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FACULDADE PAULISTA DE ARTES

TEORIA DA COMUNICAÇÃO I - PROFª MARLENE

O PROCESSO COMUNICATIVO

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DIMBLEBY, Richard e BURTON, Greame. Mais do que palavras: Uma introdução
à teoria da Comunicação, SP, Ed.Summus, 1990. (da página 15 até a 22)

O QUE É COMUNICAÇÃO?

1 – De que Maneira se realiza nossa experiência em comunicação?

A história de Jonh

Jonh estava num de seus piores momentos nesta manhã. Desde o instante em
que o despertador tocou até pegar o ônibus, ele não estava mais do que meio
acordado. E essa “meia” parte era a sua pior parte. Ele queria rosnar para todos,
inclusive para seu pai, que assobiava com toda a naturalidade, desde o momento
em que se levantara. Foi o barulho do rádio na cozinha que obrigou Jonh a sair
da cama. Isto, ou a música que sua irmã estava ouvindo em alto som.
Ele gostaria de saltar escada abaixo e pegar o jornal que estava na frente da porta
. O carteiro habitualmente o deixava ali. Então, se isto não fosse possível, ele
colocaria o pacote de cereais à sua frente, tentando decifrar as letras da
embalagem através dos olhos semicerrados. Ele leria o rótulo da caixa de cereais,
mal-humoradamente, procurando ofertas grátis ou concursos. Sua mãe,
habitualmente, falava com ele, enquanto fritava ovos com bacon. Mas Jonh não
tinha muito a dizer. Finalmente, olhou para o relógio, pegou o casaco e sua
pasta, atravessou o correndo a sala, deu um “até logo!”, enquanto saía
atravessando o caminho e descendo pelo atalho.

Sobre a história de Jonh


Se você estiver perguntando pelos pontos referentes à comunicação nesta
história, e vendo previamente os fatos da ilustração, provavelmente você se
referirá a esses objetos como elementos comunicantes. Ideias como jornal e rádio
são instrumentos com os quais as pessoas imediatamente associam a palavra
comunicação. E se adicionarmos alguns itens da história, tais como assobio ou

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aceno da mão, então, podemos dizer algo da nossa experiência sobre a
comunicação através das coisas. Elas são meios de comunicação.

1.1 - Meios de comunicação

Neste caso, a comunicação é definida em termos dos meios pelos quais ela se
realiza. Se estivermos falando sobre rádio, ou pintando, por exemplo, então
estamos falando sobre comunicação. Isto não é suficiente, porque não nos diz
como os meios de comunicação estão sendo usados. Nem nos diz por que a
comunicação está se realizando. Na verdade, isto não diz muita coisa. Nem nos
dá uma resposta, mesmo parcial, à nossa principal pergunta: O que é
comunicação? Para respondê-la devemos partir de alguma coisa. Será útil
separar, previamente, os diversos meios de comunicação de que nos utilizamos.
Sugerimos que, para tanto, se utilize os três pontos que seguem:

a) Forma de comunicação
É o caminho para se comunicar, tal como a fala, escrever, desenhar.

Formas são elementos distintos e separados uns dos outros, tendo seus próprios
sistemas para transmitir mensagens. A escrita utiliza palavras, que são marcas no
papel de acordo com certas regras (gramática).

b) Veículos de comunicação

São meios de comunicação, que combinam diferentes formas. Geralmente. Muito


do que chamamos formas são meios de comunicação, que controlamos
diretamente, tal como a comunicação não verbal (gestos, expressões faciais,
maneira de se vestir etc.)

Os veículos de comunicação, muitas vezes, implicam o uso de tecnologia que está


longe do controle da maioria das pessoas. Um livro, por exemplo, é um meio de
comunicação que utiliza formas tais como palavras, fotos e desenhos.

c) Mídias

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São elementos de comunicação de massa de um grupo distinto dirigindo-se a
outro, dentro do mesmo processo.
Exemplo disso: o rádio, a televisão, o cinema e revistas.

Essas mídias constituem, também, caminhos distintos que incluem inúmeras


formas de comunicação. Por exemplo, a televisão oferece palavras, imagens e
música. Além disso, o termo mídia identifica esses meios de comunicação, que
são baseados em tecnologia e que fazem uma ponte entre o Comunicador e o
Receptor.

Comentários

Algumas formas de comunicação estão contidas em si mesmas. Certos


elementos, como as palavras, são necessariamente transitórios. Desaparecem
quando pronunciadas. Não há uma permanente gravação do que foi dito. Já uma
revista tem a particularidade de registrar o que se comunica, é algo que
permanece nas páginas. Podemos voltar ao que ela nos comunica no momento
em que quisermos. Por outro lado, alguns meios de comunicação se caracterizam
por uma tecnologia que tem como traço dominante a transmissão de mensagens.
Exemplos disso seriam os satélites, ou outros meios que nos ajudam no processo
de comunicação, no sentido de transmitir nossas falas, nossos escritos.

Algumas qualidades de formas ou meios de comunicação são impostas.


Desenhos (Histórias em quadrinhos) são apresentados como alegres e
engraçados. Mas, nem sempre são assim. Muitos filmes em desenho animado
são sérios. Interesses comerciais e produtores de cinema impuseram o hábito de
utilizar esses meios através de uma determinada forma. Essa ideia nos é imposta.

Vejamos outro exemplo: tentemos a pensar que o rádio é, apenas, um meio de


transmissão. Mas a qualidade do que ele transmite também nos é imposta e isto
não é uma consequência nem decorre da tecnologia do rádio. O fato de que rádios
independentes só recentemente tenham sido permitidas na Grã-Bretanha é uma
consequência de decisões governamentais. Deixando de lado problemas técnicos,

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tais como congestionamento das ondas de transmissão, não há qualquer razão
lógica que impeça que o rádio seja utilizado para a troca geral de mensagens.

Todas as formas de comunicação ampliam o poder de nossos sentidos. Toda a


comunicação que transmitimos ou recebemos para através dos nossos cinco
sentidos, especialmente aquilo que se vê e se ouve. Isto continua sendo verdade
mesmo quando utilizamos elementos da tecnologia moderna para ajudar nossa
comunicação. Um sistema de se dirigir ao público amplia o alcance da voz
humana. Um gravador aumenta nossa capacidade de comunicação através de
longas distâncias, ou, mesmo, através do tempo. Ele pode ser levado de um lugar
a outro e, ainda, ser guardado por anos e anos a fio. Os computadores são
também interessantes, porque aumentam o poder de memória humana. Um
computador não esquece o que foi “dito” e pode fazer o mesmo trabalho muitas
vezes, quase infinitamente.

Existem outros meios de comunicação em nossa vida diária. Um exemplo disso


são os sinais de trânsito ou, ainda, sinais especiais indicando determinados
serviços ou lojas, tais como barbearias, lanchonetes. Procure verificar esses
meios de comunicação e pergunte a você mesmo por que eles existem e o que
eles comunicam.

Muitos meios de comunicação são internacionais. Alguns elementos são criados


com intenção explícita de comunicar determinada mensagem. Isto inclui exemplos
conhecidos, como a torre de uma igreja. É algo apresentado para chamar a
atenção sobre o edifício, no caso da igreja, para a sua função e para a religião.

Contudo, é importante reconhecer mensagens e significados podem ser


entendidos em muitos casos onde os meios de comunicação são utilizados
intencionalmente. Por exemplo, todos os dias somos inundados por mensagens a
respeito do nosso meio ambiente. Os vizinhos não têm a intenção de nos falar
sobre suas atividades quando usam a máquina de cortar grama. Mas,
evidentemente nós recebemos a mensagem sobre o que eles estão fazendo
devido ao som da máquina.

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1.2 - A comunicação e suas conexões

Em nossas experiências diárias verificamos que a comunicação estabelece


determinadas conexões. As conexões são feitas entre pessoa e outra, entre um
grupo e outro grupo. Às vezes, a conexão é imediata: por exemplo, quando
falamos frente a frente. Às vezes, ela é demorada, “retardada” – por exemplo:
quando peças de propaganda se comunicam conosco através de cartazes de rua.
Esta conexão é feita especialmente através do que chamamos de “formas” ou
“mídia”. Uma “forma” é um meio de se estabelecer a conexão. O que escoa
através da conexão são idéias, crenças1, opiniões e peças de informação que
constituem o material e o conteúdo da comunicação.

