Você está na página 1de 75

VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA

Rodneia Nogueira Duarte


Bióloga – Consultora Técnica
Vigilância Entomológica
Características Ambientais e
socioeconômicas:
Quem somos?
 27 estados – com
diferenças: - culturais
- sociais
- econômicas
- etc...
 185.149.009 habs (Estimado
IBGE)

 08 biomas
 maior biodiversidade do
Planeta
Onde estamos?
Dimensões Continentais –
distribuídas entre 27 estados.
Principais Famílias de Importância Médica
CULICIDAE
TABANIDAE PSYCHODIDAE

Leishmanioses

Arboviroses
REDUVIIDAE

Tripanosomiase

PULICIDAE Malária
SIMULIIDAE

Onchocercose
Filariose
Classe: INSECTA
Ordem: DIPTERA
Sub-ordem: NEMATOCERA

Família: CULICIDAE

Sub-famílias: Culicinae
Anophelinae
Toxorhynchitinae
Sub-familia Tribo Gênero
Anophelinae Anophelini Anopheles

Culicinae Culicini Culex

Aedini Aedes
Psorophora
Haemagogus
Sabethini Sabethes
Wyeomyia
Trichoposon
Limatus
Mansonini Mansonia
Coquillettidia
Tribo Aedini
 
Principais Gêneros no Brasil:

Aedes (Meigen, 1818)


Psorophora (Robineau-Desvoidy, 1827)
Haemagogus (Williston, 1896)
 
• Dezenas de espécies cujos hábitos diferem

• Hábito diurno ou crepuscular vespertino

• Espécies muito agressivas e oportunistas

• Ovos resistentes à dessecação


HISTÓRICO DA PRESENÇA DO Aedes
aegypti e Aedes albopictus no Brasil
 O Aedes (Stegomyia) aegypti foi
descrito em 1762 por Carolus
Linnaeus.

Aedes é uma palavra formada


por dois termos gregos.
a = privativo, edos = prazer
sem +

Logo, Aedes = desagradável


É conhecido como o mosquito da
febre-amarela e da dengue.
 1881 – Carlos Finlay propõe
a teoria de que o agente
etiológico da FA é
transmitido pelo Ae. aegypti.

 1881 - W. C. Gorgas em
Cuba demonstra que é
possível controlar a FA
pela redução do Ae.
aegypti.

 1900 – Equipe do exercito


dos EUA confirmou a
hipótese de Finlay.
 O Ae. aegypti já estava instalado
no Brasil em 1685, momento em
que houve uma grande epidemia
da febre-amarela em Recife.

 Aos 04 de abril de 1686 teve


início uma epidemia de febre-
amarela em Salvador/BA.

 Entre 1849 e 1899 existem


relatos de propagação do
Aedes aegypti seguindo os
caminhos da navegação e
conseqüentemente
propagando a FA por todas as
províncias do Império,
atingindo pela primeira vez o
Rio de Janeiro.
 Em 14 de janeiro de 1901 o Dr. Emílio Marcondes Ribas
publicou o trabalho intitulado “O mosquito considerado
como agente da propagação da febre-amarela”.
 No dia 2 de abril de 1955 foi eliminado o último foco
encontrado na Zona Rural do município de Santa
Terezinha, na Bahia.
 Em julho de 1967 foi encontrado re-infestando Belém,
Pará, sendo erradicado em 1972.
 Em 1968 deu-se início ao uso do Temefós no tratamento
focal e do Fenthión no tratamento peri-focal.
 Em 1976 re-infestou Salvador, Bahia e em 1977 re-infestou
o Rio de Janeiro.
- 1986 Em julho, é encontrado pela primeira vez no
Brasil o Aedes albopictus
- 1998 foi detectada a presença do Aedes aegypti em
todos os Estados do Brasil
S e m I n fe s t a ç ã o
I n fe s t a d o s
FEBRE AMARELA  Descoberto o ciclo de transmissão
silvestre nas Américas, onde
Febre-amarela é uma estão envolvidos algumas
doença tropical das espécies de macacos e os
Américas e da África mosquitos dos gêneros Sabethes
que no verão atingia e Haemagogus.
as regiões temperadas
 Na África estão envolvidos o Ae.
do planeta
africanus e o Ae. luteocephalus no
ciclo de transmissão silvestre e o
Ae.simpsoni no ciclo de
transmissão doméstico.
 Hoje, nas Américas, somente
ocorrem surtos do ciclo silvestre
da FA em paises como Bolívia,
Brasil, Colômbia, Ecuador, Peru,
Trinidad y Tobago e Venezuela.
 Nas Américas, não se conhecem
casos de transmissão da FA em
seu ciclo doméstico desde a
década de 1940.
 Nas Américas a dengue é uma
DENGUE
doença de transmissão urbana
e doméstica.

