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Sendo msica e literatura desdobramentos de um organismo maior que se convencionou nomear arte, natural que haja entre elas

s um tipo de interao. comum, portanto, haver obras musicais em que a influncia literria, seja por aluso, seja por importao de processos composicionais, se faz notria. No sentido msica literatura, porm, esta interao se realiza de uma forma extremamente produtiva, havendo, inclusive, escritores que, por vezes,assumem uma concepo musical do ato potico. Goethe, ao escrever a balada Erknig, se vale de uma srie de procedimentos musicais a fim de obter determinados efeitos. Tambm lvares de Azevedo importa procedimentos musicais em seu famoso poema Meu sonho, procedimentos estes que no s se assemelham queles utilizados por Goethe, mas que tambm so utilizados com o mesmo propsito. Alm de lvares de Azevedo, h outro escritor brasileiro que possui uma potica fortemente marcada pela presena de procedimentos musicais: Manuel Bandeira. Em Bandeira, o poema e, muitas vezes, toda a antologia, apresenta uma organizao estrutural anloga estrutura de uma pea musical. O livro Carnaval, por exemplo, foi concebido em uma relao interartstica direta com a pea homnima de Schumann, compositor romntico. No nvel do poema, Bandeira se revela verdadeiro poeta-msico, como se verifica em Boi morto, poema em que a apropriao de procedimentos musicais no nvel literrio levada s ltimas consequncias. Dada a relao entre msica e literatura, este trabalho pretende investigar como os procedimentos musicais se aplicam na poesia, assim como refletir sobre o propsito desse processo no ato potico. Nesta contextura, os poemas acima mencionados constituiro objetos privilegiados de estudo. Tambm sero feitas reflexes sobre o Carnaval do poeta pernambucano e o Carnaval do compositor alemo, a fim de entender em que medida tais obras se assemelham e se contrapem.

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