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PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI

DE DROGAS (LEI N. 11.343/2006)


Direito Processual Penal II
Professora: Camila Vizoto
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 Nos arts. 54 a 58 da Lei n. 11.343/2006 está previsto rito especial para apurar os
delitos nela descritos, que são aqueles relacionados a substâncias entorpecentes.
 De ver-se, entretanto, que referido procedimento especial não tem incidência
quando se tratar de crime de porte para consumo próprio (art. 28 da Lei n.
11.343/2006), que, de acordo com o art. 48, § 1º, da própria lei, deve ser apurado
de acordo com o rito da Lei n. 9.099/95, inclusive no que diz respeito às suas
normas despenalizadoras.
 Por sua vez, apesar de não haver menção expressa, os crimes de oferta de droga
para pessoa de seu relacionamento para consumo conjunto (art. 33, § 3º, da Lei n.
11.343/2006) e de prescrição ou ministração culposa de droga (art. 38 da Lei n.
11.343/2006) são também apurados perante o Juizado Especial Criminal, uma vez
que as penas máximas não superam 2 anos.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 ■ Fase policial

 A Lei n. 11.343/2006 estabelece algumas diferenças em relação ao


inquérito policial. Os prazos para conclusão, por exemplo, são mais
elásticos.
 Caso se trate de réu preso, o prazo é de 30 dias, e se estiver solto, de 90
dias (art. 51).
 Esses prazos, porém, podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
Público, mediante pedido justificado da autoridade policial (art. 51,
parágrafo único).
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DROGAS
 Findos os prazos, a autoridade deve encaminhar o inquérito ao juízo.

 Antes da remessa, deve elaborar relatório narrando sumariamente os fatos e justificando as


razões que a levaram à classificação do delito de determinada forma, mencionando a
quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que
se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os
antecedentes do agente (art. 52, I).

 Poderá, ainda, requerer a devolução dos autos para a realização de diligências


complementares que entenda imprescindíveis (art. 52, II), hipótese em que os autos
retornarão do distrito policial.

 A classificação do delito dada pela autoridade não vincula o Ministério Público no momento
de oferecer a denúncia ou o juiz.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 Por sua vez, o parágrafo único do art. 52 dispõe que a remessa dos autos ao juízo
far-se-á sem prejuízo de diligências complementares:

 I — necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado deverá ser


encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de
instrução e julgamento;

 II — necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que seja titular
o agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado
ao juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e
julgamento.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 Por fim, o art. 53 da lei estabelece que, em qualquer fase da persecução criminal, são
permitidos, além de outros previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o
Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:

 I — a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos


órgãos especializados pertinentes;

 II — a não atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou


outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro,
com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Em tal hipótese,
a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a
identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
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DROGAS
 ■ Procedimento em juízo

 Nos termos do art. 54 da Lei n. 11.343/2006, sendo recebidos em juízo os autos de


inquérito policial, de investigação feita por Comissão Parlamentar de Inquérito, ou
peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para que apresente
manifestação em 10 dias.

 O dispositivo prevê expressamente que o Ministério Público poderá oferecer


denúncia, promover o arquivamento ou requisitar diligências que entenda
necessárias — tal como ocorre, aliás, com qualquer outra infração penal.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 O art. 7º da Lei n. 1.521/51 prevê que o juiz deve recorrer de ofício caso determine o
arquivamento de inquérito policial, a pedido do Ministério Público, quando a apuração diz
respeito a crime contra a saúde pública.

 É pacífico, entretanto, que tal dispositivo não se aplica aos crimes da Lei de Drogas que,
apesar de atingirem a saúde pública, possuem rito especial na Lei n. 11.343/2006, que não
exige o recurso de ofício. Essa espécie de recurso, portanto, só tem incidência em relação
a outros crimes contra a saúde pública.

