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Psicologia Jurídica

Prof. Samuel Cabanha


Psicólogo - CRP 08/13777
TIPOS DE TRANSTORNOS
MENTAIS
Esquizofrenia- perseguição e confusão com realidade
(2006- internações)
Depressão- dificuldade da pessoa sentir prazer no que ela
antes gostava de fazer
Transtorno bipolar – ciclos de variação do humor
Neurose- medo, preocupado
Histeria- dissociação e conversão
Pânico- paralisação
Fobia- angústia relacionada à causa específica
TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo – tendência a se
ter pensamentos persistentes
Sinais de Alerta
“O direito à saúde mental é
um direito fundamental do
cidadão, previsto na
Constituição Federal para
assegurar bem-estar mental,
integridade psíquica e pleno
desenvolvimento intelectual e
emocional”.
Sumário

 Análise etimológica;
 A questão cultural;
 Lógica da norma;
 Observatório do anormal;
 Universo das Polaridades do Normal;
 Observatório da Saúde/Doença;
 Observatório dos discursos;
 Racionalidade da Normalidade/Anormalidade;
 Evolução do Conceito de Normalidade;
 Analisador epistêmico;
 Racionalidade do Patológica;
 Análise significante;
 Alucinação: fenómeno normal ou anormal?
 Normal, Anormal e Patológico nas linhas dos tempos e dos espaços;
NORMAL E PATOLÓGICO

Medicina Geral

Neurologia

Sociologia
Rigor no conceito
Psicologia de Normalidade e
Filosofia Anormalidade

Psiquiatria

Antropologia
Segunda
Século XVIII metade do
• Acorrentados • chicotadas, século XX
máquinas giratórias
• Manicômio e sangrias • psiquiatra italiano
Franco Basaglia
• (MTSM) - Luta
Antimanicomial
• Reforma
Idade Média Século XIX Psiquiátrica
QUAL O CONCEITO DE NORMALIDADE EM
PSICOPATOLOGIA?
NORMAL E PATOLÓGICO

É questão de grande controvérsia, sendo


fundamental o questionamento permanente a
aprofundado sobre o que seriam o normal e o
patológico (Almeida Filho, 2000).
Normal = era/é considerado
Desejável/bom

VS.
Anormal = era/é considerado
Indesejável/ruim
O QUE É SAÚDE?
Por milênios, foi entendido como
harmonia, equilíbrio...
E, seu contrário, o desequilíbrio, seria a
doença.
A OMS ampliou o conceito de saúde
para:

Estado de completo bem-estar físico, mental e


social, e não simplesmente ausência de doença ou
enfermidade.
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA
Normalidade como ausência de doença: indivíduo que não é portador de um transtorno mental definido;
(“Ausência de doença”. Saúde é vida no silêncio dos órgãos”) = Critério considerado precário, pois
define a normalidade por aquilo que ela não é.
Normalidade ideal: supostamente “sadio” é socialmente construído; Estabelece-se arbitrariamente uma
norma ideal. Tal norma é socialmente construída por critérios socioculturais e ideológicos arbitrários.
Normalidade estatística: o normal passa a ser aquilo que se observa com mais frequência; Distribuição
estatística na população em geral. Normal é aquilo que aparece com maior frequência. Indivíduos
fora da curva de normalidade são considerados anormais.
Normalidade como bem-estar: Critério adotado pela OMS. Completo bem-estar físico, mental e social,
e não simplesmente ausência de doença ou enfermidade. Passa pelo critério subjetivo do sentir-se bem.
Normalidade funcional: quando não há sofrimento; A patologia está na disfuncionalidade. Enquanto é
funcional não é patológico.
Normalidade como processo: considera-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial;
Considera a psicodinâmica do sujeito. Considera as estruturações, desestruturações, crises e
mudanças. Conceito útil na psicopatologia do desenvolvimento.
Normalidade subjetiva: se dá maior ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo; Conceito falho,
já que muitas pessoas que se sentem felizes/bem apresentam transtornos mentais graves.
Normalidade como liberdade: quando não se está limitado em suas possibilidades existenciais, como
acontece com a doença mental; A doença mental seria a perda da liberdade existencial (conceito
fenomenológico).
Normalidade operacional: define-se “normal” e “patológico” e trabalha-se operacionalmente com estes
conceitos. Critério arbitrário, pois define-se, a priori, o que é considerado normal e o que é
considerado patológico. É o critério utilizado pelos manuais (CID-11 e DSM-5).
Portanto, de modo geral, pode-se concluir que os critérios
de normalidade e de doença em psicopatologia variam
consideravelmente em função dos fenômenos específicos
com os quais se trabalha e, também, de acordo com as
opções filosóficas do profissional ou da instituição,
cultura. É muito importante ter todos os conceitos bem
estabelecidos. Eles não são necessariamente antagônicos,
mas, se complementam.
PSICOPATOLOGIA

