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DECISÕES FINANCEIRAS DE LONGO

PRAZO: DECISÕES DE INVESTIMENTO


E DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS
DE CAIXA.

Prof. Dr. Diogo Henrique Silva de Lima


INTRODUÇÃO
 Envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de
capital, efetuadas com o objetivo, normalmente de médio e longo prazos, de
produzir determinado retorno aos proprietários de ativos.

 Gastos substanciais de fundos que comprometem uma empresa.

 Substituição de ativos, ampliação de capacidade produtiva, lançamento de


novos produtos, etc.

 Preocupação com a continuidade e competitividade das empresas.

 Necessidade de procedimentos para análise e seleção => Orçamento de


Capital.
INTRODUÇÃO
 Passos básicos no processo de avaliação e seleção de alternativa de
investimento:

1. Dimensionamento dos fluxos de caixa de cada proposta;

2. Avaliação econômica dos fluxos de caixa com base na aplicação


de técnicas de análise de investimentos;

3. Definição da taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital


e sua aplicação para o critério de aceitação de projetos de
investimento;

4. Introdução do risco no processo de avaliação de investimento.


ORIGENS DAS PROPOSTAS DE
INVESTIMENTOS

Propostas de investimento de capital podem ser enquadradas de acordo


com os motivos internos que determinam seus estudos

 Ampliação (expansão) do volume de atividades

 Capacidade máxima de produção e venda da empresa < demanda


efetiva
 Aplicações de capital em máquinas, equipamentos e instalações, ou
na aquisição de outra empresa.
 Importante: decisões de investimento necessitam
complementarmente de aplicações em capital de giro (devem ser
considerado no dimensionamento dos fluxos de caixa).
ORIGENS DAS PROPOSTAS DE
INVESTIMENTOS
 Reposição de ativos fixos
 Investimentos de empresas que já atingiram certo grau de
crescimento e amadurecimento
 Substituição de ativos fixos obsoletos ou desgastados pelo uso
 Necessidade de avaliar o estado físico dos bens produtivos =>
evitar interrupções na produção, elevação do nível de rejeição
por má qualidade, maior custo => lucro

 Modernização de ativos fixos


 Ativos mais modernos => Menores despesas de manutenção e
maior capacidade de operação
 Considerar benefícios, custos de aquisição e instalação do modelo
novo, assim como receita da alienação do antigo.
ORIGENS DAS PROPOSTAS DE
INVESTIMENTOS
 Arrendamento ou aquisição
 Refere-se a decisões de investimento que uma empresa deve
tomar ao considerar a utilização de determinados bens fixos sob
a forma de arrendamento ou adquiri-los plenamente.
 Processo comparativo: desembolsos e benefícios.
 Outras origens
 Serviços externos de assessoria, Pesquisa e Desenvolvimento,
publicidade.
 Investimentos que visam a geração de benefícios futuros
provenientes de maior eficiência e controle das operações,
definição de mais adequado planejamento estratégico,
incremento de vendas.
 Não tangíveis
TIPOS DE INVESTIMENTO
 Refere-se às diferentes situações com que se pode defrontar uma empresa
no momento de tomar suas decisões.
 Ocorrem quando: quantidade de propostas apresentadas a uma empresa >
quantidade que ela estiver disposta a aceitar.
 Como um projeto de investimento de capital afeta (ou é afetado por)
outras eventuais propostas.

 Investimentos economicamente independentes


 A aceitação de um não implica desconsiderar os demais;
 Não ocorrem interferências nos custos e receitas das propostas
quando se decide por uma delas;
 Duas condições devem ocorrer simultaneamente:
 A possibilidade física de implementação de um projeto não anula a aceitação
dos outros;
 Os benefícios produzidos por um projeto não influenciam as decisões que
vierem a ser tomadas com relação aos demais.
TIPOS DE INVESTIMENTO
 Investimentos com restrição orçamentária
 Ocorre com projetos considerados independentes
 Aceitação de um poderá determinar a rejeição do outro.
 Investimentos economicamente dependentes
 Aceitação de um investimento exerce influências negativas sobre
os resultados líquidos do outro (aumento de custo ou redução de
receitas) => projetos substitutos.
 Aceitação de um investimento exerce influências econômicas
positivas sobre o outro => projetos complementares.
 Aceitação de um depende rigorosamente da implantação do
outro, seja essa dependência definida em termos tecnológicos ou
econômicos.
TIPOS DE INVESTIMENTO
 Investimentos mutuamente excludentes
 Aceitação de uma proposta elimina totalmente a possibilidade de
implementar outra
 Propostas desenvolvem a mesma função.
 Constituem-se em uma forma extrema de dependência
econômica, sendo classificado normalmente como dependentes.
 Muito importantes na análise de investimento.