 Se o promotor oferecer denúncia, deverá, concomitantemente, arrolar até 5 testemunhas,


bem como requerer as diligências que entenda pertinentes (art. 54, III). Deverá ainda
analisar o cabimento da suspensão condicional do processo se a denúncia se referir a
crime cuja pena mínima não exceda 1 ano (crimes dos arts. 33, § 2º, e 39 da Lei).
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DROGAS
 Em juízo, o procedimento observará as seguintes fases:

 1) defesa preliminar;

 2) recebimento da denúncia ou determinação de diligências;

 3) citação;

 4) audiência para oitiva de testemunhas, interrogatório e debates orais;

 5) sentença.
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 ■ Defesa preliminar

 Nos termos do art. 55, caput, oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do
acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 dias.

 Nessa defesa, o denunciado poderá arguir preliminares (prescrição, por exemplo) e


exceções, além de invocar todos os argumentos que entenda pertinentes no sentido de
convencer o juiz a não receber a denúncia (ex.: que o flagrante foi provocado ou forjado,
que a droga era para seu consumo pessoal e não para tráfico etc.).

 Para tanto poderá oferecer documentos e justificações. É também nessa fase que o
denunciado deve requerer as provas que pretende produzir, antes e depois do recebimento
da denúncia, bem como arrolar até cinco testemunhas para que sejam ouvidas em caso de
recebimento da inicial.
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DROGAS

 As exceções a que se refere a lei são aquelas previstas nos arts. 95 a 113 do Código
de Processo Penal (suspeição, impedimento, incompetência do juízo,
ilegitimidade de parte ou coisa julgada) e, nos termos do art. 55, § 2º, da Lei n.
11.343/2006, serão processadas em autos apartados.

 Caso o acusado não apresente a defesa prévia, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la, fixando-lhe mais 10 dias de prazo e abrindo-lhe vista para
manifestação (art. 55, § 3º).
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 ■ Decisão judicial em torno do recebimento da denúncia

 Apresentada a defesa, o juiz, no prazo de 5 dias, terá de tomar uma das seguintes
decisões:

 a) receber a denúncia;
 b) rejeitar a denúncia;
 c) determinar a realização de diligências que entenda imprescindíveis. Esta última opção
encontra-se descrita no art. 55, § 3º, da Lei n. 11.343/2006, que diz que o juiz, se
entender imprescindível, determinará a apresentação do preso ou a realização de
diligências, exames ou perícias, que deverão ser realizadas no prazo máximo de 10 dias.
Em tal hipótese, com a juntada das novas provas ou com o término do prazo para a sua
realização, o magistrado terá mais 5 dias para receber ou rejeitar a denúncia.
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DROGAS
 Da decisão que rejeitar a denúncia cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I, do
CPP).

 Caso estejam presentes indícios de autoria e materialidade, o juiz receberá a inicial,


sendo de ressalvar que o art. 50, § 1º, da Lei n. 11.343/2006 prevê que para o
estabelecimento da materialidade nesta fase basta o laudo de constatação.

 Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e


julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a notificação do Ministério
Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os exames periciais faltantes (art.
56, caput). Apesar de a lei não mencionar expressamente, é evidente que também
deverá ser determinada a notificação do defensor, bem como a requisição do réu,
caso esteja preso.
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DROGAS
 Em se tratando dos previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 (tráfico de drogas
e crimes interligados ao tráfico), o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se este for funcionário
público, comunicando a decisão ao órgão onde ele atua (art. 56, § 1º). Esse
dispositivo se aplica, por exemplo, se o acusado for policial.

 É importante considerar que, se as normas atinentes ao juiz das garantias (arts.