 Hoje o Aedes aegypti tem mais


importância como vetor da
dengue.

 Em áreas como a Ásia, podem


participar outros vetores no
ciclo doméstico, como o Aedes
(Stegomyia) albopictus e o
grupo do Aedes scutellaris.

 Na Malásia, há evidências da
transmissão silvestre pelo
subgrupo do Aedes (Finlaya)
niveus.
Distribuição  Ae. aegypti provavelmente
se originou na África.

 Ali se encontram três


formas desta espécie:
 Ae. Aegypti
Ae. queenslandensis;
Ae. aegypti formosus.
 Só as duas primeiras
são encontradas nas
Américas.
 No Novo Mundo é uma espécie
predominantemente doméstica.  É encontrado entre
latitudes de 35º N e 35º S.
 Isotérmica de verão de
 Raramente encontrado em 10º C.
distância superior a 100 m das
casas.  Raramente encontrado
acima de 1000 m.
Biologia e Ecologia
do Aedes aegypti
Aedes aegypti
Aedes albopictus
Hábito domiciliar Hábito peridomiciliar e silvestre
Antropofílico Antropofílico e zoofílico
Hematofagia diurna Hematofagia diurna
Aedes aegypti
Associado à atividade humana;

Originário da região etiópica;


Trazido ao continente americano posteriormente ao descobrimento;

Fêmeas são antropofílicas mas também ecléticas sugando grande


variedade de hospedeiros;

Hematofagia é diurna, mas podem sugar à noite em várias


circunstâncias;

Transmissor da febre amarela tanto no meio urbano como rural


Vetor usual do Dengue;

Suspeita-se que possa transmitir Encefalite Venezuelana;


Não é considerado vetor eficiente de filarioses - infecção natural é
muito rara .
Adulto

Adulto
(Hematofagia)
Ciclo Biológico

Ovo Larva (L1-L4) Pupa


OVOS DE CULICÍDEOS

Culicini

Aedini

Anophelini
Ovos de Aedes aegypti e Aedes
albopictus
Eclosão dos Ovos
LARVAS DE CULICIDEOS

• Alimenta-se de microrganismos

• Período de 7 dias (28oC)

• L1 - L4

Culicinae Anophelinae
Sifão respiratório

Mansonia Aedes (Stegomyia)


Estágios larvais e pupa de anofelíneos

L4

L2

L1 Pupa

L3
 As larvas são exclusivamente
aquáticas.

 É na fase de larva que ocorre


alimentação e crescimento.
 As larvas passam a maior
parte de suas vidas se
alimentando.
 São muito sensíveis a
 Ingerem qualquer material
mudanças bruscas da submerso ou acumulado nas
luminosidade e nadam paredes e fundo dos
para o fundo quando recipientes em que se
perturbadas. encontram.
 Esta atividade é facilitada
pelas cerdas bucais em forma
de leque (escovas orais).
 Crescimento depende de:
temperatura;
disponibilidade de alimentos;
densidade de larvas no recipiente.
 Em condições ótimas os estágios
larvários duram 5 dias.
 O desenvolvimento geralmente se dá
entre 7 e 14 dias.
 Os 3 primeiros estágios ocorrem
rapidamente enquanto o 4º é mais
demorado e é nele que ocorre o maior
ganho de tamanho e peso.

 Em ambientes estáveis, a  Em condições de baixas temperaturas


mortalidade geralmente é o quarto estágio larvário pode durar
maior nos dois primeiros várias semanas.
estágios larvários (Quais os
motivos da mortalidade?).  As larvas que originarão imagos
machos se desenvolvem mais
rapidamente do que as que originarão
fêmeas.
Pupa
 As pupas não se alimentam.

