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Arte

Acadêmica
• Produção artística enquadrada em gêneros: pintura histórica, religiosa e mitológica; pintura de
gênero; retratos; paisagem e natureza morta.
• Dinâmica da produção: desenhos e rascunhos eram etapa para a pintura final, com
detalhamento perfecionista e idealizado.
• “Acadêmico não é um estilo, mas um modo específico
de ensino e produção artísticos, caracterizado pelo respeito a um
sistema determinado de normas.”

• “Quando as academias surgiram na Itália no século XVI,elas constituíram um


instrumento
importante no projeto renascentista de liberalização das artes visuais. Passar da categoria de
artes mecânicas para a de artes liberais implicava, sobretudo, a demonstração efetiva de que estas
artes envolviam um trabalho mental, tão ou mais importante que o manual. Assim as academias
surgiram, não para fazer o que as oficinas não faziam: a discussão teórica e o estudo do desenho
– no sentido da palavra disegno – como ideia primordial da obra.

Renascimento italiano. (Pereira, Sonia Gomes. Revisão Historiográfica da arte brasileira no


século XIX)
As academias de arte surgem a partir do século 16. Têm como característica visual a estilização
da beleza. A partir do século 18, padronizam o ensino e formação de novos artistas propondo:
- desenho de observação e a partir de cópia;
-buscam uma aproximação com as ciências, introduzindo conteúdos de geometria, anatomia e
perspectiva.
-consideram a elevação do papel do artista na sociedade, para isso, são enfatizados ensino de
Filosofia e História.
- criação artística é sistematizada por meio de regras rígidas na elaboração dos desenhos e
pinturas.
- o desenho é considerado uma preparação para a pintura.

As academias organizam o que hoje compreendemos como circuito: salões, exposições, prêmios,
concursos, coleções etc.
• A Academia Francesa impõe regras determinadas a partir da obra de Nicolas Poussin (1594 –
1665). Seus trabalhos apresentam forte referência na Antiguidade e em temas mitológicos e
históricos. Alguns artistas do neo-classicismo – como Jacques Louis David (1748-1825) e
Jean- Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) têm referências diretas no trabalho de Poussin.
Nicolas Poussin
Himeneus travestido assistindo a uma dança em
honra a Príapo , Óleo sobre tela.
1634-38. Masp
Rinaldo e Armida, 1629
Óleo sobre tela
Dulwich Gallery
Londres
Morte de
Germanicus,
1627
Óleo sobre tela.
Minneapolis
Institute of Art
Poussin, N.
Et in arcadia
ego ou Os
pastores da
Arcádia
(1637-
38).
Óleo sobre
tela.
Louvre.
Auto-
retrato.
Óleo sobre
tela. 1650
Museu do
Louvre
Jacques Louis
David(1748-
1825).
O Juramento dos
Horácios,
1786
Jacques Louis
David(1748-
1825). A morte
de Sócrates,
1787
Óleo sobre tela.
Metropolitan
Museum of Art
Jacques-Louis David. A morte
de Marat, 1793. Óleo
sobre
tela
Museu Real de Belas Artes de
Antuérpia, Belgium,
Museus Reais de Belas-
Artes da
Bélgica
Jacques-
Louis
David. A
coroação
de
Napoleão,
1806.
Óleo
sobre tela
Museu do
Jacques-Louis
David. Retrato
de Madame
Récamier,
óleo
sobre tela
1800
Museu do
Jean-Auguste-
Dominique Ingres
(1780-1867).
Embaixadores de
Agamenon, 1801
Óleo sobre tela
École nationale
supérieure des
Beaux-Arts (ENSBA),
Paris, France
Jean-Auguste-Dominique Ingres
(1780-1867). Cristo
abençoador, 1834
Óleo sobre tela
Masp
Jean-Auguste-
Dominique Ingres
(1780-1867). Jupiter e
Tétis, 1811.
Óleo sobre tela
Museu Granet
(FR)
Jean-Auguste-Dominique Ingres
(1780-1867). A Fonte, 1820-
55
Museu d’Orsay
Jean-Auguste-Dominique
Ingres (1780-1867). Princesa
de Broglie, 1853
Óleo sobre tela
Metropolitan
Museum of Art.
Jean-Auguste-Dominique
Ingres (1780-1867). Louise
de Broglie, 1845
Óleo sobre tela.
Frick Collection (EUA, NY)
Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867).
A Grande Odalisca, 1814
Óleo sobre tela
Museu do
Jean-Auguste-Dominique
Ingres (1780-1867). A
banhista de Valpinçon,
1808
Óleo sobre tela
Museu do Louvre
Hippolyte
Flandrin. Teseu
reconhecido por
seu pai, óleo sobre
tela. 1832.
Recebeu o Prix
de Roma, em
1832.
Han
s Makart,
Messalina,
1875
Óleo
sobre
tela
Museu
de
Vien
a
William Adolphe
Bouguereau. O nascimento
de Vênus, 1879 Óleo sobre
tela
William Adolphe