 Investimentos com dependência estatística


 Apresentam variações conjuntas em seus resultados ao longo do
tempo.
 Ex.: Produção de iates e carros de luxo
DECISÕES DE ORÇAMENTO DE CAPITAL
 Enfoque aceitação-rejeição
 Avaliação de propostas e verificação se atendem ao critério
mínimo de aceitação da empresa.
 Aplicado em projetos mutuamente excludentes ou em situação
de recursos limitados
 Somente projetos aceitáveis são considerados.

 Enfoque da Classificação
 Ordenamento dos projetos com base em alguma medida
predeterminada, como taxa de retorno.
 Somente os aceitáveis são classificados
FLUXOS DE CAIXA DOS PROJETOS DE
INVESTIMENTO
 Convencionais: gasto inicial, seguido somente por uma série de
entradas.
 Ex.: Gasto de $10.000 com expectativas de entradas de caixas
anuais iguais de $ 2.000 nos próximos oito anos.

 Não convencionais: desembolso inicial seguido de uma série de


entradas e saídas de caixa.
 Ex.: Máquina que exige um desembolso inicial de $ 20.000 e
gerar entradas de $ 5.000/ano durante 4 anos. No quinto ano,
estima-se uma saída de $8.000 para reforma e novas entradas
anuais de $ 5.000 serão obtidas por mais cinco anos.
FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES
 Aspecto mais importante de uma decisão de investimento:
dimensionamento dos FCs a serem produzidos.
 Confiabilidade dos resultados de um investimento => acerto na projeção
dos FCs
 Decisão de Investimento => conhecimento dos benefícios esperados e
distribuição ao longo do tempo.
 Conceito de FC ≠ resultado contábil
 Efetiva capacidade de pagamento e reaplicação dos benefícios gerados
na decisão de investimento.
 FC = potencial efetivo da empresa em implementar suas decisões
financeiras fundamentais.
 FC = constituem a informação mais relevante para o processo de análise de
investimentos.
 Saída de caixa Incrementais /
 Entradas de caixa subsequentes adicionais
FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES
 Principais componentes de Fluxos de Caixa
1. Investimento (desembolso) Inicial;
2. Fluxos (entradas) de caixa operacionais;
3. Fluxo de Caixa terminal (residual).
 Todos os projetos de investimento (expansão, substituição, renovação, etc.)
possuem os dois primeiros.

 Investimento Inicial: volume comprometido de capital (saída de caixa)


direcionado à geração de resultados operacionais futuros, relevantes na data
0.
 Têm como característica não ser repetitivo
 Ex.: Aquisições de bens permanentes
 Avaliação: preço de compra + gastos de implantação (fretes, seguros,
despesas de instalação, etc.) + despesas de natureza intangível
(treinamento, pesquisa) + NIG adicional.
FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES
 Fluxos de Caixa Operacionais (Benefícios econômicos)
 Receitas Operacionais: atribuíveis diretamente ao projeto de
investimento (receitas incrementais).
 Custos e Despesas Operacionais: dispêndios operacionais ocasionados
pela implantação de um investimento.
 OBS: Projetos que buscam reduzir custos e despesas

 Despesas não desembolsáveis: não devem ser consideradas para o


cálculo dos FCs na avaliação econômica de investimentos.
 Não representam comprometimento de caixa da empresa, sendo

irrelevantes .
 Afeta de maneira indireta => influência no valor do IR (saída efetiva

de caixa)

 FCs => devem ser mensurados após a dedução do respectivo IR


incremental.
FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES

 Fluxo de Caixa Terminal (Residual)


 Não operacional;
 Após IR;
 Ocorre no último ano do projeto (geralmente atribuído a sua
liquidação).

 Venda de ativos => entrada de caixa que pode ocorrer no início


do projeto (projeto de substituição) ou no final do projeto
 Deve-se considerar no dimensionamento dos FCs o montante
que se espera receber, líquido de IR e possíveis despesas
incluídas na venda, ao final do projeto.
MENSURAÇÃO DOS FCS RELEVANTES PARA AS
DECISÕES DE EXPANSÃO E SUBSTITUIÇÃO
 Expansão
 II, ECO e VR são as saídas e entradas associadas à própria proposta de
gasto de capital.
 Substituição
 É preciso identificar as saídas e entradas incrementais de caixa.

