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FATO TÍPICO

CONCEITO
Ação ou omissão humana (somente pessoas) antissocial
que, norteada pelo princípio da intervenção mínima,
consiste numa conduta produtora de um resultado que
se submete a um modelo de conduta proibida pelo
Direito Penal, seja crime ou contravenção penal.
Assim são seus elementos:
1. conduta;
2. nexo causal;
3. resultado;
4. tipicidade
CONDUTA
É um dos elementos do fato típico e, uma vez
ausente, não se pode falar em crime (“nullum
crimen sine conducta”).
TEORIAS EXISTENTES

1. causalista;
2. neokantista;
3. finalista;
4. social da ação;
TEORIA CAUSALISTA
CAUSALISMO
CRIME É ato voluntário contrário ao Direito,culpável e sancionado com
uma pena
ESTRUTURA DO Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade
CRIME
FATO TÍPICO A ação integra o fato típico e é definida como movimento
corporal voluntário que causa modificação no mundo exterior. É
elemento objetivo, não admitindo qualquer valoração.
ANTIJURIDICIDADE Elemento objetivo. É a conduta típica sobre a qual não incide
nenhuma causa justificação (valoração objetiva de um fato
natural)
CULPABILIDADE Elemento subjetivo. Constituída por dolo e culpa. (suas
espécies), além da imputabilidade (culpabilidade psicológica –
valoração psicológica do autor do fato)

CRÍTICAS Desconsidera que toda ação humana é dirigida a uma finalidade;


não explica de maneira adequada os crimes omissivos, formais e
de mera conduta; desconsidera os elementos normativos e os
elementos subjetivos do tipo
TEORIA NEOKANTIANA
NEOKANTISMO

CRIME Adota o conceito de delito do naturalismo,agregando ao tipo


dados valorativos
ESTRUTURA DO Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade
CRIME

FATO TÍPICO Ao invés de ação, prefere-se comportamento (abrangendo


omissão), não mais neutra, expressando uma valoração
expressiva da lei
ANTIJURIDICIDADE Deixa de ser puramente formal, exigindo danosidade social
(antijuridicidade material)
CULPABILIDADE Deixa de ser psicológica e passa a ser psicológica-normativa (dela
faz parte a exigibilidade de conduta diversa) Passa a ser também
um juízo de cesura
CRÍTICAS Partindo de conceitos naturalistas, ficou contraditória quando
reconheceu elementos normativos e subjetivos no tipo
TEORIA FINALISTA
FINALISMO

CRIME É o comportamento humano voluntário dirigido a uma


finalidade, antijurídico e reprovável
ESTRUTURA DO CRIME Fato típico + Antijuiridicidade + Culpabilidade

FATO TÍPICO A ação deixa de ser concebida com mero processo casual
(mero movimento corporal, cego) para enfocada como
exercício de uma atividade finalista (exercício vidente). O
dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico
(elementos da conduta)
ANTIJURIDICIDADE Contrariedade do fato a todo o ordenamento jurídico
(desvalor da conduta – análise subjetiva)
CULPABILIDADE Passa a ser norma pura, acrescida da potencial consciência
da ilicitude
CRÍTICAS A finalidade não explica os crimes culposos (sendo frágil,
também nos crimes omissivos). A teoria se centralizou no
desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado
TEORIA SOCIALDA AÇÃO
TEORIA SOCIAL DA AÇÃO

CRIME É o comportamento humano voluntário dirigido a uma


finalidade socialmente reprovável, antijurídico e reprovável

ESTRUTURA DO CRIME Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade

FATO TÍPICO Adota-se a estrutura do finalismo, mas acrescenta-se a


noção da relevância social da ação

ANTIJURIDICIDADE Contrariedade do fato a todo ordenamento jurídico


(desvalor da conduta – análise subjetiva)

CULPABILIDADE Identifica-se com a estrutura do FINALISMO, mas inclui a


nova análise do dolo e da culpa

CRÍTICAS Vagueza do conceito de “relevância social”


