Você está na página 1de 2

APRENDER A VOAR

Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou

Era uma vez um av e um neto. Ou um neto e um av.


Tanto faz, desde que os dois estejam juntos, no jardim onde fomos encontr-los. Dizia o neto, apontando uma teia de aranha: av, porque que ns no somos capazes de fazer teias? Respondia o av: Claro que somos capazes. Repara nas redes de pesca dos pescadores, nas rendas da tua av, nos tecidos das nossas roupas Mais adiante, dizia o neto, apontando uma liblula: av, porque que ns no somos capazes de voar? Respondia o av: Mas claro que somos capazes. Repara nos helicpteros, nos avies, nas naves espaciais 1
APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros

Pouco depois, dizia o neto, apontando uns peixinhos no lago: av, porque que ns no somos capazes de nadar debaixo de gua? Respondia o av: Mas claro que somos capazes. Repara nos mergulhadores, nos escafandristas, nos submarinos Concluiu o neto: Afinal, ns somos capazes de tudo, av. Nem tanto assim atalhou o av. Quase conseguimos fabricar teias como as aranhas. Quase conseguimos voar como as liblulas. Quase conseguimos andar debaixo de gua como os peixes. Mas ainda no estamos satisfeitos nem nunca estaremos. E os peixes esto. Os peixes no querem outra vida. Conheces algum peixe com vontade de fazer teias ou de voar? So o que so e contentam-se. Com os homens no acontece assim Quer dizer que os bichos nunca mudam de vida. Deve ser chato concluiu o neto. E, que eu saiba, ningum lhes conta histrias concluiu o av.

FIM

2
APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros

Você também pode gostar