Faces. A despreocupação em caracterizar o Eu e a ausência de outras determinações
espaciais além do caminho e da pedra criam o vácuo em torno do executor abandonado. Errante,
sem paisagem, sem ordenador, sem auxiliar, inerte diante do oponente também inerte. Respira-se a
angustiante atmosfera das soluções impossíveis, a opressiva presença do nada.
(FONTE:SCHULER, Donald – A Dramaticidade na Poesia de Drummond.  Editora da URGS.)
William "Billy" Forghieri
é um tecladista, produtor
e compositor com várias
histórias curiosas.
Integrou os grupos Gang
90 e Banda Blitz (até
hoje), e ainda musicou
poemas de ninguém
menos que Carlos
Drummond de Andrade.

Ele pegou o poeta lendo alguns de seus


poemas e encaixou num arranjo musical.
Para isso, fez uso de repetições, cortes e
mixagens. Confira esse maravilho trabalho,
clicando nos títulos abaixo:
Foi poetisa, professora e jornalista brasileira.
Aos dezoito anos publicou seu primeiro livro de poesias (Espectro, 1919), um
conjunto de sonetos simbolistas. Embora vivesse sob a influência do Modernismo,
apresentava ainda, em sua obra, heranças do Simbolismo e técnicas do
Classicismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo e Surrealismo, razão pela
qual a sua poesia é considerada atemporal.
Teve ainda importante atuação como jornalista, com publicações diárias sobre
problemas na educação, área à qual se manteve ligada fundando, em 1934, a
primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro.
Observa-se ainda seu amplo reconhecimento na poesia infantil, com eles traz
para a poesia infantil a musicalidade característica de sua poesia, explorando
versos regulares, a combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração e
a rima.
ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA
CECILIA MEIRELES: PRINCIPAIS OBRAS

 Espectros, 1919
 Criança, meu amor, 1923
 Nunca mais..., 1923
 Poema dos Poemas, 1923
 Saudação à menina de Portugal, 1930
 Batuque, samba e Macumba, 1933
 O Menino Atrasado, 1966
 Vaga Música, 1942
 Problemas de Literatura Infantil, 1950
 Romanceiro da Inconfidência, 1953
 Poemas Escritos na Índia, 1953
 Panorama Folclórico de Açores, 1955
 Giroflê, Giroflá, 1956
 A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
 Antologia Poética, 1963 Obra principal de Cecília Meireles: Olhinhos de Gato. Olhinhos
 Ou Isto ou Aquilo, 1964 de Gato é um livro que foi baseado na vida de Cecília, contando
 Obra Poética,1958 sua infância depois que perdeu sua mãe e como foi criada por sua
 Viagem, 1939 avó.
Ou isto ou aquilo é um exemplar da poesia voltada para o
público infantil (vale lembrar que Cecília foi professora de
escola, por isso esteve bastante familiarizada com o universo
das crianças).
O poema acima é tão importante que chega a dar nome
ao livro que reúne 57 poemas. Lançado em 1964, a obra Ou
isto ou aquilo é um clássico que vem percorrendo gerações.
Nos versos do poema encontramos a questão da dúvida,
da incerteza, o eu-lírico se identifica com a condição indecisa
da criança. O poema ensina o imperativo da escolha: escolher
é sempre perder, ter um algo significa necessariamente não
poder ter outra coisa.
Os exemplos cotidianos, práticos e ilustrativos (como o do
anel e da luva) servem para ensinar uma lição essencial para o
resto da vida: infelizmente muitas vezes é necessário sacrificar
uma coisa em nome de outra.
Cecília brinca com as palavras de uma maneira lúdica e
natural e pretende se aproximar ao máximo do universo da
infância.
MOTIVO Motivo é o primeiro poema do livro Viagem, publicado em 1939, época do
Modernismo. A composição se trata de um metapoema, isto é, um texto que se
Eu canto porque o instante existe volta sobre o seu próprio processo de construção. A metalinguagem na poesia
e a minha vida está completa. é relativamente frequente na lírica de Cecília Meireles.
Não sou alegre nem sou triste: A respeito do título, Motivo, convém dizer que para Cecília escrever e viver
sou poeta. eram verbos que se misturavam: viver era ser poeta e ser poeta era viver.
Escrever fazia parte da sua identidade e era uma condição essencial para
Irmão das coisas fugidias, a vida da escritora, é o que se constata especialmente no verso: "Não sou
não sinto gozo nem tormento. alegre nem sou triste: sou poeta".
Atravesso noites e dias O poema é existencialista e trata da transitoriedade da vida, muitas vezes
no vento. com certo grau de melancolia, apesar da extrema delicadeza. Os versos são
construídos a partir de antíteses, ideias opostas (alegre e triste; noites e dias;
Se desmorono ou se edifico, desmorono e edifico; permaneço e desfaço; fico e passo).
se permaneço ou me desfaço, Uma outra característica marcante é a musicalidade da escrita - a lírica
— não sei, não sei. Não sei se fico contém rimas, mas não com o rigor da métrica como no parnasianismo (existe
ou passo. e triste; fugidias e dias; edifico e fico; tudo e mudo).
É de se sublinhar também que praticamente todos os verbos do poema
Sei que canto. E a canção é tudo. estão no tempo presente do indicativo, o que demonstra que Cecília pretendia
Tem sangue eterno a asa ritmada. evocar o aqui e o agora.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
O título do poema (Retrato) evoca uma imagem congelada,
Retrato cristalizada, parada no tempo e no espaço. Os versos se referem
Eu não tinha este rosto de hoje, tanto à aparência física (as feições do rosto e do corpo), como
Assim calmo, assim triste, assim magro, também à angústia existencial interior, motivada pela noção da
Nem estes olhos tão vazios, passagem do tempo.
Nem o lábio amargo. Observamos ao longo dos versos os sentimentos de melancolia,
angústia e solidão já característicos da poética de Cecília. Vemos
também a tristeza manifestada pela consciência tardia da
Eu não tinha estas mãos sem força,
transitoriedade da vida ("Eu não me dei por essa mudança").
Tão paradas e frias e mortas; A velhice se nota também a partir da degeneração do corpo. O eu-
Eu não tinha este coração lírico olha para si mesmo, para aspectos internos e externos. O
Que nem se mostra. movimento apresentado nos versos acompanha o decorrer dos dias,
no sentido da vida para a morte (a mão que perde a força, se torna
Eu não dei por esta mudança, fria e morta).
Tão simples, tão certa, tão fácil: O último verso, poderosíssimo, sintetiza uma reflexão existencial
— Em que espelho ficou perdida profunda: onde foi que a essência do eu-lírico se perdeu?
a minha face?
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,

