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Os Maias Respostas
Os Maias Respostas
“OS MAIAS”
Contexto literário - descrever a sociedade criticamente
1.
a. V
b. V
d. V
“OS MAIAS”
Capítulo I, O Ramalhete
Antes de ler
2. A casa está morta porque não se vê luz nela, ninguém lhe bate à porta, é um lar
desfeito, vazio.
A casa está também «morta» pelo abandono a que foi votada; não existe ali o amor que a
fazia viver.
Educação literária
1. O edifício tem um nome que lembra alegria e felicidade, é o Ramalhete. Contudo, o seu
aspeto exterior não condiz com a designação: de facto, o seu aspeto geral é o de um
«sombrio casarão». O conector que instaura este contraste é a locução subordinativa
concessiva apesar de, em «apesar deste» (l. 3).
2.1 Trata-se do «palacete de família em Benfica», habitado outrora por Afonso da Maia,
depois muito tempo à venda, finalmente adquirido por um rico brasileiro.
Educação literária
2.2 Vilaça, administrador dos bens da família, nunca concordou com a venda pelo motivo
que Afonso da Maia, o proprietário, invocou: a residência de Benfica tinha visto desgraças
fortes na família. Vilaça argumentava contra esta justificação, dizendo que todas as casas
assistem a problemas das famílias que as habitam.
3.1 O primeiro argumento era relativo às despesas elevadas nas obras que teriam de ser
realizadas; o segundo, ao facto de o Ramalhete não ter espaços verdes e de Afonso e seu
neto habitarem uma quinta, sentindo, por certo, falta desses espaços; finalmente,
apresentou um argumento relativo a uma «lenda» segundo a qual o Ramalhete era um
espaço trágico para quem o habitava.
Educação literária
3.2 Trata-se do argumento segundo o qual o Ramalhete seria um espaço agoirento para os
membros dos Maias que o habitassem.
4. É um palacete com aspeto antiquado, «de paredes severas», com um rés do chão e um
«primeiro andar», no qual se abre uma série de pequenas «varandas» sobre cujas portas
existe uma fila de «janelinhas»; o aspeto geral é de um certo abandono, devido ao facto
de estar desabitado há muito. O interior revela certa riqueza nos «tetos apainelados» e
nos «frescos» das «paredes». Na parte traseira do palacete existe apenas «um pobre
quintal inculto».
Educação literária
4.1 É no «quintal inculto» que se encontram certos elementos aos quais se pode atribuir
caráter de agouro, de prenúncio de tragédia: o «cipreste«, árvore típica dos cemitérios,
associada à morte; ou «a cascatazinha seca» que, associada ao «tanque entulhado»,
funcionam como símbolos de esterilidade, pela ausência da água.
“OS MAIAS”
Capítulo I, Pedro da Maia
Antes de ler
1. Tanto Manuel de Sousa Coutinho, de Frei Luís de Sousa como Carlos, de Viagens na
minha terra ou Simão Botelho, de Amor de Perdição são personagens destemidas,
generosas, corajosas, quase temerárias, que se batem em defesa de ideais (a liberdade, o
liberalismo, o amor). Estas são também qualidades que se encontram nestas figuras de
BD.
Educação literária
1. A primeira parte (até à l. 49) corresponde à vida e Pedro até ao momento em que as
suas crises posteriores à morte da mãe terminaram.
A segunda parte (l 50 até ao fim) corresponde à transformação que se operou nele depois
de começar a amar Maria Monforte.
4.
a. personificação
b. comparação.
Educação literária
“OS MAIAS”
Capítulo II, Paixões fatais
Antes de ler
1. A. Cleópatra: rainha do Egito, foi amante de Júlio César, imperador de Roma e, mais
tarde, após o seu assassinato, foi amante de Marco António, com quem se terá casado e
passado a governar o Egito. Acusado de traição por Otávio, Marco António foi derrotado
na batalha de Ácio, o que levou à morte de Cleópatra, a qual, segundo a lenda, se deixou
picar por uma serpente venenosa.
Antes de ler
1. B. Lucrécia Bórgia: era filha do cardeal Rodrigo Bórgia (mais tarde papa Alexandre VI).
Teve vário casamentos que terminaram por anulação ou com o assassinato dos maridos, o
que lhe terá valido a fama de envenenadora e de depravada – um boato lançado por
Giovanno Sforza, um dos seus maridos – que, humilhado por ter visto o seu casamento
anulado devido a impotência, se vingou afirmando que ela mantinha relações incestuosas
com o pai e com o irmão.
