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ORIENTAÇÃO

PROFISSIONAL

Frank Parsons e o pioneirismo na


OP
FRANK PARSONS

• Considerado na literatura internacional o pai da orientação vocacional, profissional


e de carreira;

• Pioneiro na sistematização teórico-técnica dos primeiros trabalhos da área


realizados em Boston nos Estados Unidos;

• Apesar dessa importância, não existe na literatura brasileira nenhum artigo ou livro
dedicado a ele, nem mesmo seus escritos estão traduzidos para a língua portuguesa;

• Isso gerou uma lacuna para os estudiosos da Orientação Profissional no Brasil.

Ribeiro, Uvaldo (2007)


FRANK PARSONS
• É considerado o precursor da Orientação Profissional mundial pois foi o
primeiro a criar:

- Uma nova área de intervenção nomeada Orientação Vocacional;


- Um serviço especializado em Orientação Vocacional (Vocation Bureau
dentro do Civic Service House em Boston)
- Uma metodologia sistemática e específica para a Orientação Vocacional
- Pesquisa e classificação das ocupações e dos contextos de trabalho;
- Cursos de formação de futuros orientadores.

Ribeiro, Uvaldo (2011, p. 88)


MAS COMO ISSO OCORREU?
• Parsons não teve nenhuma formação específica para se tornar orientador vocacional – se
graduou em engenharia civil, direito, trabalhando como engenheiro advogado e professor;

• Foi professor do Civic Center House. Nesse centro eram realizados trabalhos educativos e
informativos acerca de questões relevantes para a conscientização da população sobre seus
direitos;

• Parsons tinha uma preocupação com as desigualdades socias promovidas pelo capitalismo;

• Embora sua trajetória no trabalho possa parecer aleatória, o que o guiava era uma missão
de transformação social que ele buscava nas atividades que desenvolvia, profissionalmente
ou não.

Ribeiro, Uvaldo (2007)


MAS COMO ISSO OCORREU?
• Em 1906, Parsons realizou uma palestra intitulada Cidade Ideal que discutia
sobre a importância do auxílio aos jovens em suas escolhas vocacionais
para um bom desenvolvimento pessoal e das próprias cidades;

• Essa palestra ocorreu várias vezes e muitos passaram a procurar Parsons


buscando ajuda para suas escolhas de carreira;

• De 1906 a 1908, Parsons formulou um plano sistemático de Orientação


Vocacional, que resultou na criação do Vocation Bureau “Agência
Vocacional”), dentro do Civic Center House.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


VOCATION BUREAU
O Vocation Bereau, fundado em 1908, tinha como missão:

“Auxiliar jovens na escolha de uma ocupação, prepara-los para o


trabalho, encontrar uma vaga no campo escolhido e construir uma
carreira de eficiência e sucesso” (Zytowski, 2001, p. 61 apud Ribeiro e
Uvaldo, 2011).

A partir daqui a orientação vocacional é reconhecidamente fundada.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


“CHOOSING A VOCATION”

Em “Choosing a Vocation” (1909) Parsons


apresenta os princípios básicos para a Orientação
Vocacional.

- O livro foi lançado após sua morte, que ocorreu


em 1908.

Ribeiro, Uvaldo (2007)


VISÃO DE HOMEM/TEORIA
• Influenciado pelo Positivismo da época;

• Visão mecanicista de ser humano – o indivíduo e a sociedade apresentam


uma configuração e uma forma estável de ser e funcionar, que em geral,
sofria poucas alterações ao longo da vida;

• Por isso, a orientação vocacional tinha como objetivo o ajustamento entre


a ocupação e as habilidades e interesses. Isto é, o ajustamento vocacional;

• A escolha realizada, por isso, devia ser definitiva.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA OV

(1) Clara compreensão de si mesmo, de suas aptidões, capacidades, interesses,


ambições, recursos, limites e suas causas;

(2) Conhecimento dos requisitos e condições de sucesso, vantagens e desvantagens,


remuneração, oportunidades e das perspectivas nos diferentes tipos de trabalho;

(3) Resultante verdadeira das relações entre esses dois grupos de fatores 
AJUSTAMENTO

Por tais princípios, sua teoria fica conhecida como Traço-Fator.

Ribeiro, Uvaldo (2007)


AJUSTAMENTO
• Para o autor, todo jovem precisa de ajuda nos três pontos para poder
realizar esta grande decisão de sua vida que é a escolha vocacional.

• Todos necessitam do auxílio de um orientador vocacional;

• O ajustamento vocacional favorecia o campo individual e o campo social:


- Auxiliava o indivíduo a realizar escolhas ajustadas e lhes garantir um
futuro seguro – uma boa escolha traz satisfação, eficiência, bom retorno
financeiro.
- Permitia fazer a economia e a sociedade evoluírem e se desenvolverem.
Ribeiro, Uvaldo (2007)
MÉTODO
• O método de Parsons será classificado de experiencial ou pragmático,
pois advém de suas próprias observações, sem objetivo de
comprovação científica;

• Isso não significa que Parsons não realizou pesquisas:


- Pesquisou e observou requisitos fundamentas para o exercício
profissional;
- Criou uma descrição de pessoas e ofícios para pensar em sua teoria
de ajustamento vocacional.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


MÉTODO – PLANO SISTEMÁTICO
• O método de Parsons, intitulado Plano Sistemático, apresentava 7 etapas:

1º ETAPA: Entrevista Inicial


- Entrevista individual com duração de 15 min a 1 hora;
- Eram levantadas as principais características da pessoa em termos objetivos
(condições físicas, financeiras, formação, etc) e em termos subjetivos
(interesses, ambições, etc)
- Expectativa quando à orientação vocacional.

