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Apropriação

indébita
21/10/2023
21/10/2023
21/10/2023
Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a


posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

21/10/2023
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21/10/2023
21/10/2023
21/10/2023
Apropriação indébita

Apropriar-se significa apossar-se ou tomar como sua coisa que pertence a


outra pessoa. Cremos que a intenção é proteger tanto a propriedade, quanto
a posse, conforme o caso.
Num primeiro momento, há a confiança do proprietário ou possuidor,
entregando algo para a guarda ou uso do agente; no exato momento em que
este é chamado a devolver o bem confiado, negando-se, provoca a inversão
da posse e a consumação do delito.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Coisa fungível

A única cautela que se deve ter neste caso é quanto à coisa fungível
(substituível por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade),
uma vez que não pode haver apropriação quando ela for dada em
empréstimo ou em depósito. Está-se, nessa situação, transferindo o
domínio.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
A posse ou a detenção devem existir previamente ao crime
e precisam ser legítimas.

A coisa precisa ter sido dada ao agente para que dela usufruísse,
tirando alguma vantagem e exercitando a posse direta, ou pode ter
sido dada para que fosse utilizada em nome de quem a deu, ou seja,
sob instruções ou ordens suas.
A posse ou a detenção devem existir previamente ao crime e precisam
ser legítimas.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
NORONHA propõe uma síntese dos elementos integrantes
da apropriação indébita:

a) a apropriação de coisa móvel;


b) que esteja na posse ou detenção do agente;
c) que haja dolo.

Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Sujeitos ativo e passivo

O sujeito ativo é a pessoa que tem a posse ou a detenção de coisa


alheia; o sujeito passivo é o senhor da coisa dada ao sujeito ativo.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Elemento subjetivo

É o dolo. Não existe a forma culposa.

21/10/2023
O dolo é sempre atual

Além disso, é preciso destacar que o dolo é sempre atual, ou seja, ocorre no momento
da conduta apropriar-se, inexistindo a figura por alguns apregoada do dolo
subsequente.
Imagine-se que alguém receba uma joia para guardar e usar, enquanto o proprietário
dela não se utiliza.
Somente ocorrerá o delito de apropriação indébita no momento em que o dono pedir de
volta a joia e o possuidor resolver dela apropriar-se, não mais devolvendo o que
recebeu em confiança.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Objetos material e jurídico

O objeto material é a coisa alheia móvel; o objeto jurídico é o


patrimônio.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Imóvel

O imóvel não pode ser objeto de apropriação indébita, porque se


transmite por transcrição, via escritura, registrada e não pela simples
tradição ou entrega do bem a terceiro.

Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Classificação

1) crime próprio (aquele que demanda sujeito ativo qualificado ou


especial, no caso o indivíduo que recebeu a coisa em confiança);
2) material (delito que exige resultado naturalístico, consistente na
diminuição do patrimônio da vítima);
3) de forma livre (podendo ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente); comissivo ou omissivo (“apropriar-se” pode implicar
ação ou omissão);

21/10/2023
4) Instantâneo (cujo resultado se dá de maneira instantânea, não se prolongando
no tempo); de dano (consuma-se apenas com efetiva lesão a um bem jurídico
tutelado);
5) unissubjetivo (que pode ser praticado por um só agente);
6) unissubsistente ou plurissubsistente (pode haver um único ato ou vários atos
integrando a conduta); admite tentativa, conforme o meio eleito pelo agente.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Reparação do dano

O Código Penal não elegeu a reparação do dano, nos delitos


patrimoniais, como causa que pudesse afastar a punibilidade do
agente, devendo-se aplicar o art. 16 (arrependimento posterior), que é
somente causa de redução da pena, dentro das condições ali
especificadas.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente
recebeu a coisa:

I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

21/10/2023
Depósito Necessário

Se o agente recebeu a coisa em depósito necessário, pois está a demonstrar que


o sujeito passivo não tinha outra opção a não ser confiar a coisa ao autor.
Por isso, se sua confiança é atraiçoada, deve o sujeito ativo responder mais
gravemente pelo que fez.
O depósito miserável, previsto no art. 647, II, do Código Civil, ou seja, o
depósito que se efetua por ocasião de calamidade (incêndio, inundação,
naufrágio ou saque).
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro e depositário judicial

