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Adolescência e A Automutilação
Adolescência e A Automutilação
AUTOMUTILAÇÃO
FACULDADE BOAS NOVAS
PROF. CLAUDIO JOSÉ DA SILVA
3º PERÍODO - 2023
INTEGRANTES DA EQUIPE
A automutilação é descrita como um fenômeno complexo, Em um estudo realizado nos Estados Unidos, evidenciou-se
que apresenta variações quanto à nomenclatura, ao conceito, que após a automutilação não fatal, o público estudado
à prevalência, à origem e a determinantes. Atualmente, os apresentava risco 26,7 vezes maior de suicídio do que a
estudos sobre este comportamento se dividem em dois população geral (Olfson et al., 2018). Ressalta-se a
grupos, que se distinguem em relação a intenção do ato, importância dos cuidados de acompanhamento para ajudar a
sendo eles: Deliberate self harm, que inclui todos os métodos garantir a segurança desse público.
de automutilação, não diferenciando se é uma tentativa de
suicídio ou não e Non Suicidal Self Injury (NSSI), que diz No mesmo sentido, estudos nacionais e internacionais
respeito a lesões como cortes, queimaduras e arranhões, abordam os motivos que levam o indivíduo a se automutilar.
referindo-se somente à destruição do tecido na ausência da Dentre as causas mais comuns estão a tentativa de modular
intenção de morte. Ademais, sabemos que vários fatores as reações emocionais que são intensas e comuns na
emocionais, contextuais e sociais podem levar a adolescência, a baixa capacidade de resolver problemas, a
comportamentos prejudiciais à saúde como a automutilação. dificuldade de comunicação, a tolerância baixa ao estresse e
a sensibilidade aumentada a emoções negativas, visto que se
Este comportamento, apesar de ocorrer em diversas faixas busca uma forma para lidar com essas situações. Nisso, o
etárias, é mais comum em adolescentes com início entre os sofrimento e a solidão são gatilhos para a automutilação
13 e 14 anos, podendo perdurar por 10 ou mais anos (Gorodetsky et al., 2016; Richmond-Rakerd et al., 2019).
(Moraes et al., 2020). Embora os comportamentos de Alguns estudos caracterizam a automutilação
automutilação sejam em grande parte não fatais, os predominantemente como função automática negativa,
indivíduos que se envolvem em automutilação podem sofrer responsabilizando-a pela regulação de emoções não
lesões que requerem atenção médica e também apresentam desejadas e não a caracterizando como um ato ou
maior risco de suicídio (Peh et al., 2017; Moraes et al., 2020). comportamento manipulador (Moreira et al., 2021).
As diferenças e similares: Automutilação x Ideação suicida
A automutilação e a ideação suicida 3.Mecanismo de enfrentamento: A atenção imediata, pois pode levar a
são dois comportamentos relacionados automutilação pode ser vista como um tentativas de suicídio.
à saúde mental, mas têm diferenças mecanismo de enfrentamento
significativas. Aqui estão as principais prejudicial e não saudável, mas Semelhanças:
diferenças e semelhanças entre esses algumas pessoas a usam para tentar
dois conceitos: aliviar a angústia emocional. 1.Ambos são sinais de sofrimento
emocional: Tanto a automutilação
Automutilação: Ideação Suicida: quanto a ideação suicida estão
associadas a um sofrimento emocional
1.Definição: A automutilação envolve o 1.Definição: A ideação suicida refere-se profundo e são indicativos de
ato deliberado de infligir danos físicos a pensamentos, fantasias ou desejos problemas de saúde mental.
a si mesmo, como cortar, queimar, de morrer. É a consideração ou
bater ou arranhar a própria pele, planejamento de cometer suicídio. 2.Necessidade de ajuda profissional:
geralmente como uma forma de lidar Tanto a automutilação quanto a
com a dor emocional ou estresse. 2.Propósito: A ideação suicida está ideação suicida requerem intervenção
associada ao desejo de acabar com a profissional. Pessoas que se envolvem
2.Propósito: A automutilação não é um própria vida, e pode ser um sinal de em automutilação devem procurar
comportamento com o objetivo de profunda angústia emocional e ajuda para aprender estratégias de
morrer. Pelo contrário, é muitas vezes desespero. enfrentamento mais saudáveis,
uma estratégia de enfrentamento para enquanto aqueles com ideação suicida
aliviar a dor emocional ou sentir algum 3.Perigo potencial: A ideação suicida é precisam de apoio imediato e avaliação
controle sobre as emoções. um sinal de alerta sério e requer por profissionais de saúde mental.
Abordagens Terapêuticas utilizadas e formas de tratamento
A prática psicológica contribui nesse processo, importância da família e, em especial dos pais, como
pontuando a importância da identificação de sinais e principais aspectos para sua prevenção. Por outro lado,
sintomas, da observação, da prática do diálogo e a falta de comunicação e relações parentais
monitoramento (BRITO et al., 2020). Seguindo nesta dissociadas, abuso e violência doméstica são fatores de
direção, a visão do professor é fundamental pelo fato risco.
dele estar diariamente com os adolescentes (BERGER;
HASKING; MARTIN, 2013; GROSCHWITZ et al., 2017). Desta forma, o estabelecimento de conexões
Essa consideração corrobora os apontamentos de multidisciplinares entre os campos familiar, escolar e
Araújo, L., Vieira e Coutinho (2010), pois pontuam a psicológico é essencial para resgatar o bem-estar e
necessidade de estabelecer atenção a estudantes funcionamento saudável na vida dos jovens (BRITO et
jovens por meio de serviços psicológicos na formação al., 2020). Segundo Forster et al. (2020), a exposição
escolar. prolongada a estressores traumáticos durante as fases
críticas de desenvolvimento descreve efeitos
Através da observação, o professor identifica multiplicativos da adversidade familiar e identifica
comportamentos autodestrutivos relacionados com: fatores de proteção que podem atrapalhar a
tristeza, isolamento, problemas familiares que ficam progressão de graves transtornos internalizantes, em
evidentes devido a mudanças repentinas em sala de que o apoio de colegas e professores reduz as chances
aula (BRITO et al., 2020). Estes autores pontuam redes de comportamentos suicidas e destaca a importância
de apoio, tais como vínculos de amizade, das conexões sociais em desenvolvimento e resiliência
acompanhamento profissional, acolhimento e a do adolescente.
Considerações Finais