BARTH, Fredrik. 2000. Por um maior naturalismo na conceptualizao das sociedades. In: _________.

O guru, o iniciador e outras variaes antropolgicas. (Tomke LASK, org.) (Typographos, 2) Rio de Janeiro: Contra Capa.

Sociedade em atos e eventos

Estruturando, naturalmente, o comportamento Joo Carlos B. Sousa Universidade Federal de Pernambuco Frederick Barth nos traz, nesse texto, um rico repertrio de velhas novas afirmaes que nos faz refletir acerca no s do que seja, conceitualmente, sociedade, mas, sobretudo, de como se deve pensar a construo desse conceito, nos dando a possibilidade de novos olhares sobre o que sociedade, ou, o que pode vir a ser uma sociedade. Para chegar a essa desfecho, por assim dizer, o autor constri uma linha de argumentao que vai da indicao das concepes equivocadas de sociedade, como, por exemplo, quando ele diz que o conceito de sociedade [...] serve para homogeneizar e substancializar a nossa concepo do social (p.171), at a necessidade de procedimentos de descoberta, onde ele deixa claro que no precisamos de uma teoria dedutiva (p.177) sobre os sistemas sociais, mas, ao contrrio, uma teoria que possa emergir justamente de um processo, indutivo, de anlise da estrutura da ao social por meio de seus dois construtos, que seriam o evento, como sendo o aspecto externo do comportamento, e o ato, o significado intencional e interpretado do comportamento (p.173), deixando claro sua nfase nas interaes, nas microinteraes. E como eu comecei pelo fim, irei finalizar fazendo referncia ao ttulo, mais especificamente ao termo naturalismo que, pelo qu e como foi abortado, pode nos remeter a uma ode para uma cincia que deve primar por um olhar realista, interacionista, que d nfase ao contexto de aes e resultado de aes (p.186), que investigue o ato social envolvendo ao menos trs partes eu, voc e eles, ou seja, uma cincia que produza o conceito de sociedade de forma muito mais natural, mais prxima da esfera daquele que estuda, do estudado e daqueles direta ou diretamente envolvidos nas interaes sociais.