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A NATUREZA DO ESPAÇO – Milton Santos

Pressupostos da obra
–A discussão deve ser sobre espaço e não sobre geografia
–Cada pais tem sua própria forma de pensar a geografia
–Distinção entre conceitos e vocabulário –
–Combate a empiria: o real não é auto explicável

“Um sistema de ideias que seja ao mesmo tempo um ponto de partida para
a apresentação de um sistema descritivo e de um sistema interpretativo da
geografia”

•Proposta conceitual: O espaço como conjunto indissociado de sistemas de


objetos e sistemas de ações.
• O ESPAÇO: SISTEMAS DE OBJETOS, SISTEMAS DE AÇÕES.

1 – Sistema de objetos
• Distinção de objetos (artificiais?) e de coisas (naturais?).
Evolução histórica;
• Mobilidade x imobilidade;
• Essência (possui uma natureza que o distingue dos demais)
existência (pode ser constatado pela consciência);
• Tem objetividade (conceito histórico que o reconhece) -
independência do sujeito – exterioridade em relação ao sujeito;
• Objeto e tempo histórico – condições sociais e técnicas;
• Complexidade em níveis: funcional (qual/quantos usos?) e
estrutural (informação/técnica contida);
• Classificação segundo determinações funcionais: objetos
naturais, objetos técnicos, objetos de design (função não
depende da forma - estimulo) e objetos de arte (apreciação em
função do sujeito).
• Funcionamento sistêmico/validade do conjunto/existência em
correlação/paisagem
• Relações entre lugares – redefinição do meio geográfico.
2 – O objeto geográfico
• O que são objetos para os geógrafos e quais interessam à
geografia?
– Toda herança da historia natural e todo resultado da ação
humana que se objetivou/objetos como sistemas;
– Conjunto de condições características de uma época, mas a
partir do tempo presente;
É possível existir formas não geográficas?
• Leis, costumes, família conduzem a formas geográficas?
• E necessário procurar objetos exclusivamente geográficos?
– O processo social é um todo indivisível: é aprendido a partir de estatutos
epistemológicos
• A abordagem se faz a partir de um ponto de vista, é construção
intelectual;
• Formular um sistema de conceitos que explique o todo e as partes
e sua interação – como constroem o processo social.
.
3 – Sistemas de ações
• Ação: processo dotado de propósito/modifica o meio e o sujeito da
ação;
– Subordinação a normas, formais ou não;
• Períodos: inicial (condição da ação), intermediário, culminante do
processo;
• Diferenciação entre a pratica diária e propósito (longo prazo – O que?
Como fazer);
• Escalas de realização e de comando - decididores x executores)
– Alienação: limitado pela consciência (ausência de conhecimento de como
são as coisas) e corpórea (instrumentos para ação)
• Atualidade: racionalidade local e alheia
• Três ordens de ação: técnica (interações requeridas pela técnica) -
formal (obediência a formalismos) - simbólica (formas afetivas,
rituais, representação).
– Cotidiano: predominância da interação.
• Ação é própria do homem e resulta de necessidades naturais ou
criadas - a natureza é o governo do acaso;
• Fora do espaço não há realização, nada se consuma;
• Por si só os objetos não tem sentido...e as ações não ocorrem sem os
objetos.
• As ações resultam na criação e uso de objetos/formas geográficas.
4. O conceito
“O espaço e formado por um conjunto indissociável, solidário, e
também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações,
não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual
a historia se dá”
• A interação entre os elementos como resultado e como processo.
Noções de espaço em Doreen Massey (Pelo Espaço – Uma Nova Política da Espacialidade. Bertrand Brasil: Rio de
Janeiro, 2008.)
• Importa o modo como pensamos o espaço; o espaço é uma dimensão implícita que molda nossas
cosmologias estruturantes. Ele modula nossos entendimentos do mundo, nossas atitudes frente
aos outros, nossa política. Afeta o modo como entendemos a globalização, como abordamos as
cidades e desenvolvemos e praticamos um sentido de lugar. Se o tempo é a dimensão da
mudança, então o espaço é a dimensão do social: da coexistência contemporânea .
– Primeiro, reconhecemos o espaço como o produto de inter-relações, como sendo
constituído através de interações, desde a imensidão do global até o intimamente pequeno.
– Segundo, compreendemos o espaço como a esfera da possibilidade da existência da
multiplicidade, no sentido da pluralidade contemporânea, como a esfera na qual distintas
trajetórias coexistem; como a esfera, portanto, da coexistência da heterogeneidade. Sem
espaço, não há multiplicidade; sem multiplicidade, não há espaço. Se espaço é, sem dúvida,
o produto de inter-relações, então deve estar baseado na existência da pluralidade.
– Terceiro, reconhecemos o espaço como estando sempre em construção. Precisamente
porque o espaço, é um produto de relações-entre, relações que estão, necessariamente,
embutidas em práticas materiais que devem ser efetivadas, ele está sempre no processo de
fazer-se, jamais está acabado, nunca está fechado. Talvez pudéssemos imaginar o espaço
como uma simultaneidade de estórias-até-agora.
•  O espaço nunca pode ser definitivamente purificado. Se o espaço é a esfera da multiplicidade, o
produto das relações sociais, e essas relações são práticas materiais efetivas, e sempre em
processo, então o espaço não pode nunca ser fechado, sempre haverá resultados não previstos,
relações além, elementos potenciais de acaso.
• Nem o espaço nem o lugar podem fornecer um refúgio em relação ao mundo. Se o tempo nos
apresenta as oportunidades de mudança e o terror da morte, então o espaço nos apresenta o
social em seu mais amplo sentido: o desafio de nossa inter-relacionalidade constitutiva — e,
assim, a nossa implicação coletiva nos resultados dessa interrelacionalidade, a
contemporaneidade de uma multiplicidade de outros, humanos e não-humanos, em processo, e o
projeto sempre específico e em processo das práticas através das quais essa sociabilidade está
sendo configurada.

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