Aula V

Da mitologia para a filosofia: do

sagrado para o logos
“Se você não sabe de onde veio, não saberás para onde ir”
(Provérbio africano)

Pesquisa e apresentação:
Prof. Dr. Dejalma Cremonese

Contato:
E-mail: dcremoisp@yahoo.com.br
Site: www.capitalsocialsul.com.br
 Tópicos

1. Revisão:
2. Mitos: experiência transcendente
3. Do pensamento mítico ao saber filosófico
4. A tragédia grega: entre o mito e a razão
4.1. Ésquilo:
- O mito de Prometeu – o trapaceiro, o astuto
- A Pandora: um presente como castigo
4.2. Sófocles:
- O mito de Édipo Rei
- A Antígona de Sófocles
4.3. Eurípedes:
- A Medéia
5. O necessário retorno aos mitos e à filosofia grega
 1. Revisão
- Situa-se entre a razão e a fé
- Não tem a pretenção da cientificidade
- É sempre uma narrativa de ficção: discurso ou fábula
- Sempre estiveram presentes nas diferentes culturas
- De certa forma os mitos estão presentes em nossos dias (a
linguagem, como as histórias – Narciso)
- Hesído – teogonia (nascimento dos deuses)
- Homero: a Ilíada e a Odisséia
- Entre a hybris (desmedida, desafio aos deuses) a phronesis (meio
termo, homem comedido)
 2. Mitos: experiência com o
transcendente
• O Homem neandertal (espécie humana extinta: 400 mil anos até 28
mil anos a.C) tem a experiência do sagrado: eram enterrados em
posição fetal preparando-se para o renascimento.
• A mitologia nos põe na atitude espiritual ou psicológica para a ação
adequada neste mundo ou no outro
• Enquanto persistir as perguntas: “de onde viemos e para onde
vamos” os mitos serão necessários
• A experiência da transcendência sempre fez parte da experiência
humana (só o homem cria mundos imaginários)
• Onde alcançamos o êxtase? Nos mosteiros, nas igrejas, na arte, na
música, na poesia...
• O mito não deixa de ser uma forma de guia. Ele nos diz o que fazer
para vivermos de maneira completa
• O objetivo do mito é tornar as pessoas mais conscientes da
dimensão espiritual que os rodeia e faz parte natural da vida
• Ter experiências de transcendência, experiência do divino,
experiência religiosa
• O mito tem a missão de nos tornar mais humanos
• Afinal, todos somos heróis, desde que nascemos e temos que rolar
a pedra até o cume da montanha tal Sísifo
3. Do pensamento mítico para o saber
filosófico
 Pensamento mítico Pensamento filosófico

• mundo imaginário racional

• mundo sagrado
• paraíso perdido
• discurso necessário em
momentos extremos
pragmático
olhar para frente
pensamento encadeado
physis (natureza dos seres)
indagação minunciosa para
estabelecer a verdade

Tragédia grega
Catárse (purgação ou purificação interior)
Libertação pela emoção, piedade e temor
 4. A tragédia grega: entre o mito e a razão
(séc. VI e V a. C)

Ésquilo (525-456):
dramaturgo grego
 4.1. Ésquilo: O mito de Prometeu

Prometeu Acorrentado, Christian Griepenkerl

Ésquilo (525-456): dramaturgo grego

 O mito de Prometeu de Ésquilo
• Prometeu: o trapaceiro, astúto
• Prometeu (aquele que pensa antes de agir): aquele que enganou os
deuses
• Epimeteu (aquele que age antes de pensar. Só aprende depois do erro)
1) Prometeu engana os deuses: (sacrifícios)
- oferecia sacrifícios aos deuses, mas escondia a carne boa sob a parte menos
palatável (estômago do animal) e a carne ruím envolvia em pedaços
gordurosos (apetecível)
- Os deuses sabendo das trapaças de Prometeu aceitou a parte que parecia
ser melhor
- Vendo que fora enganado Zeus não envia o fogo dos humanos (técnica).
- Prometeu vai até o céu e rouba o fogo de Zeus e devolve aos humanos.
- Punição: deixa Prometeu acorrentado no Cáucaso onde uma ave de rapina
vem comer o seu fígado dia após dia.
2) Promete e Epimeteu distribuem as qualidades aos seres (deixam o homem
nu)
- Os deuses incumbiram a Prometeu (fiscalizar) e a Epimeteu de dar as
criaturas as capacidades para cada um: velocidade ao leopardo; asas aos
pássaros, pele ao urso... E esqueceu do homem (deixou nu).
- Desprovido de tudo, Prometeu roubou o fogo dos deuses e deu aos
homens
 A Pandora: um presente como castigo
3) Agora, Zeus, com um gesto de punição “presenteia” os humanos com um
presente: Pandora (a primeira mulher a viver com os homens)
• Pandora significa: kalon kakon (belo demônio), belo infortúnio, aquela
que tudo dá, que tem todos os dons.
• Pandora (curiosa como toda a mulher) abre a caixa dos segredos e deixa
escapar todos os males da humanidade (pestes, ciúmes, inveja,
ganância)
• Quando se dá conta de sua “cagada” tenta fechar a caixa e só prende a
esperança
• O homem só tem a esperança de dias melhores
 4.2. Sófocles: Édipo rei e a Antígona