Antes de ler
1. C. Marilyn Monroe: foi uma atriz de Hollywood famosa pela sua beleza e sedução.
Manteve diversos relacionamentos amorosos, entre os quais com o presidente americano
John Kennedy.
A dependência de álcool e drogas, bem como diversos problemas sentimentais, tê-la-ão
levado ao suicídio em 1962.
Educação literária
4. Tratando-se de uma personagem romântica, isto é, que vive sob o efeito dos
sentimentos e não da razão, tratando-se de uma personagem de personalidade fraca, o
suicídio adequa-se-lhe bem.
Gramática
1.
a–4
b–1
c–2
d–3
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo III, O jantar em Santa Olávia
Antes de ler
1. Afonso não permitiu que Carlos bebesse Bucelas para inculcar no neto o sentido das
regras e da força de vontade.
2.1 O riso de Afonso da Maia deriva do inesperado da resposta de Carlos. É uma resposta
cheia de comicidade: de facto, toda a gente, incluindo Afonso da Maia, esperava uma
resposta relativa a livros, disciplinas… Mas Carlos da Maia surpreende todos ao responder
num sentido muito diferente, desvendando, com a resposta, de que modo a sua educação
estava a ser conduzida.
Educação literária
4. As elites que leriam Os Maias deveriam refletir nos dois modelos de educação
apresentados, no sentido de olharem criticamente para o português, aperfeiçoando-o
com base no que se passava no estrangeiro: é essa a intenção de Eça.
5. a. e b.: metáforas.
5.1 A primeira, «bebia as palavras», revela o enorme interessa de Afonso pelo que o neto
dizia, ouvindo-o com muita atenção; a segunda revela a felicidade do bom abade ao olhar
para Carlos depois de ter ouvido a frase engraçada por este dita.
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo VI, O jantar no Hotel Central – I
Educação literária
1.1 Maria Eduarda é «uma senhora alta, loira», de «carnação ebúrnea», uma mulher de
tal beleza que parece uma «deusa», refulgente nos seus cabelos e exalando perfume. A
roupa realça as formas perfeitas do seu corpo. Maria Monforte é, tal como Maria
Eduarda, uma mulher «loura», cujos cabelos «ondeavam de leve sobre a testa», com uns
«olhos maravilhosos»; tem uma «carnação de mármore» de tom pálido: tudo isto
contribui para que, tal como Maria Eduarda, apresente um aspeto geral de mulher que
não é deste mundo – «alguma coisa de imortal e superior à Terra.»
Educação literária
2. O parágrafo descreve uma paisagem que se vê das janelas do hotel. Esta paisagem é
construída literariamente através de sensações visuais – «dia de inverno […] luminosos»,
nuvens «tocadas de cor-de-rosa», o «tom de violeta» da «outra banda», a «água luzidia»;
também as sensações táteis servem para descrever o real – «um dia de inverno suave» e
«afago do clima»; sem esquecer as gustativas – clima doce».
Educação literária
“OS MAIAS”
Capítulo VI, O jantar no Hotel Central – II
Antes de ler
1. O cartoon sugere que, enquanto o país (o navio) se afunda em dívidas, os náufragos (os
portugueses) discutem ferozmente, atribuindo-se culpas mútuas pelo sucedido. Ao
mesmo tempo os tubarões (os credores internacionais) rondam-nos e estão prestes a
devorá-los.
Trata-se de uma alegoria à precária situação financeira do país, nos últimos anos, e à
forma como os portugueses a encaram.
Educação literária
1. O primeiro é a questão das finanças nacionais e dos modos de financiamento:
empréstimos e impostos; o segundo é a questão da preparação ou impreparação dos
responsáveis políticos que serviam o regime inconstitucional; finalmente, a questão da
independência ou da união com Espanha.
3. (B)
Educação literária
4. Trata-se de um momento cómico, residindo a comicidade no contraste entre a
seriedade do assunto e a trivialidade do pedido do vinho.
5. Tudo o que no texto se refere a finanças públicas é extremamente atual, dado que
ainda Portugal recorre como financiamento essencial a empréstimos e a impostos. A
própria palavra «mercados», que hoje tanto se ouve, ocorre no texto (l. 23).
