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INSTRUMENTOS LÓGICOS DO

DISCURSO
Lógica – Ciência dos LOGOS

(palavra, discurso, pensamento, razão)

Estuda as leis e regras estruturadoras da coerência do


pensamento e do discurso

O objeto da lógica é o discurso, que exprime juízos, que


formam raciocínios.
Validade x Verdade

Estrutura x Conteúdo
 Mulheres são mortais
 Fátima é mulher
 Logo, Fátima é mortal
 Mulheres são roxas
 Fátima é mulher
 Logo, Fátima é roxa
 Validade Verdade Formal
 Verdade Verdade Material

 Lógica material ou informal


 Lógica formal
Instrumentos lógicos do

discurso
Conceito

Ideia ou representação mental abstrata que reúne as características


comuns de uma classe de objetos.

 Casa, branco, alto, morador

 Juízo

Relação entre conceitos

 A casa é branca

 Raciocínio

Relação entre juízos

 Se Jõao mora naquela casa é um homem afortunado; ora, João não é


um homem afortunado, logo não mora naquela casa.
Conceito x Termo
 Termo
 Palavras e expressões, signo linguístico -
expressa verbalmente o conceito

 Conceito
 Significado do termo;

 Conceito é a apreensão da essência, isto é, das


características determinantes de um objeto.
Juízo x Proposição
 O juízo é o resultado da relação entre conceitos.

 A proposição é a expressão verbal do juízo. É uma


frase declarativa que enuncia os juízos;
 Consiste em três elementos:

 Sujeito – elemento do qual se afirma algo;

 Predicado – é o que se afirma do sujeito;

 Cópula – ligação entre sujeito e o predicado.


Conceito

 Extensão (denotação)
 Número de objetos compreendidos
 Compreensão (intenção)
 Qualidades específicas
Quantidade e Qualidade das
Proposições
A – universais afirmativas
Todo o S é P
E – universais negativas
Nenhum S é P
I – particulares afirmativas
Algum S é P
O – particulares negativas
Algum S não é P
Oposição de proposições
Oposição de proposições

 Contrárias
 são duas proposições universais que apenas diferem na
qualidade:
 "Todos os homens são mortais" (A);
 "Nenhum homem é mortal" (E).

 Duas contrárias não podem ser verdadeiras


simultaneamente, mas podem ser ambas
falsas.
 “Todos os homens são chineses”
 “Nenhum homem é chinês.”
Oposição de proposições

 Subcontrárias
 São duas proposições particulares que apenas
diferem na qualidade:
 "Alguns animais aquáticos são mamíferos" (I);
 "Alguns animais aquáticos não são mamíferos" (O).

 Duas proposições subcontrárias podem ser


verdadeiras simultaneamente; todavia, se
uma é falsa, a outra é verdadeira.
Oposição de proposições
 Subalternas
 São duas proposições que apenas diferem na quantidade:
 "Todos os homens são mortais" (A) e
 "Alguns homens são mortais" (I); ou

 "Nenhum homem é mortal" (E) e


 "Alguns homens não são mortais" (O).

 Sempre que a universal for verdadeira, a particular também o será;


 Se a universal for falsa, a particular pode ser verdadeira ou falsa.
 Quando a particular for falsa, a universal também será
necessariamente falsa;
 Quando a particular for verdadeira, o valor da universal poderá ser
verdadeiro ou falso.
Oposição de proposições
 Contraditórias
 São proposições que diferem simultaneamente em
qualidade e em quantidade:

 "Todos os homens são mortais" (A)


 "Alguns homens não são mortais" (O);

 "Nenhum filósofo é louco" (E)


 "Alguns filósofos são loucos" (I)

 Duas proposições contraditórias não podem ser


simultaneamente verdadeiras ou falsas; se uma é
verdadeira, a outra é falsa, e vice-versa.
Inferências

 No momento em que a mulher descobre


marcas de baton desconhecido no colarinho
do marido, produz-se (entre outras coisas) a
inferência.

 Inferência é o movimento do pensamento


que liga a(s) premissa(s) à conclusão
Premissas x Conclusão

 No argumento as premissas são as proposições


que suportam a conclusão;

 A conclusão é a proposição que decorre das


premissas.
Argumento x Raciocínio

 Raciocínio é o resultado da relação lógica


entre juízos.