Lua
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,

adversa
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Marcha - Cecília Meireles
“QUANDO PENSO EM VOCÊ…”: CONHEÇA A POLÊMICA Gosto da minha palavra
DE PLÁGIO QUE ENVOLVE CECÍLIA MEIRELES E As ordens da madrugada pelo sabor que lhe deste:
RAIMUNDO FAGNER
romperam por sobre os montes: mesmo quando é linda, amarga
nosso caminho se alarga como qualquer fruto agreste.
sem campos verdes nem fontes. Mesmo assim amarga,
Apenas o sol redondo é tudo que tenho,
e alguma esmola de vento entre o sol e o vento:
quebraram as formas do sono meu vestido, minha musica,
com a ideia do movimento. meu sonho, meu alimento.

Vamos a passo e de longe; Quando penso no teu rosto,


entre nós dois anda o mundo, fecho os olhos de saudades;
com alguns vivos pela tona, tenho visto muita coisa,
com alguns mortos pelo fundo. menos a felicidade.
As aves trazem mentiras Soltam-se os meus dedos tristes,
de países sem sofrimento. dos sonhos claros que invento.
Por mais que alargue as pupilas, Nem aquilo que imagino
mais minha dúvida aumento. já me dá contentamento.

Também não pretendo nada Como tudo sempre acaba,


senão ir andando à toa, oxalá seja bem cedo!
como um número que se arma A esperança que falava
e em seguida se esboroa, tem lábios brancos de medo.
-- e cair no mesmo poço O horizonte corta a vida
Vamos ouvir CANTEIROS de inércia e de esquecimento, isento de tudo, isento...
então? onde o fim do tempo soma Não há lagrima nem grito:
pedras, águas, pensamento. apenas consentimento.
VINICIUS DE MORAIS
Marcos Vinícius da Cruz de Melo Moraes

Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro.

Poeta essencialmente lírico, o poetinha notabilizou-se pelos


seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e
apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande
conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua
vida.
Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e
música. No campo musical, o poetinha teve como principais
parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell e Carlos Lyra..
Nos anos 50, deixou a vida diplomática e entra de vez na vida
artística e na boemia.
No inicio, seus versos são sérios e possui um rigoroso aspecto
formal e filosofante. Com o passar dos anos, liberta-se e sua visão
poética se abre para o mundo externo, cheio de problemas, amores
e possibilidades, fazendo com que sua poesia seja mais social e
sensual.
Em Oxford.

Vinicius de Moraes com Vinicius e Toquinho. Vinicius de Vinicius de Moraes e


Gilberto Gil e Caetano Moraes no Centro Tom Jobim
Veloso do Livro Brasileiro
em Lisboa, 1969

No Centro de
Preparação de Oficiais
da Reserva (CPOR),
em 1933, fumando
Vinicius com a família. Manuel Bandeira e
Vinicius.
Com Tom e Toquinho

Vinicius com a sra.


Oswaldo Aranha,
Sérgio Correia da Vinicius
Costa e sra., e ao aos dois
A Garota de A Rosa de centro, Walt Disney, anos de
Ipanema Hiroshima 1948 idade. Aos 14 anos, 1927
Livros Escritos
Os dois primeiros livros inserem-se numa linha designada como
Neossimbolista, onde confronta os desejos da alma x o do corpo;

A partir de Cinco elegias Vinicius já não rejeita mais a separação do corpo e


alma e tenta fundi-los, havendo:

O canto do amor concreto e a exaltação da mulher;

A valorização do cotidiano e a abertura para o


social;

A utilização da linguagem coloquial.


OBRA DE VINICIUS DE MORAES

Poesia:
•O Caminho Para a Distância (1933)
•Forma e Exegese (1935)
•Ariana, a Mulher (1936)
•Novos Poemas (1938)
•Cinco Elegias (1943)
•Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
•Pátria Minha (1949)
•Antologia Poética (1955)
•Livro de Sonetos (1956)
•O Mergulhador (1965)
•A Arca de Noé (1970)
Teatro:
•Orfeu da Conceição (1954)
•Cordélia e o Peregrino (1965)
•Pobre Menina Rica (1962)

Prosa:
•O Amor dos Homens (1960)
•Para Viver Um Grande Amor (1962)
•Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)
Caracterização

Vinicius de Moraes em sua 1ª fase:

A mulher é tida como algo que faz o homem pecar;


A mulher é a razão de sua perturbação, de sonos perdidos;
O homem é induzido pela mulher a pecar;
O homem é fraco, por isso pede ajuda para fugir da tentação.