TEORIAS FUNCIONALISTA
Assim são chamadas porque o Direito Penal tem
a “missão” e seus institutos são
compreendidos de acordo com ela.
Assim são chamadas na medida em que
constroem o Direito Penal a partir da função
que lhe é conferida.
Desse modo,para essas teorias, a “conduta”
deve ser compreendida de acordo com a
missão conferida ao Direito Penal.
São duas:
1. Funcionalismo teleológico, dualista,
moderado ou da Política Criminal: parte da
premissa de que o Direito Penal tem a missão
de proteger os bens jurídicos.
A conduta é comportamento humano
voluntário,causador de relevante e
intolerável lesão do bem jurídico tutelado
pela norma penal.
Crime é composto de: fato típico +
antijuridicidade + responsabilidade. A
culpabilidade não integra o elemento crime.
Para esta teoria a responsabilidade é integrada
por:
a)imputabilidade;
b) Potencial consciência da ilicitude;
c) Exigibilidade de conduta diversa;
d) Necessidade de pena.

A crítica foi a troca da culpabilidade pela


responsabilidade (reprovabilidade)
2. Funcionalismo radical, sistêmico ou monista:
Para esta teoria é necessária uma higidez nas normas para
assegurar a regulação das relações sociais. Caso haja a
frustração na obediência à norma pela conduta, impõe-se
a sanção penal, visto que sua missão é assegurar a
vigência do sistema.
Neste caso, conduta é considerada como comportamento
humano voluntário causador de um resultado evitável.,
violador do sistema e que frustra a expectativa normativa.
Dolo e culpa permanecem no fato típico.
Crime é fato típico + antijurídico + culpável, ou seja, a
culpabilidade tem como elementos: a) imputabilidade,
potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de
conduta diversa.
DIREITO PENAL DO INIMIGO
Teve sua origem pela teoria do funcionalismo
radical, sistêmico ou monista.
Trata do indivíduo infiel ao sistema criado para
ser harmônico.
E o inimigo do sistema é o terrorista,o traficante
de drogas, de armas, de seres humanos, etc.
Características do direito penal do inimigo
1. Antecipação da punibilidade com a tipificação de
atos preparatórios;
2. Condutas descritas em tipos de mera conduta e de
perigo abstrato (flexibilizando o princípio da
ofensividade);
3. Descrição vaga dos crimes e das penas (flexibilização
do princípio da legalidade);
4. Surgimento das chamadas “leis de luta ou de
combate”;
5. Endurecimento da execução da pena;
6. Restrições das garantias penais e processuais
A CONDUTA NAS DIVERSAS TEORIAS
TEORIA CAUSALISTA Conduta é um movimento corporal (ação) voluntário que
produz uma modificação no mundo exterior perceptível
pelos sentidos
TEORIA NEOKANTISTA Conduta é um comportamento (ação ou omissão)
voluntário que produz uma modificação no mundo exterior
perceptível pelos sentidos
TEORIA FINALISTA Conduta é um comportamento humano voluntário
psiquicamente dirigido a um fim

TEORIA SOCIAL DA Conduta é um comportamento humano voluntário


AÇÃO psiquicamente dirigido a um fim socialmente reprovável

FUNCIONALISMO Conduta aparece com comportamento humano voluntário,


MODERADO causador de relevante e intolerável lesão ao bem jurídico
tutelado pela norma penal
FUNCIONALISMO Conduta é comportamento humano voluntário, causador
RADICAL de um resultado evitável,violador do sistema
CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS DA
CONDUTA
Trata-se de “movimento humano voluntário”,
independente da teoria adotada. Somente o ser
humano realiza a conduta. Animais podem ser
utilizado como instrumentos.

Ela deve ser “voluntária”, sempre! Se o comportamento


praticado pelo agente não for precedido de
“vontade”, mesmo sendo previsto no tipo penal, não
haverá conduta, logo não haverá fato típico
e,portanto,não haverá crime.
OBS: a simples “cogitação” (pensamento não
exteriorizado) não é crime.
ELEMENTOS DA CONDUTA

1. Comportamento voluntário (sempre dirigido a


um fim):
1.1. nos crimes dolosos é a intenção de causar ou
de assumir o risco de causar a lesão ao bem
juridicamente protegido ou sua exposição a
perigo;
1.2. nos crimes culposos a finalidade é a de
praticar um ato cujo o resultado previsível seja
capaz de causar lesão ao bem jurídico.
2. Exteriorização da vontade: é a ação ou omissão
capaz de exteriorizar o elemento psíquico.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA

1. Caso fortuito ou de força maior:


Está no Cód. Civil:
“Art. 393. O devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por
eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força
maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir”.
A diferença entre os dois são:
Caso fortuito: É o evento proveniente de ato
humano, imprevisível e inevitável, que impede
o cumprimento de uma obrigação, tais como:
a greve, a guerra etc.
Força maior: Não se confunde com caso fortuito,
que é um evento previsível ou imprevisível,
porém inevitável, decorrente das forças da
natureza, como o raio, a tempestade etc
2. Involuntariedade: é a ausência de capacidade
por parte do agente, de dirigir a conduta de
acordo com uma finalidade predeterminada.

São casos de involuntariedade:


a) Estado de inconsciência completa,como o
sonambulismo e a hipnose;
b) Movimentos reflexos: nestes o movimento é
apenas sintoma de reação automática de
organismo a um estímulo externo, desprovido,
portanto, de elementos anímicos (da alma,
animados) por parte do agente.
3. Coação moral irresistível (vis absoluta): ocorre na
hipóteses em que o agente,em razão de força física
externa,é impossibilitado de determinar seus
movimentos de acordo com sua vontade.
A exemplo, obrigar fisicamente o coacto a amarrar e
imobilizar o aviador, impedindo-o de administrar e
coordenar o avião. Já na coação moral irresistível,
existe uma vontade, entretanto é uma vontade
viciada.
Nessa situação, o coacto tem duas opções: ou subtrai o
dinheiro da agência ou aceita a morte de seu filho.
Portanto, não existe a possibilidade de exigir uma
conduta diversa, excluindo a culpabilidade.
CUIDADO !!!!!
Não confundir coação física irresistível com coação moral irresistível:
Na Coação física existe uma total exclusão da vontade do agente, ou seja, este é
forçado a praticar um ato contra a sua vontade, por meio de uma violência a
sua integridade física. A sua responsabilidade penal será excluída e não haverá
Tipicidade, pois como vimos a sua vontade foi totalmente eliminada não
respondendo assim pelo ato praticado. Um exemplo clássico é o do gerente
bancário, que acaba por colocar suas digitais do cofre da agência, pois está
sendo coagido fisicamente pelo assaltante.
Na Coação Moral Irresistível a vontade do agente não é eliminada, mas viciada.
Nesse caso, o agente foi moralmente constrangido na prática da infração.
Como exemplo: a mãe que é coagida a subtrair uma bolsa pelo indivíduo que
ameaça o seu filho de morte, caso esta não venha a realizar a conduta
(subtrair a bolsa de um terceiro), seu filho será morto. Portanto, deve-se
observar não o terreno da tipicidade nessa situação, mas o da culpabilidade
na conduta diversa inexigível. A mãe poderia ter outra conduta a não ser
subtrair a bolsa? A resposta é não. Ou ela praticava o ato ou seu filho
morreria. Assim, entende-se que a Coação Moral Irresistível exclui a
Culpabilidade por conduta diversa inexigível.
Coação Física # Coação Moral

COAÇÃO FÍSICA COAÇÃO MORAL

Força física externa impossibilitando o Grave ameaça, retirando do coagido a


coagido de praticar movimentos de liberdade de escolha. Pratica a conduta
acordo com sua vontade. É conduzido com a vontade viciada.
sem vontade!
Se irresistível, exclui a conduta Se irresistível,há conduta, mas,não livre,
excluindo a culpabilidade.
Efeitos da exclusão da culpabilidade
a excludente de culpabilidade corresponde à ausência
de cada um desses elementos –
ou seja, imputabilidade, ausência de potencial
consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta
diversa.
Isso ocorre quando o sujeito:
apresenta doença, desenvolvimento incompleto ou
retardo mental (art. 26, CP);
menoridade penal (art. 27, CP); ou
apresenta estado de embriaguez completa, desde que
por razão fortuita ou força maior (art. 28, II, § 1º, CP).
FORMAS DE CONDUTA
Trata-se de analisar o elemento subjetivo do
tipo, ou seja, se a conduta é:
1. dolosa;
2. Culposa;
3. Preterdolosa;
4. comissiva (ação);
5. omissiva (omissão).
QUANTO À VOLUNTARIEDADE DO
AGENTE
1. Do crime doloso: dispõe o art. 18, inciso, I do CP:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu
o risco de produzi-lo;
Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa
ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.
Logo, dolo é “a deliberação de violar a lei, por
ação ou omissão, com pleno conhecimento da
criminalidade do que se está fazendo”.

