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Dislipidemia e Obesidade na

Síndrome Metabólica

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Sintomas, Sinais,
Doença e Síndrome

• Sintomas: fenômeno, aspecto ou sensação experimentado


pelo paciente e indicativo de doença.
• Sinais: são alterações percebidas pelo profissional de
saúde, indicativo de uma doença.
• Doença: desvio ou interrupção da estrutura ou função
normal de parte, órgão ou sistema.
• Síndrome: concorrências de múltiplos sintomas.
* Usualmente doença atinge um órgão ou sistema
enquanto síndrome atinge vários sistemas.

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Definição e Conceito

• A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo


representado por um conjunto de fatores de risco
cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de
gordura e à resistência à insulina. (I-DBSM, 2005)
• Associação entre resistência à insulina, intolerância à glicose,
hipertensão arterial (HA), dislipidemia, doença aterosclerótica
e uma série de anormalidades metabólicas contribuem para a
compreensão da etiopatogenia e do impacto no risco DCV. (SBD,
2006)

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Fisiopatologia da SM

• A resistência à insulina é a hipótese mais aceita como


causa da SM, à semelhança do DM-2.
• O  de ácidos graxos circulantes derivados do tecido
adiposo visceral, no fígado, levará ao  na produção de
glicose, TG e de VLDL, associando-se a  no HDL-c e  na
LDL, principalmente a partícula pequena e densa.
Dir. SBD, 2007

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A Resistência à Insulina
(RI)

• A RI é definida como uma resposta biológica subnormal a


uma determinada concentração de insulina, sendo condição
fisiopatológica de grande repercussão clínica.
• Indivíduos com RI têm  chance de desenvolver DM-2;
alguns tipos de dislipidemia; HA; doenças
neurodegenerativas; esteatohepatite não-alcoólica;
algumas neoplasias, como de mama, pâncreas e cólon; e
um risco CV  em 2 a 4x

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Epidemiologia

• Existem poucos estudos representativos para a população


brasileira
• Dados obtidos nos EUA, México e países asiáticos:
♂ 12,4 – 28,5%
♀ 10,7 – 40,5%
• “O estudo da SM tem sido dificultado pela ausência de
consenso na sua definição e nos pontos de corte dos seus
componentes.”

I-DBSM, 2005
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Epidemiologia

• O aspecto de maior relevância no diagnóstico de SM são o


risco de desenvolvimento de DM-2 e DCV.
• Em uma população sem DM, houve  da mortalidade (CV
e todas as causas) em pessoas com SM
• Em indivíduos com SM a mortalidade geral é  1,5x e a
cardiovascular é  2,5x.

I-DBSM, 2005
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A SM representa a combinação
de pelo menos três componentes

Componentes Níveis
Obesidade abdominal por meio
de circunferência abdominal
Homens > 102 cm
Mulheres > 88 cm
Triglicérides ≥ 150 mg/dL
HDL-colesterol
Homens < 40 mg/dL
Mulheres < 50 mg/dL
Pressão arterial ≥ 130 mmHg ou ≥ 85
mmHg
Glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL
A presença de DM-2 não exclui o diagnóstico de SM
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Outras Condições Clínicas
Associadas

*Que não fazem parte dos critérios diagnósticos da SM:


- Síndrome dos ovários policísticos (SOP); Acanthosis nigricans; Doença hepática
gordurosa não-alcoólica; Microalbuminúria; Estados pró-trombóticos; Estados pró-
inflamatórios; Disfunção endotelial; Hiperuricemia.

I-DBSM, 2005
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Fatores que contribuem
para o surgimento da SM

• Predisposição genética;
• Alimentação inadequada;
• Inatividade física.