A televisão liga o homem com o mundo através de vários programas. A palavra


nos liga uns aos outros. Mas é bom levar em conta que o fato de falar a alguém
não significa dizer tudo o que se tenha em mente. Feita a comunicação,
estabelecido o contato, devemos aprender como utilizar isso da melhor forma e
com mais habilidade.

1.3 - A comunicação como Atividade

Nós vivenciamos a comunicação como uma atividade.


É algo que fazemos, algo que produzimos e, ainda, algo que trabalhos quando
recebemos ou transmitimos uma mensagem. Nesse sentido, comunicação não é
algo apenas sobre a fala, mas sobre o falar e o ouvir. Não é como uma fotografia,
mas sim como fotografar e, ao mesmo tempo, ver o fotógrafo, participando do ato.

Quando estamos falando com alguém, estamos ativamente engajados em


perceber o sentido do que a outra pessoa está dizendo, muito mais do que aquilo
que estamos dizendo.2 Por esta mesma razão, não é verdade dizer que assistir à
televisão é algo inteiramente passivo. Ao contrário, muitos grupos de pessoas
assistem à televisão ativamente engajados em participar, juntos, do programa,
1
Os autores usam a palavra “crença” não no sentido religioso, mas sim como um conjunto de valores mais
amplos: aquilo em que acreditamos como forma de viver em nossa sociedade, na nossa terra, na nossa cidade.
Nesse sentido, preferimos conservar o termo (N.T.)
2
Os autores tratam aqui de um fenômeno comum: as pessoas podem pensar no que vão dizer, mas não
percebem inteiramente o que estão dizendo quando começam a falar. É algo bastante conhecido e que o leitor
poderá perceber. (N.T.)
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procurando ver o sentido desse programa, mesmo quando, simplesmente, se fica
sentado o tempo todo.

1.4 – Comunicar é aprender.

Comunicação é algo que aprendemos a fazer.


De fato, não somente aprendemos a nos comunicar, mas também usamos a
comunicação para aprender como nos comunicar. Isto é o que está acontecendo
nas escolas este momento. E acontece, também, quando você lê este texto – pelo
menos é o que esperamos.

Nossas experiências quando crianças incluem a lembranças de pessoas falando e


gesticulando para nós. Aprendemos como fazemos as coisas pela prática, através
de tentativa e erro. Há algumas pessoas que acreditam que nascemos com
alguma experiência básica a qual nos ajudaria a aprender como a falar e a
entender o que nos dizem. A maior parte de nossas experiências em comunicação
são frutos de aprendizado. Uma criança inglesa, nascida na Inglaterra, mas criada
no Japão, será japonesa, exceto pela aparência.

Essa pessoa aprenderia a comunicar como os japoneses o fazem.

Habilidades, tal como falar ou escrever, não são naturais. Elas nos são
transmitidas pelos pais, amigos e pela escola. E, na medida em que se vai
crescendo, queremos aprender algo das experiências de comunicação porque
compreendemos que isto é útil, por exemplo, para dizer aos outros o que
queremos.

O fato de a experiência em comunicação ser algo que aprendemos a fazer, tem


importantes consequências para o seu estudo. Isto significa que deveremos
considerar algumas questões, tais como por que aprender, como aprender e quais
efeitos disso sobre nossas vidas. Respostas a estas questões ajudam, ainda, em
outros aspectos do estudo em comunicação, tais como os efeitos da televisão
sobre as pessoas ou por que temos problemas para nos comunicar.

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Quando examinamos exemplos de comunicação numa situação determinada, há
mais do que estamos vendo. È importante examinar, também, o que há por trás da
comunicação, o que vem antes e o que virá posteriormente.

1.5 – Categorias de comunicação

Podemos dividir nossa experiência nesse campo em quatro categorias.


Estas categorias são baseadas no número de pessoas envolvidas no ato da
comunicação. São úteis também para tentar definir nosso campo de estudo, tais
como os termos “formas” e “mídia”. Algumas “formas” ou “mídias” pertencem mais
a uma categoria do que a outra, não havendo, para isso, regras absolutas.

Vejamos:

a) Autocomunicação – comunicação consigo mesmo e para você mesmo.


Quando pensamos, estamos nos comunicando conosco. Podemos refletir sobre
os acontecimentos do dia ou elaborar um problema que está em nossas cabeças.
Problemas sobre como pensamos, por exemplo, enquanto utilizando palavras ou
figuras, não foram ainda resolvidos.
As pessoas falam com elas mesmas, escrevem em diários, memórias,
autobiografias. Produzimos e recebemos nossa própria comunicação.

b) Comunicação interpessoal – a comunicação entre pessoas.

Usualmente esta categoria se refere a suas pessoas interagindo frente a frente,


face a face. Há exemplos que podem ser incluídos nessa categoria, mesmo
quando as pessoas estão distantes: um telefone é um exemplo. Cabe lembrar que
a comunicação face a face pode se verificar em situações onde há mais de duas
pessoas. Exemplo disso é a situação entre familiares, um vendedor falando a
vários clientes ou, ainda, uma conversa entre amigos num café.

Tudo isto entra na categoria de contatos face a face. A ênfase no falar e nas
formas não-verbais de comunicação constitui característica desta categoria.

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d) comunicação de grupo – a comunicação entre pessoas de num grupo e entre
um grupo e outro grupo.

Neste caso é conveniente fazer mais de duas divisões: pequenos grupos e


grandes grupos. Pequenos grupos são diferentes de pares, pois reúnem mais de
duas pessoas. Mas eles também interagem face a face. A família é um pequeno
grupo, como também formam um grupo de amigos passando a noite juntos, ou um
comitê de trabalho em reunião.

Grandes grupos são diferentes de pequenos grupos, não somente porque eles
são maiores, mas porque repetidamente estão juntos ou se reúnem com objetivos
e propósitos que são diferentes dos pequenos grupos. Exemplo disso inclui a
audiência de um concerto ou alguma espécie de organização de negócios ou
empresas.

d) Comunicação de Massa – a comunicação recebida ou utilizada por um grande


número de pessoas.

Não é possível uma definição baseada, especificamente, em números. Um


concerto ao ar livre para milhares de pessoas pode ser, razoavelmente, chamado
de comunicação de massa. O ponto importante é que o número de pessoas
envolvidas nesse momento é bem maior do que se poderia chamar de grupo. De
fato, é o grande número de pessoas envolvidas nesse evento que faz desta
categoria algo especial, principalmente em termos de quem é capaz de controlar
os meios de comunicação.

Há duas espécies de exemplos a citar. A mass mídia forma suma subdivisão


onde, obviamente, estamos tratando de grandes audiências. Além dos exemplos
já citados, é interessante adicionar algo como a indústria do CDs. O telefone e os
correios são elementos de comunicação de massa. Não existem grandes
audiências para estas formas de comunicação. Mas tais sistemas são utilizados
em larga escala, por milhares de pessoas a todo o momento. Por isto colocamos
tal categoria neste número.

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Comentários

A comunicação também ocorre entre mais de uma dessas categorias. Por


exemplo: o gerente de propaganda de uma organização toma notas
(autocomunicação) antes de uma reunião (comunicação de grupo), depois do que
ele coloca um anúncio de jornal (comunicação de massa).
Outro ponto que se nota no estudo de uma dessas categorias de comunicação
contribui para o entendimento do que acontece em outras categorias. Examinando
como as pessoas interagem num grupo de companhia de seguros, conheceremos
como seus participantes interagem também em pares, o que, por fim nos leva a
compreender como eles se comunicam consigo mesmo no processo de
autocomunicação.

Pondo em termos simples: a maneira como falamos com os outros depende do


que pensamos e como vemos. A maneira de falar em grupo depende de como
falamos com os outros, individualmente.

