candomblecista.

Filha, com o corao transbordado em honras, de Daniel ty Yemonj, do Il As Omi Laare y Sagb, em Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Durante mais de 20 anos ouvi essas respostas de crianas e jovens candomblecistas que, ao serem perguntadas do porqu rasparam a cabea, inventavam e inventam maneiras de menos sofrer. Em todos os depoimentos uma unanimidade: "a discriminao pior na escola". Muitos adultos tambm precisam ocultar seu amor para permanecerem em empregos ou conquistarem um. Para serem aceitos, s vezes, em sua prpria famlia e at por "amigos". No significa que sejam pessoas fracas, gostem menos dos Orixs, ou de seus terreiros. O problema no est nelas. O problema est nessa sociedade racista, hipcrita, preconceituosa. Sonho com um mundo em que um dia todos possam viver e publicizar seu amor, seus modos de acreditar ou no acreditar, seus modos de ser. Sonho e luto por uma sociedade sem desigualdades sociais e discriminaes. Por uma escola pblica laica onde religies que por serem majoritrias no usem isso para inferiorizarem outras religies ou aqueles e aquelas que no possuem nenhuma. Onde o Ensino Religioso no seja mais um instrumento para aumentar, todos os dias, a discriminao de nossas crianas e jovens de terreiros. Religio se ensina nas igrejas, nas sinagogas, nos terreiros, nos templos, nas assemblias. Quisera poder apagar o dia em que o fundamento das religies deixou de ser o amor e passou a ser o dio e a perseguio. Religio no se ensina na escola pblica. A escola deve ser lugar de ensinar e aprender em todas as suas disciplinas e espaos o respeito por toda diferena. (Stela Guedes Caputo - Dofonitinha de Lgunde - professora do Programa de Ps-Graduao em Educao PROPED/UERJ).Foto: Flvio Mota.