Prevenção Primária

I-DBSM, 2005
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Tratamento
não-medicamentoso

É terapia de primeira escolha:

Plano alimentar para  peso+Exercício físico

• Conseqüências:
•  circunferência abdominal e a gordura visceral
•  a sensibilidade à insulina e  a glicemia, podendo
prevenir e retardar o DM-2
•  PA
•  TGL e  HDL-c
I-DBSM, 2005
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Considerações Terapêuticas
da SM

• As principais orientações terapêuticas para a SM, destinam-


se a:
• Remoção e tratamento dos Fatores de Risco (fumo,
hipertensão arterial (HA), obesidade, dislipidemia,
intolerância à glicose, estados pró-trombótico e pró-
inflamatório);
• Tratamento da resistência à insulina.

SBD, 2006
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Metas para o tratamento da SM
I-DBSM, 2005

GLICEMIA PLASMÁTICA (mg/dL)


Jejum < 110 mg/dL
Pós-prandial (2h) < 140 mg/dL
Hemog. Glic. A1c (%) no DM < Limite superior do método
COLESTEROL (mg/dL)
Total < 200 mg/dL
HDL > 45 mg/dL
LDL < 100 mg/dL
TRIGLICERÍDEOS (mg/dL) < 150 mg/dL
PA (mmHg)*
Sistólica < 130 mmHg
Diastólica < 85 mmHg
PESO (kg) Perda sustentada de 5% – 10%

* Na DM a PA deve ser <130/85mmHg e se houver proteinúria >1g/24h, deverá ser <125/75 mmHg.

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Tratamento
Medicamentoso
• Obesidade;
• Dislipidemia;
• Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS);
• Diabetes Mellitus (DM).

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Dislipidemia

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Conceito e Definição

• Alterações no metabolismo das lipoproteínas plasmáticas,


levando a defeitos no transporte dos lípides (colesterol e
triglicérides).
• Também inclui as condições nas quais não se pode
evidenciar aumento ou diminuição nos lipídeos, e sim
alterações nas proporções relativas entre uma lipoproteína
plasmática e outra.
• Na SM, a dislipidemia caracteriza-se pela presença de níveis
baixos de HDL-c e níveis elevados de TG

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Aspectos Gerais

• A doença aterosclerótica é a principal causa de mortalidade


no Brasil e a dislipidemia é uma dos seus principais fatores
de risco.
• DM, hipertensão, alcoolismo e hipotireoidismo evoluem
com hiperlipidemia.
• Os lípides mais importantes são os fosfolípides, o
colesterol, os triglicérides e os ácidos graxos.
• As lipoproteínas são responsáveis pela solubilização e
transporte dos lípides no plasma.

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Lipoproteínas
– TIPOS –

• Quilomícrons - são ricas em TG, maiores e menos densas,


de origem intestinal;
• VLDL (very low density lipoprotein) - lipoproteínas de
densidade muito baixa, de origem hepática;
• LDL (Low density lipoprotein) – lipoproteínas de
densidade baixa, ricas em colesterol;
• HDL (high density lipoprotein) – lipoproteínas de
densidade alta, ricas em colesterol.

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Classificação das
Dislipidemias
• As dislipidemias primárias compreendem quatro tipos bem
definidos:
a) Hipercolesterolemia isolada – LDL-Colesterol 
160mg/dL; Ex.: ateromas (LDL oxida e se aloja nas
paredes do endotélio, formando placas de ateromas).
b) Hipertrigliceridemia isolada – TG  150mg/dL;
c) Hiperlipidemia mista (é a mais grave) – valores
aumentados de ambos LDL-C e TG;
d) HDL Colesterol baixo – redução isolada do HDL-C
(homens <40mg/dL e mulheres <50mg/dL) ou em
associação com aumento de LDL-C ou de TG.

IV Dir. Bras. 2007


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Tratamento
Medicamentoso

• As metas terapêuticas são muito variáveis e dependem de


fatores como risco para doença aterosclerótica, diabetes,
HA e obesidade central.
• Por exemplo, em aterosclerose manifesta, a diretriz
brasileira preconiza MEV (mudança de estilo de vida) +
tratamento farmacológico e meta de LDL-C  70mg/dL.