vivências

Conjunto de
conhecimentos
sobre o
adoecimento
mental do ser
humano
Padrões Estados
de mentais
comportamento
LIMITES DA CIÊNCIA PSICOPATOLÓGICA

Nunca se pode reduzir por completo o ser humano


a conceitos psicopatológicos!!!

Em todo o indivíduo oculta-se algo que não se


pode conhecer!...
Análise etimológica

 Norma Tipo ideal ou regra, em relação à qual são


formulados juízos de valor.

 Normal Conforme à norma. Regular, ordinário.

 Anormal O que se afasta da norma, anômalo.

 Patológico Estuda a origem dos sintomas e a


natureza das doenças (Gr: Páthos+logos).

Etimologicamente a norma latina corresponde ao esquadro: aquilo que se


mantém num justo meio termo.
NORMAL E PATOLÓGICO

A questão cultural;
A norma e o valor;
A utopia destina-se a combater o
desvio;
A norma não é apenas uma
regularidade estatística, é também
um modelo cultural;
A crise das normas caracteriza o
mundo moderno;
NORMAL E PATOLÓGICO

Norma e cultura
 A norma não é apenas uma
regularidade estatística; é também um
modelo cultural.
 Na modernidade não há ausência de
regras; simplesmente elas circulam cada
vez mais depressa, não dando sequer
tempo às sociedades para as absorver.
NORMAL E PATOLÓGICO

Observatório do anormal
Lagache
 Diferencia, tal como Jaspers, estados nos quais
existe uma ruptura com o passado dos estados em
que a personalidade do paciente se apresenta como
um prolongamento compreensível da personalidade
anterior.

Ribot
 Tem uma visão oposta. A doença apenas refracta
(rompe-quebra) as funções psíquicas, respeitando a
ordem dos elementos naturais.
NORMAL E PATOLÓGICO

Minkowski
 Existe uma hierarquia do adoecer. Na afecção somática não há
ruptura do discurso com o seu semelhante. Na doença mental
autêntica rompe-se este discurso. A alienação ultrapassa o
conceito de doença. No adoecer somático e psíquico descobre-
se uma espécie de superação que emerge da intimidade do
ser.

Leriche
 Tem uma visão diferente. Só há consciência (substantiva) da
vida através da janela da doença. O normal biológico só se
revela por infrações à norma (como acontece na doença).
NORMAL E PATOLÓGICO

Goldstein
 Em matéria de doença a norma é uma regra
individual. Uma média estatística não pode
determinar se um sujeito concreto é normal ou
anormal.

Henri Ey
 A vida corresponde a um movimento potencial de
superação (não distinguindo neste capítulo a
anomalia psíquica da somática). O normal é um
julgamento de valor – é uma noção limite.
NORMAL E PATOLÓGICO

Karl Jaspers
 Desloca a noção de “normalidade” para o polo do
doente. A apreciação que o doente faz do seu estado,
conjugada com as ideias que prevalecem no seu meio
social é que determinam a doença.

Kurt Scnheider
 Distingue o “anormal” psíquico em mórbido e não
mórbido. O conceito de doença (mórbido) é
“estritamente médico”. A enfermidade, propriamente
dita, só existe no somático.