Édipo Rei frente a frente com a esfinge

Sófocles (495-406): dramaturgo grego

Antígona é surpreendida pelos guardas e levada

até o rei
 Sófocles – Édipo rei
• O maior dos poetas trágicos - o mais perfeito (Jaeger)
• Aparece o conceito “Hybris”: desmedida
• Valorização da mulher como representante do humano – ao lado do homem
com idêntica dignidade (Antígona, Electra, Dejanira, Jocasta)
• Destino fáctico - Fatalidade/tragédia: aquilo que ninguém pode evitar
• Dois crimes inadmissíveis para os gregos: o parricídio e o incesto (mas não
há como evitar)
• Maldição de Pelops pai de Crísipo com quem Laio teve um caso (anti-
natural)
• Édipo: aquele que mataria o pai (Laio) e desposaria a própria mãe (Jocasta)
• Ao nascer é abandonado junto a um bosque (Édipo – pés inchados)
• Salvo, torna-se príncipe de Corinto (filho adotivo de Pólibo e Peribéia)
• Ciente de que não era filho legítimo decide voltar para Tebas e descobrir as
suas origens.
• Na volta entra em conflito com uma cavalaria e mata todos os opositores
(exceto um)
• Em Tebas confronta-se com uma Esfinge (metade leão com cabeça de
mulher)
• Desvenda o enigma e casa com a rainha
• Tebas decai em seus valores
• Os oráculos são consultados e desvendam o mistério
 Sófocles: A Antígona
• Do casamento entre Édipo e Jocasta nascem 4 filhos: Antígona e Ismena
e Etéocles e Polinices
• Creonte irmão de Jocasta assume o poder
• Mas, os irmãos Etéocles e Polinices lutam mortalmente pelo poder.
• Com a morte de Polinices, Antígona contrariando as leis e as divindades
enterra com honras militares seu irmão
• Quem atentasse contra o poder não deveria ser enterrado
• A decisão de Creonte é legal mas injusto
• Antígona é presa e condenada a ser enterrada viva. Suicída-se, da
mesma forma Hemon (seu noivo e filho de Ceonte), suicida-se também a
mulher de Creonte
• Conflito entre dois princípios morais: lei natural e a lei do estado
A passagem do texto é extraída da peça a Antígona narrada por Sófocles no tempo
de Péricles no século V a. C. Em termos morais, o dever da personagem Antígona
em enterrar o irmão Polinice e a proibição de Creonte evidencia o confronto entre
aqueles que priorizavam o legalismo estatal e o poder da tradição.

• (...) Antígona
• Certamente! Pois não sabes que Creonte concedeu a um de
nossos irmãos, e negou ao outro, as honras da sepultura?
Dizem que inumou a Etéocles, como era de justiça e de acordo
com os ritos, assegurando-lhe um lugar condigno entre os
mortos, ao passo que, quanto ao infeliz Polinice, ele proibiu aos
cidadãos que encerrem o corpo num túmulo, e sobre este
derramem suas lágrimas. Quer que permaneça insepulto, sem
homenagens fúnebres, e presa de aves carniceiras. (...) Uma
coisa é certa: Polinice era meu irmão, e teu também, cara
Ismene, embora recuses o que eu te peço. Não poderei ser
acusada de traição para com o meu dever.
 4.3. Eurípedes: Medéia

Eurípides (480-406 a.C)