Bouguereau
Amor Fraternal, 1851
Óleo sobre tela
Museu de Belas Artes
Boston
Pedro Américo (1843-1905).
A Noite com os gênios do
Estudo e do Amor, 1883
Óleo sobre tela
Museu Nacional de Belas
Artes
Pedro

Américo
O Grito
do

Ipiranga
,
18
88
Victor Meirelles
(1832-1903). A
Primeira Missa
no Brasil, 1861
Óleo sobre tela
Museu Nacional
de Belas Artes
Victor
Meirelles.
Moema,
1866
Óleo sobre
tela
MASP
Gustave Courbet

• 1819-1877
• Família e vida no campo.
• Inovações no que diz respeito ao convencionalismo acadêmico: pinturas em grandes dimensões
para temas não históricos, por exemplo.
• Aprisionado por ter participado da Comuna de Paris de 1871, posteriormente exilado.
Enterro em Ornans 1849-50
3,15 m x 6,6m. Óleo sobre tela. Museu
d’Orsay
O Ateliê do pintor: uma alegoria real de uma fase de sete anos em minha vida artística e moral, 1855. Museu
d’Orsay.
Depois do Jantar em
Ornans, 1849
Musée des Beaux-Arts de
Lille
Os quebradores de pedra, 1849
Destruído
Edouard Manet

• 1832-1882
• É considerado pelos críticos do século 20, o iniciador da arte moderna, principalmente por seus
procedimentos formais na construção da linguagem pictórica.
• A partir dos anos 1850, recebe influência dos japoneses de Ukiyo-e, tais como Katsushika
Hokusai (1760-1849)e Utagawa Hiroschigue (1797-1858).
A Grande
Onda de
Kanagawa, da
série de Trinta
e seis vistas do
Monte Fuji.
Hiroshigue. Noite no Rio
Sumida
Exemplo de ukiyo-e – Hishikawa
Moronobu.
Dançarina Ryukyuan e Músicos. Pintura em seda, c.1718
Retrato de Zola, 1868.
óleo sobre
tela. Museu
d’Orsay
O Velho músico,
1862. Óleo sobre
tela. Museu
Nacional de Arte.
Washington.
O Bebedor de absinto, 1859
Óleo sobre tela
O Velho músico,
1862
Copenhage
Jean-Antoine Watteau,
Pierrot/Gilles, 1718-
19
Óleo sobre tela.
Dejemeur sur l’herbe.
1863
Óleo sobre tela
Museu d’Orsay
Ticiano ou Giorgione. Festa
Campestre, 1509, Louvre
Toureiro morto, 1864. óleo sobre tela
Galeria Nacional de Arte
Washington
Olympia, 1863-
65
Óleo sobre tela
Museu d’Orsay
Ticiano. Venus de
Urbino 1538
Galleria degli
Uffizi
Olympi
a

• Foi exposta inicialmente no Salão de 1865, organizado pelo Estado. Quando exposta,
foi acompanhada pelo verso de Zacharie Astruc:
“Quando, cansada de sonhar, Olimpia acorda,
A primavera chega nos braços de uma doce
mensageira negra;
É a escrava que, como a noite amorosa,
Entra e torna o dia delicioso de ver com
flores:
A augusta jovem em que a chama
[da paixão] arde sem cessar.”
• A crítica foi implacável com o trabalho, comentando, sobre o trabalho, não o que o tornava alinhado à
tradição, mas como dela se distanciava.
• Exemplos:
- Amédée Cantaloube afirmava que Manet “macaqueava” a figura da Vênus de Ticiano.
- Outros afirmavam que a figura da mulher era vulgar.
- Theóphile Gautier afirmava: “a cor da carne é suja, a modelagem é inexistente. As sombras são
indicadas por nódoas mais ou menos amplas de graxa”. As nódoas eram referidas as cores da tela, mas
também se extendiam ao caráter moral da mulher representada.
• Prostituição era aceita como representação. O que aconteceu foi, segundo Briony Fer, que o
trabalho combinava um tema problemático e um modo de pintar desconcertante.
• Outras críticas da época:
- Mão da mulher tinha forma de sapo, era masculina.
- Olympia era vista como se não fosse mulher, mas uma travesti.
• Outras imagens de Manet se aproximavam dessa perspectiva da sexualidade. Uma sexualidade em
seu aspecto moderno.
• Surge a noção de um novo público moderno e seus repertórios.
Jovem recostadas com roupas
espanholas, 1862.
Galeria de Arte de Yale.
Lola de Valencia, 1862
Óleo sobre tela
Museu d’Orsay
Música nas Tulherias, 1862
Óleo sobre tela. National Gallery (Londres)
Boating,1874
Óleo sobre tela
Metropolitan - NY
Argenteuil, 1874
Óleo sobre tela
Museu de Belas
A Amazona, retrato de
Marie Lefébure, 1870-75
Óleo sobre tela
MASP
O Caçador de Leões, 1881
Óleo sobre tela
MASP
Monet pintando em seu
estúdio bote, 1874
Óleo sobre tela
Neue Pinakothek,
Munique
Síntese

