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OS MAIAS

Professor: Nuno Martins Gonçalves


OS MAIAS
Espaço Físico Exterior:
Santa Olávia
-infância e educação de Pedro
Coimbra:
-estudos de Carlos
-Primeiras aventuras amorosas
Baixa:
-vida social de Carlos
Aterro:
-local onde se passa a intriga principal
Lisboa (Campo Grande / Olivais):
- Local privilegiado para a visão crítica da sociedade portuguesa da 2ª metade do séc. XIX

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Espaço Físico Interior
O Ramalhete:
-salas de convívio e de lazer
-o escritório de Afonso tem um aspeto de “uma severa câmara de prelado”
-o quarto de Carlos tem um ar de “quarto de bailarina”
-O jardim tem um valor simbólico, explicado em lugar apropriado
Vila Balzac (Penha de França – Lisboa)
-reflete a sensualidade de Ega
O consultório de Carlos
-revela o dandismo de Carlos
-a predisposição para a sensualidade
A Toca
-espaço carregado de simbolismo; revela amores ilícitos

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Espaço social
Os Maias é um romance de espaço (social) porque nele desfila uma galeria imensa de figuras
que caracterizam a sociedade lisboeta: as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia:
- o Chiado, o Loreto, o Aterro, lugares onde se passeia em amenas cavaqueiras
-o S. Carlos, o Trindade, o Grémio Literário, cuja intenção cultural é desmentida pela realidade
predominantemente sentimental
-o Hotel Central, onde à roda da mesa se discute alegre e levianamente a viabilidade do país
-o hipódromo, lugar de suposta diversão que acaba pífia e tristonha
-a Vila Balzac, a «Toca» e outros lugares da relação amorosa clandestina, de adultério reinante
- a Lisboa com a sua atmosfera citadina, contrapõe -se a quinta de Santa Olávia que, pelo seu
ambiente saudável, pelos seus ares lavados, a água pura, a natureza, é o lugar de retiro da
família Maia nos momentos críticos, o lugar da educação de Carlos

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Espaço social

-Sintra é o lugar burguês dos passeios, do veraneio, muito conotado com vivências poéticas e
sentimental
-Coimbra é o lugar tradicionalmente académico, onde Carlos vive a boémia estudantil e se
forma em Medicina
-o estrangeiro (sobretudo Paris, mas também a Inglaterra) é um lugar mítico: padrão que
evidencia a inferioridade nacional, no entender de Afonso, adepto da vida à inglesa;
representação do chic parolo do Dâmaso que idolatra o boulevarzinho parisiense

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Espaço psicológico
-Constituído pelas zonas de consciências da personagem, manifesta-se em momentos de
maior densidade dramática
-É sobretudo Carlos que desvenda os meandros da sua consciência, ocupando também Ega
lugar de relevo
Carlos:
-Sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria Eduarda (cap. VI)
-Nova evocação de Maria Eduarda em Sintra (cap. VIII)
-Reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a Maria Eduarda (cap. XVII)
-Visão do Ramalhete e do avô, após o incesto (cap. XVII)
-Contemplação de Afonso da Maia, morto no jardim (cap. XVII)
Ega:
- Reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Maria Eduarda (cap. XVI)

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Espaço psicológico

-A representação do espaço psicológico permite definir a composição destas personagens


como personagens modeladas.
-A presença do espaço psicológico implica a presença da subjetividade
-Uma vez mais, a estética naturalista está posta em causa

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Tempo cronológico/tempo da história

A mudança do tempo contribui para a dinâmica d’Os Maias


O tempo é que move os acontecimentos
Cerca de setenta anos, é o tempo passível de ser datado, embora a ação principal não
ultrapasse os catorze meses, do outono de 1875 ao inverno de 1876/1877.
O tempo concreto de Os Maias é extremamente lento e carregado de elementos significativos
e abrange o decurso de várias gerações, desde Afonso, o varão íntegro e forte, até Carlos, o
diletante e ocioso, passando por Pedro da Maia, representante de uma época
exacerbadamente romântica

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Tempo cronológico/tempo da história
Preparação da ação Ação Conclusão
Antes de 1800 1820 a 1822 1830, 1848, 1858 e 1875 a 1877 1887
1870
Nascimento de Afonso “a Referências ao Relações de “Luminosa e
Afonso (“mais atirar foguetes Ramalhete e aos Carlos e de macia manhã de
idoso que o de lágrimas à Maias Maria Eduarda janeiro de 1887”
século”) Constituição” – Carlos
Relações de Pedro Morte de Afonso regressa
e Maria Monforte