3º-A a 3º-F do Código) vierem a ter aplicação72, a remessa da ação penal ao juízo
da instrução e julgamento deverá ocorrer, no procedimento relativo às infrações
previstas na Lei de Drogas, logo após o recebimento da denúncia ou queixa, na
medida em que o rito especial não contempla as fases previstas nos arts. 397
(absolvição sumária) e 399 (ratificação do recebimento da denúncia) do Código.
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DROGAS
 ■ Citação

 Se o réu for citado pessoalmente e não comparecer na audiência, será decretada sua
revelia, de modo que não será mais intimado para os demais atos processuais (art.
367 do CPP). Caso compareça, será devidamente interrogado.

 Se o réu não for encontrado para citação pessoal, o juiz determinará a citação por
edital; nesse caso, se o réu não comparecer ao interrogatório designado nem nomear
defensor, o juiz decretará a suspensão do processo e do prazo prescricional, nos
termos do art. 366 do Código de Processo Penal, que se aplica subsidiariamente à Lei
Antidrogas (art. 48). Esta hipótese só ocorrerá, na prática, se o réu estiver solto, e, por
tal razão, o juiz analisará se a decretação da prisão preventiva se mostra necessária.
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DROGAS
 ■ Audiência de instrução e julgamento

 A audiência de instrução e julgamento deverá ser realizada dentro do prazo de 30


dias, a contar do despacho em que foi recebida a denúncia, salvo se tiver sido
determinada a realização de exame para verificar a dependência toxicológica de
drogas por parte do acusado, hipótese em que deverá ser realizada no prazo de 90
dias.

 Muitas vezes já existem evidências de que o réu é dependente e, nesse caso, o


juiz, ao receber a denúncia, deve, de imediato, determinar a realização do exame
de dependência, hipótese em que a audiência de instrução deverá ser postergada,
sendo realizada no prazo de 90 dias.
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DROGAS
 De acordo com a redação do art. 57 da Lei n. 11.343/2006, na audiência, o juiz,
inicialmente, interrogará o acusado, na forma estabelecida no Código de Processo
Penal.
 Deverá o magistrado indagar-lhe acerca de eventual dependência de drogas, caso
ainda não tenha sido determinado o respectivo exame, providência necessária
mesmo no crime de tráfico.
 Se o réu declarar-se dependente e existirem indícios nesse sentido, o juiz deverá
determinar a realização do exame. Aliás, mesmo que o acusado não se declare
dependente, o juiz deverá determinar o exame se, diante das provas colhidas ou
de outras evidências, perceber que ele é viciado.
 O art. 57, parágrafo único, estabelece a possibilidade de as partes fazerem
perguntas ao réu no final do interrogatório, sempre, porém, por intermédio do
juiz.
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DROGAS
 Ainda de acordo com a disposição legal, após o interrogatório, o juiz ouvirá as testemunhas,
primeiro as de acusação, e depois as de defesa.
 O depoimento de policiais (militares ou civis) tem o mesmo valor que em qualquer outro
processo penal (furto, roubo, porte de arma etc.), devendo ser aferido pela harmonia com os
demais depoimentos, pela firmeza com que foi prestado etc.
 Nada obsta a condenação fundada apenas em depoimento de policiais, uma vez que é
extremamente comum que as testemunhas civis não queiram ser mencionadas na ocorrência
policial por temerem depor contra traficantes. É óbvio, todavia, que o juiz não poderá aceitar
depoimentos completamente contraditórios de policiais como fundamento para eventual
condenação.
 Ouvidas as testemunhas, as partes terão, cada qual, tempo de 20 minutos, prorrogáveis por
mais 10 (a critério do juiz), para a sustentação oral. O rito não menciona a possibilidade de
substituição dos debates orais pela entrega de memoriais, contudo, tal providência é
extremamente comum no dia a dia forense, uma vez que os tribunais não têm reconhecido
qualquer nulidade nessa atitude.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 Em tese, a audiência deveria ser una, pois, em um só ato processual, deveriam ser
realizados a instrução, os debates e, se possível, o julgamento.
 É, porém, muito comum que seja desdobrada, quer pela ausência de uma
testemunha (ouvem-se as presentes e marca-se nova data para as faltantes), quer
por não haver chegado o exame químico-toxicológico ou o laudo do exame de
dependência, quer por ter sido este determinado na própria audiência.
 Com a decisão prolatada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, em 3 de março
de 2016, no julgamento do HC 127.900/AM73, foi superada a controvérsia sobre
qual o momento em que o interrogatório deve ser realizado nos procedimentos
da Lei de Drogas, se no início da instrução, como prevê o art. 57, caput, da Lei n.
11.343/2006, ou ao final da instrução, como estabelece a norma prevista no
Código de Processo Penal.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 Com efeito, a Corte Suprema estabeleceu que a norma inscrita no art. 400 do Código de
Processo Penal comum aplica-se, a partir da publicação da ata daquele julgamento, aos
processos penais militares, aos processos penais eleitorais e a todos os procedimentos
penais regidos por legislação especial incidindo somente naquelas ações penais cuja
instrução não se tenha encerrado.
 Houve, portanto, modulação dos efeitos da decisão, como forma de prestigiar a
segurança jurídica, de modo a aplicar essa compreensão somente aos processos cuja
instrução não se tenha encerrado até 11 de março de 2016, quando foi publicada a ata
de julgamento.
 O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento do Supremo Tribunal Federal,
firmou orientação de que a previsão do art. 400 do Código de Processo Penal, que prevê
o interrogatório como último ato da audiência, prepondera sobre as disposições em
sentido contrário previstas em legislação especial, por se tratar de lei posterior mais
benéfica ao acusado, na medida em que que assegura maior efetividade a princípios
constitucionais, notadamente aos do contraditório e da ampla defesa.
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 ■ Sentença

