Você está na página 1de 42

Vícios

sociais

Aula de direito civil 2


Módulo 5
FRAUDE CONTRA
CREDORES
• A fraude contra credores se dá
quando o devedor pratica atos
com o objetivo de prejudicar os
direitos dos credores de receber
aquilo que lhes é garantido,
diminuindo ou onerando seu
patrimônio, a ponto de chegar à
insolvência.
FRAUDE CONTRA CREDORES
• Não é um tratado como vício de consentimento porque não se cuida de o
descompasso entre o íntimo querer do agente e sua declaração. Na
verdade, a vontade exteriorizada corresponde exatamente aquilo que se
deseja, mas é exteriorizada com a INTENÇÃO DE PREJUDICAR
TERCEIROS. Por essa razão é considera um vício social.
FRAUDE CONTRA CREDORES
• O patrimônio o devedor constitui garantia geral dos credores.
• Na fraude contra credores, o devedor desfalca maliciosa e
substancialmente o seu patrimônio, a ponto de não garantir mais o
pagamento de todas as suas dívidas, tornando-se insolvente.
• O passivo é maior do que o ativo.
• Só se caracteriza se o devedor for insolvente (antes ou depois do ato). Se
for solvente não caracteriza a fraude.
ELEMENTO DA FRAUDE CONTRA CREDORES

Subjetivo ou
Objetivo ou eventus
consilium fraudis:
damni: insolvência ou
má-fé devedor ou
ato do prejudicar
consciência de
credor .
prejudicar terceiros.
ELEMEMTOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES
• O eventus damni é o prejuízo decorrente da insolvência.
• O consilum fraudis é a má-fé pelo intuito fraudulento.
• O consilum fraudis deve ser analisado do ponto de vista do devedor, ou seja, não
se exige que o outro negociante esteja em conluio com o devedor para prejudicar
o credor (animus nocendi). Entretanto, para que seja anulado o negócio jurídico
esse terceiro tem que ter ciência da insolvência do devedor ou tinha como saber.
Assim, se ignorava a insolvência do alienante, nem tinha motivos para conhece-
la, conservará o bem, não se anulando o negócio jurídico.
ELEMENTOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES
• É de se ressaltar, entretanto, que em certas hipóteses, o ordenamento
jurídico presume a má-fé do adquirente em hipóteses nas quais a
insolvência for notória (caso de protesto de título) ou quando houver
motivo para ser conhecida por ele (negócio preço vil, parentesco, etc).
TRANSMISSÃO GRATUITA DE BENS

PRESUNÇÕES REMISSÃO
CONCILUIM
FRAUDIS ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTOS

PAGAMENTO DE DÍVIDA NÃO VENCIDA

ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTOS

OUTORGA DE DIREITO DE PREFERÊNCIA A UM DOS


CREDORES

CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS ONEROSOS EM CASO


DE INSOLVÊNCIA NOTÓRIA
TÍTULOS DE CRÉDITO
INSOVÊNCIA PROTESTADOS
NOTÓRIA

PROTESTOS JUDICIAIS
CONTRA ALIENAÇÃO DE
BENS

DEMANDAS DE GRANTE
PORTE MOVIDAS CONTRA
O DEVEDOR.
INSOLVÊNCIA NOTÓRIA

• Há presunção também quando as circunstâncias indiquem que o adquirente conhecia


o estado de insolvência do alienante, como:
Preço vil
Parentesco próximo
Etc.
• Incube ao credor que busca a anulação do negócio jurídico a prova da
notoriedade
ATOS DE TRANSMISSÃO GRATUITA DE BENS OU
REMISSÃO DE DÍVIDA
• Os créditos de dividas ativas que o devedor tem a receber de terceiros
também constituem parte do seu patrimônio.
• Se há o perdão das dívidas, o patrimônio do devedor também reduz, por
essa razão os credores do devedor também tem interesse em anular essa
espécie de liberalidade, reintegrando, assim, o crédito ao patrimônio do
devedor.
ESPÉCIES DE ATOS DE TRANSMISSÃO GRATUITA

Atribuição
Renúncia à
Doação gratuita de
herança
direitos reais

Renúncia a Promessa de
Aval de favor
usufruto doação
ATOS DE TRANSMISSÃO ONEROSA

• É possível também a anulação de negócio jurídico oneroso, ou seja, aqueles que


possuem contraprestação, no caso de conhecimento real da insolvência por parte do
outro contratante ou no caso de insolvência presumível, por ser notório ou houver
motivos para conhecimento do outro.
PAGAMENTO ANTECIPADO DE DÍVIDA

• CC, art. 162: “O credor quirografário, que receber do devedor insolvente


o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em
proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores,
aquilo que recebeu.”
PAGAMENTO ANTECIPADO DE DÍVIDA

• Credor quirografário é o credor que não possui qualquer garantia


especial, sendo o patrimônio do devedor a única garantia para satisfação
do crédito.
• O objetivo da lei é colocar todos os credores quirografários em situação
de igualdade.
• Não se aplica ao credor com garantia.
CONCESSÃO DE GARANTIAS FRAUDULENTA