 Argumento é a expressão verbal do


raciocínio;
 É constituído por premissa(s) e conclusão.
Argumento (exemplo)

Todos os filósofos são sábios.


 (1.ª premissa)

Alguns gregos são filósofos.


 (2.ª premissa)

Portanto alguns gregos são sábios.


 (conclusão)
Argumento Válido

Um argumento válido é aquele em que a


conclusão decorre necessariamente das
premissas. Assim, num argumento válido
sempre que as premissas são verdadeiras a
conclusão também o é, necessariamente.
Argumento Válido
Lógica Informal: Argumentos.
Identificação
 Um argumento ocorre só quando sepretende
provar uma conclusão a partir de um conjunto de
premissas.

Esse propósito geralmente é expresso pelo uso de


indicadores de inferência.

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência
INDICADORES DE CONCLUSÃO INDICADORES DE PREMISSA
Expressões que assinalam Expressões que assinalam
que a sentença que os que a sentença que os
contém é uma conclusão. contém é uma premissa.

Portanto, Por isso, Assim, Pois, Desde que, Como,


Dessa maneira, Neste Porque, Assumindo que,
caso, Daí, Logo, De modo Visto que, Admitindo que,
que, Então, Assim sendo, Em vista de, Dado que,
Podemos deduzir que, ... Supondo que, ...
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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência
 Indicador de conclusão entre duas sentenças: indica que
a primeira é premissa e a segunda conclusão

Ex: Ele não está em casa, portanto, ele foi pescar.

 Indicador de premissa entre duas sentenças: indica que a


primeira é conclusão e a segunda premissa.

Ex: Ele não está em casa pois ele foi pescar.


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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência
 Indicador de conclusão no início de uma sentença: indica que a
sentença é conclusão das premissas anteriores.

Ex: É verão e Amanhã é feriado. Portanto, vou à praia

 Indicador de premissa no início de uma sentença composta de


duas sentenças: indica que a primeira é premissa e a segunda
conclusão.

Ex: Desde que uma frente fria está a caminho, é provável que chova

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Exercícios

 "O composto ouro-argônio, provavelmente, não


é produzido no laboratório, muito menos na
natureza, desde que é difícil fazer o argônio
reagir com qualquer outra coisa e desde que o
ouro, também, forma poucos compostos."

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Lógica Informal: Argumentos
(Exercícios)
 Exercícios: Identificar as premissas [ ] e a
conclusão ( ) dos argumentos:

 1) Ele é Leão, pois nasceu na 1ª semana de


agosto.

 (Ele é Leão), pois [nasceu na 1ª semana de


agosto].

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Lógica Informal: Argumentos
(Exercícios)
 2) A economia não pode ser melhorada desde
que o déficit comercial está crescendo todo
dia.

 (A economia não pode ser melhorada) desde


que [o déficit comercial está crescendo todo
dia].

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Lógica Informal: Argumentos
(Exercícios)

3. Como o filme ainda não acabou eu não quero


ir para cama.

Sol:
Como [o filme ainda não acabou,] (eu
não quero ir para cama).

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Exercícios
Solução:
“ (O composto ouro-argônio, provavel-mente,
não é produzido no laboratório, muito menos na
natureza), desde que [é difícil fazer o argônio
reagir com qualquer outra coisa] e desde que [o
ouro, também, forma poucos compostos]."

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Exercícios

 "A inflação tem caído consideravelmente,


enquanto as taxas de juros tem permanecido
altas. Portanto, em termos reais, o empréstimo
tornou-se mais caro desde que nessas condições,
o dinheiro emprestado não pode ser pago em
reais desvalorizados."

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Exercícios
Solução:
"[A inflação tem caído consideravelmente,
enquanto as taxas de juros tem permanecido
altas]. Portanto, (em termos reais, o empréstimo
tornou-se mais caro) desde que [nessas
condições, o dinheiro emprestado não pode ser
pago em reais desvalorizados]. "

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência:
 Para reconhecer se uma expressão é indicador de
inferência, é necessário analisar o contexto:

Ex. Passaram-se 6 anos desde que fomos à França.


Revela a duração de tempo, não uma inferência

Ex. Ele estava zangado e ficou assim por vários dias.


Significa nessa condição e não "portanto".