Em relação à pintura acadêmica, as pinturas consideradas modernas, apresentam


(principalmente em relação à obra de Manet) como característica
• fracionar a superfície do quadro em pinceladas distintas e esquemáticas, ao invés da
modelagem cuidadosa da figura humana;
• construir a relação entre fundo, figura ou paisagem de forma indistinta, utilizando as
mesmas pinceladas esquemáticas;
• um tratamento diferente daquele que a pintura acadêmica dava ao rosto, considerado o
foco do quadro e, em geral, idealizado. A figura dos rostos, na pintura moderna, pode ser
apresentada como borrões, sombras ou nem mesmo aparecer. O rosto deixa de ser o
foco e as outras partes do quadro passam a concorrer pela atenção do observador.
Arts & Crafts (Artes e
Ofícios)

• Movimento com início na Inglaterra na segunda metade do século XIX e que prossegue até o
início do século XX;
• Para os artistas pertencentes ao movimento, a industrialização havia sacrificado a qualidade
em favor da quantidade, portanto propunham, como reação, a valorização do design e do
artesanato;
• O objetivo comum desses artistas: acabar com a hierarquia das artes (que privilegiava pintura e
escultura), para restaurar o artesanato tradicional e arte ao alcance de todos;
• Artistas de Arts & Crafts ligados ao movimento Pré-Rafaelitas, também inspirados pela Idade
Média.
• William Morris (1834-1896) – Socialista, apregoava a superioridade moral da Idade Média
(por meio das idéias de John Ruskin), denunciando a sociedade capitalista como egoista;
• Para Morris, arte deveria ser ao mesmo tempo, bela e funcional;
• Ideal de beleza: pureza e simplicidade do artesanato medieval. A Idade Média servirá como
inspiração estética e moral.
• Red House / Casa Vermelha (1859): situada em Bexleyheath, Kent, UK, marca o início do
movimento, se caracteriza por ausência de fachadas pretensiosas; valorização dos materiais locais e
métodos tradicionais de construção;
• Foi construída por encomenda de Morris, pelo arquiteto Philip Webb (1831-1915).
• A casa foi decorada por Webb, Morris, Dante Rossetti (1828-1882) e Burne-Jones (1833-1898);
• Em 1861, Morris, Webb, Rossetti, Burne Jones, Ford Madox Brown, P.P. Marshall, Charles
Faulkner fundam a empresa de decoração e manufatura Morris, Marshall, Faulkner & Co.
Burne-Jones mural at Red House
528 × 402
Cinderella tile panels designed by Morris and
Burne-Jones
Morris & Co.
Stained Glass
Kelmscott
fonts
designed by
William
Morris
1870 - Morris
Membland Tile Panel
designed by Morris and
William De Morgan for Morris
& Co.
• A empresa fundamentava suas atividades no conceito das guildas medievais, nas quais artesãos
concebiam e executavam sua obra;
• Objetivo era criar objetos belos de arte aplicada, assim como úteis e financeiramente acessíveis.
Assim, a arte seria uma experiência vivida por todos, não apenas os que teriam recursos.
Tulipa e salgueiro, 1873
Windrush, 1881-83
Malmequer africano, 1876
Oxford Union Library
Art
Nouveau

• Por volta de 1900, movimento Art Nouveau se consolida, a partir da influências de Arts & Crafts;
• Artistas, artesãos e arquitetos envolvidos estavam dispostos a aceitar o uso de novos materiais e a
produção em massa;
• Alguns de seus expoentes são no campo da arquitetura e design: Henry Van de Velde (1863-1957),
Louis Comfort Tiffany (1848-1933), Emile Gallé (1846-1904) e René Lalique (1860-1945).
• Arts & Crafts – importância do artesanato de qualidade e eliminação de distinção entre belas artes
e artes decorativas.
• Ainda de Arts & Crafts buscava englobar todas as produções artísticas, adotando novos materiais e
tecnologias.
• Outra fonte de influência é o japonismo que se disseminou pela Europa a partir da segunda metade
do século XIX.
Japonismo

• Durante o período Tokugawa ou Edo (1603-1867), o Japão manteve-se isolado do Ocidente.