 Sua função é a metamorfose do


estágio larvário ao imago.
 As pupas que originarão imagos
machos desenvolvem-se mais
rápido do que aquelas que
darão origem a fêmeas.
 Quando estão em descanso se
mantém na superfície da água,
imóveis, devido à sua
flutuabilidade natural, o que
facilita a emergência dos
imagos.
 Este estágio dura geralmente de
2 a 3 dias.
Adulto
Emergência de adulto

Acasalamento
(antes ou após o repasto sangüíneo

Fêmea = após emergência


Macho = 24 hs após emergência

Atração sexual
Longa distância = sonora
Curta distância = feromônio sexual
Preferência por
hospedeiros

Antropofílicos

Zoófilicos
 Os imagos do Ae. aegypti são
as fases reprodutoras do inseto.

 São também a forma que


confere à espécie o maior
poder de dispersão ativa.

 Estágio de
desenvolvimento
responsável pela
transmissão da F-A e da
dengue.
 Logo após emergir da exúvia da
pupa, o imago pousa nas
paredes do recipiente durante
várias horas para permitir o
enrijecimento do exoesqueleto e
das asas.

 Enquanto ocorre este


processo de
enrijecimento, nos machos
ocorre a rotação de 180º
em sua genitália.
Estas atividades geralmente
ocorrem de forma simultânea,
uma vez que os machos são
também atraídos pelos
mesmos hospedeiros
vertebrados que atraem as
fêmeas.
 O macho sujeita a fêmea com
sua terminália e penetra seu
edeago dentro do receptáculo
seminal da fêmea.
 A “bursa copulatrix” da fêmea
se enche de esperma, o qual
dentro de um a dois minutos
passa para as espermatecas.
 Uma inseminação é suficiente
para fecundar todos os ovos
 O acasalamento que a fêmea venha a produzir
geralmente ocorre em vôo.
em sua vida.
Como ocorre a localização do
hospedeiro para o repasto sangüíneo ?
Localização de hospedeiros vertebrados

atraentes
CO2 e outros voláteis
CO2
Vento

CO2
Volume de sangue ingerido por culicideos

Culex quinquefasciatus
(10,2 mm2)

Aedes aegypti
(1,5 a 4,2 mm2)
Mecanismo de transmissão de doenças por culicíneos
Transmissão vertical ou transovariana

Fêmea infectada
Indivíduo infectável

Ovos infectados
Fêmea infectada
 Freqüentemente Ae. aegypti
se alimenta de sangue mais
de uma vez a cada postura.

 Se uma fêmea completa sua


alimentação sangüínea (2 a 3
mg), porá cerca de 100 ovos.

 A distensão do estômago
estimula os ovários a
produzirem mais ovos.
 Os ovários são abastecidos
de ar pelas traquéias que se
apresentam enoveladas nas
nulíparas e distendidas nas
oníparas.
 As fêmeas que já puseram
uma desova apresentam a
“relíquia ovariana” no
pedicelo de cada ovaríolo.

 Geralmente o intervalo entre


a alimentação sangüínea e a
postura é de 3 dias em
condições ótimas.
 A fêmea pode alimentar-se
novamente de sangue no
mesmo dia da desova.
Oviposição de Aedes aegypti

Posturas na parede dos criadouros um pouco acima do nível da


água;

Substratos porosos;

Prefere água limpa, sem poluição com poucos sais e matéria


orgânica;

Contato com a água é o principal estímulo para a eclosão;

Pode haver diapausa na fase de ovo por pelo menos 2 anos.


Oviposição de Aedes aegypti

90-95%
borda do criadouro

5-10% superfície
da água
Água (chuva)

Ovos de Aedes
Água (chuva)

Ovos em contato
com água
Eclosão das larvas
 As fêmeas preferem desovar no
final da tarde.
 As fêmeas grávidas são atraídas
para recipientes escuros ou
sombreados, com paredes duras,
sobre as quais elas põem seus
ovos.
 Elas preferem águas relativamente
limpas, claras e transparentes ao
invés das águas turvas e
contaminadas com conteúdo
orgânico alto.
 Os ovos são presos nas paredes
dos recipientes, na zona úmida,
acima do nível da água.
 Geralmente os ovos de um mesmo
lote são distribuídos por vários
recipientes.
 Geralmente os vôos das
fêmeas de Ae. aegypti não
passam de 50 m em toda
sua vida e passam toda
ela na mesma casa em
que emergiram, desde
que disponham de
hospedeiros assim como
locais de repouso e de
postura adequados.