Vinicius de Moraes em sua 2ª fase:


A mulher é exaltada, sendo bela, fogosa, símbolo de sensualidade;
Agora o homem sente a falta da mulher, sofre por ela;
O Homem não quer a separação;
O Homem anseia ficar a lado da mulher
A poesia de Vinícius de
Moraes
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é, de forma consensual, o acontecimento mais
catastrófico e impactante da história humana. Essa característica torna-se compreensível na medida
em que se compara tal guerra com as outras que a antecederam. Proporcionalmente, o número de
mortos e o potencial de destruição das armas que nela foram empregadas são largamente superiores
a quaisquer outros. De forma geral, poetas e escritores, teatrólogos, etc., conseguem apreender com
maior sensibilidade fatos como esse. É o caso, por exemplo, de Vinicius de Moraes com o poema
“A Rosa de Hiroshima”, que explora especificamente o tema da bomba atômica lançada sobre a
cidade japonesa.
Vinicius de Moraes (1913-1980) concebeu o poema mencionado logo após os Estados Unidos
lançarem a primeira das duas bombas nucleares sobre o solo japonês, em agosto de 1945. Sendo
contemporâneo desse evento trágico, o poeta procurou registrar com sensibilidade o terrível impacto
provocado pelo emprego dessa arma de destruição em massa contra a população civil. Das duas
cidades japonesas atingidas pelas bombas, Hiroshima e Nagasaki, o poema, como o próprio título
indica, trata da primeira delas.
Por meio de metáforas preciosas, Vinicius de Moares pretendeu “imortalizar” esse evento, como
o próprio termo “rosa”, que, destituído de sua simbolização positiva, expressa mais de uma
correspondência negativa. Por exemplo: 1) a própria forma de “flor” que a nuvem de fumaça
radioativa assumiu após a detonação da bomba e 2) as feridas produzidas pela radiação, como se lê
nos versos: “Pensem nas feridas/ Como rosas cálidas”.
Além disso, há no corpo do poema um apelo
à memória, “Mas, oh, não se esqueçam/ Da rosa,
da rosa,” que se ajusta a uma proposta de despertar
a consciência histórica de quem lê e, sobretudo,
daqueles que, no futuro, ainda lerão o poema. A esse
apelo se seguem mais metáforas relacionadas com a
palavra “rosa” que sensibilizam a imaginação do leitor,
como as seguintes: “A rosa radioativa/ Estúpida e
inválida/ A rosa com cirrose/ A anti-rosa atômica”.
Esse poema ainda tem a característica de
estimular uma reflexão crítica sobre os limites da
razão humana no que tange ao uso da ciência (e
da tecnologia), haja vista a relação direta desse
problema com o tema das bombas atômicas. O pintor
espanhol Goya (1746-1828) possui uma frase que se
ajusta a essa reflexão. Disse Goya: “O sonho da
razão produz monstros”. O desenvolvimento da
ciência e da tecnologia, que proporcionou progresso e
conforto, também gerou “monstros” como as guerras
modernas e suas armas de destruição em massa.
Vinícius de Moraes soube capturar essas
contradições.
O poema de Vinicius de Moraes foi adaptado
para música. A canção foi lançada em 1973 no disco de
estreia do grupo Secos e Molhados. A sua composição
melódica é da autoria de Gerson Conrad, integrante do
referido conjunto, cuja formação inicial também incluía
João Ricardo e Ney Matogrosso.
A BOMBA ATÔMICA
Vinicius de Moraes

A bomba atômica é triste


Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade Pomba tonta, bomba atômica
Vem caindo devagar Tristeza, consolação
Tão devagar vem caindo
Flor puríssima do urânio
Que dá tempo a um passarinho
Desabrochada no chão
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica Da cor pálida do hélium
Que não gosta de matar! E odor de rádium fatal
Coitada da bomba atômica Loelia mineral carnívora
Que não gosta de matar Radiosa rosa radical
Mas que ao matar mata tudo Nunca mais, oh bomba atômica
Animal e vegetal Nunca, em tempo algum, jamais
Que mata a vida da terra Seja preciso que mates
E mata a vida do ar Onde houver morte demais:
Mas que também mata a Fique apenas a tua imagem
guerra... Aterradora miragem
A bomba atômica que aterra! Sobre as grandes catedrais:
Pomba atômica da paz!
Guardiã de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!
Nesse poema, a lógica das relações de trabalho é apresentada
por meio de uma metonímia.  Vinícius não  nos  fala  de um
patrão e um empregado específico, mas de duas classes
sociais que vivem  em  lados opostos:  “Via tudo  que fazia /O
lucro do seu patrão/ E em cada coisa que
via / Misteriosamente havia/A marca de sua mão.” O
 trabalhador reluta e, ao dizer “Não!”, deixa explícito  que
 sua liberdade de pensamento  e sua ética são seus maiores
bens. Quer conhecer o poema? Clique no botam abaixo.
O poema Operário em construção foi  escrito  por Vinícius de
Moraes em 1959 e pode ser compreendido como uma metáfora para
a construção da consciência de um trabalhador. De modo geral, a
obra de Vinícius tem traços  da  segunda e da terceira geração do
Modernismo brasileiro, período em que os textos estavam fortemente
impregnados de questões sociais e políticas.
A  primeira estrofe apresenta o  operário  por meio de uma
comparação de uma metáfora que o identificam como trabalhador da
construção civil sem  consciência de sua importância social:

Era ele que erguia casas


Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Nos  versos seguintes, as palavras liberdade  e escravidão são
associadas não como ideias opostas (o que, em uma leitura imediata,
induziria o  leitor a pensar em uma antítese), mas sim como um 
paradoxo – figura de linguagem caracterizada pela associação de ideias
contraditórias. Tal  análise  justifica-se, uma vez que  o produto de seu
 trabalho deveria garantir liberdade ao  operário;  no  entanto,  isso  não
se concretiza conforme o  texto  progride até o  seu  final.