Se o autor recebeu a coisa na qualidade de tutor, curador, síndico,


liquidatário, inventariante, testamenteiro e depositário judicial; afinal,
são pessoas que, como regra, recebem coisas de outrem para guardar
consigo, necessariamente, até que seja o momento de devolver.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Razão de ofício, emprego ou profissão

Se recebeu a coisa em razão de ofício, emprego ou profissão. A


apropriação, quando cometida por pessoas que, por conta das suas
atividades profissionais de um modo geral, terminam recebendo
coisas, através de posse ou detenção, para devolução futura, é mais
grave. Por isso, merece o autor pena mais severa.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Apropriação indébita contra idoso

A Lei 10.741/2003 criou a seguinte figura típica, no art. 102: “Apropriar-se


de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso,
dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: Pena – reclusão de 1 (um)
a 4 (quatro) anos e multa”.
Portanto, havendo apropriação de coisa alheia móvel de pessoa maior de 60
anos, segue-se o disposto na lei especial e não mais o preceituado no art. 168
do Código Penal, embora a pena seja a mesma.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Apropriação indébita de uso

Não existe tal possibilidade, como há no furto, pois, na apropriação, o


agente já se encontra usando a coisa que lhe foi confiada pela vítima.
Portanto, no momento em que esta pede o que é seu de volta, deve ser
imediatamente restituído, nos termos do acordo que ambos fizeram.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
21/10/2023
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

21/10/2023
Apropriação indébita previdenciária

Deixar de repassar significa não transferir quantia à unidade


administrativa cabível. O objeto da conduta omissiva é a contribuição
recolhida dos contribuintes. É o teor do art. 168-A do CP.
O título escolhido para esse crime é apropriação indébita previdenciária,
porque quem tem por lei o dever de recolher a contribuição de terceiros
para o devido repasse não o faz, apropriando-se do montante.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Trata-se de norma penal em branco

Trata-se de norma penal em branco, merecendo o complemento de


outras leis e regulamentos. Especialmente, deve-se consultar a Lei
8.212/91, que traz os prazos e as formas legais para o repasse ser
feito.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Sujeitos ativo e passivo

O sujeito ativo é o substituto tributário, que tem, por lei, o dever de


recolher determinada quantia, também legalmente prevista, do
contribuinte e repassá-la à previdência social.
Há posição que não permite figurar como sujeito ativo representante
de pessoa jurídica de direito público. O sujeito passivo é o INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social).
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Elemento subjetivo do tipo

É o dolo. Não se pune a forma culposa.

21/10/2023
Classificação

A) crime próprio (aquele que só pode ser cometido por sujeito


qualificado, que é o substituto tributário);
B) formal (delito que não exige, para sua consumação, a ocorrência
de resultado naturalístico). É crime de
C) forma livre (pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo
agente);
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
D) dano (pode haver prejuízos concretos aos cofres públicos);
E) omissivo (o verbo implica abstenção);
F) instantâneo (cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado);
G) unissubjetivo (aquele que pode ser cometido por um único sujeito);
H) unissubsistente (praticado num único ato).
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
21/10/2023
Tentativa
Não admite tentativa.

21/10/2023
Competência e ação penal

É da Justiça Federal em todos os casos do art. 168-A e a ação é


pública incondicionada.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Condição objetiva de punibilidade

É fundamental que a apuração do débito, na esfera administrativa,


tenha sido concluída.
Do contrário, torna-se inviável o ajuizamento de ação penal por
apropriação indébita de contribuição previdenciária.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à


previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

21/10/2023
Não recolhimento de contribuição ou outra importância
destinada à previdência social