O processo Comunicativo – Apostila feita pela professora Lúcia Filicone, Drª em


Comunicação e Semiótica pela PUC – SP.

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O que acontece quando nos comunicamos?

Somos envolvidos num processo, no qual muitas coisas acontecem ao mesmo


tempo. Daí, vivenciamos a comunicação como uma atividade – algo dinâmico,
mutante e, portanto, transformacional.

Sob este enfoque, podemos encontrar várias definições de diversos estudiosos


para o processo de comunicação humana:

a) “Comunicação é o intercâmbio verbal do pensamento ou ideia” (Jonh B. Hoben,


1954)

b) “Comunicação é o processo pelo qual compreendemos os outros e, em


contrapartida, esforçamo-nos por compreendê-los. É um processo variando
constantemente em resposta à situação total.” ( Martin P. Andreson, 1959)

c) “Comunicação: a transmissão de informação, idéia, emoção, habilidades etc.,


pelo uso de símbolos – palavras imagens, números, gráficos etc. É o ato ou
processo de transmissão que usualmente designamos como comunicação.”
( Berelson e Steiner, 1964)

d) “Todo e qualquer ato de comunicação é visto como uma transmissão de


informação, consistindo em estímulos discriminativos de uma fonte para um
receptor.” (Theodore Newcomb, reedição, 1966)

e) “Comunicação é uma atividade e envolve a criação e a troca de significados.”


( Richard Dimbleby, 1985)

f) “A comunicação é uma das formas pelas quais os homens se relacional entre si.
È a forma de interação humana realizada através do uso de signos.” ( Juan D.
Bordenave, 1987)

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g) “comunicar implica partilha regida pelas circunstâncias que dominam cultura
onde o ato comunicativo ocorre. ( Eduardo Neiva Jr, 1991)

h) “ A comunicação é um campo de trocas, de interações que permitem perceber-


nos, expressar-nos e relacionar-nos com os outros, ensinar e aprender.
Comunicar é entrar em sintonia aproximar, intercambiar, dialogar, expressar,
influenciar, persuadir, solidarizar, comungar.” ( José M. Moran, 1998)

Podemos observar que todos os conceitos que aparecem nas definições acima
fazem parte do processo de comunicação e cada definição, por sua vez, enfatiza
um ou outro aspecto conceituável desse fenômeno.
Porém, numa tentativa de englobar todas as características do fenômeno
comunicativo, procuramos definir comunicação de uma forma mais abrangente.

COMUNICAÇÃO É UM PROCESSO DE INTERAÇÃO, ISTO É, DE TROCA DE


IDÍAS, PENSAMENTOS, INFORMAÇÕES, CONCEITOS, DESEJOS ETC.,
ATRAVÉS DE LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAI, COM O PROPÓSITO DE
INFLUENCIAR E SURTIR EFEITO.

Esta definição, através de tornar comum, passa o sentido de interação


comunicativa (torno comum para alguém que está perceptiva e psicologicamente
ligado).

O quê?

* idéias, pensamentos, informações, conceitos, desejos, sentimentos etc.

Como?

* Com interação simbólica, isto é, através da linguagem verbal (língua ou código


lingüístico em sua manifestação oral e escrita e das linguagens não-verbais ou
não lingüísticas: visual, musical, códigos sistemáticos e sistematizados.).

Para quê?

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* Com intenção de influenciar intencionalmente, como agentes influentes dos
outros e de nós mesmos e, conseqüentemente, fazer surtir efeito e obter uma
resposta, um resultado (feedback).

Elementos ou fatores que interatuam no processo de comunicação.

Utilizamos termos próprios da comunicação para descrever os vários aspectos


desse processo. Mas a teoria necessita ser posta em prática e um dos mais
antigos e ainda mais úteis exemplos para descrever o processo de comunicação é
separá-lo em etapas. Harold Laswell, em 1948, assim o decompõe:

QUEM

diz o QUE

em que CANAL

para QUEM

e com qual EFEITO

Tal colocação, porém, nos permite desdobrá-lo nos seguintes elementos:

Um EMISSOR e/ou FONTE EMISSORA

dirige uma MENSAGEM

através de alguma FORMA ou MEIO

para um RECPTOR

com um determinado EFEITO

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Quando? E onde?

Num CONTEXTO físico, implicando um situação inserida em um determinado


tempo e espaço.

Como?

De acordo com um CONTEXTO social e psicológico da situação de comunicação,


pois há diferença entre falar com uma pessoa num aeroporto ou numa sala de
aula e há, também, diferença se estamos falando alegres com um amigo num
barzinho ou tristes a uma amiga num acontecimento infeliz.

Para quê?

Com objetivos e necessidades específicas que irão determinar diferentes funções


das mensagens, pois todos têm necessidade de comunicar-se e todos têm um
propósito na comunicação.

Em síntese, em todo processo de comunicação intervém necessariamente um


conjunto de fatores: um Emissor e/ou FONTE Emissora que perante um estímulo
codifica, elabora e transmite para outra – o RECEPTOR - uma MENSAGEM,
através de um CANAL. Todo ato de comunicação, porém, acontece num
determinado CONTEXTO. Pode ser o contexto físico – o que implica um
determinado tempo e espaço; um contexto psicológico, englobando os
sentimentos e as condições psíquicas dos seus participantes; um contexto social,
econômico, cultural e outros.

MODELOS DA COMUNICAÇÃO

Um outro meio de descrever o processo de comunicação é utilizar modelos. Eles


servem como recurso, sobretudo gráfico, de apresentar uma situação

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comunicativa. As partes do processo são ordenadas sucessivamente e nos
permitem visualizar o processo num simples golpe de vista.

O modelo linear

Esse modelo tem um layout como se fosse uma linha, ligando a fonte emissora
e/ou emissor ao receptor, através da mensagem codificada pelo emissor-
codificador e decodificada pelo receptor-decodificador.
Origem e destino constituem o ponto básico desta comunicação, pois ela sempre
começa em alguém e termina em alguém.

A mensagem pode ser codificada com signos verbais e não- verbais, sendo,
portanto, estruturada em linguagens lingüísticas e/ou não-lingüísticas.

Vamos configurar este modelo linear no espaço a seguir.

Modelos contextualizados

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Estes modelos somam toda a situação ou ambiente do ato comunicativo. Mostra-
nos que o processo de comunicação se realiza de acordo com situações
específicas e particulares num determinado contexto físico e psicológico
circundante.

A seguir, esquematize-o no espaço abaixo e crie situações de comunicação a


partir deste modelo.

Somos envolvidos, porém, num processo em que muitas coisas acontecem ao


mesmo tempo. A nossa realidade é um processo e a Teoria da Comunicação
reflete esse ponto de vista, rejeitando que os fenômenos sejam constituídos de
elementos separados, mas sim de processos com inter-relações dinâmicas entre
seus elementos e/ou componentes.

A comunicação, como um iceberg, revela apenas um terço de si mesma, nível em


que será acessível à manipulação, observação e mensuração de qualidade.
Neste nível são encontradas todas as classes de símbolos escritos ou falados, por
intermédio dos quais seres humanos se relacionam com seu ambiente.

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Mas, cerca de dois terços de acervo das comunicações animais estão abaixo do
nível da consciência integral. É o mundo “não-verbal”, o mundo inexplorado das
linguagens estranhas e silenciosas, dos sinais e símbolos em grande parte
desconhecidos e ainda não estudados. Pelo olhar, tato, postura, murmúrios e um
sem-número de outras formas sutis, os animais e as pessoas comunicam-se entre
si.

Que mensagens não-verbais você envia a um estudante quando põe seu braço no
seu ombro? Quando você não engraxa seus sapatos? Quando usa uma picante
loção facial ou um delicado perfume? Quando lhe sorri?

Há, provavelmente, classes inteiras de agentes portadores de informações


desconhecidos. Os estudos atuais sobre parapsicologia, percepção extra-sensorial
e comunicação subliminar apenas insinuam outras e incríveis cadeias de
comunicação, cuja existência não estamos ainda preparados para compreender.