Não sabia, por exemplo


Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
Em contraste com a alienação inicial,  o operário é tomado por uma
súbita revelação e a tomada de consciência de que  tudo   à sua volta é
 fruto de seu trabalho: “[…] casa, cidade, nação!/ Tudo o que existia/
era ele quem  o  fazia […]”. A partir desse ponto, o  poema mostra
 como  isso  passa a interferir em  seu  dia a dia.

Ah, homens de pensamento


Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
[…]
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
O  poema de Vinícius, como  outros  de sua geração, traz um importante
questionamento acerca das condições trabalhistas. Os versos “O que um
operário dizia/ outro operário escutava” representam as organizações
sindicais. Por meio de metáforas,  a estrofe abaixo  promove uma
reflexão sobre as desigualdades existentes entre as duas classes  sociais
presentes no texto:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
Os  versos seguintes mostram a  influência do operário sobre os
outros empregados, até o momento em  que é delatado pelos colegas
(“Como era de se esperar/ As bocas da delação/ Começaram a dizer
coisas/Aos ouvidos do patrão.”). Como resultado, o  patrão ordena
que o  funcionário seja “convencido” a mudar  suas convicções.

Dia seguinte, o operário


Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
A epígrafe que abre o texto é extraída do evangelho de São Lucas (Lc
5, 5-8). Na passagem bíblica, Cristo é levado pelo Diabo ao alto de
um monte e ali é desafiado a adorar seu  opositor. O texto de Vinícius
de Moraes retoma essa ideia por meio de uma estrofe em que o 
operário é desafiado a  abandonar sua ética em troca de favores de
seu patrão, após esse perceber que  nem  mesmo a violência o
convenceria:
[…]
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
A Eterna Garota de
Ipanema”: Helô Pinheiro.
A passagem de poeta do livro para compositor tem uma dimensão
enorme. Ao afirmar sua condição de letrista a partir do encontro com Tom
Jobim, Vinícius é responsável por boa parte da densidade poética que
seria marca da canção brasileira desde os anos 1960. Não só pelo cuidado
extremo da construção das letras que músicos que surgiriam nesses anos
teriam, mas pelo fato de inaugurar uma tradição que aproximou poetas ao
universo da música popular de forma única.
Cacaso, Waly Salomão, Torquato Neto, Capinam, Alice Ruiz, Chacal e
Paulo Leminski são alguns entre muitos poetas que seguiram essa trilha.
Orfeu da Conceição é uma adaptação em forma de peça musical
do mito grego de Orfeu transposto à realidade das favelas cariocas. A obra
marca o encontro artístico do autor Vinicius de Moraes com Antônio Carlos
Jobim que musicou todo espetáculo. O espetáculo estreou no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1956, com cenários
de Oscar Niemeyer. Encenado pelo Teatro Experimental do Negro de
Abdias Nascimento foi a segunda vez que um elenco de atores negros
ocupava o mais famoso teatro brasileiro. A primeira foi a estreia do Teatro
Experimental do Negro em 8 de maio de 1945, com a peça O imperador
Jones, de Eugene O'Neill.
O diretor de cinema e escritor francês Marcel Camus filmou no Rio de
Janeiro Orfeu Negro (1959), uma adaptação da peça de Vinícius. O filme
foi escrito por Marcel Camus, Vinicius de Moraes e Jatcques Viot e dirigido
por Marcel Camus, que foi premiado com a Palma de Ouro no Festival de
cinema de Cannes, na França. Marcel Camus também recebeu o Oscar de
melhor filme de 1959 em língua estrangeira com Black Orpheus (título
do Orfeu Negro pelo qual foi premiado nos EUA. Luís Bonfá, que toca
violão em "Orfeu da Conceição", comporia "Manhã de Carnaval", usada no
filme de Camus junto a outras canções, e que nos anos que seguem é
lançada em várias compilações diferentes para discos, ainda pelo mesmo
título de Orfeu Negro; compilações em discos que não foram
necessariamente a trilha sonora do filme oficial, nem da peça teatral de
Vinicius. Em 1999  Cacá Diegues dirige Orfeu,  e estrelado por Toni
Garrido e Patrícia França. O roteiro é baseado na peça Orfeu da
Conceição, do poeta Vinícius de Moraes
BIOGRAFIA
Mario de Miranda Quintana nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906. Era
filho do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana. Viveu sua infância em
sua cidade natal, donde iniciou seus estudos na Escola Elementar Mista de Dona Mimi Contino. Com 13
anos, mudou-se para a capital do Estado, Porto Alegre. Ali, estudou no Internato “Colégio Militar de Porto
Alegre”.
Desde a adolescência, Mario começou a escrever. Já na revista da escola publicou seus primeiros trabalhos.
Durante alguns meses, trabalhou na editora e livraria "O Globo". Chegou a trabalhar na farmácia de seu
pai. Mais tarde, atuou como jornalista e colaborador no Estado do Rio Grande, Diário de Notícias de Porto
Alegre, Revista do Globo e Correio do Povo. Além de jornalista, trabalhou como tradutor chegando a traduzir
muitas obras de escritores renomados: Proust, Balzac, Virginia Woolf, Maupassant, Voltaire, dentre outros.
Em 1926, sua mãe falece, e no ano seguinte, seu pai. Continuou seu trabalho nos jornais e como
literato.
Em 1930, passou a morar no Rio de Janeiro sendo voluntário do "Sétimo Batalhão de Caçadores de
Porto Alegre". Ficou na cidade maravilhosa somente 6 meses, retornando ao Rio Grande do Sul onde
permaneceu o resto de sua vida.
Mario não casou e nem teve filhos. Viveu grande parte de sua vida em quartos de hotéis. O lugar onde
morou cerca de 15 anos em Porto Alegre, chamado “Hotel Majestic”, é atualmente um centro cultural
chamado “Casa de Cultura Mario Quintana”.
Concorreu três vezes para a vaga de literato na Academia Brasileira de Letras (ABL), mas nunca
conseguiu ganhar. Convidado para se candidatar pela quarta vez, o poeta se recusou.
Faleceu em Porto Alegre dia 5 de maio de 1994, vítima de problemas cardíacos e respiratórios.
O quarto de
Quintana,
preservado
como na
última noite