34
Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência:

 Muitas vezes os argumentos não apresentam


indicadores de inferência. Nesses casos, é
necessário uma análise mais rigorosa do contexto
para entender as intenções do autor

35
Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Podem estar ausentes

Exemplo:
"Al Capone foi imprudente. Se ele não fosse
imprudente, o IRS jamais teria conseguido
condená-lo por sonegar o imposto de renda.“

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Podem estar ausentes
Ex.: “ 1(Al Capone foi imprudente). 2[Se ele não fosse
imprudente, o IRS jamais teria conseguido
condená-lo por sonegar o imposto de renda.]“

 Reescrevendo na forma padrão:


• Se Al Capone não fosse imprudente, o IRS
jamais teria conseguido condená-lo por
sonegar o imposto de renda.
◊ Al Capone foi imprudente.

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Podem estar ausentes

Exemplo:
"Os defensores do aborto são hipócritas. Eles,
continuamente, contestam em altos brados a
execução de criminosos ou a destruição de nossos
inimigos. Mas eles nada vêem de errado com o
assassinato de crianças inocentes."

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Podem estar ausentes
Ex.: "1(Os defensores do aborto são hipócritas). 2[Eles,
continuamente, contestam em altos brados a execução de
criminosos ou a destruição de nossos inimigos]. 3[Mas eles
nada vêem de errado com o assassinato de crianças
inocentes.]"

Reescrevendo na forma padrão:


• Os defensores do aborto, continuamente, contestam
em altos brados a execução de criminosos ou a
destruição de nossos inimigos.
• Eles nada vêem de errado com o assassinato de
crianças inocentes.
◊ Os defensores de aborto são hipócritas. 39
Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Podem estar ausentes

Exemplo:
"Você não precisa se preocupar com
temperaturas abaixo de zero, em junho, mesmo
nos picos mais altos. Nunca faz frio nos meses de
verão e portanto provavelmente nunca ocorrerá."

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Lógica Informal: Argumentos.
Indicadores de Inferência: Podem estar ausentes
Ex.: "1(Você não precisa se preocupar com temperaturas abaixo de
zero, em junho, mesmo nos picos mais altos). 2[Nunca faz frio
nos meses de verão] e portanto 3[provavelmente nunca
ocorrerá]."

 Reescrevendo na forma padrão:


• Nunca ocorreu temperatura abaixo de zero, mesmo
nos picos mais altos, nos meses de verão.
◊ Provavelmente nunca ocorrerá.
◊ Você não precisa se preocupar com temperaturas
abaixo de zero, em junho, mesmo nos picos mais
altos.
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Avaliação de um Argumento

 Principal propósito de um argumento:


 Demonstrar que uma conclusão é provável ou
verdadeira.

 Como avaliar que um argumento atinge ou não


esse propósito? (Se ele é válido?)

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Avaliação de um Argumento

 Critérios usados para avaliar um argumento:


 Se todas as premissas são verdadeiras;
 Se, dada a verdade das premissas, a conclusão é
ao menos provável;
 Se as premissas são relevantes para a conclusão;
 Se o argumento é indutivo e sua conclusão é
duvidosa.

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Avaliação de um Argumento
Verdade das Premissas;

 Exercício:
. Existem muitas civilizações extraterrestres.
. Muitas dessas civilizaçõesproduzem sinais
eletromagnéticos fortes suficientes para serem
detectados na terra.
. Logo, os terrestres detectam sinais gerados por
extraterrestres.

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Avaliação de um Argumento
Relevância das Premissas;
 Nem todo argumento com premissas verdadeiras e
probabilidade alta é um bom argumento.

 Uma conclusão pode ser provável ou indiscutível,


ainda que as premissas sejam irrelevantes.

Exemplo: Argumento dedutivo com premissas


irrelevantes.

. Uma semana tem sete dias.


. Um mês tem 32 dias.
. Logo, Hoje é quarta-feira ou hoje não é quarta-feira
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Avaliação de um Argumento
Relevância das Premissas;
 Qualquer argumento com premissas contraditórias é
dedutivo. Isso segue da definição de dedução.

Exemplo: Argumento dedutivo com premissas


irrelevantes, pois são contraditórias.

. O Brasil é hexa.
. O Brasil não é hexa.
. Logo, a terra é quadrada.

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos

 Os argumentos podem ser classificados em duas


categorias:
 Argumento dedutivo
 Argumento cuja conclusão deve ser verdadeira se suas
premissas forem verdadeiras.
Em outras palavras - um argumento é dedutivo quando: “se
as premissas forem verdadeiras é impossível que a
conclusão seja falsa”.