Todavia, onde quer que ocorra, a comunicação tem quatro componentes básicos,
que podemos assim classificar:

1- Fonte /emissor
Codificador

2- Mensagem

3- Canal
4- Decodificador
Receptor

Vejamos como esses quatro componentes operam em duas situações típicas de


comunicação. Imagine um princípio de incêndio em sua escola. O diretor do
estabelecimento (fonte) toca o alarme de incêndio (veículo). Os estudantes e o

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corpo docente ouvem (receptores) e abandonam o prédio (mensagem). Ou
quando você (receptor) volta da escola para casa, seu nariz (veículo) lhe diz que
seu vizinho (fonte) está queimando folhas secas (mensagem). Em outras palavras,
em troca de informação entre pessoas ou coisas tem de haver uma fonte
emissora, um receptor, um canal de comunicação (meio/veículo) e uma
mensagem.

Imagine:

- um colega espirrando em sala de aula;

- diretor de usa faculdade anunciando que não haverá aula na próxima segunda-
feira;

- um(a) simpático(a) garoto(a) sorrindo com charme para você;

- telefone tocando em seu quarto;

- locutor de rádio informando que o trânsito das marginais está parado;

- tele jornalista do Jornal Nacional comunicando a vitória da seleção brasileira


sobre a italiana;

- guarda de trânsito rodoviário, estendendo seu braço, apontando para você parar
no acostamento;

- um forte cheiro de queimado durante a sessão das vinte horas no cine Eldorado;

-Você recebendo um telegrama confirmando sua aprovação no teste de seleção


da Folha de São Paulo.

EXERCÍCIO

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SELECIONE UMA DAS SITUAÇÕES APONTADAS E TENTE DESCREVER
COMO OS COMPONENTES BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO OPERAM E SE
RELACIONAM.

Às vezes, a fonte e o receptor são um só. Os guinchos, semelhantes ao sonar,


dos morcegos, ou conversações furtivas que muitas vezes mantemos com nós
mesmos são exemplos de fonte e receptor no mesmo indivíduo. Todavia, os
componentes são geralmente distintos, embora cada qual modifique os outros de
tal modo que estejam todos interligados. Por exemplo, não se pode separar uma
mensagem de seu veículo de transmissão sem mudar a sua forma. A mensagem
que recebemos da leitura de uma manchete de jornal feita silenciosamente, não é
a mesma que receberemos quando o telejornalista comunica em voz alta e com
entonações. O veículo, em cada caso, modifica a mensagem. Na verdade, todos
os componentes – fonte, receptor, veículo e mensagem – influem, de certo modo,
uns aos outros. Para as finalidades de estudo, todavia, permite-se,
freqüentemente, isolar e examinar cada componente individualmente. Passemos,
então, a tratar separadamente cada elemento.

Fonte / Emissor

A fonte é a nascente de mensagens e iniciadora do ciclo de comunicação. No


caso dos animais, a fonte tem para cada operação um repertório arquivado de
resposta em potencial, que foi ampliado e desenvolvido através de comunicação
anterior. A mensagem que formula e transmite são produtos de seus encontros
anteriores com o seu meio. Por exemplo, você tem hoje uma soma total de todas
as espécies de informações que vem adquirindo e as quais, consciente ou
inconscientemente, convoca para ajudá-lo a tomar decisões. Se você é homem,

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desde o memento de sua concepção está sintonizado para receber apenas certas
espécies de informação, ao passo que é muito improvável sua capacidade de ter
acesso às espécies de informações que recebe uma mulher. Estas limitações de
“sintonia” influenciam as espécies de informação à sua disposição após o seu
nascimento. Hoje você possui um conjunto exclusivamente seu de informações;
não há outra coleção igual em todo mundo. Quando você formula e envia
mensagem só utiliza do estoque pessoal de informações que possui.

As fontes não-animais, tais como os computadores ou relés automáticos,


comportam-se de uma maneira diferente. Não podem evoluir; isto é, não podem,
por si mesmos, aumentar ou modificar seus reservatórios de informações, além
das especificações originais. Seu limite de comportamento é, por conseguinte,
rigorosamente restrito à execução predeterminada de simples operações. Os
computadores têm acesso a um vasto reservatório de informações que lhes dão
muitas alternativas, mas, numa análise final, não são capazes de agir além de um
nível rigorosamente restrito e predeterminado. É possível que futuros
computadores venham a ser capazes de rever e modificar seus próprios circuitos
enquanto atuam. Quando e se tais sofisticados engenhos se tornarem uma
realidade, uma nova classificação, mais ou menos entre o animal e a máquina,
pode vir a ser criada. Mas, embora seja importante esta distinção entre um animal-
fonte e uma máquina-fonte, a qualidade básica de todos os transmissores
continua a mesma. A “natureza” da fonte, em outras palavras, não afeta sua
“função”. Penetrando num banco de memórias de dados disponíveis, sintonizados
e adquiridos, qualquer fonte estrutura e transmite uma mensagem intentada para
mudar e controlar a forma ou o ritmo de acontecimentos ambientais.
Comunicamos de forma a controlar, influenciar ou mudar o nosso meio e até certo
ponto ser mudados por ele. Este é o fim de toda comunicação.

O Receptor

O receptor é o intérprete de mensagens. As espécies de decisão tomadas pelo


receptor e sua maneira de mudar de atitude são medidas da eficiência da
comunicação. Por exemplo, consideramos mais uma vez a escola durante o

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princípio de incêndio. Momentos antes da campainha de alarme ter tocado, um
número infinito de atividades ocorriam na escola. Mas, tão longe foi ouvida, a
escola inteira cessou suas atividades para levar a efeito uma outra específica –
evacuação do prédio. A decisão de fazer isso e a maneira de agir foram medidas
de eficiência daquela comunicação. Se ninguém tomasse conhecimento da
campainha ou se os estudantes saltassem pelas janelas, em lugar de deixarem o
prédio ordenadamente, a comunicação teria sido ineficiente. Ao fazer tocar o
alarme, em outras palavras, o diretor reduziu todas as possibilidades de
comportamentos variados a praticamente um comportamento específico. Foi este
o valor daquela comunicação. Desde que o propósito da operação seja influenciar
e reduzir a variabilidade de comportamento do receptor, o receptor é o ponto
central, o pivô no qual a mensagem é refletida de volta à fonte. Sua eficiência
como transmissor precisa, conseqüentemente, ser medida pelo comportamento do
receptor que recebe uma mensagem.

Tudo isto nos leva a um princípio básico da comunicação. Os significados não


estão na mensagem, mas nos receptores. Como fonte é o nascedouro da
mensagem, o receptor é, naturalmente, a fonte dos significados. Se os estudantes
e o corpo docente não tivessem previamente “arquivado” o significado de
“princípio de incêndio”, “alarme de incêndio”, “saída ordeira do prédio” e uma série
de outros conceitos, a fonte não poderia esperar conseguir nada dessas
personalidades, independentemente da forma da mensagem. Os significados
residem assim, definitivamente, na pessoa – não em palavras, gestos ou
expressões.
Não só um receptor interpreta uma mensagem com base em seus arquivos
próprios de conhecimento, mas atribui também significação a fatos, de modo que
tendam a perpetuar a estrutura existente de sua organização informativa. Por
exemplo, você levou toda a vida para adquirir os conhecimentos que tem e
estabelecer relações entre cada uma das suas partes e pelas. E você dispôs tudo
de uma forma ordenada, de maneira a “ter sentido” para si próprio. Pode não ter
sentido para ninguém mais, mas isso não vem ao caso. Seu sistema de
classificação, da mesma forma que sua informação, é somente seu, e você
realmente ordenará e atribuirá significados às mensagens que for recebendo, de
modo que se ajustem à idéia que já tem. Alguns receptores humanos fazem isto,

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expondo-se seletivamente à informação. Onde a escolha é possível, eles,
geralmente, focalizam sua atenção somente naquelas fontes de mensagens e
naquelas partes que tendem a reforçar seu presente equilíbrio. Um exemplo: o
homem conservador tenderá a se expor quase exclusivamente a informações
ordinárias de fontes conservadores. Seus jornais, revistas, livros e mesmo seus
amigos serão selecionados cuidadosamente em apoio à sua interpretação
particular dos fatos. Poderíamos dizer o mesmo de professores, dentistas,
acrobatas, profissionais liberais ou, de um modo geral, de todos aqueles com
determinadas opiniões sobre alguma coisa. Somente uma personalidade doentia
se exporia repetidamente a informações que iriam inevitavelmente destruí-la.
Sobreviver como uma organização lógica e finalista parece ser o comportamento
de todos os organismos.

