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TXI

Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou

Deram ao cachorrinho o nome de "Txi". Com tantos


nomes disponveis, logo foram escolher este! Mas ele no se importava. Txi chamavam. E ele vinha, a dar ao rabo, sempre contente. Mas eram os donos de m qualidade. Gostavam de brincar com o cachorrinho, pois gostavam, mas quando o viram crescer e transformar-se num grande co disseram: O Txi s est a estorvar. No podemos mant-lo c em casa. Abandonaram-no. H gente assim, sem corao. O Txi viu-se no meio de uma rua, com grande movimento, e desorientou-se. Cheirou o ar e no deu com o caminho de casa. Nem valia a pena. 1
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Supomos que o Txi suspeitava que j o no queriam. Tinha de conformar-se. Ia ser um co vadio, um co de rua, um Txi sem dono nem passageiro. Txi chamaram, perto. Ele acorreu ao chamamento. Sai daqui, co enxotou-o uma senhora, que ia a apanhar um txi. Txi chamaram, mais adiante. O co no se fez esperar, mas um senhor cheio de embrulhos, que ia a entrar num txi, deu-lhe um pontap. Ele no percebia. Chamavam-no e logo o rejeitavam. Gente esquisita. De desiluso em desiluso, foi ter a uma praa de txis. Mero acaso. Um motorista, que estava espera de fregus, partilhou com ele uma bucha com queijo. Como te chamas? perguntou-lhe o motorista por perguntar. Se ele pudesse responder Fosse como fosse, talvez por afinidade, foi-se deixando ficar. Os motoristas acharam graa alegre pressa com que ele se levantava dos quartos traseiros quando algum pedia um txi. c dos nossos diziam. E adoptaram-no. Continuava a ser um txi livre, sem dono, mas protegido por uma quantidade de amigos. Afinal o nome Txi sempre lhe valera para alguma coisa.

FIM

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