“...designar, sem este fundamento, como mórbidos traços psíquicos ou sociais invulgares, não
possuem senão o significado de uma imagem, e, portanto, carece de valor com respeito ao
conhecimento”.
Normal e Patológico

OBSERVATÓRIO DO NORMAL/ANORMAL

 Lagache: a consciência anormal;


 Jaspers: a questão da compreensibilidade;
 Kurt Shneider: o normal matemático;
 Ribot: a ausência de rupturas;
 Minkowski: a alienação capta-se mais pela intuição do que
pelo saber;
 Goldstein: a norma é uma regra individual, não é estatística;
 Enri Ey: a norma não é um julgamento de realidade, mas
sim de valor;
 Leriche: a saúde corresponde “à vida no silêncio dos
órgãos”.
UNIVERSO DAS POLARIDADES DO NORMAL

Normatividade
Biológica
Meio OMS
Polaridade
Dinâmica Valor Bem Estar
São Organismo
Consciência
Vida
Não São Mal Estar

Homem

Matemática Circunstâncias
Existenciais
Afastado +
Sistema Objectividade
Norma
Afastado -
Ficção Biologia
Subjectividade
Palavra
Sentido
NORMAL E PATOLÓGICO

Observatório do anormal

 A vida é então composta por individualidades


viventes e integradas (biológica, psíquica e
social), ordenadas por e para a morte. (Agra)
NORMAL E PATOLÓGICO

Observatório dos discursos


 Moral: Juízo centrado na conduta normativa do dever e do bem
 Estético: Juízo de apreciação centrada na questão entre o belo e o feio;
 Ético: Juízo de apreciação centrado na questão do bem e do mal;
 Clínico: Juízo centrado na integridade fisiológica e anátomo-patológica;
 Psíquico: Juízo centrado na experiência do sofrimento, prazer e
desprazer;
 Sistêmico: Juízo centrado no equilíbrio dinâmico bioantroposocial;
 Matemático: juízo centrado na normatividade estatística;
 Sociológico: juízo centrado na adaptação do indivíduo ao meio social;
 Forense: juízo centrado nas questões: imputabilidade e
responsabilidade;
 Existencial: juízo centrado nas questões do sentido da vida;
RACIONALIDADE DA NORMALIDADE/ANORMALIDADE

Clínica Clínica OMS Antrop. Antrop


Psicologia Existencial Sistémica
Tempos

Médica
Racional Racional Racional Racional
Racional
Biológico Sofrimento Sentido Vida
Bem-estar

Pessoa

Família

Sociedade

Gerações

Séc. XX Ocidente:
discomunicação
Espaços

Séc.. XX – impõem-se os
critérios sistémicos e O Homem
comunicacionais Sistemas
Total
Bioantroposociais
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE NORMALIDADE
ANALISADOR EPISTÊMICO

TEMPO Medicina Clínica Medicina Mental Medicina Social

Época Clássica Concepção Concepção Concepção


Ontológica Mágica Mítica

Época Medieval Concepção Concepção Concepção


Ontológica Mística Religiosa

Racionalidade Racionalidade
Racionalidade Biológica da Biológica da
Século XIX Biológica Alienação Mental Patologia
Social

Época Atual Concepção Concepção Concepção


Sistémica Sistémica Sistémica

O HOMEM TOTAL
SISTEMAS BIOANTROPOSOCIAIS
Racionalidade do Patológico
Patológico: Na modernidade a lógica sistemática deslocou-se de 1 para
2

Sistema 1
Sistema 2
Espécie
Indivíduo
Hereditariedade
Gênese Evolução Meio

Meio Criação
Mudança

“A doença toma corpo e espírito com o corpo e o espírito do indivíduo, toma forma
com as formas desenhadas para a temporalidade criativa da vida social” (Agra)

Os dispositivos de controlo da doença em geral e da doença mental em particular,


orientam-se muito mais para a saúde do que para o binómio normal – patológico.
NORMAL E PATOLÓGICO

Análise significante

 O “normal” tem 2 sentidos: aquilo que é


como deve ser e aquilo que constitui a
média de uma característica observada.

 Ambiguidade: designa ao mesmo tempo


um fato e um valor.

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