 Antecipa a importância do diagnóstico inicial.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


MÉTODO – PLANO SISTEMÁTICO
2º ETAPA: Autoestudo
- Pesquisa sobre si por meio de um questionário de 116 perguntas
sobre variados aspectos da vida: cotidiano, interesses,
relacionamentos, ocupações dos membros da família, experiências,
atividades, lazer, etc) – realizado em casa pelo orientando;

“Um estudo completo de si próprio é a fundação para um autêntico


plano de vida” (Parsons, 2005, p. 90).

Ribeiro, Uvaldo (2011)


MÉTODO – PLANO SISTEMÁTICO
3º ETAPA: Escolha por parte do orientando
- Explicitação das principais escolhas pensadas a partir do autoestudo.

4º ETAPA: Discussão com o orientador sobre o autoestudo e possibilidades


de escolha
- Orientador organiza as informações levantadas, em termos de interesse,
habilidades, conhecimento, ambição e características da personalidade;
- Em alguns casos eram aplicados testes complementares, como: provas de
tempo de reação, memorização de frases (como forma de testar a
memória), analise de livros previamente lidos (forma de testar capacidade
crítica e analíticas ou ainda problemas situacionais.
Ribeiro, Uvaldo (2011)
MÉTODO – PLANO SISTEMÁTICO
5º ETAPA: Exploração do mundo do trabalho
- O orientador fornece informações sobre: a descrição das ocupações e
requisitos fundamentais para que ela possa ser exercida com
eficiência e satisfação;
- As demandas atuais sobre o mercado de trabalho.

6º ETAPA: Conselho e orientação


- O orientador faz a comparação entre o indivíduo e as ocupações,
buscando melhor ajustamento entre o perfil e ocupação.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


MÉTODO – PLANO SISTEMÁTICO
7º ETAPA – Acompanhamento da escolha efetuada durante a vida no
trabalho
- Parsons oferecia de forma complementar um espaço para que a
pessoa pudesse voltar para discutir o desenvolvimento da carreira
escolhida.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


CASO ATENDIDO POR PARSONS
O PAPEL DO ORIENTADOR
• No processo proposto por Parsons, o papel do orientador é diretivo:

“O orientador possuía maior maturidade que o orientando e, por


conseguinte, habilidades e conhecimentos que beneficiariam o
orientando” (Aubrey, 1977, p. 291)

- O orientador era a figura chave do processo de orientação;


- Tinha a responsabilidade de levar o orientando para áreas e direções
mais proveitosas a ele.

Ribeiro, Uvaldo (2011)


MORTE PRECOCE
• Parsons morre de nefrite no mesmo ano que dá início ao seu trabalho
no Vocation Bureau (1908);

• Deixa a constatação de que todas as pessoas necessitam planejar suas


carreiras, o que ele não havia feito na própria:

Ribeiro, Uvaldo (2011)


CRÍTICAS
• A teoria de Parsons recebe críticas:
- Pragmática;
- Origem no senso comum – descrição estereotipada das ocupações;
- Não reflete uma análise da atividade mental do sujeito.

Mas apresenta contribuições visualizadas até hoje, pois:


- Por utilizar testes antevê a Psicometria na OV;
- Traz uma sistematização de informações profissional e sobre mercado de trabalho e a preocupação de
atualização constante do orientador nessa área;
- Vê a necessidade de pesquisas sobre as ocupações e os indivíduos;
- Sistematiza/Organiza um método;
- Entende a importância de realização de OV para pessoas de todas as idades e momentos de vida;
- Exige um diagnóstico aprofundado;
- Orientada pelo princípio de intervenção social que visa transformação e auxílio ao desenvolvimento social

... Cria uma nova área, a orientação vocacional e uma nova atividade, a de orientador vocacional.
Ribeiro, Uvaldo (2011)
REFERÊNCIAS
• RIBEIRO, M. A.; UVALDO, M. C. C. Frank Parsons: trajetória do pioneiro da orientação vocacional,
profissional e de carreira. Revista Brasileira de Orientação Profissional. Junho 2007, vol. 8, n. 1, p.
19-31
• RIBEIRO, M. A.; UVALDO, M. C. C. In: RIBEIRO, M. A; MELO-SILVA, L. L (Orgs). Primeira demanda-
chave para a orientação profissional: como ajudar o indivíduo a realizar seu ajustamento
vocacional/ocupacional? Compêndio de orientação profissional e de carreira. São Palo: Vetor
Editora, 2011.

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