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Setor de Medicina e Cirurgia do Pé

da FMABC
Prof. Dr. Rui dos Santos Barroco Dra. Letícia Zaccaria Prates de Oliveira
Dr. Osvaldo Nascimento Dr. Mahmoud Abdul Ghani
Dr. Antonio Hissao Kiyota Dr. Bruno Rodrigues de Miranda
Dr. Rafael da Rocha Macedo Dr. Gregory Bittar Pessoa
Dr. Dario Horie Putini Dr. Herbert Amantea Fernandes
Dr. Fábio Serra Cemin

Faculdade de Medicina do ABC


Disciplina de Ortopedia e Traumatologia
Serviço do Prof. Dr. Edison Noboru Fujiki
MANN’S SURGERY
OF THE FOOT AND
ANKLE Nona Edição

Capítulo 06
Hallux Valgus

Andrew Haskell, Roger A. Mann. 4-31


Anatomia
Articulação metatarso-falangeana do 1º raio:
Tipo bola-soquete.
Movimentos dorsais e plantares.

1º MTT: cabeça redonda, coberta de cartilagem, articulando com


base da falange proximal.

Ligamento colateral lateral:


 Formato de leque.
 Distal, para base da falange.

Ligamento sesamoide:
 Sesamoides e placa plantar. Permitem pouca movimentação varo-valgo
Anatomia

Placa plantar:
Dois tendões do flexor curto dos dedos.
Abdutor e Adutor do hálux.
Aponeurose plantar.
Cápsula articular.

Flexor Longo do Hálux


Anatomia
Entre o “capuz extensor”,
Base dorsal da falange distal dorso da base da falange
proximal.
Anatomia
• Ligeiramente mais plantares.

• Balanço muscular:
• Foças de oposição.

• Adutor do hálux: 2 cabeças.


• Oblíqua e Transversa.
• Inserção plantar lateral.
Anatomia
Articulação tarsometatarsal: estável.

1ºMTT- cuneiforme: inclinação medial de 8°


Obliquidades maiores = metatarso primo varo.

Faceta articular entre 1º e 2º MTT (30-53%)


– MTC mais rígida.
Anatomia/Fisiopatologia
Cabeça metatarsal: sem inserção muscular.
Vulnerável a forças extrínsecas.

Desestabilização da cabeça, com desvio medial.


Tendões ao redor da articulação tendem a deslizar para lateral.
Músculos: forças deformantes (tração lateral).
Exposição progressiva dos sesamoides.

Pronação do hálux.
Alteração na dinâmica articular MTF.
Metatarsalgia de transferência.
Anatomia/Fisiopatologia
Anatomia/Fisiopatologia
 Formato das cabeças 1ºMTT Avaliar congruência articular.
 Chata, redonda e Chevron. Articulações congruentes são
estáveis.

Maior tendência a subluxação


Anatomia/Fisiopatologia
Cabeça do MTT desvia
medial e pressiona
estruturas mediais.

Sesamoides fixos pelo


ligamento transverso
metatarsal.

Pressão crônica:
Enfraquecimento da cápsula medial e
erosão da crista.
Desestabilização dos sesamoides.

Migração do abdutor do hálux para plantar.


Epidemiologia
Incidência: 2-4% população.

Faixa etária:
Hardy; Scranton: 46-57% do pacientes apresentam a deformidade
antes dos 20 anos.
Coughlin: 65% na terceira a quinta década.

Gênero:
Mulheres > Homens
Proporções de até 15:1. Coughlin: 92% para hálux valgo severo.

Bilateralidade
84% bilateral, geralmente com deformidades moderadas/graves.
Etiologia
Etiologia
Causas Extrínsecas

Calçado:
 Populações com tradição de andar descalças apresentam menores índices de
halux valgo comparativamente, geralmente assintomático.
 Japoneses: casos eram raros devido uso do “tabi”.

Trauma:
 Ruptura da capsula articular medial.
 Fratura de Lisfranc: instabilidade de MTC.
Etiologia
Causas Intrínsecas
Hereditariedade:
 História familiar em 58-88% dos casos. Hálux valgo juvenil: 72-94%.
 Transmissão via materna, ligado ao X dominante ou poligência, com
penetrância incompleta.

Pé Plano:
 Pé plano + hálux valgo: progressão mais rápida da deformidade.
 Pronação do pé gera uma rotação longitudinal do primeiro raio, e posiciona
o eixo da MTC e um plano oblíquo, mais vulnerável a forças deformantes.
Etiologia
Hipermobilidade da MTC:
 Quantificação clínica da hipermobilidade é difícil.