Investimento Investimento Inicial necessário Entrada de caixa, após IR, da


= -
Inicial para adquirir o novo ativo liquidação do ativo antigo

Entradas de caixa Entradas de caixa operacionais do Entradas de caixa operacionais


= -
operacionais novo ativo do ativo antigo

Fluxo de caixa, após IR, com a Fluxo de caixa, após IR, com a
Fluxo de Caixa
= venda do ativo novo ao término do - venda do ativo novo ao
Residual
novo ativo término do antigo ativo
DETERMINAÇÃO DO INVESTIMENTO
INICIAL
 Saídas de caixa relevantes quando se avalia um gasto de capital proposto.
 Ocorre na data 0 (FC convencional).
 Subtrai-se todas as entradas de caixa na data 0 de todas as saídas de caixa
dessa data.

Formato Básico para determinar o Investimento Inicial


Custo instalado do novo ativo
Custo do novo ativo
(+) Custos de instalação
(-) Recebimento, após IR, com a venda do antigo ativo
Recebimento pela venda
(+/-) IR
(+/-) Variação do CCL
∆ Ativo Circulante
∆ Passivo Circulante
(=)Investimento Inicial
DETERMINAÇÃO DO INVESTIMENTO INICIAL
 Recebimento depois de IR com a venda do ativo antigo
 Diminuem o Investimento Inicial.
 Fluxo líquido de entrada de caixa gerado pela venda: deve-se deduzir os
custos de remoção do ativo.
 Atentar para pagamentos ou devoluções de IR.

 Ex. Ativo comprado há dois anos por $ 100.000, com depreciação


acumulada de $ 52.000

 Situação 1: Vendido hoje por $ 60.000


 Ganho de Capital: ___________

 IR a pagar: _________________

 Situação 2: Vendido hoje por $ 40.000


 Perda de Capital: ___________

 IR a compensar: ____________ (Economia em impostos)


DETERMINAÇÃO DO INVESTIMENTO
INICIAL
 Variação do Capital de giro líquido (CCL)
 Normalmente acompanham decisões de gasto de capital.
 Projetos de investimento = aumento no nível de operação = necessidade de
mais caixa, mais contas a receber e estoque, mais contas a pagar.
 Aumentos em contas do AC => saída de caixa

 Aumentos em contas do PC => entradas de caixa

 AC cresce mais do que o PC => investimento adicional em CCL


 AC cresce menos do que o PC => redução do Investimento Inicial.

 Ex.: A empresa Alfa está examinando a possibilidade de expandir suas


operações. Os analistas financeiros esperam as seguintes alterações em suas
contas circulantes: Caixa: + $4.000; Contas a receber: + $ 10.000; Estoques: +
8.000; Salários a Pagar: + $ 2.000 e Fornecedores: + $ 7.000. Qual o impacto
no cálculo do Investimento Inicial?
DETERMINAÇÃO DO INVESTIMENTO INICIAL

Exemplo consolidado
 A Powell Corporation, uma grande fabricante de componentes
para aeronaves, está tentando determinar o investimento inicial
necessário para substituir uma máquina antiga por um modelo
novo mais sofisticado. O preço de compra da máquina é $
380.000; $ 20.000 adicionais serão necessários para instalá-la.
Espera-se uma vida útil de 5 anos. A máquina atual (antiga) foi
comprada há 3 anos por $ 240.000 e estava sendo depreciada
com prazo de recuperação de 5 anos, tendo uma depreciação
acumulada de $ 170.400. A empresa encontrou um comprador
disposto a pagar $ 280.000 por essa máquina, e ele se
encarregará de transportá-la à sua própria custa. A empresa
espera que um aumento de $ 35.000 dos ativos circulantes e de $
18.000 dos passivos circulantes acompanhe essa substituição. Os
ganhos de capital da empresa são tributados à alíquota de 40%.
DETERMINAÇÃO DAS ENTRADAS
OPERACIONAIS DE CAIXA
 Os benefícios esperados de uma gasto de capital ou projeto estão
incorporados em suas entradas de caixa operacionais, ou seja, entradas de
caixa incrementais depois do IR.
 Conter exclusivamente valores operacionais;
 Ignorar fluxos financeiros oriundos das amortizações dos empréstimos e
financiamentos obtidos e respectivos encargos de juros.
 Valor de um bem não deve estar vinculado a forma como ele é financiado,
mas depender exclusivamente do volume e distribuição dos resultados
operacionais esperados.
 Interpretação do termo “depois do IR”: IR é um compromisso financeiro da
empresa (saída de caixa).
 Para AF: Decisões de investimento são apurados em valores líquidos (antes
do IR) e admitindo-se que o projeto seja integralmente financiado com
recursos próprio.
DETERMINAÇÃO DAS ENTRADAS
OPERACIONAIS DE CAIXA
 Interpretação do termo entradas de caixa:

 Representam dinheiro que pode ser gasto e não apenas lucro


contábil

 Técnica simples para apurar o FCO a partir da DRE projetada:

FCO = LOPB – (IR x LOPB) + DND

Ou

FCO = LL + DND + DF – (IR x DF)


DETERMINAÇÃO DAS ENTRADAS
OPERACIONAIS DE CAIXA
 Para ilustrar, admita que uma empresa esteja avaliando os FCO s de
um investimento

Resultados esperados considerando o novo


investimento
Resultados antes
do Novo Projeto 1º ao 3º ano 4º ao 7º ano 8º ao 10 ano
RO 1000 1300 1800 1500
CDO -400 -500 -650 -600
Depreciações -100 -120 -150 -140
LOPB 500 680 1000 760
DF -200 -230 -250 -260
LAIR 300 450 750 500
IR (40%) -120 -180 -300 -200
LL 180 270 450 300
DETERMINAÇÃO DAS ENTRADAS
OPERACIONAIS DE CAIXA

FCO com projeto


FCO Antes do 1º ao 3º 4º ao 7º 8º ao 10º
Projeto ano ano ano
LOPB 500 680 1000 760
IR x LOPB 200 272 400 304
DND 100 120 150 140
DF 200 230 250 260
IR x DF 80 92 100 104
LL 180 270 450 300
FCO = LOPB – (IR x LOPB) +
DND 400 528 750 596
FCO = LL + DND + DF – (IR x
DF) 400 528 750 596
DETERMINAÇÃO DAS ENTRADAS
OPERACIONAIS DE CAIXA
Resultados Incrementais esperados do Projeto

1º ao 3º ano 4º ao 7º ano 8º ao 10 ano


∆ LOPB 180 500 260
IR x ∆ LOPB 72 200 104
∆ DND 20 50 40
∆ DF 30 50 60
IR x ∆ DF 12 20 24
∆ LL 90 270 120

∆FCO = ∆LOPB – (IR x ∆ LOPB) + ∆ DND 128 350 196

∆FCO = ∆LL + ∆DND + ∆DF – (IR x ∆DF) 128 350 196


DETERMINAÇÃO DAS ENTRADAS OPERACIONAIS DE CAIXA
 As estimativas de Receitas e despesas Operacionais (excluindo depreciação) da
Powell Corporation, com a nova máquina e com a máquina atual são fornecidas na
tabela a seguir:
Máquina Proposta Máquina Atual
Ano Receita CDO Ano Receita CDO
1 2.520.000 2.300.000 1 2.200.000 1.990.000
2 2.520.000 2.300.000 2 2.300.000 2.110.000
3 2.520.000 2.300.000 3 2.400.000 2.230.000
4 2.520.000 2.300.000 4 2.400.000 2.250.000
5 2.520.000 2.300.000 5 2.250.000 2.120.000
 Tanto a vida útil da máquina atual como da nova máquina são de cinco anos. O
cronograma de depreciação das máquinas é exposto a seguir:
Máquina Proposta Máquina Atual
Ano Depreciação Ano Depreciação
1 80.000 1 28.800
2 128.000 2 40.800
3 76.000 3 -
4 48.000 4 -
5 68.000 5 -
DETERMINAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA RESIDUAL / TERMINAL

 Resulta do encerramento e da liquidação de um projeto no final de sua vida


útil.
 Representa o fluxo de caixa após IR, excluindo as entradas de caixa
operacionais, que ocorre no último ano do projeto.
 Quando existe, pode afetar significativamente a decisão de investimento.

Formato básico
Recebimento com a venda do novo ativo, após IR
Recebimento com a venda do novo ativo
(+/-) IR sobre a venda do novo ativo
(-) Recebimento com a venda do antigo ativo, após IR
Recebimento com a venda do antigo ativo
(+/-) IR sobre a venda do antigo ativo
(+/-) Variação do Capital de Giro líquido
(=) Fluxo de Caixa Residual/Terminal
DETERMINAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
RESIDUAL / TERMINAL
 A Powell Corporation espera vender a máquina nova, no
final de sua vida útil de cinco anos, por $ 50.000 líquidos
depois dos custos de remoção e limpeza. A máquina
antiga pode ser liquidada por $ 0 no final dos cinco anos
porque está completamente obsoleta. Determine o fluxo
de caixa residual.

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