OCORRÊNCIA E UTILIDADE Podem ser encontradas no mundo inteiro, nos mais diversos habitats e sobre os mais diferentes substratos.
São coletadas em muros, rochas e na areia,
principalmente em lugares úmidos, às vezes formando grandes tapetes. Algumas são aquáticas, mas só vivem na água doce.
Há espécies que ocorrem na tundra ártica, nos
desertos e no pico das montanhas nevadas.
Existem espécies xerófitas que resistem à seca
durante muito tempo. No Brasil, poucas pessoas se dedicam ao estudo das briófitas.
Várias razões podem ser apresentadas para isso,
entre elas a pouca importância que se dá ao grupo, seja do ponto de vista econômico, ecológico, paisagístico e até medicinal. Contudo, quando algum pesquisador começa a se interessar por essas plantinhas e descobre sua beleza, a grande variação morfológica, os inúmeros problemas taxonômicos, sua possível utilidade na compreensão de problemas evolutivos, na economia e na ecologia, entre outros aspectos, elas se tornam muito interessantes. Utilidade
Podem ser usadas para controlar a erosão dos solo, a
umidade e as inundações. Tapetes de muitas espécies possuem grande capacidade de absorção e de retenção de água. Essa propriedade as capacita a conservar a umidade do ambiente em que se encontram. Ao reter as gotas de chuva, diminuem o impacto da água sobre o solo das florestas, barrancos expostos, e dunas de areia, evitando que formem focos de erosão. Ao mesmo tempo, impedem que toda a água escorra rapidamente para áreas mais baixas, evitando inundações.
Várias espécies habitam a margem de rios,
impedindo a erosão, absorvendo a água e retendo partículas de solo e outros materiais em suspensão, o que também previne o assoreamento dos rios. Essas plantas podem ser utilizadas como indicadores ecológicos, pois a maioria das briófitas têm um alcance ecológico claramente definido e um pouco estreito, o que lhes confere grande valor como indicadores de certas condições de habitat, provavelmente maior do que a maioria das plantas superiores.
São boas indicadoras da qualidade do solo em florestas e das
condições de pH e nível de água em turfeiras.
Certos musgos aquáticos servem para indicar a presença de
cálcio ou nutriente na água. Servem também como indicadores paleoecológicos, uma vez que são boas indicadoras das condições de solo e de pequenas comunidades vegetais.
Sabendo-se que muitas espécies de musgos fósseis de
sedimentos quaternários são as mesmas de hoje, pode-se deduzir informações sobre o local onde se encontram.
A análise das briófitas para pesquisa de elementos minerais
tem sido bastante utilizada, porque elas concentram muitos elementos que estão em excesso nos solo ou em outros substratos. Pela presença de certas espécies de briófitas num determinado local, pode-se ter uma ideia dos depósitos minerais ali existentes. São espécies que estão estreitamente associadas com determinados depósitos minerais.
Por exemplo, os chamados musgos de cobre ou musgos do
enxofre.
Eles são encontrados sobre rochas ou solos de cobre, mas
também sobre minérios de zinco, ferro e chumbo, sob a forma de sulfuretos, assim como em fontes de enxofre. Uma outra utilidade dessas plantas é a de indicar a poluição da água.
Um trabalho com briófitas aquáticas foi realizado no
rio Katsuragawa – no Japão, onde se encontra a espécie Amblystegium riparium vivendo apenas em água deteriorada por poluentes que vêm de um povoado próximo. Em locais do rio com água limpa e clara esta espécie não é encontrada. Outro trabalho mostrou que elas servem para monitorar a poluição por metais pesados, devido a sua grande habilidade para concentrar esses elementos.
A acumulação de mercúrio por Jungermannia
vulcanicola e Scapania undulata é especialmente notável. Também a presença de poluentes do ar pode ser indicada pelas briófitas, que são usadas para monitorar as concentrações desses poluentes.
Métodos ecofisiológicos atestam o valor das briófitas
como indicadoras de chuva ácida e deposição de metal pesado. Além de todas essas possibilidades de utilização, as briófitas podem ainda ser usadas com fins medicinais; em decoração; como aditivos do solo e meio de cultura para orquídeas; como embalagem; na preparação de vasos e jardins e como combustível (turfa).
Servem ainda de alimento para alguns mamíferos,
pássaros e até peixes. No Japão e na China, os estudos de biologia aplicada estão muito desenvolvidos, com destaque para a pesquisa de substâncias biologicamente ativas produzidas pelas briófitas.
Essas substâncias podem ser enquadradas em seis
categorias: fragrâncias e sabores particulares; substâncias antimicrobianas (antibióticos); reguladores de crescimento de plantas; restringentes ao ataque de predadores, incluindo peixes; alergênicas, causadoras de dermatite de contato; substâncias antitumores e citotóxicas. Como pode ser observado, as briófitas possuem grande potencial econômico e como fonte de substâncias importantes para o ser humano.
Esses estudos estão sendo aprimorados e talvez,
dentro de alguns anos, as briófitas ocupem um lugar de destaque semelhante ao das plantas superiores.