Medéia de Eurípides
 Eurípedes: Medéia
• Medeia enraivecida (cheia de rancor) com a traição de
Jasão (marido)
• Filicídio: Mata seus filhos com a intenção de magoar
Jasão
• Temas: apresenta as profundas emoções da paixão, do
amor e da vingança
 5. O necessário retorno aos mitos e à
filosofia antiga
Nossos Tempos
- Felicidade e prazer a qualquer custo
- Comandados pela publicidade e pelo consumo
- Supremacia do “Eu” sobre o “Nós” (eu me amo eu me adoro... Idolatria do
ego)
- Relações Líquidas
Precisamos retornar aos gregos e aprender deles
- “Remar contra a maré”
- Qual é a melhor maneira de viver? (pergunta ética)
- Assim como Ulisses (Odisseu) na Odisséia de Homero - que navegou
terras inóspitas, naufrágios, sereias, promessas, nos braços da deusa
Calipso, chora toda a tarde na praia a saudade da sua Ilha – retornou ao
seu “lugar natural” (também nós devemos encontrar o nosso lugar natural)
- É preciso buscar na ética grega uma resposta para as vicissitudes da vida
contemporânea
Para isso precisamos ir além do academicismo filosófico:
- Tornar a filosofia popular (Apressemo-nos em tornar a filosofia popular –
Diderot)
A filosofia é mãe de todas as Ciências – um conhecimento universal
- Fragmentação na modernidade
- As universidades europeias até pouco tempo ainda tinham este costume:
no mínimo 4 semestres de filosofia – depois escolhiam a especialidade
(Direito, Medicina, Engenharias...)
- Vivemos a era das especialidades: No Direito (tributário, penal...) na
medicina: especialista em rins, coração, garganta...

Filosofia não é mera abstração – ela faz parte do mundo e se relaciona com a
existência do homem
Por um lado há um certo respeito pela filosofia; por outro sofre críticas: tem
pouco utilidade prática...
Filosofia não é senso comum: “A filosofia é a verdade total que o mundo não
quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz” (Jaspers)
5.1. A origem da Filosofia

Tales de Mileto: o 1º
Filósofo
De onde vem a palavra? (etimologia)
- PHILON + SOPHON = aquele que se busca/aproxima da sabedoria; o amante/amigo
da sabedoria. (Tales de Mileto) Ou Pitágoras: “Pitágoras foi o primeiro a usar o termo
e a chamar-se de filósofo [...]”. Diógenes Laêrtios
Os gregos criaram o termo logos (palavra, discurso, razão)
Surgiu no Séc. V a. C.
- Surge os filósofos e a filosofia que supera os mitos
- Análise do mundo pelo viés racional, reflexão e crítica, assombrar-se” “espantar-se”
- Assim o fazem as demais áreas do conhecimento
- Discute sobre a a existência Humana (morte e a angústia que ela provoca)
debate entre Filosofia, Religião e Ciência
- Filosofia pergunta sempre sobre o “porquê” das coisas – a ciência pergunta “como”
as coisas são feitas
- Religião salva-se por um outro (dogma); a filosofia é cética (refuta as verdades)
salva-se por si só
Tinham o (ócio) tempo livre
- nec-ocio (negociante não faz filosofia – Ócio criativo de Domênico de mais e o Ócio
recreativo do Cortella – arte do far niente)
- Quem se preocupa com os afazeres manuais (trabalho) não serve para ser
cidadão/filosófo (Aristóteles)
O filósofo excêntrico, lunático?
- Excentrico, lunático, aparência estranha/esquisita? Não necessariamente
- Todos aqueles que usam a razão para explicar as coisas
- A filosofia e o filósofo refletem aquilo que já sabemos
- “Filosofia é uma reflexão sobre os saberes disponíveis” (Conte-Sponville)
- “Não se aprende filosofia, aprende-se a filosofar” (Kant)
Fatos cômicos sobre os filósofos
- Tales: olhava para o céu e caiu num buraco – a ajuda da sérva da Trácia...
“Só os homens conseguem admirar as estrelas...” Só os homens
transcendem
- Diógenes: o cínico – contra todas as convenções sociais. Morava na praça
pública – num barril e andava com uma lanterna acesa: “Ando em busca de
um verdadeiro homem”
Filósofos podem ser uma ameaça para a sociedade
- Pitágoras: morreu queimado em um incêncio criminoso
- Sócrates: condenado e morto por seus pares
- Muitas vezes preferimos eliminar o que não conhecemos
5.2. Filosofar é aprender a morrer
 Filosofar é aprender a morrer
1. Enfim, precisamos mais de filosofia (perguntas), reflexão/questionamento: qual
o sentido da vida, da felicidade, da conduta humana, da morte (de onde vim e
prá onde vou?)
2. Sociedade que oculta a morte: antes velava-se em casa; hoje em necrotérios
3. Todo o homem é mortal: (menos o Sarney; Fidel Castro; George W. Bush, Cid
Moreira... Rainha Elizabeth II
4. Só o homem tem consciência de sua morte o animal não:
- Exemplo do cachorro: o gato dormirá tranquilo, o homem não. É o único ser que
tem consciência de sua própria morte – sabe que vai morrer...)
4. Frases sobre a morte:
- João Ubaldo Ribeiro (escritor): “até podemos ser imortais, mas não somos
imorríveis...”
- John Maynard Keynes - economista: “A longo prazo estaremos todos mortos...”
- Mario Quintana: Um dia...Pronto!...Me acabo. Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa? O diabo é deixar de viver.
- Fernando Pessoa - poeta: “o homem é um cadáver adiado”
- Woddy Allen - Cineasta : “Não é que eu tenha medo da morte, mas preferiria
estar longe quando ela vier”
- Tenho medo da frase: “viva como se fosse o último dia de sua vida” e vai que
um dia a gente acerta?
- Um dia morrerei, porém em todos os outros viverei...
- Filosofia é libertar-se dos medos para chegar a vida boa (felicidade)” – Luc
Ferry
“Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos
esperamos”.