Quando a exposição à informação desfavorável a ponto de vista atual é inevitável,


o receptor pode destorcê-la selecionando e interpretando a mesma de modo a
manter intactas as estruturas de seus dados existentes. Um estudante que teve
algumas experiências desagradáveis com a poesia, irá às aulas de literatura já
predisposto a não gostar, faça o que fizer o professor para tornar a aula
interessante e informativa.

Receptores não-humanos, tais como máquinas e alguns animais não dotados de


meios para realizar eles mesmos a seleção de dados a serem recebidos, num
grau significativo, podem, amiúde, destruir a si próprios, numa espécie de busca
de equilíbrio, quando confrontados com dados incompatíveis. A picada suicida do
escorpião, quando em perigo, e a explosão de uma caldeira a vapor são exemplos
disto. Uma caldeira, construída para suportar uma certa pressão por polegada
quadrada, pode, por exemplo, explodir quando seu limite de tolerância é excedido.
Esta é a única maneira de poder acomodar uma tensão incompatível com sua
estrutura. Da mesma forma, os chamados colapsos nervosos, entre humanos,
podem ter sua origem em excessiva informação de tensão e ansiedade que
inunda os mecanismos humanos manuseadores da informação. O estudante que
não pode conseguir o nível de informação para uma aula de Física, mas é forçado
a freqüentar as aulas, confronta-se com a mesma espécie de situação
ameaçadora. Ele pode torcer e mascarar estímulos recebidos, de forma a reduzir

22
a situação, a proporção que possa manejar ou então defrontar-se-á com futuras e
intoleráveis consequência. Aparentemente, então, as pessoas são feitas pra
resistir a mudanças radicais no rumo em que elas estruturam e relacional a
informação.

Quem não pode modificar-se, não pode aprender. E sabemos que as pessoas
aprendem. Como poderemos concorrer para isso? E como, na qualidade de
comunicadores, poderemos aumentar no mais alto grau as condições que
contribuam para a recepção de novas espécies de informação? No caso parece
superar a inibição da mudança, uma nova estrutura é freqüentemente aceitável.
“Recompensa”, nesse sentido, refere-se àquelas espécies de informação que
aumentam o equilíbrio ou o conduzem a estágios mais estáveis! Isto significa
mudanças, parece também ter a capacidade de realiza mudanças quando tais
mudanças conduzem a uma organização mais estável dos dados existentes.

Uma interessante generalização surge em conexão com a boa vontade dos


receptores humanos de mudar e modificar comportamentos na base de uma nova
informação. Poderia ser chamada a “lei do menor esforço” do comunicador. Em
poucas palavras, ele estabelece que, na ausência de recompensa conveniente, o
organismo humano tenderá a entender apenas aquelas mensagens que requeiram
menor esforço, em termos de mudança estrutural. Isto significa que, a menos que
a recompensa seja bastante grande, o receptor humano só se voltará para
aquelas fontes de informação que demandem a menor mudança de sua estrutura
informativa. Podemos seguramente concluir, portanto, que toda aprendizagem é
uma espécie de crise de credibilidade do estudante. O aprendizado pode ser difícil
e pode requerer um grande dispêndio de energia.

A recompensa, podemos relembrar, é determinada não pela fonte mas pelo


receptor. De acordo com alguns emissores -fontes, seu desempenho pessoal é a
sua própria recompensa.

A mensagem

23
Observamos que os significados residem nos receptores e não nas mensagens.
Conseqüentemente, não podemos falar de uma mensagem, exceto em termos de
receptores individuais. Uma simples mensagem em dado momento contém tantas
mensagens quantos forem os receptores. A fonte manda um grupo de
mensagens, do qual cada receptor seleciona a mensagem ou parte dela que
mantenha e realce sua própria estrutura organizacional. Assim, o telejornalismo
pode pensar que está transmitindo uma mensagem sobre a situação econômica
da Inglaterra quando, no momento, telespectador pode estar observando a cor de
sua gravata; outro, o movimento de sua boca; um outro, ainda o tom agradável de
sua voz. Para alguns estudantes, o alarme de incêndio pode significar a
evacuação da escola; para outros, significa ocasião para diversão, e para outros,
ainda um semi-números de coisas diferentes.

Mas a mensagem é concretiza o objetivo da fonte e/ou do emissor, pois ela existe
em forma física através de palavras, sons, desenhos, gráficos, sinais, gestos etc.,
que traduzem as idéias, intenções e objetivos de um código, ou sistema
convencionalizado de signos. Esse sistema é baseado em regras e convenções
trocadas e compartilhadas por aqueles que se utilizam desse código.

Para influenciar o procedimento do receptor, a fonte precisa primeiramente


“codificar” a informação que deseja enviar. “Codificar” é selecionar e ordenar um
conjunto de símbolos (ou códigos) significando alguma coisa para ambos – a fonte
e o receptor. Se, por exemplo, você deseja mudar o estado do filamento de
tungstênio de uma lâmpada, para produzir luz, precisara codificar sua mensagem
de uma maneira específica. Você não pode esperar que a luz entenda gritos ou
reclamações, sacudir as mãos, ou outras formas de códigos. Mas, ao apertar o
interruptor da luz, acionando uma série específica de processos mecânicos e
elétricos, você terá codificado sua mensagem numa forma em que o filamento da
lâmpada pode receber.

Do mesmo modo, se um jornalista espera que seus ouvintes entendam sua


mensagem, precisará codificá-la de forma apropriada. Ser-lhe-á necessário
selecionar e organizar um sistema de símbolos comuns a ele e aos ouvintes. Ele
não poderá escrever e/ou expor um assunto em galês, pois, certamente, ninguém

24
o entenderia. Um professor de matemática pode empregar um sistema de
símbolos estranho e fantástico – e não sabe por que os estudantes não
entenderam. Lembre-se de que o significado está no estudante e não no símbolo.
Fora de cada pessoa o símbolo não têm significado.

A codificação efetiva da informação é uma das etapas mais difíceis na tarefa do


comunicador, pois exige do codificador objetividade, clareza, coesão e coerência
na elaboração de mensagens.

Como os símbolos são meras representações de acontecimentos, não podem


evocar as espécies e o número de reações do receptor que o acontecimento irá
produzir. Se, por exemplo, um professor de História deseja transmitir aos
estudantes alguma coisa sobre o período colonial e sobre as idéias existentes que
provocaram a Revolução Americana, a seleção de um código eficaz torna-se
crucial. Suponhamos deseja informar a fregueses em potencial que sua pasta de
dente deixa a boca fresca e hálito agradável, que espécie de código deveria usar?
A seleção de códigos é frequentemente a chave mais importante para provocar o
comportamento desejado. Codificar a mensagem, a fonte está longe de transmitir
a tarefa de enviá-las, pois a mensagem precisa competir, para atingir a atenção,
com uma infinidade de outras mensagens do próprio meio. Não só o receptor vai
sendo receptáculo de um fluxo de mensagens da fonte, mas, simultaneamente,
recebe um número infinito de estímulos do ambiente em geral. A mensagem do
radialista, por exemplo, compete com a atenção dos ouvintes, com mensagens
originárias de vários lugares, tanto dentro como fora de casa: tráfego na rua,
temperatura do ambiente, murmúrios de outras pessoas e, principalmente, das
necessidades materiais e psicológicas.

Havendo um objetivo a comunicar e uma resposta a obter, o comunicador espera


que a sua comunicação seja a mais fiel possível. Por fidelidade, queremos dizer
que ele obterá o que quer. Um codificador de alta fidelidade é o que traduz a
mensagem para o receptor com total exatidão.

