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Aula 1: O que perdemos

Sistema financeiro e cultura da morte

 Cultura da morte: aborto, sodomia e ocultismo.


 Sistema financeiro é causa eficiente: raiz pecaminosa e prática diária.
 Sequência: liberação progressiva da usura → formação do sistema financeiro
internacional → derrubada das monarquias católicas e Igreja → exteriorização
da hierarquia (governança mundial).
Sistema financeiro e cultura da morte

 Ferdinand Braudel: de M-D-M para D-M-D.


 Secundarização da sociedade e roubo do tempo.
 Sequência: liberação progressiva da usura → formação do sistema financeiro
internacional → derrubada das monarquias católicas e Igreja → exteriorização
da hierarquia (governança mundial).
 Economia real sempre corre atrás de setor financeiro.
Lazer, a base da cultura

 Lazer=ócio contemplativo.
 Skolé, School, Schule, Scola. Escola era lugar de lazer; hoje serve a preparo
profissional.
 Economia real sempre corre atrás de setor financeiro.
 A-skolia e Neg-Otium. Estamos no não-lazer para ter lazer. Artes liberais x
Artes Servis.
A destruição da teoria

 Francis Bacon: conhecimento é poder – relação de sistema financeiro e


sociedades secretas.
 Descartes: filosofia teórica deve ser substituída por filosofia prática que
permita conquista da natureza.
 Kant: não existe visão intelectual, apenas esforço racional.
 Karl Marx: não cabe à filosofia entender o mundo, mas transformá-lo.
O trabalhador total

 O trabalhador total: poder ativo e dirigido para fora; disposição para sofrer
sem finalidade; inserção contínua em programa racionalizado de organização
social útil.
 Lazer é igual a preguiça para trabalhador total, ou então é diversão.
 Para a Alta Idade Média, preguiça era incapacidade de ter lazer, de repousar e
contemplar.
 Acídia é o desejo de fugir de si mesmo, um pecado contra o terceiro
mandamento (São Tomás).
O trabalhador total

“O lazer é uma forma de repouso que é a preparação necessária para a aceitação da realidade; só quem
está parado pode ouvir. É deixar tudo passar com indiferença. Não é a atitude de quem intervém, mas de
quem se abre. Não de quem agarra, mas de quem deixa ir, assim como só consegue dormir quem se deixa
ir. Deus viu que o mundo era bom quando repousou. A simples parada do trabalho, dure uma hora ou
uma semana, também faz parte da rotina de trabalho. Ela apenas revigora para o trabalho.
Paradoxalmente, estar parado, estar aberto, pode ser “mais difícil” do que o extremo esforço, pois não é
algo que depende apenas de nós. O homem só pode viver assim na medida em que tem algo de divino.”
A proletarização

 Somos todos proletários hoje. Motivos: falta de patrimônio familiar,


organização social totalitária e pobreza interior.
 O lazer pleno só se realiza na festividade religiosa, no culto divino. A
adoração está para o tempo como o templo está para o espaço.
 O ato intelectual que se opõe à proletarização é o ato filosófico, visto como
um passo que transcende o mundo do trabalho cotidiano. Por que existe algo e
não o nada?
A proletarização

“Mas há uma forma de rezar na qual este mundo não é transcendido, no qual busca-se incorporar o divino
como uma parte da rotina do trabalho. A religião pode ser pervertida em mágica. Há também uma
pseudofilosofia que não transcende o mundo do trabalho, a filosofia de Protágoras que ensina “o bom
planejamento, tanto em suas questões pessoais, como a de saber administrar seu lar, quanto nas questões
públicas, o saber falar bem e agir bem na pólis.” Eis a filosofia como treinamento profissional. A filosofia
não se permite ser usada para finalidades além de si mesma. Não serve a uma função, é o conhecimento
de um gentleman, de um cavalheiro. É livre e não útil. Daí vem a idéia de liberdade acadêmica. É daí que
vem também o caráter teórico da filosofia. A visão humana só pode ser tornar-se de fato teórica quando
estar no mundo é mais do que o mero campo da atividade humana cotidiana. Apenas quem transcendeu
essa esfera pode enxergar o mundo teoreticamente, como algo digno de reverência, uma criação.”
A filosofia

“Então, quem filosofa dá um passo para fora do mundo cotidiano do trabalho. Mas o significado
desse passo é determinado menos por onde ele começa e mais para onde ele leva. Ser vivo significa
estar num mundo e se relacionar com ele a partir de um interior dinâmico, de onde vem todas as
operações do ser vivo. Somente o ser que tem uma interioridade possui um mundo. A expansão do
mundo da vida corresponde à capacidade crescente – até chegar ao homem – de ter relações. O
animal tem um campo de relações extremamente limitado em relação ao homem. Eles não
identificam as formas dos entes, apenas percebem o movimento das coisas e seus acidentes. Como
esse mundo das formas existe no interior do homem, ele só pode se tornar mais humano na medida
em que se interioriza. O que significa então filosofar? Experimentar que o mundo imediato, o
ambiente, determinado pelas exigências imediatas da vida, pode, e na verdade deve, ser
estremecido, pelos chamados inquietantes do mundo, da realidade total. O homem é algo mais que
o humano. Será que temos posse realmente de tudo que é “nosso”? Será que podem ser realmente
possuídas? O que significa em última instância ter algo? “
A filosofia

A filosofia começa no espanto, no maravilhamento, e, portanto, ela não é burguesa. O que significa ser
burguês no sentido intelectual? Considerar que o ambiente imediato ao seu redor tem um valor último, o
que o torna opaco. Se alguém precisa daquilo que não é usual para se maravilhar, ela perdeu a
capacidade de espanto que a filosofia exige. E por que o burguês termina nisso? É que manter o espanto,
uma capacidade do poeta e do filósofo, contém em si a tendência de se desenraizar do mundo do
trabalho cotidiano. O espanto e o maravilhamento não fazem com que alguém se torne industrioso, pois
são elementos de perturbação do fluxo imediato da vida. Alguém que está sempre espantado com as
coisas, pode, às vezes, esquecer como lidar com a vida cotidiana. Para São Tomás, isso implica que o
homem só pode se satisfazer plenamente com a visão de Deus, o verdadeiro objeto do espanto, numa
vida que transcende todos os limites.

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