6. Ironia: «Olha que brincadeira, hem!» (l. 14); metáfora: «… para beber melhor as
palavras (ll. 15-16).
“OS MAIAS”
Ficha de apoio n.º 2
1. «Uma operação tremenda, um verdadeiro episódio histórico!...» (l. 3).
2. O Cohen afirmou que os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de
receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. Acrescentou que a
única ocupação mesmo dos ministérios era aquela – cobrar o imposto e fazer o
empréstimo. E concluiu que assim se havia de continuar.
3. Ega disse a Cohen que Portugal não necessitava de reformas, e acrescentou que do que
Portugal precisava era da invasão espanhola.
4. Havia talento, havia saber. Ega devia reconhecê-lo. Ega era muito exagerado. Não
senhor! Havia talento, havia saber.
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo IX, Ega
Antes de ler
2. Uma vez mais, Eça apresenta um cenário adequado aos acontecimentos: ao mau tempo
corresponderá a má experiência de Ega e o exame de consciência de Carlos. Deste modo,
o mau tempo funciona como presságio.
3.1 Primeiramente, Carlos, perante o aspeto de Ega, fica confuso, «enfiado» mesmo,
adivinhando algo de muito desagradável; mas depois, como homem de sociedade que é,
recompõe-se para explicar a Ega as regras sociais que o impedem de desafiar um marido
traído.
Educação literária
“OS MAIAS”
Capítulo X, As corridas no hipódromo
Antes de ler
3. Eça visou por certo demonstrar a má educação de um público que, interessado por
espetáculos provenientes do estrangeiro, se revela incapaz de se comportar
civilizadamente. O último parágrafo demonstra bem a falta de civismo geral.
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo XI, Maria Eduarda
Antes de ler
1.2 Esta afinidade pode indiciar destinos comuns, um poderá arrastar o outro num
destino trágico.
2.1 Na sala, Carlos observa «três belos lírios brancos» a murchar. Podem entender-se
como a passagem da inocência, simbolizada na cor branca, à morte, simbolizada no
murchar.
3. Carlos sentiu-se atraído pelo biombo, devido ao facto de ele resguardar um local de
intimidade de Maria Eduarda, no qual Carlos viu vários objetos a ela ligados – tornando-a
assim, de algum modo, presente.
Educação literária
4. Perante a «inesperada aparição» da mulher que tanto o interessava. Carlos corou
intensamente, e curvou-se perante ela, mais para esconder a vermelhidão do rosto do
que para saudar com respeito; a forte perturbação de Carlos está bem patente nas
metáforas «tumultuosa onda de sangue» e «sentia abrasar-lhe o rosto» (l. 38).
“OS MAIAS”
Capítulo XII, Paixão
Antes de ler
1. O amor é perspetivado numa relação antitética com a dor. A síntese será, portanto, a
paixão – o «fogo» que «queima». Só um amor assim, ardente, será «felicidade», que a
canção também percebe como efémera («enquanto durar»).
Educação literária
1. Era o «segredo» de ela amar Carlos.
2. Ela tentou por duas vezes comunicar algo Carlos sem o conseguir (ll. 41, 43 e 54).
2.1 Ao não conseguir dizer a Carlos o que lhe quer confessar, ao desistir mesmo de o fazer,
Maria Eduarda arrisca não contar alguma coisa de importante e vir a sofrer por isso.
3. Carlos está possuído egoisticamente pelo seu amor, por isso só pensa em si e não quer
ouvir nada de Maria Eduarda. Carlos está convencido que sabe o que ela lhe quer dizer.
4. No parágrafo que se inicia com «Carlos via-a assim tremer…» (l. 43), a metáfora é
utilizada várias vezes: o amor de Carlos «embatendo» no coração dela; o «aparente»
mármore do seu peito; «uma chama igual».
Gramática
1.1 Ela exclamou que aquilo era o seu sonho. E acrescentou que então ia ficar toda
alterada, cheia de esperanças. Perguntou quando poderia ter uma resposta.
1.2 «Era já tarde para ir aos Olivais. Mas logo na manhã seguinte, cedo, ia falar com o
dono da casa, seu amigo…». Os segmentos textuais apresentam-se no discurso indireto
sem estarem introduzidos por verbos introdutores do discurso indireto.