Claude Shannon e Warren Weaver, em seu livro The Mathematical Theory of


Comunicaton, 1949, analisando a questão da fidelidade eletrônica, introduziram o

25
conceito de ruído. Eles definem o ruído como qualquer fator que distorce a
qualidade do sinal.

Ruído e Redundância

É denominado ruído ou interferências tudo o que afeta a transmissão da


mensagem. São fatores (barreiras ou filtros) que surgem ou que se colocam entre
o emissor e o receptor no processo de comunicação. Por exemplo, falar em voz
baixa, erros de codificação, nervosismo, falta de atenção, falta de energia elétrica,
mancha no papel, são alguns fatores que podem ser ruídos num contexto de
comunicação.

Os ruídos podem vir dos canais de comunicação, do código ou da percepção do


emissor e receptor.

Geralmente, os problemas na comunicação estão relacionados com esses filtros,


pois é na mente que se codifica e decodifica a mensagem e os diferentes
aspectos da comunicação. Por isso, são importantes as informações que temos
sobre a fonte e/ou emissor que estamos vendo e ouvindo, pois filtramos antes de
dizer alguma cousa ou depois de ter ouvido algo.

As bases desse filtro partem das presunções e interpretações que fazemos das
mensagens e situações de comunicação. Muitas vezes colocamos “filtros” em
relação a uma mensagem falada num sotaque regional cuja credibilidade e
autoridade esteja diminuída. A própria BBC de Londres já demonstrou a existência
desses filtros entre os ouvintes de locutores, apresentadores e correspondentes
com sotaque. Isto sugere, também, que os veículos de comunicação (mídia), em
boa parte, constroem nossas crenças e valores.

Essas crenças e valores no chegam através de “filtros” e através deles


percebemos o mundo.

A comunicação pode, portanto, ser bloqueada ou filtrada por fatores físicos,


semânticos ou psicológicos.

26
Barreiras mecânicas- um problema físico como surdez, algo na produção da fala
como gagueira, murmúrio, rouquidão, defeitos de articulação – podem bloquear a
recepção, impedindo a comunicação.

Qualquer defeito ou pane em aparelhos e equipamentos que envolvam aparelhos


de transmissão, podem ser consideradas barreiras mecânicas. Ela está
relacionada com a eficiência ou não dos canais de comunicação, influenciando,
assim, no contexto e no processo de codificação.

Barreiras semânticas – Diz respeito ao significado das palavras. Palavras


inarticuladas ou usadas inadequadamente, interpretações aleatórias, quebra de
convenções e outros fatores, tais como o contexto no qual o código está sendo
utilizado pode provocar bloqueio em relação ao entendimento da mensagem. Essa
barreira está relacionada ao uso adequado do código que estrutura a mensagem.

Barreiras Psicológicas – relacionada à seleção e interpretação das mensagens


no processo comunicativo, de acordo com nossas presunções, crenças, valores e
ideologias, inseridas no processo emocional que envolve as pessoas no ato
comunicativo. Ex. preconceitos religiosos, raciais, sentimentos recalcados etc.

Assim, além de evitar barreiras e/ou ruídos numa situação comunicativa, como
pode uma fonte aumentar suas chances de conseguir a atenção do receptor
visado?

Um método comum é utilização da redundância. Isto significa que o comunicador


pode transmitir uma quantidade limitada de informações repetindo-as, porém,
freqüentemente, em vez de transmitir mais informações, menos vezes. Uma luz de
aviso que pisca repetidamente ou a campainha persistente do telefone são
exemplos de redundância. Um professor pode repetir certas palavras-chaves,
escrevê-las depois no quadro-negro, mandar que os alunos copiem em seus
cadernos, revendo-as freqüentemente. Tudo isto toma o tempo que o professor
poderia usar para transmitir outras informações. A repetição aumenta as chances
de atenção, mas, quanta redundância é eficiente? Alguns comerciais de televisão

27
repetem o nome do produto umas dez vezes em trinta segundos. É este o melhor
uso do tempo? Como usar efetivamente a repetição é um dos maiores desafios
feitos ao comunicador.

Pesquisas nos dizem que a nossa comunicação oral usa 50% de redundância;
informações já dadas; redundância sintáticas ( subir para cima); redundâncias
gestuais (polegar para cima quando queremos dizer positivo); redundâncias
tonais( quando exclamamos “ Estou morto de fome!!!”) e outras.

A redundância é necessária para a inteligibilidade e clareza da mensagem, como


também, para nos livrarmos de possíveis ruídos. No entanto, o excesso de
redundância pode, consequentemente gerar ruído, pois a repetição exagerada
compromete a clareza e objetividade da mensagem prejudicando a comunicação.

Em síntese: podemos definir a mensagem como produto físico real do codificador-


falante. As mensagens, regidas por códigos, comunicam informações. Ex.: quando
falamos, o nosso discurso é a mensagem.

Mas, pelo menos, ao criarmos mensagens num ato comunicativo, três fatores
precisam ser considerados:

1 – código

2 – conteúdo

3 - tratamento

Pra David K. Berlo, um código pode ser definido como qualquer conjunto de
símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter significado para alguém. Os
idiomas são códigos lingüísticos. A língua portuguesa é um código: contém
elementos (sons, letras, palavras etc.) que são organizados em certas ordens que
têm significação, e não outras ordens.

28
É código tudo o que contém um conjunto de elementos (vocabulário) e um
conjunto de métodos para comunicar esses elementos de forma significativa (a
sintaxe)
Para saber se determinado conjunto de símbolos constitui um código, basta isolar
seu vocabulário e verificar se há modos sistemáticos (estruturas) de combinar
elementos.

Os idiomas português, inglês, russo etc. são códigos. Mas usamos outros códigos
na comunicação. A música é um deles: tem vocabulário (as notas) e a sintaxe, os
métodos de combinar as notas numa estrutura que tenha sentido para o ouvinte.
Para entender música temos de entender o código.

O mesmo acontece com a dança, a pintura, o cinema e outras formas de


comunicação que tenham significação. Todas exigem código.

O código da produção de rádio e televisão, do desenho e redação de propaganda


também exige do comunicador o conhecimento de vocabulário disponível e a
capacidade de estruturá-los da forma mais positiva, ou seja, estruturar certos
elementos de maneira a exprimir melhor o objetivo, ou obter o máximo efeito sobre
o receptor.

Sempre que codificamos uma mensagem, temos de saber escolher o código, o


conjunto de elementos do código e o método a estruturá-los. E, ao apresentar a
mensagem que exprima o seu objetivo, a fonte emissora seleciona uma ou outra
peça de informação, um ou outro conjunto de informações e um ou outro conjunto
de evidências. Exemplo:

O jornalista ao preparar a matéria para o jornal, trata sua mensagem de várias


formas: seleciona palavras para um código que o leitor possa decodificar e
compreender; estrutura as informações na forma mais objetiva, clara e
interessante que, ao seu ver, o leitor que receber; define os tipos gráficos e as
notícias da primeira e demais páginas.

29
É importante, porém ressaltar o papel do receptor numa interação simbólica.
Comunicar é mais do que informar; é, além de transmitir significação, procurar
resposta do receptor, pois qualquer fonte de comunicação se comunica com o
propósito de influenciar /persuadir o seu receptor para obter uma resposta ou
efeito (feedback)

Toda interação simbólica compreende um processo de emissão e recepção de


mensagens codificadas. Em comunicação, a realidade de alguém é sempre
representada para o eu e para os outros, com signos. Essa relação objeto-mundo-
signo é a representação-codificação.

Segundo Umberto Eco, 1973, “Signo é para transmitir uma informação, para
indicar alguém alguma coisa que um outro conhece e quer que outros também
conheçam.” Ele insere-se, pois, num processo de comunicação tipo:

Fonte – emissor – canal– mensagem - destinatário

SIGNO

Processo sígnico, ou seja, a organização complexa de muitos signos. O signo,


porém, não é apenas um elemento que está presente num processo de
comunicação, ele é uma entidade que faz parte num processo de significação.