Trata-se da vontade perniciosa, direta ou


eventual, de provocar na vítima um resultado
lesivo.
Isso significa que é um componente subjetivo da
conduta (no íntimo do agente) pertencente ao
fato típico, formado por dois elementos
a) volitivo: é a vontade de praticar a conduta
prescrita na norma, representadas pelo verbo
“querer” e “aceitar” (este último significa
assumir os riscos de);
b) Intelectivo: traduzido na consciência da
conduta e do resultado
TEORIAS DO DOLO
1. Teoria da vontade: é a vontade consciente de querer
praticar a infração penal;
2. Teoria da representação: ocorre quando o agente
tem a previsão do resultado como possível e, mesmo
assim, ele continua prosseguindo na conduta
3. Teoria do consentimento (ou do assentimento):
ocorre quando o agente tem a previsão do resultado
como possível e, mesmo assim, ele continua
prosseguindo na conduta, assumindo o risco de
produzir o resultado (dolo eventual).
Teorias adotadas no Direito Penal Brasileiro

ART. 18, do CP. DOLO TEORIA


Diz-se crime doloso:

Quando o agente quis o Direito Da vontade


resultado

Ou assumiu o risco de Indireto, da espécie Assentimento


produzi-lo eventual
Espécies de dolo
1. Dolo natural, ou neutro: é aquele componente
da conduta, adotado pela teoria finalista. O
dolo pressupõe apenas consciência e vontade;
2. Dolo normativo ou híbrido (teoria neoclássica
e neokantista): integra a culpabilidade (está
fora da conduta) trazendo a par dos elementos
de consciência e vontade, também a
consciência atual da ilicitude,elemento
normativo que o diferencia do dolo natural
3. Dolo direto ou determinado: vontade
consciente de praticar uma conduta para
alcançar um resultado pretendido (teoria da
vontade).
4. Dolo indireto ou indeterminado: dividido em
outras duas espécies, o dolo alternativo e dolo
eventual.
5. Dolo indireto ou indeterminado: dividido em
outras duas espécies, o dolo alternativo e dolo
eventual.
5.1. Dolo alternativo: vontade consciente de
praticar uma conduta para alcançar qualquer
um dos resultados previstos.
5.2. Dolo eventual: vontade consciente de
praticar uma conduta assumindo o risco de
alcançar um resultado previsto, em relação ao
qual se é indiferente.
6. Dolo cumulativo: vontade consciente de praticar duas ou
mais condutas para alcançar dois ou mais resultados
pretendidos. Pode-se dizer que se trata de dolo direto
acumulado. No dolo cumulativo há mais de um dolo
(vontades), manifestados de forma sequencial e sob o
mesmo bem jurídico.
Assim, pode-se dizer que o dolo cumulativo é um conjunto
de dolos, manifestados de forma sequencial.
É o que ocorre na progressão criminosa, configurada quando
o agente deseja inicialmente produzir um resultado e,
após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua agressão,
produzindo lesão mais grave sob o mesmo bem jurídico.
Neste caso, o resultado mais grave absorve o resultado
menos grave. Responde pelo dolo do resultado mais grave
(princípio da subsunção)
7. Dolo de dano: vontade consciente de praticar uma
conduta para causar um dano a um bem jurídico tutelado.
8. Dolo de perigo: vontade consciente de praticar uma
conduta para causar um perigo de dano a um bem jurídico
tutelado.
9. Dolo antecedente, concomitante e subsequente: o dolo
antecedente é anterior à conduta, e não é punível (com
exceção ao caso de embriaguez preordenada); o dolo
concomitante é contemporâneo à conduta, e é punível; por
fim, o dolo subsequente é posterior à conduta, e, como o
dolo antecedente, não é punível.
10. Dolo de segundo grau: é a vontade consciente de aceitar a produção de
outro resultado que é consequência inevitável da conduta que se pratica para
alcançar o resultado principal.