Nascimento de
Carlos e de Maria
Eduarda

Morte de Pedro

Educação de Carlos
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Tempo narrativo/ tempo do discurso

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Tempo narrativo/ tempo do discurso

Analepses (Cap.I – V)
A necessidade de recuar no tempo para encontrar explicações para alguns factos do presente
A história dos Maias até 1875
-juventude, exílio (Inglaterra) e casamento de Afonso com Maria Monforte;
-juventude, educação e amores de Pedro;
-rutura de Pedro com Afonso;
-fuga de Maria Monforte com o Italiano Tancredo;
-suicídio de Pedro;
-educação de Carlos em Santa Olávia e estudos em Coimbra;
-viagens pela Europa

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Tempo narrativo/ tempo do discurso

Analepses

Maria Eduarda recorda o seu passado


-Um misto de discurso indireto livre e de discurso direto
-Esta analepse escapa à focalização omnisciente do narrador dado que Maria Eduarda apenas
conhece o que a sua mãe lhe contara, assim se mantendo o mistério do passado da personagem
A carta
-A carta de Maria Monforte (lida por Ega a Vilaça) vem finalmente revelar a verdadeira identidade
de Maria Eduarda
-Esclarecido todo o mistério do seu passado, o desfecho trágico dos amores incestuosos
adivinha-se

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Tempo narrativo/ tempo do discurso

Resumos ou sumários
Redução do tempo da história, por síntese dos factos ocorridos
Exemplos:
“Seu pai morreu de súbito, ele teve de regressar a Lisboa. Foi então que conheceu D. Maria
Eduarda Runa, filha do conde de Runa, uma linda morena, mimosa e um pouco adoentada. Ao
fim do luto, casou com ela. Teve um filho, desejou outros; e começou logo, com belas ideias de
patriarca moço, a fazer obras no palacete de Benfica, a plantar em redor arvoredos, preparando
tectos e sombras à descendência amada que lhe encantaria a velhice.” (Cap.I)
É através de sumários que ficamos a conhecer:
-juventude, exílio e casamento de Afonso
-Crescimento, educação, crises e aventuras amorosas de Pedro
-Formação universitária e aventuras românticas de Carlos

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Tempo narrativo/ tempo do discurso

Elipses
Omissão de alguns factos ou mesmo de alguns períodos da história
Exemplos:
“Outros anos tranquilos passaram sobre Santa Olávia. Depois de uma manhã de Julho, em
Coimbra…”
“Mas, passado ano e maio, num lindo dia de Março, Ega reapareceu no Chiado.” (Cap. III)
Isocronias
Tentativa de fazer corresponder o tempo narrativo ao tempo da história, com o objetivo de
realçar a importância de determinado facto
Exemplos: suicídio de Pedro; o sarau; o momento das revelações da verdadeira identidade de
Maria Eduarda.

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Tempo psicológico

A passagem do tempo influencia as personagens, não apenas no seu envelhecimento mas


também em mudanças comportamentais. Esse referencial de mutações, que reflete vivências e
emoções das personagens, é o tempo psicológico.
Exemplos:
-A noite em que Pedro da Maia se apercebeu do desaparecimento de Maria Monforte e o
comunicou ao pai
-As horas passadas no consultório, que Carlos considerava monótonas e “estúpidas”
-Carlos recorda o primeiro beijo que a condessa de Gouvarinho lhe dera:
-“O criado entrou com a bandeja – e Carlos, de pé junto da mesa, remexendo o açúcar no
copo, recordava, sem saber porquê, aquela tarde em que a condessa, pondo-lhe uma rosa no
casaco, lhe dera o primeiro beijo; revia o sofá onde ela caíra com um rumor de sedas
amarrotadas… Como tudo isto era já vago e remoto.” (Cap. XVII)

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Tempo psicológico

Exemplos:
-No último capítulo, Carlos e Ega visitam e contemplam o velho ramalhete (em janeiro de 1887)
e refletem sobre o passado e o presente; numa das suas intervenções, Carlos, com emoção e
nostalgia, recorda, valorizando, o tempo aí passado
-“- É curioso! Só vivi dois anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida
inteira!” (Cap. XVIII)

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Obrigado pela vossa atenção!

Questões?????

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