• O conhecimento dos ocidentais sobre o Japão estava relacionado: viagens de Marco Polo (1254-
1324); tentativas de introdução do cristianismo por portugueses (nos séculos XVI e XVII) e por
relações comerciais e intelectuais entre holandeses e japoneses durante o período Edo. Essa última
relação era tolerada pelo Japão, por causa da neutralidade religiosa da Holanda.
• Na segunda metade do século XVIII, objetos de porcelana e laca em grande quantidade foram
introduzidos na Europa por holandeses.
• Esses produtos geravam interesse de colecionadores por suas qualidades técnicas e pelos efeitos
decorativos.
• Em 1854, o Japão assina um contrato comercial com Estados Unidos, iniciando uma relação
comercial (Tratado de Kanagawa: EUA/Japão) que se desdobrará em outros tratados com outros
países ocidentais e permitirá um contato do Ocidente com a cultura japonesa.
• O entusiasmo e interesse pela produção japonesa vai receber o nome de Japonismo.
Porcelana do
Período Edo
Cafeteira,. 1650-1875
1670-90
Sopeira.
Fim do
século
XVII
Prato com
monograma da
Companhia Holandesa
das Índias. C. 1660.
Prato. 1690-1700
Porta Incenso.
1750
Porta incenso. C. 1840.
• Em particular um tipo de obra chamou a atenção dos artistas europeus: a gravura Ukiyo-e.
• Eram xilogravuras populares que registravam a vida, a moda e os entretenimentos dos japoneses
nos séculos XVII, XVIII e XIX.
• A expressão japonismo, foi cunhada em 1872, por Philippe Burty (1830-1890) para designar
um novo campo de estudos.
Pintura em seda. Cortesã. Kaigetsudō
Ando, c. 1705–10
Dupla na neve. Harynobu. 1768
Margem do rio. 1785.
• Ukiyo-e trazia como tema:
- Atividades de entretenimento e do cotidiano dos período Edo (1603-1868);
- Prostituição;
- Atores de kabuki;
- Cenas de entretenimento e de atividades cotidianas;
- Paisagens famosas.
• Outras características das gravuras e pinturas japonesas Ukiyo-e :
- Multicoloridas – azul, branco, verde, vermelho, amarelo.
- Cores são chapadas, sem uso de sombras.
- Tonalidades são obtidas pela sobreposição de cores durante a impressão.
- Objetos e paisagens eram mostrados parcialmente;
- Cortes na composição (aproximado ao produto fotográfico);

Em particular, os impressionistas vão incorporar a visualidade japonesa das gravuras.


Shōno-
juku,
from Cinq
uenta e
três
estações
de
Tōkaidō.
Hiroshige,
c. 1833–
34
Hiroshigue. Campos de Bambu.1857-
58
James Whistler. Noturno.Azul e
Dourado. 1872-75
Cópia de
Van
Gogh
Van de Velde, 1897
H. van de Velde: Mme.
van de Velde com vestido
desenhado por H.
van de Velde, publicado
em
1902
1902
1905-1906
Vila Siberblick. Arquivo Nietzsche, Weimar
Casa Hohe Pappein, Weimar
Tiffany
1905
Luminária Nautilus
Vaso, c.1900
1900
1897-98
1900-1903
Auguste Delaherche. C.1889.
Cerâmica.Medalha de Ouro na
Exposição Universal de 1889, em
Paris.
Louis Comfort Tiffany 1893-35
Phillipe Wolfers. C.1896. Prata.
Porcelana de
Sèvres.
Leon
Kann. C.
1900
Jarro.
Designer: Archibald
Knox (British, 1864–
1933)
Empresa: Liberty & Co.
1900–1901
Edward Colonna. 1899
Gustave Serrurier-Bovy.
Gabinete-vitrine.1899
Charles Mackintosh.
1904.
Hector Guimard.
1909-12
René-Jules Lalique.
Pingente. 1901.
Pngente. Fabricante: Georges
Fouquet (French, 1862–1957)
Designer: Alphonse Mucha
(Czech, Ivančice 1860–1939
Prague). ca. 1900
Theóphile Steinlen, 1896
Alfons Mucha, 1897
1896
G. Klimt, O beijo,
1907/08
Adele Bloch-
Bauer, 1907
Judith e a cabeça de Holofernes, 1901
Hector Guimard 1900-1913
Hector Guimard. Vaso. Cerâmica.
1901
Fotografia de Tim
Schnarr/Arquitetura de
Victor Horta (1861-
1947)
Autor da
foto Amos
Chapple –
Casa
Tassel
– 1983/4

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