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Manuscritos do Cardeal Bergglio nas reunies preparatrias ao conclave que o elegeu Papa. 1.Evangelizar supe zelo apostlico.

Evangelizar supe para a Igreja a audcia de sair de si prpria. A Igreja chamada a sair de si prpria para ir at s periferias, no apenas geogrficas, mas tambm das periferias existenciais: as do mistrio do pecado, as da dor, as da injustia, as da ignorncia e da absteno religiosa, as do pensamento, as de toda a misria. 2.Quando a Igreja no sai de si prpria para evangelizar, torna-se auto-referencial e fica doente (cfr. A mulher curvada sobre si prpria do Evangelho). Os males que, ao longo do tempo, se do nas instituies eclesisticas tm raiz de auto-referencialidade, uma espcie de narcisismo teolgico. No Apocalipse, Jesus diz que est porta e chama. Evidentemente, o texto refere-se ao que chama desde fora para entrar. Mas penso nas vezes em que Jesus bate desde o interior para que o deixemos sair. A Igreja auto-referencial pretende Jesus Cristo dentro de si e no o deixa sair. 3. A Igreja, quando auto-referencial, sem se dar conta, cr que tem luz prpria. Ela deixa de ser o mysterium lunae, e da lugar a esse mal to grave que a mundanidade espiritual (segundo Lubac [Henri de Lubac, cardeal jesuta francs], o pior mal que pode acontecer Igreja). viver para glorificar uns aos outros. Simplificando, h duas imagens da Igreja: a Igreja evangelizadora que sai de si prpria, a Dei verbum religiose audiens et fidenter proclamans; ou a Igreja mundana que vive em si prpria, de si prpria e para si prpria. Isto deve dar luz aos possveis caminhos e reformas que j que fazer para a salvao das almas. 4. Pensado no prximo Papa: um homem que, a partir da contemplao de Jesus Cristo e da adorao de Jesus Cristo ajude a Igreja a sair de si prpria para as periferias existenciais, que a ajude a ser a mo fecunda que vive da doce e reconfortante alegria da evangelizao.

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