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Quando me irrito

Quando me irrito
rezinga-me o zangão
roçando as asas,
sibilantes
extenuantes
batendo num grito

Quando me irrito
acelero-me ao muro
em veículo de teste,
naturalmente
brutalmente
batendo num grito

Quando me irrito
soltam-se os silêncios
caídos no abismo,
desmazelados
desamparados
batendo num grito

Quando me irrito
bomba no sangue
todo o coração,
atirado
amontoado
batendo num grito

Quando me irrito
respiro-me inteirinho

Nuno Viriato, 2005

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