 Após os debates das partes, o juiz proferirá sentença ou, se não se julgar habilitado a
fazê-lo de imediato, ordenará que os autos lhe sejam conclusos para, no prazo de 10
dias, proferi-la (art. 58, caput).
 Estando devidamente provado que o réu tinha a droga em seu poder, é necessário que
o juiz decida e fundamente por qual crime irá condená-lo. É muito comum que o réu,
denunciado por tráfico, alegue que a droga realmente estava em seu poder, porém
para consumo próprio.
 Assim, para que o magistrado decida se a droga realmente se destinava ao tráfico ou
ao consumo pessoal do agente, deverá levar em conta vários fatores apontados no art.
28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006: natureza e quantidade da droga apreendida, local e
condições em que se desenvolveu a ação criminosa, circunstâncias pessoais e sociais
do agente, bem como sua conduta e antecedentes.
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI DE
DROGAS
 Lembre-se de que, observados todos esses critérios e quaisquer outros
considerados relevantes pelo juiz, caso persista dúvida, deverá ele optar pela
condenação pelo crime menos grave (in dubio pro reo).

 Em caso de condenação, além das fases indispensáveis — relatório,


fundamentação e dispositivo —, o juiz deverá, além de fixar a pena e o regime
inicial:

 a) analisar se é caso de decretação da perda do cargo ou função pública (art. 92, I,


do CP), se o crime tiver sido cometido com abuso da função pública e a pena for
superior a 1 ano;
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 b) decretar a perda de veículos, embarcações ou aeronaves, bem como de maquinismos,
utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática do crime (art. 63).
O Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Tema 647 da sistemática da repercussão geral,
decidiu que “é possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em
decorrência do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do
uso do bem para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a descoberta do local do
acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além daqueles previstos expressamente
no art. 243, parágrafo único, da Constituição Federal” (RE 638.491 — Rel. Min. Luiz Fux — julgado
em 17.05.2017);

 c) verificar a possibilidade de o réu apelar em liberdade, ou a necessidade de decretar-lhe a prisão;

 d) determinar a destruição da droga apreendida, preservando-se, para eventual contraprova, a


fração que fixar. Nos termos do art. 32, § 1º, da Lei, a destruição será feita por incineração (art. 58,
§ 1º).
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