O dolo de segundo grau refere-se a um resultado não diretamente querido, mas


tido como certo e necessário. Entre o agente e o seu fim mostra-se necessário
realizar outros eventos, não diretamente queridos, mas imprescindíveis.
Diferente do dolo eventual, no dolo de segundo grau o agente não assume o
risco do resultado tido como consequência do objetivo principal, mas sim o
tem como certo e necessário. O dolo de segundo grau se aproxima muito mais
do dolo direto, pois o agente prevê o resultado e o entende como necessário
para atingir o objetivo maior, com o resultado principal.

Tanto no dolo de segundo grau como no dolo eventual, o agente não quer
diretamente o resultado, todavia, no eventual, ele é indiferente à sua
produção, que pode ocorrer ou não, no de segundo grau, ele sabe que vai
ocorrer e o tem como certo e indispensável.
11. Dolo de propósito: é a vontade livre e
consciente que já existia antes da prática da
conduta, e que permaneceu durante a prática
(é o dolo antecedente que se torna
concomitante).
12. Dolo de ímpeto: é a vontade livre e
consciente que somente surge no momento
da prática da conduta (é o dolo
exclusivamente concomitante). De acordo
com a doutrina, o ímpeto pode atenuar a
pena.
13. Dolo específico:O dolo específico está presente
nos tipos penais incongruentes, objeto do nosso
descomplicando há alguns dias. O tipo penal
incongruente é aquele que exige além do dolo
genérico uma intenção especial, um requisito
subjetivo transcendental;
14. Dolo genérico: Dolo genérico : o agente tem
vontade de realizar a conduta descrita no tipo sem
finalidade específica. Ex.: o homicídio – ele se
contenta com a vontade de matar. 
Fases da conduta dolosa
Apresenta duas fases:
1. A fase interna se resume ao pensamento do
agente. Esta composta em:
1.1. representação e antecipação do resultado;
1.2. eleição dos meios pelos quais a conduta se
desenvolverá;
1.3. avaliação dos efeitos decorrentes da conduta,
sejam elas colaterais ou concomitantes dos
meios escolhidos
Fase interna da conduta
1. O agente decide a respeito do crime que irá
cometer, para tanto antecipa mentalmente o
fim a que sua conduta se dirigirá;
2. Delibera sobre os meios que utilizará para
alcançar o seu intento;
3. Avalia se o emprego destes meios será capaz
de ocasionar os efeitos colaterais ou
concomitantes
DO CRIME CULPOSO
O crime culposo está no art. 18,inciso II do CP:
“culposo, quando o agente deu causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia”.
Trata-se de uma conduta voluntária do agente
realizando um evento ilícito não querido ou aceito
pelo agente.,mas que lhe era previsível (culpa
inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa
consciente) e que poderia ser evitado caso fosse
aplicada a cautela esperada
FUNDAMENTO PARA SUA PENALIZAÇÃO

Se não há intenção perniciosa do agente, por


que penalizá-lo pelo crime culposo?
Trata-se de punir, não em relação à
periculosidade, mas no caso de estabelecer a
proteção penal a bens jurídicos contra ações
ou omissões que, embora não direcionadas ao
resultado lesivo, são baseadas na falta de
cuidados objetivos e devem ser
desestimuladas
Elementos estruturais do crime culposo

1. Conduta humana voluntária (sempre!!!): o


resultado nunca é desejado! Pode ser uma conduta
omissiva ou comissiva.
2. Violação do dever de um cuidado: a ação ou
omissão do agente não atende às expectativas da lei
ou da sociedade. Falta-lhe o dever de diligência!
Trata-se de uma previsibilidade objetiva: encontra-se
na hipótese de uma pessoa com diligência ou
raciocínio médio agiria daquela forma (faltoso na
diligência) ou não.
Violação do dever de cuidado no crime
culposo
1. Imprudência: o agente atua com precipitação,
afoiteza,sem os cuidados que o caso requer
(ex: conduzir um veículo em alta velocidade
com muita chuva).
É a ação positiva do comportamento (in agendo)
e está presente no decorrer da conduta que
culmina com o resultado involuntário
CUIDADO !!! – o resultado é involuntário a ação
ou omissão do agente não é !!!
2. Negligência: é a ausência de precaução (conduzir
veículo com pneus gastos ou sem a manutenção
adequada e periódica).

