Você está na página 1de 9

O Primeiro Modernismo ( primeira

década do séc.XX)
O contexto político
 O mapa cor-de-rosa

O direito à África devia provar-se pela posse


presente, atestada por soldados, e não por
argumentos históricos. Portugal lançou-se na
ocupação efetiva das regiões compreendidas entre
Angola e Moçambique que entendia pertencer-lhe.
Traçou-se num mapa com aquela cor os novos
limites do território português em África anexado ao
tratado assinado em 1886 entre Portugal e a
Alemanha.
O ULTIMATUM OU A HUMILHAÇÃO NACIONAL

Discórdia da Inglaterra, cujo domínio incluía


regiões que formam hoje a Rodésia e a
Zâmbia. Por isso o governo inglês exigiu
que o governo de Lisboa mandasse retirar
as tropas portuguesas que se encontravam
no vale do Chire ( manhã e tarde do dia 11
de Janeiro de 1890). Dizia o documento inglês“
Fortalezas em ruínas só provam soberanias
arruinadas”.
O Regicídio
As divergências entre monárquicos e republicanos agudizam-se e
culminam com o assassínio do rei D. Carlos e o príncipe D. Luís Filipe,

herdeiro do trono .
 Implantação da República (5 de outubro de 1910)
Governo provisório assumido por Teófilo Braga.

 1ª Grande Guerra Mundial ( 1914)


Participação de Portugal ao lado da Inglaterra e França.

 Sidónio Pais
Sidónio Pais, eleito Presidente da República por sufrágio universal, foi
assassinado em Lisboa no final de 1918.
O contexto cultural

 As artes plásticas
O cubismo:
sobreposição de
formas, de
planos e combinação
de cores. Amadeo de Souza-Cardoso
Picasso “Les Demoiselles d’Avignon”

Picasso “Guernica”
A Literatura

A Poesia Finissecular Violoncelo


Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
O Simbolismo: reação contra o Pontes aladas
Realismo; De pesadelo...
De que esvoaçam,
introspeção do eu; análise do interior Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
através de sugestões, de símbolos; o Se despedaçam,
No rio, os barcos.
gosto Fundas, soluçam
pelo vago, pelo mistério, a Caudais de choro...
Que ruínas, (ouçam)!
inadequação do Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
poeta à realidade. “ Abaixo a razão, Trémulos astros,
viva a sugestão”. Soidões lacustres...
_
Lemes e mastros...
E os alabastros

Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo...

Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
Contexto cultural (cont.)

Poeta

Quando a primeira lágrima aflorou


O Saudosismo: surge associado à Nos meus olhos, divina claridade
revista “ A Águia”, fundada pela A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
“Renascença Portuguesa”, da qual
faziam parte, entre outros, Leonardo Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Coimbra e Teixeira de Pascoaes. Sou, em futuro, o tempo que passou-
Valores fundamentais: a Raça, a Em num, o antigo tempo é nova idade.
Pátria, a Saudade Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.

Sou o homem de si mesmo fugitivo;


Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.

Teixeira de Pascoaes
Sempre (1898)
“A Nova Poesia Portuguesa”
IMPRESSÕES DO CREPÚSCULO

Pauis de roçarem ânsias pela minh' alma em ouro...


Dobre longínquo de Outros Sinos... Empalidece o louro
Trigo na cinza do poente... Corre um frio carnal por minh' alma...
Tão sempre a mesma, a Hora!... Balouçar de cimos de palma!
Silêncio que as folhas fitam em nós... Outono delgado
Fernando Pessoa escreveu em Oh que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!
Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora!
1912 uma série de três artigos na Estendo as mãos para além, mas ao estendê-las já vejo
Que não é aquilo que quero aquilo que desejo...
revista “ A Águia” sobre a “ Nova Címbalos de Imperfeição... Ó tão antiguidade
Poesia Portuguesa”, cujas A Hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade
O meu abandonar-se a mim próprio até desfalecer,
afirmações ousadas E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...
Fluido de auréola, transparente de Foi, oco de ter-se.
escandalizaram a elite pensante do O Mistério sabe-me a eu ser outro... Luar sobre o não conter-se...
A sentinela é hirta - a lança que finca no chão
País. Publica o poema “Paúis”, É mais alta do que ela... Para que é tudo isto.... Dia chão...
Trepadeiras de despropósitos lambendo de Hora os Aléns...
onde se notam claros vestígios do Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de ferro...
Simbolismo. Une-se a Mário de Sá Fanfarras de ópios de silêncios futuros... Longes trens...
Portões vistos longe... através de árvores... tão de ferro!
Carneiro(poeta) e Almada Fernando
Negreiros (poeta e pintor) e em Pessoa

1915 aparece o 1º volume da


revista ORFHEU
Características do Primeiro Modernismo

A Pluralidade de “ismos”
 Paulismo: “A arte de sonhar”; confusão do objetivo e do subjetivo, a
expressão do vago e do indefinido, a subtileza das sensações sugeridas, a
violação das regras da sintaxe e a utilização das maiúsculas com fins
expressivos.
 Intersecionismo: procura traduzir na literatura as sobreposições dinâmicas
da pintura cubista/futurista com os excessivos cruzamentos de planos.
 Sensacionismo: defende que “a única realidade da vida é a sensação” e “a
única realidade em arte é consciência da sensação”.
 Futurismo: define-se como o esquecimento do passado com o propósito
de construir o futuro, o desprezo por tudo o que é clássico, tradicional e
estático, o repúdio do sentimentalismo e o ingresso frenético na vida ativa,
o culto da energia, da velocidade, da liberdade, da máquina, da violência e
do perigo a veneração pela liberdade.
Modernismo (cont.)
A nível temático: A nível da linguagem:

 Euforia do moderno;  Reinvenção da linguagem,


 Tédio existencial; conferindo à palavra todo o
 Dissolução do sujeito; seu poder criador;
 Esforço do  Libertação de constrições;
autoconhecimento;  Versilibrismo;
 Crise aguda do sujeito,
 No futurismo, sacrifício da
fragmentado;
correção gramatical e
 Viragem para o interior do
excesso vocabular.
sujeito, para a corrente da
consciência;
 Abandono do idealismo
romântico.

Você também pode gostar