Santuário de Évora - Portugal

5.3 A filosofia ensina a Humildade
A filosofia ensina a ser humilde: que é diferente de uma pessoa
subserviente (aquele que baixa a cabeça e diz “amem” para
tudo...)
- A etimologia: a palavra vem de humus = terra fértil). Contra os
arrogantes...
Exemplos de Humildade
a) O filósofo Sócrates : “a única coisa que sei é que nada sei...
Só sei que nada sei...”
b) São Paulo apóstolo: recebeu este nome como símbolo da
humildade – era Saulo que perseguia os cristãos e passou a
se chamar Paulo que, do latim significa pequeno...
c) Paulo Freire: (muito citado, mas pouco lido), o brasileiro com
maior n. título de doutorado honoris causa do mundo 36 em
vida + 6 pós-morte (pessoa humilde) (mais conhecido fora do
país do que aqui dentro)
De humus também vem a palavra humano, humanidade...
- A filosofia ensina a nos humanizar: nos humanizamos com os
outros... ( o único ser que nasce desprovido de tudo...)
- Frase de Dante Alighieri: verso 69 da Divina comédia (parte O
Inferno) – “homem não sou, torno-me”
4. Reconhecer que o próprio conhecimento é ilimitado: não há como
conhecer tudo... (Não sabemos tudo...)
Exemplo: Contar a história do pintor Apeles contada pelo escritor
Latino Plínio (menciona o Pintor grego Apeles IV a. C “Ne sutor
ultra crepidam": “Sapateiro não te alces para além
das sandálias“.
5. Você sabe com quem está falando?
- 200 bil de galáxias
- Vivemos em uma galáxia com 100 bil. de estrela
- que 1 em cada 6 estrelas tem um planeta do tamanho da terra
contabilizando, aproximadamente 17 bilhões de planetas
- Vivemos em um planeta de 8 que giram em torno de uma estrela de
quinta grandeza
- A terra tem 7 bilões de pessoas
- 3 milhões de espécies
- “Quantos reinos nos ignoram! O silêncio destes espaços infinitos
me espanta” Pascal
6. “A filosofia ajudou a conhecer-me demais para me gloriar do que
quer que seja” Comte-Sponville
5.4 Filosofia não é auto-ajuda
Tempo das imagens e das redes sociais, solidão. Não toleramos um NÃO e a
FRUSTRAÇÃO
Qual a diferença básica entre a filosofia e a auto-ajuda?
- Filosofia faz perguntas, a auto ajuda dá respostas prontas - Só ajuda
quem escreve...
- Não há modelo pronto – acabados fórmula: o que serve para um, não
serve necessariamente o outro necessariamente... Não há um gabarito...)
É possível treinar para ser feliz?
- Não, não há possibilidades. Não adianta fazer um curso de 3 dias – work
shop – sobre a auto-estima, entusiasmo, felicidade: saímos beijando
postes...
- Na verdade não somos assim tão calmas, somos inconstantes – e
intratáveis basta alguma coisa dar errada e a maionese desanda... basta
fechar o sinal para que ficamos putos, a fila do mercado que não anda... A
sogra dar um pitaco, alguém estacionar o carro muito próximo do carro da
gente...)
Um grande mercado de palpiteiros – os gurus da auto-ajuda... (Roberto
Shinyashiki, Lair Ribeiro, Augusto Curi, Bernardinho, Felipão, Lula, FHC...)
- todos engajados na propaganda da “vida fácil” (o esforço saiu de moda):
como envelhecer melhor, como comer melhor, como se tornar um
“campeão”, “como montar uma equipe campeã” “seja um vencedor” “como
se tornar um líder...” “como atender bem o cliente”? “choque de atitude”,
faça seu próprio marqueting...
Qualquer um tornou-se um especialista (a um preço altíssimo...)