 Se não há locais de
desova adequados, uma
fêmea pode voar até 3 km
em busca de um local
para por seus ovos.
 Os machos deslocam-se
menos que as fêmeas.
 Quando não estão acasalando, em
busca de hospedeiros nem em vôo
de migração, os imagos de Ae.
aegypti procuram um local escuro
e tranqüilo para repousar.

 As superfícies preferidas são as


paredes, o mobiliário, objetos
dependurados (cortinas,
roupas, toalhas, mosquiteiros,
etc.).

 Repousam especialmente sobre


superfícies verticais e algumas
vezes sobre o teto ou debaixo
de móveis.
 Em laboratório, os adultos
podem sobreviver durante
meses.
 Na natureza vivem poucas
semanas.
 Machos adultos morrem logo
após a emergência ou pouco
depois disso.
 Com mortalidade de 10% ao
dia, a metade dos mosquitos
estará morta dentro de uma
semana e 95% morrerão dentro
do primeiro mês.
 Apesar disso, a população
velha resultante é suficiente
para transmitir enfermidades e
manter uma epidemia
CONTROLE
Controle Integrado
Conceito:
Associação de dois ou mais métodos de controle
simultaneamente ou seqüencialmente

Serviço
Controle Controle de
Químico + Biológico
+ Saúde

Controle Mobilização
Físico + Social
e
Monitoramento
Controle integrado por
Agentes de
Saúde e a comunidade
Habitat dos
Estágios
Imaturos

RECIPIENTE
As coleções de
água
como lagos,
represas, rios,
charcos, poças, etc.
não são usados
pelo
Aedes aegypti
Grupos de recipientes utilizados
pelas formas imaturas
Grupo B - Tambor/tanque/
barril/tina/tonel/depósito de
Grupo A - Pneus
barro
Grupo C - Vaso de planta

Grupo D - Materiais de
construção/peças de carro
Grupo E - Garrafas/latas/
plásticos
Grupo F -
Poço/cisternas/
cacimbas
Grupo G - Caixa d’água
 Caixa d’água é qualquer depósito
de água colocado em nível
elevado, permitindo a distribuição
do líquido pela força da gravidade
(ou pelo próprio peso).

ATENÇÃO!
Depósitos vendidos como caixas
d’água (amianto, flandres,
plástico, etc.) quando estão
colocados no nível do solo (no
chão) são considerados

TANQUES.
Grupo H – Recipiente
natural
 São aqueles formados sem a
interferência de humanos.
Por exemplo:
ocos em árvores;
axilas de broméliáceas;
internódios de bambu;
cavidades em pedras,
corais;
bacias formadas em raízes de
árvores, etc.
Grupo I - Outros
 São os recipientes que não se
encaixam nos agrupamentos
anteriores. Por exemplo:
calhas;
lajes;
ralos;
cuias;
pilões;
bebedouros;
sapatos;
batistérios;
depósito de geladeira;
cobertas metálicas amassadas;
etc.
PRINCIPAIS CRIADOUROS DO Aedes aegypti
BRASIL - 2000 (*)

Tambor/tanque/barril/tina/tonel/dep.barro (1.316)
Garrafa/lata/plástico (523)
Pneu (366)

(*)
Dados sujeitos à revisão
Fonte: CR’s/FUNASA/CENEPI/ASDCE/COFAB
FUNASA
AGRADECIMENTO – Laboratório de Culicídeos, ICB, UFMG
Bibliografia
JOBLING, B. Anatomical drawing of biting flies. London, British
Museum/Wellcome Trust, 1987. 119 p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento Nacional de Endemias Rurais.
FRANCO, O. História da febre-amarela no Brasil. Rio de Janeiro, Impressora
Brasileira Ltda., 1969. 208 p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Superintendências de Campanhas de Saúde Pública.
Combate ao Aedes aegypti / Aedes albopictus – instruções para Guardas,
Guardas-Chefes e Inspetores. Brasília, SUCAM, 1987. 104 p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Dengue instruções
para o pessoal de combate ao vetor – manual de normas técnicas. Brasília,
FUNASA, 2001. 84 p.

MENEZES, O. B. de. Dicionário de parasitologia – à luz da etimologia.


Salvador, Empresa Gráfica da Bahia, 1984. 370 p.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Organización Panamericana de la
Salud. NELSON, M. J. Aedes aegypti: biologia y ecologia. Washington, OPS,
1986. 48 p.
FIM

Muito Obrigada!!

Você também pode gostar