Um processo em que não exista significação, é um processo de estímulo –


resposta, pois como vimos anteriormente a significação é o uso social dos signos,
implicando uma série de regras que atribui ao signo um significado (codificação –
código)

Já, para Suassure, signo é uma entidade psíquica formada de duas partes
intimamente relacionadas: significante ou expressão e significado e conteúdo.

30
A relação entre o significante e o significado do signo linguístico é arbitrária e
convencional, ao passo que nos signos visuais é analógica, motivada e
convencional.

Um sistema de signos forma um código. Por exemplo:

As palavras cadeira (código da língua portuguesa), chaise (código da língua


francesa) chair (código da língua inglesa) representam uma peça do mobiliário que
pode ser de madeira, ferro, plástico etc, que tem quatro pés, um assento, encosto
e serve para sentar. Código, portanto, encerra uma convenção, um contrato social,
pelo qual as palavras cadeira, chaise, chair representam uma peça do mobiliário
acima descrito, e não qualquer outra.

Umberto Eco define código como um sistema que estabelece e organiza os


signos. Nesse caso, relacionando com o conceito de código como contrato social,
podemos dizer que há códigos cujo contrato está mais amarrado socialmente,
como o semáforo (código internacional de trânsito), e outros cujo contrato está
mais frouxo, como os da dirias.

Tipos de códigos

Pierre Guiraud, em seu livro A Semiologia, tentou organizar em tipos, os códigos


da linguagem.

Divide-os em códigos paralinguístico e códigos práticos.

1 – Códigos Paralinguísticos

São aqueles que passam pela língua oral, como o próprio nome diz, paralelos à
fala.

São classificados em três tipos:

31
a) códigos de apoio da língua;
b) códigos substitutos da língua;
c) código auxiliares da língua

a) códigos de apoio da língua

a escrita alfabética e, eventualmente, silábica;


. código Morse;
. código Braille;
. alfabeto digital dos surdos-mudos;
. as bandeirolas da marinha, da aviação, esportes, escoteiros, etc.
, códigos criptográficos que substituem as letras do alfabeto por números ou
desenhos.

Esse conjunto de códigos, entretanto, passam pela língua articulada é só são


compreendidos na língua de origem a partir da qual foram recodificados. Têm
por função substituir a língua cada vez que o uso da mesma é dificultado pó
questões de tempo, espaço etc. Como exemplo, temos no código Morse, já
em desuso, a substituição de A por .-, do B por -.-.etc.

b) Códigos substitutos da língua

Diferentes dos códigos de apoio Ada língua que passam, necessariamente por
ela como suportes, os códigos substitutos possuem um sentido próprio. Entre
eles encontram-se os pictogramas, os ideogramas do chinês, os hieróglifos do
egípcio etc. Um dos mais elaborados é o código dos monges trapistas,
fundamentado na linguagem gestual com mais de 1.300 dignos.
c) códigos auxiliares da língua

A comunicação verbal oral ou falada tem como suporte o emprego de signos


articulados e é sempre acompanhada por signos paralelos como: entonação,
ritmo, expressões faciais, gestos etc.

32
Esses códigos auxiliares são muitos importantes em certas formas de
expressão como teatro, a dança, os rituais e até mesmo em nossa
comunicação cotidiana.

Eles foram divididos por Guiraud em:

- Código prosódico

Este código desempenha importante papel na comunicação de mensagens


afetivas / emocionais. São utilizados na comunicação de intensidade e quantidade
de voz da palavra articulada. Pelo tom e ritmo de voz, qualificamos uma pessoa de
meiga ou autoritária, calma ou ansiosa e podemos distinguir pela carga emocional
colocada na palavra “gooool”, se o gol é da seleção brasileira ou da seleção
adversária.

- Código quinésico ou cinésico

É um código auxiliar estreitamente associado à fala e, particularmente, aos signos


prosódicos. Ele utiliza as expressões fisionômicas, os gestos e a postura corporal.
Há, porém, a possibilidade de nos expressarmos e comunicarmos apenas através
de signos cinésicos. Ex. quando colocamos o polegar para cima, querendo dizer
“tudo bem”, ou o polegar para baixo, querendo dizer “tudo mal”.

A comunicação, como processo complexo, é um fenômeno de multicanais, ou


seja, faz uso de todos os canais sensoriais.

A teoria clássica de Ray Birdwhistell estuda a relação entre a atividade corporal e


a estrutura da língua e, pelo estudo dos gestos em contexto, tornou-se claro que o
sistema cinésico tem formas que se assemelham surpreendentemente a palavra
na língua.

- Código proxêmico

33
Fundamentado na teoria proxêmica de Edward Hall, este código refere-se ao uso
do espaço na comunicação. A distância que mantemos entre nós e o nosso
interlocutor, o lugar que ocupamos numa mesa, num cortejo etc. são signos de
nosso estatuto social e constituem um código elaborado que varia com as
culturas.

Hall ensinou que, assim como a linguagem varia de cultura para cultura, o mesmo
ocorre com os outros instrumentos de interação.

O fato de esses signos serem paralinguísticos, ou seja, associados à fala, não


significa que eles só sirvam como reforço do conteúdo expresso pela linguagem
verbal falada. Muitas vezes, falamos uma coisa e o não-lingüístico, outra. Pierre
Weil, em seu livro O Corpo Fala, exemplifica esta colocação

2 – Códigos Práticos: sinais e programas

Os códigos práticos têm por função regular a circulação ou os movimentos de


conjunto, ou sistemas de instruções com vistas a efetuar um trabalho, como a
planta de um arquiteto e um decorador, por exemplo.
Os códigos práticos, hoje, se multiplicam com muita rapidez em conseqüências
das diferentes e diversas necessidades de comunicação e locomoção do homem
nas grandes cidades.

São tantas as funções que realizamos em pouco tempo, na vida contemporânea,


que precisamos constantemente dos códigos práticos.

Exemplo: as demarcações do “shopping”, tanto no estacionamento como no


interior dos mesmos.

Para percebê-los, é só sair e observar.

Entre os sistemas de sinalização, os mais conhecidos são os sinais de trânsito,


circulação rodoviária, ferroviária etc. entram nessa categoria os sinais de
advertência, como a buzina dos carros, sirenes, sinos, alarmes etc.

34
Alguns sinais são muito simples, que compreendem sinais de substâncias
diversas e das mais variadas formas, tais como: faróis, cores, imagens, avisos
sonoros etc.

O avanço dos estudos sobre a linguagem, com a Semiologia e Semiótica, passa a


se preocupar com os códigos não-verbais e as diferentes linguagens como
fotografia, cinema, TV, publicidade etc. Já se fala em expressividade de câmera
(enquadramento, angulação, movimento) e a própria montagem / edição já
possuem um código relativamente bem estabelecido.

O Veículo / Canal

O veículo é o canal ou cadeias de canais que liga a fonte ao receptor. Juntamente


com as mercadorias podem atingir seu destino por vários meios de transporte, as
mensagens podem chegar ao receptor utilizando diversas formas de veículos de
comunicação. Ao contrário dos meios de transporte, contudo, os veículos de
comunicação são neutros. Eles moldam a mensagem à sua própria imagem. Você
já ficou indeciso alguma vez sobre o que fazer primeiro: ler um livro ou ver um
filme? A informação levada pela palavra escrita não é a mesma espécie de
informação transmitida por um filme. Os dois veículos diferem e sua diferença
baseia-se no que acontece à informação quando é conduzida por um ou por outro.
Cada veículo exerce sua influência – suas próprias particularidades – sobre a
mensagem e, neste sentido, torna-se parte própria da mensagem. Veículo e
mensagem são inseparáveis. Você pode separa a “mensagem” da Mona Lisa do
veículo de expressão do artista?Não sem destruir a mensagem.

Experiências no campo da privação sensorial têm fartamente ilustrado a relação


íntima entre mensagem e veículo. Pesquisas diversas têm demonstrado que
quando a comunicação com o meio ambiente é reduzida a um mínimo, os homens
tendem a ficar desorientados. Quando os sentidos básicos e tradicionais da visão,
audição, paladar, tato e olfato são bloqueados, outras cadeias – ainda não
identificadas – transmitem informações sobre o ambiente ao cérebro. Nessa

35
transmissão, contudo, as mensagens são distorcidas em estranhos padrões de
alucinação que ninguém parece capaz de explicar. Canais desconhecidos estão
aparentemente formando mensagens ambientais.