Construído entre 1916 e 1933, o hotel Majestic


viveu tempos de esplendor nas décadas de 1930,
1940 e 1950. Ali se hospedaram políticos como
Getúlio Vargas e João Goulart e nomes de expressão
do meio artístico-cultural. Foi tombado pelo
Patrimônio Histórico em 1990. Atualmente na
construção funciona a Casa de Cultura, espaço de
múltiplas funções. Há espaços dedicados aos acervos
de Mário Quintana, naturalmente, e da cantora Elias
Regina, ela também uma gaúcha, de Porto Alegre; as
galerias Xico Stockinger, Sotero Cosme e Augusto
Meyer, teatros Bruno Kiefer e Carlos Carvalho; as
bibliotecas Érico Verissimo, Armando Albuquerque e
Lucília Minssen; os espaços João Fahrion, Romeu
Grimaldi, Maurício Rosemblatt, Fernando Corona e
Vasco Prado; as salas Paulo Amorim, Radamés
Gnatalli, Norberto Lubisco e Eduardo Hirtz;  o
auditório Luís Cosme; a discoteca Natho Henn; salas
de cinema, café e livraria, além de parte do Museu de
Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. No quinto
andar, está o jardim José Lutzenberger.
OBRAS

A linguagem que Quintana utiliza em seus textos é simples, fluida, introspectiva e, muitas vezes,
irônica. Temas como o amor, o tempo, a natureza são os preferidos do poeta. Ávido leitor e escritor,
Mário Quintana escreveu obras poéticas, além de obras infanto-juvenis, sendo que as principais são:

•A Rua dos Cataventos (1940)


•Canções (1945)
•Sapato Florido (1947)
•Espelho Mágico (1951)
•Batalhão das Letras (1948)
•O Aprendiz de Feiticeiro (1950)
•Poesias (1962)
•Pé de Pilão (1968)
•Quintanares (1976)
•Esconderijos do Tempo (1980)
•Nova Antologia Poética (1982)
•Nariz de Vidro (1984)
•Baú de Espantos (1986)
•Preparativos de Viagem (1987)
•Velório sem Defunto (1990)
FRASES DE QUINTANA!
POEMAS DE QUINTANA
É partindo de duas dicotomias
que se constrói o poema Presença:
por um lado vemos os pares
opositores passado/presente, por
outro lado observamos o segundo
par opositor que serve como base
da escrita (ausência/presença).
Pouco ou nada ficaremos
sabendo dessa misteriosa mulher
que provoca nostalgia cada vez
que a sua lembrança é evocada.
Aliás, tudo o que saberemos dela
ficará a cargo dos sentimentos
originados no sujeito.
Entre esses dois tempos - o
passado marcado pela plenitude e
o presente pela falta - ergue-se
a saudade, mote que faz com que
o poeta cante os seus versos.
A Rua dos Cataventos é um
soneto, construído a partir de
uma linguagem simples e
informal. Nos versos vemos o
passado do sujeito poético e a
explicação de como ele se
transformou naquilo que é.
Trata-se, portanto, de uma
lírica sobre a transitoriedade do
tempo e sobre as mudanças
inerentes ao nosso
percurso pelo mundo.
O poema é também uma
celebração da vida, daquilo em
que o sujeito se transformou
depois de ter sofrido tudo o que
sofreu.
A composição assume uma forma simples e popular, a quadra,
rimando o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto (A-B-A-B).
O registro de linguagem é também bastante acessível e próximo da oralidade.
Começando pelo próprio título, o poema se declara "do contra",
afirmando assim que desafia ou resiste a alguma coisa.
Logo no primeiro verso encontramos uma explicação: o que incomoda
eu-lírico são aqueles que estão "atravancando" o seu Fica estabelecido,
assim, uma dinâmica de "eu versus eles". O sujeito é apenas um e enfrenta,
sozinho, uma espécie de inimigo coletivo ("todos esses que aí estão").
Podemos assumir que o eu-lírico se refere a seus inimigos, mas pode
também estar mencionando os problemas e obstáculos que têm surgido na
sua vida.
Os dois versos finais são os mais conhecidos do poema, estabelecendo
uma espécie de lema que podemos adotar para a nossa vida. Trata-se de
um jogo de palavras entre o grau aumentativo de "pássaro" e o verbo
"passar" conjugado no futuro. O fato de serem palavras homônimas (que se
dizem e escrevem da mesma forma) confere uma dupla interpretação para
essa passagem.
Por um lado, podemos pensar que se trata do substantivo "pássaro" em
graus diferentes. Assim, o sujeito poético estaria indicando que, na sua visão,
os obstáculos são maiores do que ele, que é apenas um "passarinho". Por
outro lado, "passarão" pode ser lido como uma conjugação futura do verbo
"passar" (terceira pessoa do plural). Isso indicaria que todos os
seus problemas são efêmeros e, eventualmente, irão se dissipar. Deste
modo, o sujeito pode ser comparado a um "passarinho", sinônimo de
liberdade e de leveza.
O famoso poema Bilhete fala de
um amor romântico, que é para ser
vivido com discrição e sem medo, na
intimidade do casal, sem fazer grande
alvoroço em público.
O poeta fala do amor de uma
perspectiva delicada e singela. O
próprio título do poema faz uma
referência a um bilhete, um
papelzinho trocado, que só os
namorados têm acesso, criando
uma cumplicidade entre os dois.
Além de querer aproveitar esse
momento apaixonado com a amada,
respeitando a privacidade do casal, o
sujeito, que demonstra profunda
maturidade, sublinha que respeita
também o tempo da relação dando
espaço para que cada um sinta o
amor da sua forma e no seu tempo.
Nessa criação o poeta
Mario Quintana usa a forma
clássica do soneto para compor
um poema cheio de
musicalidade.
Lembrando uma canção de
ninar, os versos são originais
porque, ao invés de embalarem
uma criança, embalam uma
rua.
O sujeito tem uma relação
inesperada com a rua,
transbordando afeto,
prometendo protegê-la e
demonstrando carinho (repare
como ele usa o diminutivo
“ruazinha”).
Se em geral a rua costuma
assustar os pequenos, aqui o
poeta demonstra que o que
nutre pelo espaço público é o
sentimento de carinho.
BIOGRAFIA
Jorge Mateus de Lima nasceu dia 23 de abril de 1893 na cidade alagoana de União dos Palmares. Passou
sua infância em sua cidade natal e em 1902 mudou-se com sua família para a capital: Maceió. No jornal do
colégio, ele já escrevia poemas.
Em 1909, Jorge ingressou no curso de medicina na capital baiana: Salvador. Porém, foi no Rio de Janeiro
que ele terminou a graduação. Trabalhou na área de formação, mas paralelamente foi se aprofundando na
literatura.
Além disso, esteve envolvido com a política, sendo Deputado Estadual. Foi também Diretor-Geral da
Instrução Pública e Saúde em Alagoas.
Se dedicou também às artes plásticas (pintura de telas, fotomontagens e colagens) como autodidata,
participando de algumas exposições.
Seu trabalho como artista plástico esteve relacionado com a vanguarda artística do surrealismo, o qual se
aproximou do universo onírico.
A partir de 1930 mudou-se para o Rio de Janeiro. Ali, trabalhou como médico e professor de Literatura. Em
1935 foi eleito governador do Estado. Mais tarde, tornou-se presidente da Câmara no Rio de Janeiro.
Em 1940 recebeu o “Grande Prêmio de Poesia”, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL).
Faleceu no Rio de Janeiro, dia 15 de novembro de 1953.
Jorge de Lima candidatou-se seis vezes para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL),
no entanto, não conseguiu o cargo.
CRONOLOGIA