• CC, art. 163: . “Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros


credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a
algum credor.”
• A constituição de garantias visa colocar um credor quirografário em
situação privilegiada.
• Esse artigos diz respeito às garantias reais, pois as fidejussórias não
prejudica credores.
DIFERENÇA ENTRE GARANTIA REAL E FIDEJUSSÓRIA

FIDEJUSSÓRIA REAL
• É prestada com todo •É prestada com
patrimônio de terceiro. individualização do
patrimônio que pode ser
• Exemplo: fiança e aval atingido, especificando o
bem do próprio devedor.
• Exemplo: hipoteca, penhor e
anticrese.
ELEMENTOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES
• Segundo o STJ, seriam três os requisitos:
• “É consabido que o ajuizamento de ação pauliana subordina-
se ao preenchimento dos requisitos caracterizadores
da fraude contra credores, consistentes na anterioridade
da dívida, na ocorrência do eventus damni e, via de regra,
na presença do consilium fraudis. ” (AgInt no AREsp 158358
/ SP, Relator Ministro Lázaro Guimarães, in DJ DJe
21/09/2018”
QUAIS SÃO OS EFEITOS DA
FRAUDE CONTRA
CREDORES?

• ANULABILIDA
DE DO
NEGÓCIO
JURÍDICO
EFEITOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES

• CC, art. 165: “Anulados os negócios fraudulentos, a


vantagem resultante reverterá em proveito do acervo
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.”
EFEITOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES
• Há uma posição doutrinária que entende que o ato
praticado em fraude contra credores é plenamente válido,
preenchido os requisitos do plano da validade, sendo,
entretanto, ineficaz em relação ao credor do alienante,
uma vez que não poderá lhe ser objetado, permitindo-lhe
buscar no patrimônio do terceiro adquirente o bem
alienado.
AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA
• A ação anulatória do negócio jurídico celebrado em fraude contra credores é a
chamada Ação Pauliana ou Revocatória, em atenção ao Pretor Paulo, que a
introduziu no direito romano.
• Visa prevenir lesão ao direito dos credores causadas pelos atos de subtração
da garantia geral dos credores.
• Tem natureza desconstitutiva do negócio jurídico.
• Julgada procedente, anula-se o negócio jurídico, determinando-se o retorno
do bem ao patrimônio do devedor.
Credores
quirografários e
AÇÃO credores cuja a
PAULIANA OU garantia se tornar
REVOCATÓRIA insuficiente

LEGITIMIDADE
ATIVA
Só os credores
que já o eram ao
tempo da
alienação
fraudulenta
PESSOA QUE COM O
AÇÃO DEVEDOR CELEBROU
DEVEDOR A ESTIPULAÇÃO
PAULIANA OU CONSIDERADA
FRAUDULENTA
REVOCATÓRI
A–
LEGITIMIDAD
E PASSIVA TERCEIRO
ADQUIRENTE DE MÁ-

AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA
• A fraude contra credores não pode ser discutida nos embargos de terceiros e
nem nenhuma outra ação, porque o negócio jurídico á valido e originalmente
eficaz, somente podendo ser desconstituído por uma decisão judicial.
• Enunciado n. 195 da Súmula do STJ: “Em embargos de terceiros não se anula
ato jurídico, por fraude contra credores.”
FRAUDE NÃO ULTIMADA
• Quando o negócio jurídico é aperfeiçoado pelo acordo de
vontades, mas seu cumprimento é diferido para data futura,
permite-se ao adquirente, que ainda não efetuou o pagamento do
preço, evitar a propositura de ação pauliana, ou extingui-la,
depositando-o em juízo, se for equivalente ao valor do mercado,
requerendo a citação por edital de todos os interessados.
VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
CELEBRADOS DE BOA-FÉ PELO DEVEDOR
• Os negócios jurídicos celebrados de boa-fé não são anuláveis.
• CC, art. 164: “Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários
indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à
subsistência do devedor e de sua família.”
• Presume-se a boa-fé aqueles atos praticados com o objetivo de evitar a paralisação das
atividades normais do estabelecimento.
• Também presume-se a boa-fé no que tange aos gastos ordinários do devedor
insolvente no que tange à sua subsistência ou de sua família.
FRAUDE À EXECUÇÃO

• A FRAUDE À EXECUÇÃO OCORRE QUANDO O


DEVEDOR ALIENA SEUS BENS DURANTE O
TRÂMITE DE UM PROCESSO JUDICIAL QUE PODE
LEVÁ-LO À INSOLVÊNCIA.
Fraude na alienação de bens
ASPECTOS
COMUNS ENTRE A
pelo devedor
FRAUDE CONTRA
CREDORES E A
FRAUDE À
EXECUÇÃO
Eventualidade do consilium
fraudis

Eventus damni
FRAUDE CONTRA CREDOES FRAUDE A EXECUÇÃO

DIREITO MATERIAL DIREITO PROCESSUAL

DEFEITO DO NEGÓCIO JURÍDICO ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE


DA JUSTIÇA

FRAUDE CONTRADEPENDE DE AÇÃO PRÓPRIA PARA


RECONHECIMENTO
PODE SER RECONHECID DENTRO
DO MESMO PROCESSO
CREDORES X
FRAUDE À OCORRE QUANDO NÃO HÁ PROCESSO OCORRE QUANDO HÁ PROCESSO
EM CURSO EM CURSO
EXECUÇÃO
NEGÓCIO JURÍDICO ANULÁVEL NEGÓCIO JURÍDICO INEFICAZ

.
PROVAR A MÁ-FÉ E INSOLVÊNCIA MÁ-FÉ E INSOLVÊNCIA
PRESUMIDA

APROVEITA A TODOS OS CREDORES APROVEITA APENAS AO


EXEQUENTE
SIMULAÇÃO • Consiste na declaração falsa
de vontade visando
aparentar negócio jurídico
diverso do efetivamente
praticado.
SIMULAÇÃO
• A simulação é o produto de um conluio entre os contratantes, visando obter efeito
diverso daquele que o negócio aparenta conferir.
• É um desabordo intencional e propositado entre a vontade declarada (tornada exterior)
e a vontade interna (pretendida concretamente pelo declarante)
• É realizado de comum acordo com a pessoa a quem a manifestação de vontade se
destina.
• Visa lesar terceiro ou fraudar a lei.
É, em regra, negócio jurídico bilateral. Mas
pode atingir negócio jurídico unilateral.

É sempre acordada com a outra parte, ou com a


pessoa a quem ela se destina.

É uma declaração deliberadamente desconforme


com a intenção.
SIMULAÇÃO -
CARACTERÍSTICAS É realizada com o intuito de fraudar a lei ou
lesar terceiros.
SIMULAÇÃO - ESPÉCIES

Ad
Absoluta Relativa
personae
SIMULAÇÃO - ESPÉCIE
Simulação absoluta
• As partes, na verdade, não realizam nenhum negócio
jurídico.
• As partes apenas fingem, para criar uma aparência, sem
que na verdade desejem o ato.
• Não há negócio jurídico, mas aparência.
SIMULAÇÃO - ESPÉCIE

Simulação relativa
• As partes pretendem realizar determinado negócio jurídico, mas por
algum intento, acabam realizando outro.
• Oculta a celebração de um outro negócio jurídico.
• Há dois negócios:
simulado ou aparente que é o destinado a engar; e
dissimulado ou oculto que é o efetivamente desejado.
SIMULAÇÃO - ESPÉCIE

Simulação ad personae
• Nesta espécie o negócio é real, mas a parte é aparente.
• É o caso dos chamados “laranjas” ou “testas de ferro”.
SIMULAÇÃO - EXEMPLOS
1. Paulo, que está em processo de divórcio com sua esposa Aline, transfere seus bens
para o patrimônio deu amigo Luis, tendo por objetivo diminuir o seu patrimônio e,
com isso, diminuir a participação de Aline na partilha de bens do ex-casal.
2. Clara e Joaquim adquirem de Maria e José um bem imóvel avaliado em R$
2.000.000,00. Na escritura de compra e venda, de comum acordo, as partes
pactuaram, com objeto de pagar emolumentos e impostos mais baixos, a
importância de R$ 1.000.0000,00.
3. José, casado, não podendo fazer doação para sua amante Maria, porque reputada
nula pelo ordenamento jurídico, faz para o irmão dela, Henrique.
SIMULAÇÃO – HIPÓTESES LEGAIS
CC, art. 167:”É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.”
SIMULAÇÃO

Esse rol legal é meramente exemplificativo e não taxativo.


Pode ser alegada em qualquer hipótese em que houver
disparidade entre a vontade manifestada e a vontade
oculta.
SIMULAÇÃO - EFEITOS
A SIMULAÇÃO ACARRETA A NULIDADE ABSOLUTA DO NEGÓCIO
JURÍDICO SIMULADO.
NO CASO DE SIMULAÇÃO RELATIVA, O NEGÓCIO DISSIMULADO
PODERÁ SUBSISTIR SE FOR VÁLIDO NA SUBSTÂNCIA E NA FORMA.
PODE SER ALEGADA POR QUAISQUER DAS PARTES, PELO
PREJUDICADO, POR TERCEIROS INTERESSADOS, PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO OU MESMO EX OFFICIO PELO MAGISTRADO.
SIMULAÇÃO INOCENTE OU TOLERÁVEL
A simulação inocente ocorre quando o ato simulado não fraude a lei ou tampouco
prejudicada interesses particulares.
A simulação inocente seria causa de nulidade do negócio jurídico?
Há corrente que afirma somente havendo prejuízo de terceiro, ou infringência à
lei, poderá consubstanciar simulação e ensejar a nulidade do negócio jurídico.
Mas há corrente doutrinária que afirma que, em qualquer caso, a simulação
implicará em nulidade, uma vez que não traduzirá a realidade.

Você também pode gostar