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Hipercolesterolemia
isolada
• Os medicamentos indicados são as estatinas, que podem ser
administradas em associação à ezetimiba, colestiramina
eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico.

Tabela XI – Doses das estatinas e efeitos sobre o LDL–C


Fármaco Doses Δ LDL-C
Sinvastatina 20 a 80mg - 27% a 42%
Lovastatina 10 a 80mg - 21% a 41%
Pravastatina 20 a 40mg - 20% a 33%
Fluvastatina 20 a 80mg - 15% a 37%
Atorvastatina 10 a 80mg - 37% a 55%
Rosuvastatina 10 a 40mg - 43% a 55%

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Hipertrigliceridemia
isolada
• São indicados os fibratos e, em segundo lugar, o ácido
nicotínico ou a associação de ambos.
Tabela XII – Doses dos fibratos disponíveis e efeito sobre HDL-C e TG
Medicamento Dose mg/dia Δ HDL-C Δ Triglicérides

Bezafibrato 400 a 600 + 5 a 30% - 15 a 55%


Ciprofibrato 100 + 5 a 30% - 15 a 45%
Etofibrato 500 + 5 a 20% - 10 a 30%
Fenofibrato 250 + 5 a 30% - 10 a 30%
Genfibrozil 600 a 1200 + 5 a 30% - 20 a 60%

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• Lovastatina: Mevacor® (Merck Sharp & Dohme); Reducol®
(Prodome); Lovax® (Cellofarm); Lovasterol® (Herald’s do Brasil);
Genéricos Novartis e Ranbaxy. 10, 20 e 40mg.
• Sinvastatina: Clinfar® (Merk); Cordiron® (Diffucap-Chemobras);
Sinvalip® (Sigma Pharma); Sinvascor® (Baldacci); Sinvastacor®
(Hexal); Sinvastamed® (Cimed); Sinvaz® (Cellofarm); Vaslip®
(Biolab Sanus); Vastatil® (Cifarma); Zocor® (MS&D). Genérico
Medley, Novartis e Ranbaxy. 5, 10, 20, 40 e 80mg.

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• Pravastatina: Mevalotin® (Sankio); Pravacol® (Bristol Myers
Squibb). Genérico Rambaxy. 10 e 20mg.

• Fluvastatina: Lescol® e Lescol® XL (Novartis) comp. 20, 40 e


80mg.

• Atorvastatina: Citalor® (Pfizer); Lipitor® (Parke-Davis). 10, 20,


40 e 80 mg.

• Rosuvastatina: Crestor® (Astra Zeneca); Vivacor® (Biosintética).


10 e 20 mg
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• Clofibrato: Lipofacton® (Organon). 500mg.
• Bezafibrato: Cedur® e Cedur®Retard (Roche). 200mg e
400mg
• Fenofibrato: Lipanon® (Allergan) Comp. 250mg; Lipidil®
(Allergan) Comp. 200mg.
• Etofibrato: Tricerol® (Searle)
• Ciprofibrato: Oroxadin® (Sanofi). 100mg.
• Genfibrozil: Lopid® (Parke-Davis). 600 e 900mg

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Obesidade

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Obesidade

Definição adotada pela OMS:

“Condição de acúmulo anormal ou excessivo de gordura


no tecido adiposo, numa extensão em que a saúde pode
ser prejudicada.”

Garrow, 1988

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Tipos de Obesidade

1. Generalizada;
2. Andróide, superior ou tipo “maçã” – gordura
concentrada no tórax e abdômen; aumento da
mortalidade; aumenta a morbidade (metabólicas
e cardiovasculares);
3. Ginecóide, inferior ou tipo “pêra” – A gordura
está mais concentrada nos quadris e membros,
mais associada a problemas articulares,
circulatórios periféricos e estéticos.