1893 - Nasce Jorge de Lima, 23 de abril, em União dos Palmares, Alagoas, filho de um rico comerciante;
1899/1900 - Por volta dos seis ou sete anos, é acometido de uma asma alérgica que o obriga a ficar isolado em
casa, com crises agudas de dispneia;
1902 - Muda-se para Maceió com a mãe e os irmãos, permanecendo o pai em União dos Palmares. Em Maceió,
começa a frequentar o Instituto Alagoano dos irmãos Aristeu e Goulart de Andrade;
1903 - Transfere-se para o Colégio Diocesano, dos Irmãos Maristas. Publica os primeiros versos no jornal do
colégio, intitulado O Corifeu;
1907 - Seus poemas, em geral sonetos, começam a aparecer nos jornais locais. É dessa época a composição de O
Acendedor de Lampiões;
1908 - Muda-se para Salvador e ingressa na Faculdade de Medicina. Data dessa a época a composição do poema
Bahia de Todos os Santos, primeiro de uma voga moderna de textos dedicados à Bahia;
1911 - Transfere-se para o Rio de Janeiro;
Jorge de Lima,
Jorgepor
deCândido
Lima, porPortinari
(...) (1939)
1914 - Forma-se em medicina e defende a tese O Destino Higiênico do Lixo no Rio de Janeiro. Publica seu primeiro
livro de poemas, XIV Alexandrinos;
1915 - Volta para Maceió e abre um consultório;
1919 - É eleito deputado à Assembleia Estadual em Maceió. Ocupa o cargo até 1922;
1925 - Casa-se com Ádila Alves de Lima, de tradicional família gaúcha. Rompe com a estética parnasiana e adere
ao Modernismo, causando surpresa e decepção para aqueles que o consideram "Príncipe dos Poetas Alagoanos".
Publica o folheto O Mundo do Menino Impossível, em que recolhe alguns poemas de adesão à nova estética, a ser
depois incluído em Poemas;
1927 - Faz concurso de Literatura Brasileira e Línguas Latinas, no Ginásio do Estado, tornando-se professor
catedrático. Apresenta uma tese de concurso intitulada Dois Ensaios, em que aborda, um, a obra do escritor francês
Marcel Proust (1871-1922) e, outro, o Modernismo Brasileiro;
1930 - Muda-se para o Rio de Janeiro, após perseguição política, passando a clinicar em consultório na Cinelândia,
centro da cidade. O consultório era também ateliê e ponto de encontro de intelectuais;
1931 - Torna-se membro da Comissão de Literatura Infantil do Ministério da Educação;
1934 - Publica O Anjo, tentativa de ficção surrealista em meio à voga do romance social. Publica também uma
biografia do Padre José de Anchieta em comemoração do 4º centenário de seu nascimento, lançada no Correio da
Manhã;
1935 - Recebe o Prêmio de Literatura da Fundação Graça Aranha. Converte-se ao catolicismo e publica Tempo e
Eternidade em parceria com Murilo Mendes (1901 - 1975). Publica também o romance Calunga;
1936 - Recebe prêmio de romance da Revista Americana, de Buenos Aires. Candidata-se à vaga de Goulart de
Andrade na Academia Brasileira de Letras - ABL e é derrotado por Barbosa Lima Sobrinho;
1937 - Assume o cargo de professor de Literatura Luso-Brasileira na Universidade do Distrito Federal. Escreve, a
pedido do ministro Gustavo Capanema, a biografia de dom Vital, bispo de São Paulo, que lê em sessão realizada na
Escola Nacional de Música;
1940 - Recebe o Grande Prêmio de Poesia da ABL. Torna-se professor de Literatura Brasileira na Universidade do
Brasil, depois de ter sido assistente de Literatura Portuguesa do crítico e historiador português Fidelino de
Figueiredo (1889-1967);
1942 - Publica dois livros infantis, um sobre a vida de São Francisco de Assis e, outro, sobre as Aventuras de
Malasarte (traduzido do alemão em parceria com o irmão, Mateus de Lima). Fere-se em desastre de automóvel na
Avenida Beira-Mar, no Rio;
1943 - Publica um álbum de fotomontagens, A Pintura em Pânico. Escreve Mira-Celi, só é incluída na Obra
Poética, publicada em 1950;
1944 - Candidata-se sem êxito à vaga de Pereira da Silva na ABL;
945 - Publica o estudo sobre D. Vidal. Com a redemocratização do país, tenta outra vez a política, ingressando
na União Democrática Nacional (UDN);
1947 - É eleito vereador no Rio de Janeiro, pela UDN;
1948 - É escolhido presidente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro;
1950 - Sai a edição argentina de Mira-Celi. É lançada sua Obra Poética, organizada pelo ensaísta Otto Maria
Carpeaux (1900 - 1978);
1951 - Participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, com a tela Penteado;
1952 - Com a fundação da Sociedade Carioca de Escritores (SOCE), Jorge de Lima torna-se presidente
provisório;
1953 - Morre em 15 de novembro, no Rio de Janeiro.
CARACTERÍSTICAS DA OBRA LITERÁRIA DE JORGE DE LIMA:
OBRAS LITERÁRIAS:
Poesia

