Você está na página 1de 20

A PÁSCOA

ÊXODO 12
NOTAS DO PENTATEUCO
CH MACKINTOSH
O PODER DO SANGUE

E falou o SENHOR a Moisés e a Arã o na terra do


Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o
princípio dos meses; este vos será o primeiro dos
meses do ano (Gn 12:1-2).
O PODER DO SANGUE
O Princípio dos Meses
Eis aqui uma alteraçã o muito importante na ordem de contar o
tempo. O ano comum ou civil seguia o seu curso ordiná rio, quan-
do o Senhor o interrompeu por causa do Seu povo, e assim, em
princípio, ensinou-lhes que deviam começar uma nova era em
Sua companhia. A histó ria anterior de Israel nã o devia ser dora-
vante tomada em conta. A redençã o tinha de constituir o primeiro
passo na vida real.
Isto ensina-nos uma verdade bem simples. A vida do homem nã o
é realmente de interesse até que ele comece a andar com Deus no
conhecimento de uma salvaçã o perfeita e de uma paz estável,
pelo sangue precioso do Cordeiro de Deus.
O PODER DO SANGUE
Antes disto, segundo o juízo de Deus e a expressã o das Escrituras,
ele está "morto em ofensas e pecados" e "alienado da vida de
Deus" (Ef 2:1; 4:18).
Toda a sua histó ria nã o é mais que um espaço vazio, ainda que, na
opiniã o do homem, haja sido uma cena de ruidosa atividade.
Tudo aquilo que desperta a atençã o do homem deste mundo, as
honras, as riquezas, os prazeres, os atrativos da vida, assim
chamados, todas estas coisas, quando examinadas à luz do juízo
de Deus e pesadas na balança do santuá rio, nã o sã o mais que um
vazio horrível, um espaço inú til, indigno de ocupar um lugar nos
registros do Espírito Santo.
O PODER DO SANGUE
• Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida. 1Jo 5:12
• Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
Sl 32:1