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Classificação pelo IMC
- Obesidade -

• Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado


mais comumente é o do Índice de Massa Corporal
(IMC), padrão utilizado pela OMS, que identifica o
peso normal quando o resultado do cálculo do IMC
está entre 18,5 e 24,9.

Peso em Kg
IMC =
(Altura em m)2

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Razão Cintura Quadril
(RCQ)

• O cálculo da relação cintura-quadril, definida pela divisão


do maior perímetro abdominal entre a última costela e a
crista ilíaca pelo perímetro dos quadris a nível dos
trocânteres femorais com o indivíduo em decúbito dorsal.
• Índices superiores que 0,8 em mulheres e 0,9 em homens
definem distribuição central de gordura e aumento do
risco morbimortalidade.

Fonte: Consenso Latino Americano de Obesidade – 1998 www.abeso.org.br


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Circunferência Abdominal

Risco Elevado Risco Elevado

> 88 cm > 102 cm

OMS, 1998 - Lean MEJ et al. Lancet;1998

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Epidemiologia

• A prevalência da obesidade tem aumentado muito,


constituindo num dos maiores problemas atuais de saúde
pública, principalmente nos grandes centros urbanos.
• É o maior fator de desenvolvimento de DM-2 e está
associada a HAS e a dislipidemia - fatores de risco
importantes de DCV.

PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; 2003

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Etiologia e Fisiopatologia

• A obesidade tem sido atualmente considerada uma


síndrome com múltiplos fatores etiológicos:

• genético; endócrino; psicológico; nutricional;


neuroquímico; imunológico; cultural; social...

• Reconhecer e tratar essa condição é fundamental.

PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; 2003

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IMC e
Magnitude de Risco

Magnitude de IMC Tipo de


risco obesidade
Moderado 25 e 29,9 Sobrepeso

Alto 30 e 34,9 Obesidade grau I

Muito Alto 35 e 39,9 Obesidade grau II

Extremo Acima de 40 Obesidade grau III


“mórbida”
Consenso Latino Americano de Obesidade – 1998 www.abeso.org.br
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Comorbidades Associadas
a Obesidade

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Tratamento da Obesidade

• É importante considerar a obesidade dentro da síndrome


metabólica (obesidade, hipertensão, hiperinsulinismo,
intolerância à glicose, hiperlipidemia) e também como
fator de risco de doença coronariana (maior no sexo
masculino).
• O objetivo não se restringe à perda ponderal, mas deve
incluir o tratamento de doenças associadas, assim como
das complicações relacionadas ao excesso de peso.
PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; – 2003

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Modalidades
De Tratamento

• Dieta hipocalórica
• Implementação de atividade física
• Tratamento farmacológico
• Procedimentos cirúrgicos (na obesidade I, II e III,
conforme doenças associadas)
• Terapia comportamental

PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; – 2003

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Tratamento farmacológico
Obesidade
Medicamentos Classe Posologia Tomadas Efeito colateral

Femproporex 25-50mg 1–2 Irritabilidade, insônia,


Noradrenérgicos* ansiedade, euforia,
Anfepramona 40–120mg 1-2 boca seca, turvação
visual, arritmias,
hipertensão,
Mazindol 1-3mg 1-2 constipação

Sibutramina Noradrenérgico+ 10-20mg 1 Aumento da PA e da FC


serotoninérgico

Orlistat Inibidor da 360mg 3 (às Aumento de


absorção da refeições) evacuações; Urgência e
gordura intestinal incontinência fecal;
Flatulência

* contra-indicados em diabéticos com arritmia ou insuficiência cardíaca

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“Se pudermos dar a cada indivíduo a
quantidade exata de nutrientes e de exercício,
que não seja insuficiente nem excessiva,
teremos encontrado o caminho mais seguro
para a Saúde.”
Hipócrates (a.C. 460 – 377 a.C.)

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