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Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC campus de Videira

Área das Ciências Sociais e Humanas


Curso de Direito

A valoração da prova pericial


frente aos demais meios de
provas no processo penal
Autor: Gleidson Kamilo Dias de Moraes
Professora: Dra. Daniela Ries Winck
E-mail: glei.moraes@gmail.com
13 de novembro de 2019
Título: A valoração da prova pericial frente aos
demais meios de provas no processo penal
(The valuation of expert evidence in front of other
proof sources in the criminal proceedings)
 Problema de pesquisa: Fundamenta-se se há um entendimento,
na nossa legislação, de uma maior valoração da prova pericial, e
se é possível que o juiz atribua uma consideração de destaque ao
meio de prova pericial.
 Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado. Código de Processo Penal.
 Desse modo, verifica-se que até mesmo a lei processual penal brasileira
atribui uma importância referente à prova pericial quando a infração deixar
vestígios, pois é através dos vestígios analisados pelo perito é que se
chegará a uma verdade real dos fatos que ocorreram, verdade esta que não
é possível ter através da confissão do acusado, por exemplo.
 Diante disso, questiona-se: existe a
possibilidade de uma valoração maior da
prova pericial no processo penal frente aos
demais meios de provas?
Objetivo Geral:
 Analisarse há uma valoração maior da prova pericial com
relação às outras provas do processo penal e sua análise pelo
magistrado.
Objetivos Específicos:
 Caracterizar os meios de provas no processo penal;
 Analisaros fundamentos da prova pericial e os sistemas de
avaliação dos meios de prova;
 Verificar
a possibilidade da valoração da prova pericial pelo
magistrado.
 Justificativa:
 O processo penal: instrumento para aplicar uma punição (jus puniendi);
 O princípio da verdade real face à dialética;
 Dentro do processo penal, o princípio da verdade real é a base
fundamental, atingida através da apresentação de provas lícitas, para que
se chegue ao seu objetivo final, qual seja, à punição de quem agiu em
desconformidade com a lei penal, ou num sentido mais amplo, à justiça.
 Método de Pesquisa:
 Para o desenvolvimento do presente projeto de pesquisa foram
examinadas as informações em aspecto geral e apresentado seus
conceitos, desse modo, no âmbito
dos seus objetivos classifica-se em pesquisa exploratória .
 Quanto aos aspectos técnicos, classifica-se como pesquisa
bibliográfica.
 Utilizou-seo método dedutivo, parte de princípios reconhecidos
como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a
conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude
unicamente de sua lógica.
Introdução
 Processo Penal Brasileiro: Meios de Provas - a prova
testemunhal, o interrogatório, dentre outras.
 A prova pericial, em especial, é uma prova
técnica na medida em que tem por finalidade a
apuração e verificação de fatos cuja existência
caracteriza-se pela utilização de conhecimentos
técnicos específicos, funcionando como se fosse a
visão científica e especializada do juiz em um
determinado caso.
Expert (perito): Análise dos vestígios –
Materialidade e Autoria
 O sistema processual penal
brasileiro adotou, em regra, o
convencimento motivado do juiz para a
avaliação das provas
Os principais meios de provas no
processo penal brasileiro
De acordo com Renato Brasileiro de Lima, 2018, destacam-se os seguintes
meios de provas:
 Exame de corpo de delito e outras perícias: é uma análise feita por
pessoas com conhecimentos técnicos ou científicos sobre os vestígios
materiais deixados pela infração penal para a comprovação da
materialidade e autoria do delito.
 Interrogatório Judicial: é o ato processual por meio do qual o juiz ouve
o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é feita.
 Confissão: é a aceitação por parte do acusado da imputação da infração
penal.
 Prova testemunhal: trata-se de pessoa desinteressada no processo
acerca de fatos percebidos por seus sentidos que interessam à decisão
da causa.
Criminalística e o método científico
A criminalística, fonte da elaboração da prova pericial, pode ser definida
como (Rabello, 1996):
 Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento
técnico-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e
judiciárias de investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos
vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no quer tiver de útil à
elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à identificação dos
autores respectivos.
Sobre prova pericial e a ciência Dorea, Stumvoll e Quintela (2012, p. 15,
apud Souza e Bonaccorso, 2017) destacam:
 A prova pericial é produzida a partir de fundamentação científica dos
elementos materiais deixados pela ação delituosa, enquanto a formação
das chamadas provas subjetivas depende de testemunho ou interpretação
de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros (...)
Sistemas de avaliação da prova

Segundo Lima (2018), os sistemas de avaliação da prova


dividem-se em:

 Sistema da íntima convicção do magistrado

 Sistema da prova tarifada

 Sistema do convencimento motivado (persuasão racional


do juiz)
A prova pericial e a verdade real
 Perícia – materialidade (ciência) – busca pela verdade

 Lei nº 11.690/2008

 O juiz não deve ater-se apenas o raciocínio dialético,


segundo o qual, leva em consideração as discussões
fundamentadas para obter a vitória dentro do processo.
Desse modo, justifica-se o porquê também de o magistrado
poder, de ofício, ordenar a realização da perícia, fazendo
com que ele tenha uma ideia mais clara acerca dos fatos.
De acordo com Schmitz, 2015:
 “Fatospodem ser averiguados somente por meios
imperfeitos, dependendo de procedimentos imperfeitos –
a evidência de outras pessoas, a percepção e
compreensão subjetivas, e a classificação dessas
percepções; ademais, há limites no tempo que se pode
gastar na busca pela precisão factual. Toda decisão
requer avaliação e julgamento, tanto na fixação dos
métodos de eleição dos fatos quanto na decisão de
quanta evidência é suficiente.”
Quanto à vinculação ao laudo pericial Nucci (2016) faz a seguinte
observação:
 (...) equívoco comum encontramos naqueles que sustentam ser
admissível, em um exame de insanidade mental, que o juiz afaste o
laudo decidindo em sentido contrário ao proposto pelo perito. Não
pode fazê-lo, pois o Código Penal (art. 26) adota o sistema
biopsicológico, exigindo que haja dupla avaliação para a situação de
inimputabilidade, isto é, o perito atesta a parte biológica,
demonstrando que o réu tem uma doença mental, enquanto o juiz
avalia a parte psicológica, analisando se a doença se manifestava à
época do crime, o que poderá fazer pela colheita das demais
provas. Entretanto, caso o magistrado não concorde com a parte
biológica, deve mandar fazer outro exame, mas não pode dizer que
é saudável aquele que o perito disse ser doente ou vice-versa.(...)
Conclusão
 Percebe-se que existe dentro da legislação brasileira
processual penal que há um destaque para o sistema tarifado
de provas, no que diz respeito ao exame de corpo de delito.
 Neste sentido, apesar de ser adotado o sistema do
convencimento motivado do magistrado pela nossa legislação,
verifica-se que a prova pericial possui um destaque a mais em
relação aos demais tipos de prova, haja vista que trata-se da
visão técnica e especializada de um expert, de maneira
imparcial, o qual fornece as informações necessárias ao juiz
para que julgue como melhor entender o litígio que lhe é
apresentado.
 Ademais, a lei nº 11.690/2008, faculta às partes a
indicarem assistentes técnicos, os quais darão sua opinião
acerca da perícia, fornecendo mais elementos para uma
melhor compreensão sobre a dinâmica do crime ocorrido.
 Por fim, por tratar-se de um meio de prova objetivo e
científico, e que apesar de a legislação brasileira adotar
um sistema de convencimento motivado do juiz, a prova
pericial merece uma atenção especial em relação aos
demais meios de provas.
Referências
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado
Federal, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 02 nov.
2019.

 BRASIL. Lei nº 11.690. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-


2010/2008/Lei/L11690.htm>. Acesso em: 05 nov. 2019.
 BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Penal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 30
out. 2019.
 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 15 ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
 GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
 KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação
à pesquisa. 25 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 6 ed. ampl. e atual.
Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.
 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 13 ed. rev.
atual. 2016.
 RABELLO, Eraldo. Curso de Criminalística. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.
 SCHMITZ, Leonard Ziesemer. Entre produzir provas e confirmar hipóteses: o risco do
argumento da “busca da verdade real” na instrução e fundamentação das decisões.
Revista de Processo. V. 250. 2015.
 SECRETARIA ESPECIAL DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Protocolo
Brasileiro, Perícia Forense no Crime de Tortura. 2003. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/denunciar/tortura/a_pdf/protocolo_br_tortura.pdf>. Acesso
em: 30 out. 2019.
 SOGLIO, Roselle Adriane. A ciência a serviço da justiça: A criminalística como forma de
auxílio no combate ao crime.
 SOUZA, Sara Cristina Coriani de; BONACCORSO, Norma Sueli. A importância da prova
pericial no processo penal. Disponível em:
http://revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/Edicao_13_CORAINI_DE_SOUZA_Sara_Cristina_-
_BONACCORSO_Norma_Sueli.pdf. Acesso em: 23 out. 2019.
Revista para publicação

 Nome: Revista Brasileira de Direito Processual Penal


 Qualis: B1 (21/07/2019)
 Site:
http://www.ibraspp.com.br/revista/index.php/RBDPP
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