- gurus do marketing, treinador de volei, futebol, ex-policial, empresários...)
5. Busca por soluções mágicas (sensibilidade terapêutica):
meditações, ginásticas orientais, bioenergia, massagens
(meditação, Ioga, pilates, florais de Bach, zen, energia das
pirâmides, pedras, abraçando árvores...) Exemplo do amigo
meditando sob uma pirâmide...
6. Alguns títulos de palestras e livros de auto-ajuda:
- 10 lições para ser feliz, depois baixaram para 5 lições (muito
extenso); 10 maneiras do homem eficaz; 15 lições para ficar rico
(se todo mundo enriquecesse...); 7 hábitos do homem eficaz; Será
que amar vale a pena; como viver bem no casamento; Como viver
bem fora do casamento, 7 maneiras de conquistar a mulher ou o
homem do próximo... Homens São de Marte, Mulheres São de
Vênus, O Segredo (livro e filme): Rondha Byrne (empurrá-la do 5
andar...)
7. Resumo da auto-ajuda (Leandro Karnal)
a) “é preciso pensar positivo, você vai conseguir – você vai chegar
lá...”
b) “é preciso se amar senão ninguém vai nos amar”
c) “o que você pensar acontece” (se resume)
8. Três teologias do momento:
- Teologia da prosperidade (religiões pentecostais):
- Auto-ajuda: herança do imperialismo cultural americano
- Empreendedorismo: loozer e winner (meritocracia)
 5.5 Kant: O que é esclarecimento?
a) Foi influenciado e influenciou: Kant nasceu em 1724 e morreu em
1804 com 79 anos. Foi foi influenciado por Aristóteles, Platão,
Montaigne, Hume, Descartes e Influenciou: Fichte, Hegel,
Schopenhaeur, Nietsczhe, Marx
b) Desenvolveu 3 áreas do conhecimento: epistemologia, metafísica,
ética
c) Viveu no período Iluminista: considerado um dos pais da Ilustração
(capacidade do homem tomar as suas próprias decisões)
d) O que é ilustração/Iluminismo?
- A vitória da razão sobre a religião (luz sobre as trevas)
- O exercício autônomo da razão (uso público da razão)
- Não raciocines diz o oficial, faça exercícios
- Não pergunte, diz o professor, escreva
- Não duvides, diz o pastor, creia
- Não se manifeste, diz o empresário, trabalhe...
- Ilustração é a liberdade de pensamento
- Construção da consciência moderna
- Destruição da ordem estática da sociedade (desprezo das
tradições)
 Kant: O que é esclarecimento?
- É a saída do homem de sua menoridade (imaturidade auto-imposta)
- Inabilidade
- Maioridade significa ter coragem de seguir o seu próprio entendimento
- É Cômodo ser menor (adotamos fórmulas de vida pré-estabelecidas:
tvs redes sociais...
- Necessidade de ser tutelado (deixar-se ser guiado por outro, por
preguiça, por covardia)
- Somos pequenos porque compactuamos que os outros assumam o
controle sobre nossas vidas
- Por isso preferimos “pagar” para que o outro pense em nosso lugar
- A filosofia é pensar por si só (Não se aprende filosofia, aprende-se a
filosofar)
- Vivemos em uma época de especialista em detrimento do
conhecimento filosófico (advogado, médico, terapeuta, padre, pastor,
gurus da auto-ajuda...
- Se livrar da auto-ajuda, dos políticos mal intencionados, marqueteiros,
cartomantes, padres, pastores, médico, personal treiner, psicólogos...
Quem dita a moda, o que comer, pensar, sentir... (fórmulas pré-
determinadas, não é preciso esforço...)
- Sapere audem: Ousar conhecer
 5.6 Para que serve a filosofia?