Trata-se de um comportamento negativo (omissão –


culpa in omitendo).

ATENÇÃO !!!
Se, imprudência (culpa in comitendo) esta é revelada no
momento de sua prática (da ação), a negligência o
comportamento omisso é realizado sempre antes de
se iniciar a conduta.
3. imperícia: é a falta de aptidão técnica para o exercício da arte
ou profissão (ex: condutor profissional de veículo que troca o
pedal do freio pelo acelerador e o aperta para evitar o acidente,
mas, o provoca).
Trata-se de um flagrante despreparo técnico ou prático para
exercer a função.

A imperícia é a incapacidade, falta de conhecimento ou habilidade


em determinada profissão. O crime culposo ocorre, portanto,
quando um profissional incompetente, que não conhece a
técnica, causa um resultado previsto como crime à vítima.
São exemplos de crime culposo por imperícia: médico vai curar
uma ferida e amputa a perna, atirador de elite que mata a
vítima.
ATENÇÃO !!!
Se a imperícia for de pessoa que não exerce a profissão, o crime
culposo será por imprudência.
O crime culposo e o resultado naturalístico
involuntário
Em regra, os crimes culposos são materiais, ou seja, exigem
um resultado e causam, de modo involuntário, modificação
no mundo externo (conduta voluntária + resultado
involuntário)

Há exceções: ex: Art. 38 da Lei de drogas 11.343/06.


“Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Veja que o dispositivo não exige o resultado, bastando
“prescrever” ou “ministrar”
Nexo entre a conduta e o resultado no crime
culposo
É preciso haver a relação de causalidade entre a ação
voluntária do agente e o resultado involuntário.

Trata-se da teoria adotada pelo art. 13 do CP que se


chama “conditio sine qua non”.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual
o resultado não teria ocorrido.
O crime culposo e o resultado
(involuntário) previsível (culpa consciente)

Via de regra, o resultado do comportamento culposo é


inconsciente, não previsto pelo agente, apesar de
previsível.

Todavia, é possível que o agente preveja a possibilidade


de ocorrer o resultado, mas, ao mesmo tempo, não o
aceita e acredita piamente que ele não ocorrerá.

TRATA-SE DA CULPA CONSCIENTE!


A CONDUTA CULPOSA E A TIPICIDADE
Está descrita no art. 18, parágrafo único do CP:
"Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pratica dolosamente”
Significa o quê!?
Que o legislador tenha colocado a conduta
culposa na norma penal como possível de ser
apenada. Do contrário haverá “atipicidade do
fato”
Espécies de culpa
1. Culpa consciente: é a culpa com previsão. O agente,
ao praticar o fato, prevê a possibilidade de
ocorrência do resultado, porém prevê, de forma
genuína e leviana, que este resultado não ocorrerá;
2. Culpa inconsciente: é a culpa sem previsão. O
agente, ao praticar a conduta, sequer representa a
possibilidade de ocorrência do resultado, ele não
tem consciência do perigo gerado. Apesar de não
ser previsto pelo agente, deve ser previsível pelo
homem médio.
3. Culpa própria: é aquela que, conforme estudado, é causada por
imprudência, negligência ou imperícia. Não quer nem assume o
risco de produzir o resultado.
4. Culpa imprópria: por equiparação ou por assimilação: é a culpa que
ocorre nos casos de erro de tipo vencível ou inescusável e no
excesso culposo das excludentes de ilicitude (os quais serão
estudados mais à frente). Tem este nome, pois, apesar da conduta
ser praticada de forma dolosa, o agente será punido na modalidade
culposa (art. 20, § 1° do CP: “É isento de pena quem, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.)
CONCIÊNCIA VONTADE

DOLO DIRETO Tem previsão A vontade se resume num


querer
DOLO EVENTUAL Tem previsão A vontade se resume em
assumir risco (aceitar como
previsível o resultado)
CULPA CONSCIENTE Tem previsão O agente não quer nem
aceita o resultado,
acreditando que pode
evitá-lo.
CULPA INCONSCIENTE O agente não prevê o que O agente não quer, nem
era previsível aceita o resultado

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