Somente em Cristo podemos ter vida e felicidade. Fora d'Ele tudo


é morte e miséria, segundo o juízo do céu, sejam quais forem as
aparências. É quando o véu espesso da incredulidade é tirado do
coraçã o, e nos é dado ver, com os olhos da fé, o Cordeiro de Deus
carregando o nosso fardo pesado de culpa sobre a cruz, que
entramos na senda da vida e participamos do cá lice da felicidade
divina, vida que principia na cruz e corre para uma eternidade de
gló ria.
O PODER DO SANGUE
Nã o existe nada verdadeiro, nada só lido, nada que satisfaça a
alma, senã o em Cristo. Sem Ele "tudo é vaidade e afliçã o de
espírito" (Ec 2:17). Só n'Ele se encontram os gozos verdadeiros e
ternos; e por isso é só quando começamos a viver n'Ele, d'Ele, com
Ele e para Ele que começamos verdadeiramente a viver. "Este mes
mo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos
meses do ano". O tempo passado nos fornos de tijolo e junto das
panelas de carne é como se nã o tivesse existido. Deve, doravante,
ser uma coisa sem importâ ncia, salvo que a sua recordaçã o deve,
de vez em quando, servir para despertar o seu sentido daquilo
que a graça divina havia realizado em seu favor.
O PODER DO SANGUE
O Cordeiro Guardado
"Falai a toda a congregaçã o de Israel, dizendo: Aos dez deste mês,
tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um
cordeiro para cada casa... O cordeiro, ou cabrito, será , sem má cu-
la, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das
cabras, e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo
o ajuntamento da congregaçã o de Israel o sacrificará à tarde" (vs 3
a 6). Eis aqui a redençã o do povo de Israel baseada sobre o sangue
do cordeiro segundo o desígnio eterno de Deus. Isto dá à
redençã o toda a sua estabilidade divina.
O PODER DO SANGUE
A redençã o nã o foi o resultado de um segundo pensamento de
Deus. Antes que o mundo existisse, ou Sataná s, ou o pecado;
antes que a voz de Deus houvesse interrompido o silêncio de
eternidade e chamado os mundos à existência, Ele tinha os seus
grandes desígnios de amor, e estes desígnios nã o podiam achar
jamais um fundamento suficientemente só lido na criaçã o. Todos
os privilé-gios, todas as bênçã os e as gló rias da criaçã o
repousavam sobre a obediência de uma criatura, e, no pró prio
momento em que esta caiu, tudo foi perdido. Porém, a tentativa
de Sataná s de corrom-per a criaçã o apenas serviu para abrir o
caminho à manifestação dos propósitos profundos de Deus
quanto à redenção.
O PODER DO SANGUE
Esta maravilhosa verdade é-nos apresentada em figura debaixo
do fato que o cordeiro devia ser guardado desde o dia dez "até ao
décimo quarto dia". Este cordeiro era indiscutivelmente uma
figura de Cristo; "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por
nós". 1Co 5:7b . Na sua primeira epístola, Pedro faz-se alusã o à
guarda do cordeiro durante estes quatro dias:
Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós. 1Pe 1:18-20
O PODER DO SANGUE
Todos os desígnios de Deus, desde toda a eternidade, tinham relaçã o
com Cristo; e nenhum esforço de inimigo podia interferir com esses
desígnios: antes pelo contrá rio, esses esforços apenas contribuíram
para a manifestaçã o e a estabilidade inabalável da sabedoria
insondável de Deus. Se "o Cordeiro imaculado e incontaminado" foi
"conhecido antes da fundação do mundo", certamente que a
redenção devia estar no pensamento de Deus antes da fundação do
mundo. O bendito Senhor nã o teve que improvisar um plano para
remediar o terrível mal que o inimigo havia introduzido na criaçã o.
Nã o, Ele apenas teve que tirar do tesouro inexplorado dos Seus
maravilhosos desígnios a verdade quanto ao Cordeiro imaculado,
conhecido desde a eternidade,
O PODER DO SANGUE
e que devia ser "manifestado nestes ú ltimos tempos por amor de
nó s".
Assim, o cordeiro tomado no dia dez e guardado até ao dia
catorze mostra-nos Cristo conhecido de Deus, desde a eternidade,
porém manifestado na plenitude dos tempos por amor de nó s.
O desígnio eterno de Deus em Cristo vem a ser o fundamento da
paz do crente. Nada menos do que isto seria suficiente. Somos
reconduzidos muito para lá da criaçã o, para lá dos limites do tem-
po, além da entrada do pecado e de tudo que pudesse, possivel-
mente, afetar o fundamento da nossa paz. A expressã o "conhecido
antes da fundaçã o do mundo" faz-nos retroceder à s profundida-
des insondáveis da eternidade, e mostra-nos Deus fazendo os
O PODER DO SANGUE
seus pró prios planos de amor redentor e baseando-os sobre o
sangue expiador do Seu precioso Cordeiro imaculado.
Cristo foi sempre o pensamento primá rio de Deus, e por isso,
logo que começa a falar ou atuar, Ele aproveita a ocasiã o para