- profissionalmente, só um louco para fazer filosofia ou ciências

sociais (enriquecer)
- alunos me perguntam: prá que serve a filosofia, a
sociologia? E eu respondo, se ela não servir para nada é
porque ela está servindo para alguma coisa (única que
reflete...)
- Serve para alguma coisa se:
- Levar ao questionamento dos fatos da vida: vida, morte,
felicidade, infelicidade, virtude, ética (já vale alguma coisa)
- A filosofia não prometerá nunca uma solução existência
garantidora de uma vida feliz.
- Não há como garantir a vida boa, banir a tristeza da vida,
nem mesmo apresentar fórmulas prontas. Essa não é
missão da filosofia.
 Russell: O valor da filosofia
- A filosofia vai além do utilitarismo
- É um alimento para a alma/mente
- Filosofia trás mais incertezas do que certezas
- Ajuda a sair do aprisionamento dos preconceitos
- A filosofia ajuda a passar da vida instintiva para a vida
contemplativa
 5.7 Os temas da filosofia

• O que existe? – reflexão sobre a nossa existência e como nos

relacionamos coma realidade (qual é a natureza do próprio ser? (para
tentar responder esta pergunta muitos filósofos buscaram respostas na
metafísica para explicar a origem da existência; Deus, mentes; tempo;
arte...);
• O que pode ser conhecido? – o que é o conhecimento? Conhecimento
diferente das crenças; posso conhecer sem a experiência? Qual a natureza
do conhecimento científico? (epistemologia)
• Como se deve viver? (questão ética – valores morais) – lutar em uma
guerra e morrer pela pátria tem sentido? É justificável mentir? Mentir
sempre é errado? Nem sempre é fácil decidir sobre nossas escolhas:
exemplo da estudante de jornalismo no JUCA (dou ou não dou...) qual a
minha posição sobre a eutanásia, aborto, igualdade social, comportamento
sexual... O que é ser virtuoso?
• O que é um bom raciocínio? (a lógica e a filosofia da linguagem: como
funciona a linguagem, como ela adquire significado)
 5.8 O que é preciso para estudar filosofia?

- Para estudar filosofia é preciso ter ânimo (alma) – animado...

- Entusiasmo: em theos (Deus vibrando dentro do meu ser)
- Diz Garcia Morente que, para estudar filosofia, é preciso
puerilizar-se (do latim: puerilis,e, daí puberdade): (infantilizar-
se) transformar-se em menino, precisamos infantilidade, por
que? Porque para a criança tudo é novidade...
- Para isso é preciso munir-se da admiração frente os mistérios
do mundo, sentimento de curiosidade insaciável – como a
criança que não entende nada e para quem tudo é problema.
- Onde todos passam e nada percebem o filósofo é capaz de
admirar. A admiração é a essência da filosofia. (admiração,
espanto, perplexidade – thauma)
- Diz o filósofo Platão no Teeteto: [...] a admiração é a
verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a
filosofia.
- Diz o comentador Garcia Morente: “Aquele que para qual
tudo resulta muito natural, para quem tudo resulta muito fácil
de entender, para quem resulta tudo muito óbvio, nunca
poderá ser filósofo”.
- Filosofar demanda empenho esforço (Buzzi, 1991, p.10)
- A filosofia não é somente uma aventura; é um trabalho, que
não se realiza sem esforço, sem leitura e sem utensílios
(COMTE-SPONVILLE, 2000).
 Felicidade: práticas da filosofia grega

1. Evitar a hybris: audácia excessiva, excesso, imoderação (exemplos mitológicos:

Ícaro, Prometeu, Rei Tântalo, Sísifo (eterno retorno) – trapaciou e foi condenado a
um trabalho forçado infinito)
2. Paidéia (educação intergral): formação do kalos kagathos (homem bom e belo)
3. Eudaimonia (florescimento, desabrochar, potencialidade, ordem cósmica)
4. Viver o momento presente
5. Ataraxia (serenidade de alma, traquilidade)
6. Autarqueia (liberdade: sem liberdade não há auto-estima)
7. Sophrosine ou sophrosyné : que é a temperança, na medida em que justifica a
centralidade do homem virtuoso grego: “Nada em demasia”. Moderação, justa
medida, equilíbrio
8. Phronesis: Aristóteles: (sabedoria prática, prudência, cidadão com pensamento reto
e virtuoso. Capacidade de discernir bem o que se deve fazer. Em outras palavras, é
a virtude que nos permite encontrar os meios adequados de alcançar nossos
objetivos”
9. Ter atenção: (se surpreender com o mundo – as coisas que nos rodeiam, ao
perceber tais coisas muitas vezes nos encontramos com nós mesmos) e Evitar a
distração (A distração causa a infelicidade)
10. Amor: éros, philia, ágape