No caso das fontes não-animais, por exemplo, aparelhos eletrônicos e mecânicos,


o veículo de transmissão é predeterminado e limitado pelas propriedades físicas
de sua fábrica. Um interruptor de parede não tem chance de escolher um canal.
Pode comunicar com a lâmpada elétrica através da extensão de um fio de cobre.
Todavia, em alguns animais, e em larga escala todos os seres humanos, existe
uma série de escolhas na seleção dos veículos. Um professor, por exemplo, pode
transmitir informações a seus alunos por meio de vários veículos de comunicação:
sua voz, material escrito, desenhos e gráficos, televisão, filmes e fitas gravadas,
para nomearmos uns poucos.

Até agora, têm sido relativamente limitada todas as pesquisas levadas a efeito
sobre as vantagens de um veículo sobre outros, na condução de certas espécies
de informação. Qual informação é mais bem transmitida visualmente através de
quadros? Qual oralmente? Qual por meios de livros? Qual delas, não sendo
verbal, pode ser feita através do tato? Qual através do exame direto e
manipulação? É possível, que, por termos a tendência de sobrecarregar apenas
alguns canais, como visão e a audição, e negligenciar muitos outros, muitos
processos de comunicação úteis não sejam empregados.

Algumas cadeias de canais partindo de nós para o meio ambiente não parecem
estar sob nosso controle direto. O rubor facial é um exemplo. Ele diz às pessoas
que estamos preocupados ou envergonhados, que desejamos mandar mensagem
ou não. Outro exemplo é a involuntária contração da pupila quando confrontada
com um ou inesperado dado desagradável. A pupila no momento dilata-se ou se
contrai de acordo com nossa aceitação ou rejeição pessoal dos acontecimentos
ao nosso redor Arregalamos os olhos para ver aquilo de que gostamos, mas eles
se fecham como rejeição a coisas das quais não gostamos.

Há, então, outros veículos ainda desconhecidos através dos quais avaliamos e
influenciamos nosso ambiente?

36
Vamos verificar, observando nossas atitudes cotidianas.
Simplificando, canal é o meio que possibilita a veiculação da mensagem. É o meio
físico que suporta, transporta e às vezes processa e até modifica a mensagem.

Podemos, entretanto, classificar os canis de comunicação em:

Canais naturais: aqueles que fazem parte do nosso sistema sensorial, pois a
comunicação só se realiza através do ar das ondas sonoras e luminosas que
transporta de uma fonte emissora até o destinatário final.

Canais artificiais: aqueles meios criados artificialmente pelo homem com o


objetivo de ampliar os canais naturais, permitindo, assim, estender e desenvolver
a nossa capacidade de emissão, transmissão e recepção da mensagem.

Com o desenvolvimento tecnológico, podemos vislumbrar o aparecimento de


inúmeros veículos tecnológicos tais como o jornal, o rádio, a televisão e o
computador, capazes de facilitar e ampliar a capacidade humana de comunicação.
Esses canais são denominados mídias, fazendo, hoje, parte da realidade do nosso
mundo.

Em função do fator meio, canal ou veículo, podemos classificar a comunicação em


direta e indireta.

Comunicação direta

É aquela comunicação realizada sem o auxílio de um canal artificial tecnológico,


utilizando apenas os canais naturais. Na comunicação interpessoal oral, que se dá
através da linguagem verbal falada, o canal ou veículo é o ar que transporta a
nossa voz (ondas sonoras).

Comunicação indireta

37
É aquela comunicação realizada com o auxílio dos meios de tecnológicos
comumente chamados de mídia.

Mídia

“A origem do termo é latina, médium (singular e media (plural) querem dizer meio
e meios. Em inglês os termos são usados para designar um meio (médium) e os
meios (media) de comunicação, pronunciando-se midium e midia. Durante algum
tempo, no Brasil as grafias media e mída apareceram indiscriminadamente, assim
como aparecia o plural mídias antecedido, também indistintamente, do artigo
masculino (os mídias) ou feminino (as mídias). Recentemente, a palavra mídia,
sem S, antecedida do artigo feminino (a mídia)¸fixou-se mais de dominantemente
e é empregada quer no sentido estrito do jornalismo o rádio e a televisão”. ( Lúcia
Santaella, A cultura da Mídia)

Temos, portanto, vários tipos de mídia:

. mídia impressa (jornal, revistas, folhetos, cartazes, outdoors)


. média oral e/ou radiofônica (rádio);
. mídia áudio-visual e/ou televisiva (televisão);
. multimídia (sistema com base no computador)

Segundo Marshall McLuhan, a mídia é a mensagem, no sentido da transformação


que a mensagem sofre de acordo com o meio em que ela é veiculada. Para esse
teórico, a importância não está só na informação passada através da mensagem,
mas sim no modo como ela é passada. Desta forma, os diferentes conteúdos dos
programas de TV acabam por ter poça importância, se considerarmos os modos
inteiramente novos de comunicação e conhecimento que a mídia televisiva
implica. Segundo este mesmo estudioso, a mídia é, também, a extensão dos
nossos sentidos, mostrando-nos com esta afirmação estreita relação entre o
homem e esses veículos de comunicação. Nesse enfoque, a imprensa e a
fotografia são extensões da visão, o microfone e o rádio uma extensão da voz.

38
Entretanto, pode existir em todos os veículos de comunicação, uma certa
quantidade de “ruídos”, fatores dentro de um canal que interferem na mensagem.
Por exemplo, quando você permanece muito tempo sentado numa posição
desconfortável, seu pé poderá ficar “dormente”. Fica insensível à pressão do chão.
Esta condição, que interfere nas informações do sistema tátil, é ruído. Ou, em
outro exemplo, uma dor de cabeça alucinante pode introduzir um ruído no canal
visual, tanto quanto um resfriado pode obstruir o canal do paladar com ruído.
Assim, o ruído num veículo de comunicação não se refere necessariamente a um
som, barulho ocasional, mas de preferência a fatores que obstruem a informação
em qualquer canal.

Entropia

Quando o nível de ruído de um veículo atinge limites intoleráveis, ocorre a


desorganização. Altos níveis de ruído impedem o fluxo de informações necessário
para atingir o comportamento visado. O equilíbrio de um sistema pode ser medido,
conseqüentemente, pela espécie e quantidade da desorganização, chamada
entropia, presente no sistema. A entropia em comunicação aumenta com o
aumento da escolha do receptor e decresce se a escolha se restringe. Considere
a seguinte frase:
A cientista construiu rapidamente o robô enquanto comia.

O que significa isto?

Pelo menos quatro interpretações diferentes podem ser feitas. O receptor é livre
para escolher uma delas. À proporção que existe mais do uma escolha, pode
ocorrer a entropia, Como as palavras e símbolos são representações de coisas, e
não as próprias coisas, há sempre ambigüidade ou entropia na comunicação. O
melhor que podemos fazer, é reduzir a mensagem a um mínimo ou recorrer a um
canal menos ruidoso.

Para substituir a entropia pelo seu oposto, a negentropia, precisamos apresentar


uma mensagem mais pertinente. As mensagens devem ser codificadas e

39
conduzidas através dos veículos, de forma que apresentem ao receptor um
conteúdo com um mínimo de confusão. O receptor deve defrontar o menor
número de escolhas possível sobre prováveis significados. A mensagem perfeita
não lhe deveria permitir escolhas alguma, a não ser a mensagem com seu
significado da fonte. Em outras palavras, quanto menos chances de escolha,
maior estabilidade no sistema de comunicação. Conseqüentemente a negentropia
– a estabilidade orgânica, trazida através da transmissão de informações
pertinentes – é vital para todas as comunicações. Um sistema dinâmico precisa
manter os elementos de entropia e negentropia numa balança para conseguir
atingir seu objetivo.

40

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