1.3 – É já tarde para ir aos Olivais. Mas logo na manhã seguinte, cedo, ia falar com o dono
da casa, seu amigo…
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo XIII, Carlos e Maria
Educação literária
1. Sensações olfativas: «baunilha que perfumava o ar» (ll. 7-8); sensações visuais: «relva
[…] amarelada» (l. 8), «o rio rebrilhava, vidrado de azul, […] cheio de sol», «montanhas
[…]azuladas» (ll. 12-13), «faiscação clara do céu de verão» (l. 13).
2. Maria Eduarda corou devido à sugestão de intimidade próxima, feita por Carlos.
Educação literária
3.1 A conjunção coordenativa adversativa duas vezes repetida instaura um forte contraste
entre estes parágrafos e o anterior. De facto, a momentos de felicidade despreocupada
sucedem-se agora objeções de Maria Eduarda ao espaço onde vai conhecer a intimidade
com Carlos. Estas objeções, que recaem sobre o aspeto geral do seu quarto, apontam
num sentido diferente do da felicidade inicial.
4. Estes objetos apresentam-se como indícios ou presságios de que algo de trágico vai
ocorrer. A «cabeça degolada» é um símbolo evidente de morte, e a «coruja empalhada»
olha o «leito de amor» de modo sinistro, agoirento.
Gramática
1.
a. Predicativo do complemento direto
b. Complemento do nome
c. Complemento oblíquo
d. Sujeito
e. Predicativo do sujeito
2. Todo o parágrafo reproduz através do discurso indireto livre palavras de Maria Eduarda,
sem recurso a verbos declarativos e respetiva conjunção.
4. (C)
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo XVII, Tragédia
Educação literária
1. Uma vez mais, Eça prenuncia más notícias ou momentos problemáticos através de
condições meteorológicas adversas, que assim funcionam como avisos ou presságios.
Neste caso, «o «chuveiro» «mais largo» que «cantou nas vidraças» associa-se à revolta
nesse momento expressa por Carlos.
2. Afonso da Maia aparece perguntando simplesmente pelo «chapéu do Vilaça» (l. 24).
Contudo, perante o aspeto de Carlos e de Ega, entende imediatamente que algo de muito
grave se passa, apagando-se-lhe o «sorriso» (ll. 27-28).
Educação literária
3.1 A referência ao «egoísmo» de Carlos tem todo o sentido, pois Carlos deixou-se
dominar por este sentimento para tentar desvendar o que haveria de verdade na história
de Maria Eduarda, e contou tudo ao seu avô, sem cuidar dos problemas que essa história,
a ser verdadeira, lhe poderiam causar.
4.2 A resposta unânime dos dois amigos é a caução dessa dignidade: ela de nada sabe,
nada imagina sequer…
Educação literária
2. Trata-se das orações subordinadas substantivas completivas «que isso seja possível» (l.
11) e «que suceda a um homem como eu, como tu – numa rua de Lisboa» (ll. 11-12):
ambas têm a função sintática de complemento direto da forma verbal/elemento
subordinante «acreditas».
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Capítulo XVIII, Emoções
Educação literária
1.1 A comoção de Carlos pode derivar, desde logo, da memória do avô Afonso, que com
ele habitou o espaço no qual vai entrar; atrás dessa memória muitas outras terão vindo,
dos amigos que ali o visitaram, das ilusões que ali se desenvolveram e ali perdeu, etc…
Trata-se de um espaço com um evidente valor emotivo, simbólico e trágico, daí a forte
«comoção» sentida por Carlos.
2.1 O conector com função contrastiva é «porém» (l. 16): instaura um contraste entre
uma parte do interior do Ramalhete mobilada e marcada pelo aspeto de sempre, com
outra que nada tem, apresentando um aspeto triste, dada a nudez do espaço.
Educação literária
4. Ao abrir «a porta do bilhar», Carlos está silencioso e pálido pois está a viver a visita ao
Ramalhete de modo particularmente intenso e emotivo.
Educação literária
6. A intensidade com que Carlos viveu muitos momentos, durante dois anos, no
Ramalhete, especialmente o tempo do amor com Maria Eduarda, leva a que este espaço
adquira especial valor psicológico para ele.
Eça de Queirós
“OS MAIAS”
Ficha de apoio n.º 5
1.
a. V
b. F (Afonso da Maia é uma personagem fortemente atingida por forças trágicas – tanto
no destino do filho como no do neto.)
c. V
d. F (Estas três personagens são todas destruídas, por igual, pelo Destino.)
e. V