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4 | U Prìmeìro de [aneìro quinIa·Ieira, 4 de 0uIubro de 2û12

cµìnìoc
Introduçäo: Eis aqui pequenos textos, de conteúdo diverso: Hoje,
televisäo, e a referência a um singular grupo de personalidades em
1887-94.
1 - BOM SENSO E SENSO COMUM.
Numa altura em que o país atravessa uma situaçäo penosa e di-
cada um destes termos, pois ha muita confusäo entre eles, e o que falta com muita
frequência é o °bom senso" dentro do °senso comum".Bom senso é um con-
ceito usado na argumentaçäo que é estritamente ligado às noções de sabedoria
deveria possuir, de adequar regras e costumes a determinadas realidades, e assim
de espontanea do homem comum, também chamada de
vida", que supõe certa capacidade de organizaçäo e independência de quem ana-
lisa a experiência de vida quotidiana. O bom senso é por vezes confundido com
a ideia de senso comum, sendo no entanto muitas vezes o seu oposto. Ao passo
preconceituosa sobre determinado objecto, o bom senso é ligado à ideia de sensa-
tez, sendo uma capacidade intuitiva de distinguir a melhor conduta em situações
Para Aristoteles, o bom senso é °elemento central da conduta ética uma capaci-
dade virtuosa de achar o meio-termo e distinguir a acção correcta, o que é em
termos mais simples, nada mais que bom senso."
2 - INCÊNDIOS e TELEVISAO
Venho pedir uma atitude dos poderes relacionados com o assunto em título,
para dois erros que se estäo a cometer, e que säo o rastilho para desencadear ac-
ções criminosas.
1º ERRO - O aviso diario pela TV, das condições de risco maximo de incêndio
para os concelhos tal e tal.
Convido quem ler este meu artigo a seguir o seguinte raciocínio: Um indivíduo
que ouça este aviso, e que seja um piromano declarado ou em potencial, pensara
logo: Optimo, hoje é que sera um bom dia para eu ir atear fogos!
Esse tipo de aviso deveria ser direccionado exclusivamente para os bombeiros,
protecçäo civil e entidades relacionadas, näo ser dado a público!
O público em geral tera que estar perfeitamente consciente, que, s.e., de 13 de
Maio a 13 de Outubro, E SEM-
PRE PROIBIDO, INDEPEN-
DENTEMENTE DO ESTADO
DO TEMPO, fazer fogueiras,
fazer queimadas, lançar fogo de
artifício, lançar balões, etc, e isto
sim, deveria ser transmitido por
todas as televisões, desde 1 de
Maio a 13 de Outubro, todos os
dias, a varias horas do dia, in-
formando também das penali-
zações em que as pessoas incor-
rem, e convidando cada cidadäo
a avisar as autoridades de casos
suspeitos.
Teria que haver ° um massa-
cre" constante, para que todos
näo facilitem e cumpram o que
esta determinado.
2º ERRO - A notícia dos in-
cêndios, com imagens ao vivo
dos mesmos.
Em diversas ocasiões, consta-
tou-se que países mais sensatos,
tinham banido dos seus noticia-
rios, a transmissäo de incêndios
com imagens ao vivo, por terem
xrI4Iucs \II
chegado à conclusäo que, por diversos motivos, (entre eles o °convi-
te" a provocar incêndios), era contraproducente a exibiçäo dos mes-
mos.
A semelhança do paragrafo anterior, convido o leitor a pensar no
seguinte: Quem for criminoso ou disposto a cometer esse crime, vi-
sionara desde logo: Que gozo me vai dar, depois de atear o fogo, ver
também na TV (e assim mostrando ao público em geral) que eu, so
com uns fosforos, consigo mobilizar centenas de pessoas, viaturas,
aviões, meios de televisäo, etc. Eu é que sou o maior! Ponho todo o país a mexer!
Porque é que o Governo näo actua, e rapidamente, considerando este assunto
de maximo interesse nacional, para que as televisões cessem de imediato esse tipo
de transmissões:
Que esta chamada de atençäo näo caia em saco roto, e näo venha a pesar na
consciência de quem tem competência e poder para actuar, dando assim uma
contribuiçäo valida
nosso ja täo castigado PORTUGAL.
3 - VENCIDOS DA VIDA - Designação muito curiosa de um singular gru-
po do qual faziam parte alguns escritores sobejamente conhecidos.
Na foto aqui incluída estäo: Antonio Maria Vasco de Melo César e Meneses,
Luís Augusto Pinto de Soveral, Carlos Mayer, Francisco Manuel de Melo Breyner
(Conde de Ficalho), Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigäo, Carlos Lobo d'Avila,
Bernardo Pinheiro Correia de Melo, Eça de Queiros e J. P. Oliveira Martins.
NOTA: A referência de Conde de Ficalho esta aqui referida, por se tratar da per-
sonalidade que dirigiu e anotou a Ediçäo dos °Colóquios dos Simples e Drogas
da Índia" de Garcia da Orta, ediçäo esta publicada em 1891, e que foi menciona-
da na minha cronica «Orgulho Português nº 2, Garcia da Orta»
-
do por algumas das personalidades intelectuais de maior relevo da vida cultural
portuguesa das últimas três décadas do século XIX, com fortes ligações à chama-
da Geraçäo de 70. O nome do grupo, ao que parece, foi adoptado por sugestäo
de Joaquim Pedro de Oliveira Martins. A denominaçäo decorre claramente da
renúncia dos membros do grupo às suas aspirações de juventude.
O grupo reunia-se para jantares e convívios semanais no Café Tavares, no Ho-
tel Bragança ou nas casas dos seus membros, tendo-se mantido activo no período
que mediou entre 1887 e 1894.
tardio, o escritor Eça de Queiroz, como um grupo jantante. O grupo assumia
o caracter de uma sociedade ex-
clusivista, congregando vultos
da literatura, da política e da
alta sociedade, com relevo para
alguns dos vultos mais ilustres
das rodas mundanas e aristocra-
ticas.
Entre os membros dos Ven-
cidos da Vida estavam alguns
dos intelectuais e políticos que
tinham gizado a tentativa de
transformaçäo do país subjacen-
te à fase tardia da Regeneraçäo,
que, face ao percebido insucesso
desse processo modernizador,
canalizavam a sua frustraçäo e
desengano dos ideais revolucio-
narios juvenis para um diletan-
tismo elegante e ironico. Surgiu
assim a idealizaçäo vaga de uma
aristocracia iluminada, contra-
ponto do socialismo utopico que
alguns deles antes tinham defen-
dido.
*Criador da petição Metro
para a Trofa
Henrìque coyctto`

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