Deixar de recolher significa não arrecadar ou não entregar à previdência


social o que lhe é devido, conforme art. 168-A, § 1.º, I, do CP. O objeto é a
contribuição ou outra importância destinada à previdência. A figura
corresponde ao antigo art. 95, d, da Lei 8.212/91.
É norma penal em branco, necessitando de complemento. Ver art. 30 da Lei
8.212/91, com as alterações proporcionadas pelas Leis 11.718/2008 e
11.933/2009.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
No caso deste delito – diversamente da figura do caput, que somente
menciona a contribuição previdenciária – aponta-se outra importância
(juntamente com a contribuição).
Estipula o art. 195, § 4.º, da CF que “a lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I”.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Não recolhimento de contribuições integrantes de
despesas contábeis ou custos relativos a produtos ou
serviços

Como explica ODONEL URBANO GONÇALES, “significa a


apropriação de despesas para cálculo da fixação do preço da
mercadoria. Noutras palavras, a contribuição devida pelo empregador
(20% sobre a folha de remuneração, acrescidos do percentual relativo
ao seguro acidente de trabalho) é levada em consideração no cálculo
para a fixação de preço do produto, uma vez que se constitui em
despesa operacional”.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Na letra de WLADIMIR NOVAES MARTINEZ, complementando,
despesas contábeis “são as consumidas com o pagamento dos serviços
de contabilidade, mas não é disso que cuida o legislador e sim de
desembolsos de gastos contabilizados, de modo geral. Custos têm
semelhança com despesas, no segmento das atividades meio da
empresa, pagamentos feitos para a aquisição de meios que tornam
possível a comercialização de produtos ou a prestação de serviços”.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Não pagamento de benefício devido a segurado

Deixar de pagar significa não satisfazer encargo devido. O objeto é o


benefício devido a segurado, já reembolsado pela previdência social.
O objeto da conduta omissiva é o benefício devido a segurado, vale
dizer, o ganho pago pela previdência social ao segurado, através da
empresa.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Normalmente é adiantado pela empresa, que depois termina compensando
os valores com as contribuições devidas pela folha salarial.
Exemplo de benefício: salário-família. Para a configuração do crime
omissivo (“deixar de pagar”) é preciso que a previdência social tenha
efetuado o pagamento à empresa e esta não o tenha repassado ao
segurado.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Causa de extinção da punibilidade (art. 168­A, § 2.º, do CP)

A) declaração do valor devido (demonstrar à previdência o montante


arrecadado ou recolhido de contribuinte ou segurado e não
repassado);
B)confissão da prática delituosa, isto é, a admissão de não ter feito o
recolhimento ou o repasse na época e da forma previstas em lei.

21/10/2023
C) efetuar o pagamento (recolher o devido com todos os encargos,
visto que o parágrafo menciona que tudo deve ser realizado “na
forma definida em lei ou regulamento”, implicando nos acréscimos);

21/10/2023
D) prestar as informações devidas (além de declarar o devido, precisa
esclarecer a previdência social a respeito da sua real situação, para
que os próximos recolhimentos sejam corretamente efetuados. Assim,
deverá narrar as despesas contábeis ou custos relativos à venda de
produtos ou prestação de serviços que tem empreendido);
E) espontaneidade (sinceridade na declaração, demonstrando
arrependimento, agindo sem subterfúgios).

21/10/2023
F) agir antes do início da ação fiscal, entendida esta como o efetivo
ajuizamento de ação de execução pelo órgão competente. Não cremos
caber, nesse caso, a simples investigação administrativa, pois ação
fiscal deve ser expressão paralela a ação penal, que não abrange,
certamente, o inquérito.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Perdão judicial ou figura privilegiada

Criou-se, com o § 3.º do art. 168-A do CP, uma hipótese alternativa de


perdão judicial (“deixar de aplicar a pena”) ou de privilégio (aplicação
somente da multa). Mas há requisitos gerais e específicos.
Os gerais, válidos para qualquer hipótese, são:
a) primariedade;
b) bons antecedentes.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023
Primário é a pessoa não reincidente (art. 63, CP), logo, faz-se a
definição pelo inverso do que representa a reincidência.
Possui bons antecedentes quem nunca foi condenado anteriormente
com trânsito em julgado, ou seja, uma condenação definitiva.
Fonte: Guilherme Nucci

21/10/2023

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