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O primeiro protocolo se situa no nvel do conhecimento e do reconhecimento que de sua obra estavam fazendo os companheiros de gerao.

O segundo protocolo se enuncia no prprio corpo de seu livro de poemas A teus ps, quando o texto desalimenta [...] o leitor, desalimenta e desmistifica os equvocos do que podemos chamar de leitor autoritrio. Um poema exige pouco e muito: olhos abertos e, entre tantas outras coisas, pacincia e imaginao. A linguagem potica nunca exclui o leitor. A dicotomia fcil e difcil no existe para quem tem a fora de sobrecarregar de significao a linguagem para que ela viaje [...] em direo ao outro, para que ela sempre se organize e se libere pela dinmica da travessia. Os chamados textos fceis (os verdadeiros, fao a distino) no conseguem impulsionar a linguagem ao infinito da travessia (seriam eles poemas?) [...] o melhor estmulo para que prossiga a leitura, que no feita s de sucessos [...], mas quase sempre de fracassos mais ou menos confessados. A morte de todo e qualquer poema se encontra na esclerose otimista (justa, imediata, apressada, pouco importa a qualidade neste estgio do raciocnio) da sua compreenso. A partir da compreenso agora justa o poema deixa praticamente de existir (semanticamente) por algum tempo, passando a circular em seu lugar o simulacro menos ambguo e mais rigoroso da sua interpretao.

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