 Argumento indutivo
 A conclusão não é necessária, dada a verdade das premissas.

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos

 Se chove molha a rua.


Está chovendo. it vo
d u
A rua está molhada. De

 Se chove molha a rua. vo


t i
A rua está molhada. d u
In
Está chovendo

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos.
Exercícios: Dedutivo ou Indutivo?

 1)
. Não há registros de seres humanos com mais de 5
metros de altura.
 Nunca tivemos um ser humano com mais de 5 metros
de altura.

 2)
. Alguns porcos tem asas
. Todas as coisas aladas gorjeiam
 Alguns porcos gorjeiam
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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos.
Exercícios: Dedutivo ou Indutivo?

 3)
. Se houver uma guerra nuclear, a civilização será destruída.
. Haverá uma guerra nuclear
◊ A civilização será destruída por uma guerra nuclear.

 4)
. O cloreto de potássio é, quimicamente, muito similar ao sal de
cozinha (cloreto de sódio).
◊ O Cloreto de potássio tem sabor igual ao do sal de cozinha.

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos.
Probabilidade Indutiva

 Os conceitos de argumento dedutivo e indutivo são


independentes da real veracidade ou falsidade das premissas e
conclusão.

 A probabilidade de uma conclusão dado um conjunto de


premissas básicas chama-se probabilidade indutiva.

 A probabilidade indutiva de um argumento dedutivo é igual a 1.

 A probabilidade indutiva de um argumento indutivo é menor


que 1.

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivo

 Quando a probabilidade indutiva de um argumento indutivo


é alta dizemos que ele é fortemente indutivo.

 Os argumentos indutivos são vulneráveis à nova evidência.


Os dedutivos não.
Exemplo:Argumento Fortemente Indutivo

. Pouquíssimos franceses sabem sambar.


. Jean é francês.
. Logo, Jean não sabe sambar.

E se acrescentarmos uma nova premissa: Jean foi criado no


Morro da Mangueira, R.J. ? Indutivo Fraco
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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivo

 Um argumento dedutivo no qual todas as


premissas básicas são verdadeiras dizemos que
é um argumento correto.

 Um argumento correto estabelece com certeza


que sua conclusão é verdadeira.

53
Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos

 Tradicionalmente o termo dedutivo inclui qualquer


argumento que tenciona que a conclusão seja
verdadeira dada a verdade das premissas. Neste
sentido, diferencia-se os argumentos em Válidos e
Inválidos

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos.
Exemplos

1) . Todo homem é mortal


. Sócrates é um homem it vo
d u
 Sócrates é mortal De

2) . Freqüentemente quando chove fica nublado


. Está chovendo
 Está nublado it vo
d u
In
55
Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos

 A lógica Clássica é Dedutiva. Está interessada em, a partir de


proposições supostamente verdadeiras, atingir conclusões
verdadeiras.

 Na vida real, nem sempre temos esse tipo de garantia. Muitas


vezes raciocinamos por analogia, ou usando probabilidade.

Exemplo:

A vacina funcionou bem nos ratos.


A vacina funcionou bem nos macacos.
Logo, vai funcionar bem nos humanos.
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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos

 Surge espaço para a Lógica Indutiva, a qual trabalha


com argumentos indutivos: sendo as premissas
verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira.

 O problema é: qual o grau de probabilidade para que


um argumento indutivo seja considerado Forte, ou
Fraco? Qual deve ser o limite para diferencia-los?

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos

 As vezes, quando chove fica nublado


Está chovendo c o
ra
F
Está nublado
i vo
u t
n d
I
 A maioria das vezes, quando chove fica nublado
Está chovendo
Está nublado
rte
F o
i vo
ut
d
In 58
Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos.
Exercícios

 Avalie os argumentos que seguem:

1)
. Todos tem um e um só pai biológico.
. Os irmãos tem o mesmo pai biológico.
. Ninguém é pai biológico de si mesmo.
Não há pai biológico que seja também seu irmão.

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Argumentos Dedutivo e Argumentos Indutivos.
Exercícios

 2)
. Os visitantes da china quase nunca contraem malária no país.
. José está visitando a China.
José não contrairá malária na China.
 3)
. Eu sonho com monstros.
. Meu irmão sonha também com monstros.
 Todas as pessoas sonham com monstros.

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