•XIV alexandrinos (1914)
•Poemas (1927)
•Essa negra fulô (1928)
•Novos poemas (1929)
•A túnica inconsútil (1938)
•Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)
•Poemas negros (1947)
•Livro de sonetos (1949)
•Vinte sonetos (1949)
•Invenção de Orfeu (1952)
•Castro Alves. Vidinha (1952)

Romances

•Salomão e as mulheres (1927)
•O anjo (1934)
•Calunga (1935)
•A mulher obscura (1939)
•Guerra dentro do beco (1950)
ANALISANDO A OBRA “POEMAS NEGROS”
Esta seleção permite um olhar panorâmico sobre a
diversificada obra de Jorge de Lima, poeta que
percorreu de forma única os caminhos da poesia
brasileira do início parnasiano, passando pelo
verso livre, as experimentações com o soneto, até
a épica-lírica de Invenção de Orfeu. O ritmo e a
capacidade de evocar imagens são marcantes na
obra do poeta. Mas não se pode esquecer seu
profundo senso de responsabilidade humana- o
olhar atento para a realidade do povo, do negro e
da desigualdade social. Outro aspecto importante
é a densidade mística, resultante de uma forte
religiosidade. Por trás da complexidade de seus
versos, revela-se uma poesia absolutamente
singular e sedutora.
O famoso poema já havia sido musicado antes por
Oswaldo Santiago, e gravado nessa versão em 1941 por
Dorival Caymmi. Este registro de Jorge Fernandes, com
melodia de Waldemar Henrique, foi lançado pela Sinter
em 1955, em, LP de 10 polegadas com o mesmo título.
Clique ao lado em “ouvir” para conhecer o poema por
completo.
O PINTOR - OBRAS:

Quadro com mulher - mulher


sambando (1939) Lírios (1949)
Cavalos Alados (1940) Noiva (1945) Cabeleira plástica (1950)
Cavaleiro da esperança (1941) Duas cabeças (1947 ?) Mulheres públicas - As
Iemanjá (1941) Pianista [I] .. (1947) mariposas (1950)
Pássaros e flores (1941) Profeta bíblico (1947) Figura de mulher (1951)
Duas mulheres e violino (1942) Três figuras (1947) Pianista [II].. (1951)
Crucificação - [I].. (1944) Vitral (1947) Altair e Violante (1953)
Moça passeando - sonâmbula (1944) Cristo (1948) Moça com pássaro (1953)
Pierrô (1944) Menino Azul - Arlequim (1948) Anjos (Sem/data)
Três meninas (1944) Sob a bata de um Arlequim - O mágico (1948) Menina e peixes (Sem/data)
Arcos e Costureiras (1945) Casal de velhos (1949) Safo (Sem/data)
Moças de Ouro Preto (1945) Crucificação [II].. (1949) S.T. (Sem/data)
AS  FASES DE  MURILO  MENDES

                                      1ª  FASE  -  O  MODERNISTA

 COM A PUBLICAÇÃO DE  POEMAS  (prêmio da FUNDAÇÃO GRAÇA ARANHA), INICIA  UM  MOMENTO, MAIS 
VOLTADO  AO  DESENVOLVIMENTO  DE  SUAS IDÉIAS.

