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Drosofilídeos (Diptera) e parasitoides (Hymenoptera) associados a

frutos no Distrito Federal


Rafael Augusto Rodrigues dos Santos, Rosana Tidon.
Laboratório de Biologia Evolutiva, Departamento Genética e Morfologia, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília, Distrito Federal-70910-900 Brasil.
Tabela 1. Táxon das espécies vegetais coletadas em cinco regiões do DF.

Introdução Família:

Anacardiaceae
Táxons:

Mangifera indica L. E
Nome popular:

Manga
Massa
total (g):
4.001,47
Frutos:
FE/FT
25/27
Densidade

1,61

Os drosofilídeos, insetos em sua maioria frugívoros comumente Spondias purpurea L. N Seriguela 283,84 2/30 0,27
Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Coqueiro-jerivá 140,86 0/28 0
conhecidos como moscas-das-frutas, são bons modelos para estudos Glassman. N

Bromeliaceae Ananas comosus (L.) Merr. N Abacaxi 728,21 1/1 0,14


ecológicos devido à sua rápida reprodução, diversidade, e sensibilidade
Moraceae Morus indica L. N Amora 41,24 0/37 0
ambiental[1]. No Distrito Federal (DF), onde ambientes urbanos e agrícolas Myrtaceae Eugenia uniflora L. N Pitanga 77,2 10/21 0,75
Psidium guajava L. N Goiaba 44,53 5/12 1,91
muitas vezes contam com a presença de frutos, essas moscas encontram Syzygium cumini (L.) Skeels. N Jamelão 75,71 0/25 0

recursos para sobreviver e se reproduzir. Rosaceae Fragaria vesca L. E Morango 730,32 4/75 0,011

Este trabalho teve como geral objetivo investigar a comunidade de Total: 6123,38 47|256

: Neotropicais; E: Exóticas; FE: número de frutos com emersão; FT: frutos totais;
drosofilídeos e parasitoides associados a frutos coletados em cinco regiões
N

Tabela 2. Gêneros, subgêneros, grupos e espécies de Drosophilidae registrados em frutos


do DF. Os objetivos específicos foram: (1) avaliar a preferência de espécies de coletados em locais urbanos em Brasília, Brasil.
Gênero Subgênero Grupo Espécies Código Abundânc Abundância
drosofilídeos por diferentes sítios de criação (2) analisar se há uma relação ia relativa
Drosophil Drosophila Cardini D. cardini Sturtevant N CAR 14 0.21%
entre a preferência dos drosofilídeos nativos por frutos nativos ou exóticos, e a
Immigrans D. immigrans Sturtevant E IMM 3 0.04%
a preferência dos drosofilídeos exóticos por frutos exóticos ou nativos. D. nasuta Lamb E NAS 1449 21.57%
Tripunctata -N TRI 8 0.12%
-N

Metodologia
Repleta REP 33 0.49%
Willistoni -N WIL 28 0.42%
D. nebulosa Sturtevant N NEB 52 0.77%
Sophophor Melanogast D. ananassae Doleschall E ANA 121 1.8%
a er
Coleta de Frutos: Os frutos foram coletados em cinco regiões D. kikkawai Burla E KIK 14 0.21%
D. malerkotliana Parshad MAL 41 0.61%
administrativas do Distrito Federal (Sobradinho 1, Sobradinho 2, Lago Oeste, and Paika E
D. melanogaster Meigen E MEL 728 10.84%
Lago Norte: Granja do Torto e Fercal) no período de outubro de 2022 a março D. simulans Sturtevant E SIM 507 7.55%
Zaprionus Z. indianus Gupta E ZIN 2549 37.95%
de 2023.
Zaprionus tuberculatus ZTU 1170 17.42%
No Laboratório de Biologia Evolutiva da Universidade de Brasília, eles Malloch E
*Parasitoides 27
Figura 1: Rede de interações entre e
drosofilídeos e frutos coletados no DF. As barras
foram acondicionados, identificados, pesados individualmente e avaliados Total Nativas
N
:
135 2.22% verdes representam espécies nativas da região
Neotropical, e as barras laranjas representam
diariamente até a emergência dos insetos. Total
Introduzidas E:
6582 97.78% espécies exóticas. As linhas azuis representam
interações estabelecidas entre drosofilídeos e
plantas.
Análise de dados: Após emergirem, os insetos adultos foram recolhidos e Soma Total: 6717 100%

determinados com chaves de identificação e descrições das espécies. Por fim N


: Neotropicais; E: Exóticas

foi construída uma matriz de interações entre espécies de drosofilídeos e de


frutos utilizando o pacote “bipartite” disponível no R.4.3.1. Discussão e Conclusão
Drosofilídeos exóticos, em geral generalistas, exploraram um maior número de
Resultados hospedeiros e foram muito mais abundantes que os neotropicais. Esse resultado
Foram coletados 6,12 kg de frutos representando seis famílias e nove suporta a hipótese de que ambientes urbanos são mais favoráveis para drosofilídeos
espécies de plantas (cinco neotropicais e quatro exóticas). Dos 265 frutos exóticos[2]. Ambientes urbanos no DF, que apresentam uma grande quantidade e
coletados, 47 serviram como sítios de criação de drosofilídeos (tabela 1). Os variedade de árvores frutíferas, muitas delas de espécies exóticas que podem estar
mais utilizados foram a goiaba (1,91 moscas/g), a manga (1,61 moscas/g) e a funcionando como reservatórios para essas moscas exóticas e generalistas. Zaprionus
pitanga (0,75 moscas/g). tuberculatus e Z. indianus foram muito abundantes e apresentaram os maiores
números de interações. Ambas se originaram na região Afrotropical e são
Os 6.717 drosofilídeos emergidos representam seis grupos taxonômicos e
abundantes também em áreas naturais do DF.
11 espécies, das quais apenas duas são neotropicais. Com relação à
Portanto, espécies exóticas podem estar aproveitando os recursos disponíveis nos
abundância, 97,78% dos indivíduos emergidos pertencem a espécies exóticas
ambientes urbanos e, se dispersando para áreas naturais próximas, o que pode
(tabela 2). resultar na eliminação das espécies nativas e provocar uma homogeneização biótica.
As interações entre frutos e drosofilídeos variaram, com mangas sendo as
mais utilizadas como sítio de criação. Espécies exóticas foram mais
generalistas, enquanto nativas mostraram preferência por frutos nativos ou
Agradecimentos:
manga. Zaprionus indianus e Zaprionus tuberculatus apresentaram o maior Agradecemos a FAPDF, Universidade de Brasília – Instituto de Biologia, Conselho
número de interações, estando presentes em seis tipos de frutos diferentes. Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela assistência
financeira e pela bolsa estudantil para realização desse trabalho.

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