Eixo
 Aprox. 5mm em pés normais // 9mm ou mais em pés com hálux valgo.
 Consequência do hálux valgo?

Frouxidão Ligamentar:
 Correlação com hipermobilidade do 1º raio.
 Mais frequente no hálux valgo juvenil.
 Ehler-Danlos e Marfan.
Considerações Radiográficas
Ângulo do Hálux Valgo

• Radiografia AP com carga.

• Intersecção entre os eixos do 1º


MTT e da falange proximal.

• Normal < 15°


• Leve < 20°
• Moderado 20-40°
• Grave > 40°
Ângulo Intermetatarsal (1-2)

• Radiografia AP com carga.

• Intersecção entre os eixos do 1º e 2º


metatarsos.

• Normal < 9°
• Leve: até 11°
• Moderada: 11-16°
• Grave: > 16°
Ângulo Interfalângico do Hálux

• Radiografia AP com carga.

• Eixo da falange distal calculado entre


um ponto no ápice e um ponto no
centro da base.

• Intersecção entre os eixos das falanges.

• Hálux valgo interfalângico:


• Â > 10°
• Ângulos > 13° podem necessitar
de correção cirúrgica.
Ângulo Articular Distal do MTT
• DMMA

• Pontos dos extremos da superfície


articular distal do MTT (X e Y).

• Eixo do 1º MTT.

• Ângulo DMMA é formado pelo


eixo do 1º MTT com linha
perpendicular ao slope articular.

• Normal = 6°
Congruência Metatarsofalangeana

• Inspecionar a congruência articular através da radiografia AP com carga.

• Pacientes com congruência articular e hálux valgo, um tratamento cirúrgico


com correção intra-articular leva a uma articulação incongruente.
Eminência Medial
• Foco de dor e intolerância aos
calçados.

• Linha tangente a diáfise


medial do 1º MTT.

• Linha perpendicular à tangente


ao longo da porção mais larga
da eminência.
Metatarso Primo Varo

• Condição frequentemente associada a halux valgo


juvenil.
• Halux valgo “inevitável”.
Comprimento do 1º MTT
Controvérsia.

Raramente metatarsos curtos


estão associados a hálux
valgo.

Associação com metatarsos


longos ou de igual tamanho.
Morton Clapham
Articulação Metatarsocuneiforme
Orientação da articulação e flexibilidade: fatores importantes na
gênese da deformidade.
Obliquidade da articulação é o principal fator associado ao aumento
do ângulo intermetatarsal.
Suprimento Sanguíneo

1- Artéria nutrícia. 1- Vasos metafisários dorsais.


2- Ramo curto distal. 2- Vasos metafisários plantares.
3- Ramo longo proximal. 3- Artérias capitais.
4- Vasos epifisários.
Classificação
História e Exame Físico
História e Exame Físico
História clínica

Queixa principal: dor no bunion (70-75%).


 Queratose plantar dolorosa em 2º metatarso (40%).
 Metatarsalgia (48%).

Nível de atividade do paciente, ocupação, atividade física, histórico


médico.

Alterações de sensibilidade na região do


bunion e na área do nervo cutâneo
dorsomedial.
História e Exame Físico
Exame físico:
Marcha, apoio estático e pé sem apoio.
Deformidades 1º raio.
Deformidades dos dedos menores.
Arco longitudinal e retropé.
Pronação do hálux.
Exame Físico
Amplitude de movimento da McBride
MTF

Mobilidade da MTC.
Tratamento
Tratamento Conservador
Opção para pacientes com hálux valgo leve.

Groiso: órteses noturnas par ao bunion + exercícios.


Melhora da deformidade em pacientes jovens.

Calçados:
Confortáveis, com câmara anterior larga, solado macio.

Frouxidão ligamentar e doenças neuromusculares.


Tratamento Conservador
Alívio sintomático:

Órtese Noturna Bunion Post


Bunion Pads
Decisão Cirúrgica
Tratamento Cirúrgico
Tomada de decisão:
Nenhuma deformidade de hálux valgo é igual a outra.

Fatores a serem considerados:


 Queixa principal do paciente, ocupação e interesses atléticos.
 Achados clínicos.
 Avaliação radiográfica.
 Idade do paciente.
 Estado neurovascular do pé.
 Expectativas do paciente.

• Subjetivo.
• Insatisfação frequente.
• Incapacidade de retorno as atividades prévias.
• Desconhecimento das complicações.
Tratamento Cirúrgico
Algoritmo clínico para guiar a tomada de decisão
Tratamento Cirúrgico
Obrigado

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