     Em  pleno  Primeiro Tempo Modernista, o poema abaixo  tem  o  perfeito  ideário  da  época:  além dos versos brancos e
livres,  a  paródia  à  tradição  romântica, pois  o poema  inverte  o  tom  de  sua matriz, o “Canção do Exílio”  de Gonçalves 
Dias.
                 CANÇÃO DO EXÍLIO
“ Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.”

 TAMBÉM  DEU  CONTRIBUIÇÕES  PRÓPRIAS, NUMA  TENDÊNCIA INTELECTUAL  INOVADORA  DO  TEXTO,  NA 
SENSUALIDADE  EXPLOSIVA,  UMA  DAS  BASES  DE  SEU FAZER  POÉTICO. É o que percebemos no poema abaixo:
                      AQUARELA
 ”Mulheres sólidas passeiam no jardim molhado de chuva,
o mundo parece que nasceu agora,
mulheres grandes, de coxas largas, de ancas largas,
talhadas para se unirem a homens fortes.”
 (...)
A quarta foi para os turcos, 
 Em  HISTÓRIA DO BRASIL,  de 1932,  feito no espírito  dos  poemas- Pra vender chitas, miçangas, 
piadas,  todo  o  nosso  passado  “célebre”   vai   ser  olhado de maneira Na porta das mamelucas. 
humorística.  Observe-se  no poema  abaixo transcrito esses  aspectos: Compraram a capitania 
                Em diversas prestações.
                                   DIVISÃO  DAS  CAPITANIAS
A quinta aos italianos, 
        
Ajudam a lavrar a terra, 
A primeira pros londrinos,  Engraxam as botas da gente; 
Pra assentarem telefones,  Nas sacolas de emigrante 
Bondes, puxados a burros  Trouxeram discos de canto 
Naturais deste país;  Que amenizam a nossa vida 
Cruzados nos emprestaram  Na hora do inglês chegar.
A cinco por cento ao mês.
A sexta aos americanos, 
Trazem fitas de cowboy. 
A segunda aos holandeses, 
Os colonos veem a fita, 
Pra ensinarem a fazer queijo, 
Ficam logo entusiasmados, 
Lidar direito com moinhos  Fazem negócios com eles. 
E algumas regras de asseio.
A sétima, aos alemães, 
A terceira pros franceses,  Trouxeram cerveja loura, 
Que trouxeram nas fragatas  Fazem grande concorrência 
Muitos vidros de perfume,  A cachaça nacional. 
Mulheres muito excitantes,  As outras cinco fazendas, 
Maneiras finas, distintas  Pra fazer conta redonda, 
E romances de adultério.  Entregaram aos lisboetas 
Quem falou francês foi nós.  Que fornecem mantimento 
Às capitanias restantes.
2ª  FASE  -  O  SURREALISTA

  . A  SEGUNDA  BASE  DO TRIPÉ POÉTICO (A MAIS FAMOSA)  SURGE  EM  O


VISIONÁRIO  (1930-3), ONDE MURILO MENDES  DÁ UM  ENORME  SALTO PARA  AS  TÉCNICAS 
DO  SURREALISMO  (ASSOCIAÇÃO  INSÓLITA  ENTRE IDEIAS,  ELEMENTOS  DE SONHO  OU
DO SUBCONSCIENTE. Inicia-se também aqui uma busca desesperada pelo Absoluto, pelo Infinito,
pelo Eterno. Observe-se  a  beleza  plástica  inovadora  presente  em  poemas  como  o  seguinte:

 METADE PÁSSARO
        
“A mulher do fim do mundo
Dá de comer às roseiras,
Dá de beber às estátuas,
Dá de sonhar aos poetas.
A mulher do fim do mundo
Chama a luz com um assobio...”
 (...)
                           3ª  FASE  -  O  MÍSTICO

     . ESSA  OBSESSÃO  PELO  ABSOLUTO  RESULTARÁ  NA  TERCEIRA  FASE,  A  POESIA 
MÍSTICA  DE  TEMPO  E  ETERNIDADE  (1934),  ESCRITO  EM  PARCERIA  COM  JORGE  DE 
LIMA.   Murilo Mendes  sai  de  seu  momento  anterior  ao  fazer  da  busca  religiosa nada mais  do 
que  algo  mais  ousado:  a  sondagem  da  linguagem  mística  e  de  seu aspecto mágico  e  poético:
                                 
                      NOVÍSSIMO JOB
  “Eu fui criado à tua imagem e semelhança.
Mas não me deixaste o poder de multiplicar o pão do pobre,
Nem a neta de Madalena para me amar,
O segredo que faz andar o morto e faz o cego ver.”
 O ESPELHO

O céu investe contra o outro céu.


É terrível pensar que a morte está
Não apenas no fim, mas no princípio
Dos elementos vivos da criação.
Mas quem me vê? Eu mesmo me verei?
Um plano superpõe-se a outro plano, Correspondo a um arquétipo ideal.
O mundo se balança entre dois galhos, Signo de futura realidade sou.
Ondas de terror que vão e voltam,
Luz amarga filtrando destes cílios. A manopla levanta-se pesada,
Atacando a armadura inviolável:
Partiu-se o vidro, incendiou-se o céu.
O filho do século
Murilo Mendes
Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa "Danúbio Azul"
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho forças para gritar um grande grito
Cairei no chão do século vinte
Aguardem-me lá fora
As multidões famintas justiceiras
Sujeitos com gases venenosos
É a hora das barricadas
É a hora da fuzilamento, da raiva maior
Os vivos pedem vingança
Os mortos minerais vegetais pedem vingança
É a hora do protesto geral
É a hora dos voos destruidores
É a hora das barricadas, dos fuzilamentos
Fomes desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de todos os países uni-vos
Fogem a galope os anjos-aviões
Carregando o cálice da esperança
Tempo espaço firmes porque me abandonastes.

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