manifes-tar Aquele que ocupava o lugar mais elevado em Seus
conselhos e afetos; e, seguindo a corrente de inspiraçã o divina,
descobrimos que cada cerimonia, cada rito, cada ordenaçã o, e
cada sacrifício indicava "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo" (Jo 1:29); porém, em nenhum, de uma forma tã o
evidente, como a Pá scoa. O cordeiro da pá scoa, com tudo que com
ele se ligava, apresenta-nos uma das figuras mais interessantes e
instrutivas das Escrituras.
O PODER DO SANGUE
O PODER DO SANGUE
O Cordeiro Imolado
Na interpretaçã o deste capítulo 12 de Ê xodo temos que tratar
com uma assembleia e um sacrifício: "todo o ajuntamento da
congregaçã o de Israel o sacrificará à tarde" (vs 6). Nã o se trata
tanto de um nú mero de famílias e alguns cordeiros, o que por
certo é muito verdade, mas de uma assembleia e um cordeiro.
Cada família era a expressã o local de toda a assembleia reunida
em torno do cordeiro. O antítipo deste ato temo-lo em toda a
Igreja de Deus reunida pelo Espírito Santo em nome do Senhor
Jesus, da qual cada assembleia em particular, onde quer que se
reú na, deve ser a expressã o local.
O PODER DO SANGUE
O Sangue sobre as Ombreiras e na Verga das Casas
"E tomarã o do sangue e pô -lo-ã o em ambas as ombreiras e na
verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite
comerã o a carne assada no fogo, com pã es asmos; com ervas
amargosas a comerã o. Nã o comereis dele nada cru, nem cozido
em á gua, senã o assado ao fogo; a cabeça com os pés e com a
fressura" (vs 7-9).
O cordeiro da pá scoa nos é apresentado sob dois aspectos, a
saber: como fundamento da paz e como centro de unidade.
O sangue na verga das portas assegurava a paz de Israel:
"...ven-do eu sangue, passarei por cima de vó s" (vs 13). Nada mais
era
O PODER DO SANGUE
necessá rio, senã o a aspersã o do sangue, para se desfrutar paz em
relaçã o com o anjo destruidor. A morte devia fazer a sua obra em
todas as casas do Egito. "Aos homens está ordenado morrerem
uma vez" (Hb 9:27). Porém, Deus, em Sua grande misericó rdia,
encontrou um substituto imaculado para Israel, sobre o qual foi
executada a sentença de morte. Assim, as exigências de Deus e a
necessidade de Israel foram cumpridas por uma e mesma coisa, a
saber: o sangue do cordeiro.
"Vendo Eu Sangue..."
Note-se que o israelita nã o descansa sobre os seus pró prios
pensa mentos, nos seus sentimentos ou na sua experiência, a
O PODER DO SANGUE
sangue. Isto teria sido descansar sobre um fundamento fraco e
movediço. Os seus pensamentos e os seus sentimentos podiam
ser profundos ou superficiais: mas, quer fossem profundos, quer
superficiais, nada tinham que ver com o fundamento da sua paz.
Deus não havia dito: "vendo vó s o sangue, e avaliando-o como
ele deve ser avaliado, eu passarei por cima de vó s". Isto teria bas-
tado para lançar um israelita em profundo desespero quanto a si
pró prio, visto que é impossível para o espírito humano apreciar o
valor do precioso sangue do Cordeiro de Deus. O que dava paz era
a certeza de que os olhos do Senhor estavam postos sobre o
sangue, e que Ele apreciava o seu valor.
O PODER DO SANGUE
A Páscoa: o Centro de Comunhão
Consideremos agora o segundo aspecto da pá scoa, como centro
ao redor do qual a assembleia estava reunida em tranquila, santa
e feliz comunhã o. Israel salvo pelo sangue, era uma coisa; e Israel
alimentando-se do cordeiro, era outra muito diferente. Estavam
salvos somente pelo sangue; porém o objeto em volta do qual
estavam reunidos era, evidentemente, o cordeiro assado. Esta
distinçã o nã o é, de modo nenhum, absurda. O sangue do Cordeiro
constitui o fundamento tanto da nossa ligação com Deus como
da nossa conexão uns com os outros. Quando somos lavados pelo
sangue, é que somos levados a Deus e ficamos em comunhã o uns
O PODER DO SANGUE
com os outros. Separados da expiaçã o perfeita de Cristo, nã o
poderia haver evidente comunhã o, nem com Deus, nem com a
assembleia.
Contudo nã o devemos esquecer o fato que é para um Cristo vivo
nos céus que os crentes são reunidos pelo Espírito Santo.
Estamos unidos a um Chefe vivo, fomos levados a uma "pedra
viva" (1 Pe 2:4). O Senhor é o nosso centro. Havendo achado paz
pelo Seu sangue, nó s reconhecemos que Ele é o nosso grande
centro de reunião e o laço que nos une. "Porque onde estivrem
dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles"
(Mt 18:20).
O PODER DO SANGUE
O Espírito Santo é o ú nico que promove a reuniã o; Cristo é o
ú nico objetivo em volta do qual nos reunimos; e a nossa assem-
bleia, assim convocada, deve ser caracterizada pela santidade,
de maneira que o Senhor nosso Deus possa habitar entre nós.

Você também pode gostar