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APRIMEIRA VIELA DA PROVINCIA NOTAS PARA A HISTORIA DO CEARA (‘) W. B. Perdigdo de Oliveira) O Sr. major Joao Brigido dos Santos, meu ilustre professor e bom amigo, compendiando 0 que se ha escripto em diversas chronicas sobre esta provincia formnlou umas ligdes para o usu das eseolus primarias, importante trabalho que, sob o titulo -—.Resumo da historia do Ceari—pn blica actualmente nas paginas do Lihertador. Importantissimo é, de certo, o servico que 8. 8. presta com esse trabalho ds lettras patrias, immensa é a lacuna que com elle vem preen- cher. O Ceara, que conta um passado de quasi tre zeutos annos ¢ tem nao pequeno numero de filhos dileetos ¢ de grande saber, nio tem ainda sua historia escripta ! « Quazto se tem escripto, diz S. S. eousta de memorias, noticias de jornaes, chronicas, ete., tndo disperso, sem methodo, uem systema. » (*} Bats notsis foram pnbliendas em artigos no Pedra 27, jor desta capital, do W de Dezembro de 1885 a 1G de Maio de Te 104 RRVISTA 'TRIMENSAL Entretanto é certo que um povo, que nao sabe sua vida intima, que desconhece a historia de sen passado, e nao sabe dizer donde provém, que nao péde contar suas glorias, nem a amar- gura de sua tristeza, que tem conjunctamente no pé dos archivos a virtude ¢ o vicio sem poder apresentar aquella 4 admiragio e este 4 anima- dversio de todos, esse povo nao pode pretender os foros de eivilisado. Fo Ceara, que ordinariamente se avanta, snas irmis na escala do progresso, tem enfre- tanto quasi tres seculos de sua vida sepultados em seus despresados archivos! ... Quantos feitos illustres, quem sabe, perna mecem igno-ados?, quantas infamias, quica, © eultam-se tambem nas densas trevas do silenci sem que possam ser condemnadas com a Joris da maldicio para exemplo e edificagio das gi yacées porvindouras e do presente ?. ... Esse facto 6 tanto mais para lamentar quando é certo que o Cearatperde quotidiaanmente filhos doutissimos, que succumbem precocemente ra- lados de desgostos, victimas de uma politica mesquinha, indigna dos homens s¢rios. Todos conhecem essa grande verdade, todos comprehendem a causa gue leva robustos talen- tos a beijarem tio cedo a Jnpide fria do sepulchro, todos lamentamo-nos entvistecidos, mas, caso estranho!, cada dia que se passa, novas victimas, e victimas illustres, arrastadas nao sei porque ignota magia, cahem n’esse terrivel sorvedouro, como que para provar a verdade do anexim — abyssum vocat abyssum—. . Seus nomes.... para que cital-os! Si grande o illustre é a lista de nos os grandes DO INSITIUTO DO CAERA 105 homens, triste e immonsa,é a lista das victimas da politica, Reactando. « Quanto se tein escripto, diz 8. 8., consta de mmemorias, noticias de jornaes, chronicas, ete. tudo disperso, sem methodo, uem systema. » Si este facto 6 digno de lastima, mais ainda o 6 que esses mesmos escriptos diseordem entre si, em diversos pontos, sem. qae seus autores apresentem comtudo as bases em que se fundain suas opinides para tal divergencia, e que tantas vezes um escriptor trate de um assumpto quan- tas sejam as opinides que externe a respeito. Vejamos, por exemplo, sobre a fundagio da primeira villa da Provincia. O Exm. Sr. conselheiro Araripe diz em sua Historia da Provincia do Cearé as paginas 108 e 109 qne a primeira villa mandada crear-na anti- ga capitania fora fandada no local em que se acha esta capital, trausterida depois para a barra do rio Ceara, d’onde voltou mais tarde, e, sendo ‘ainda muddaa para aquella barra, veie poste- viormente paraa primitiva situacio, e que sé- mente em 1713 fora transferida para o logav Aquiaz. . A’ pagina 127, porem, escreve: Em 1708 a camara municipal do Aquivaz pedia ao Rei a no- meaciio de seis alcaides para a prisio de crimi- nosos ete. —O illustre Sr. Dr. Pedro Theberge, de sau- dosa memoria, 4 pagina 182, tomo 1° de seu *Esbogo Historivo sobre a provincia do Ceard,” 106 REVISTA TRIMENSAL diz ser crenga geval que a povoagéo do Aquiraz foi elevada 4 villa no primeiro anno do seculo passado. Confessa ighorar a Gpoca certa de sua creagao, mas accresceuta que adquirin a certeza de que em Maio de 1700 j4 funccionava o senado, pois que a 15 do dito mez representava uo Mo- narcha que os moradores do termo muito sof- friam dos roubos de gados que lhe faziam os Gentios barbaros. * E conclue: ” sendo jé villa no meiado de Maio e correspondendo-se com o Monarcha, foi o de- creto da creagaio lavrado no fim do seculo ante- rior ou primeiros dias do XVIII. A villa foi creada debaixo do titulo de villa de 8S. José de Riba-mar dos Ayuiraz, e comprehendeu seu _ter- mo todo.o territorio do Ceara grande, isto 6 a capitania inteira.” As paginas 111.e 112 diz: ” Houve n’esta capitania durante 0 anno de 1711 € os seyuintes uma especie de levante & imitagéo dos mascates em Pernambueo. Algumas pessoas, e especial- mente 0 capitéo-mér, interussadas em que a Fortaleza fosse a cabega do termo, em vez do Aquiraz, representaram n’este sentido a El-Rei qne por Alvard de 11 de Margo do mesm> anno mandou passar a villa e termo para a Iortaleza. _Os habitantes do Aquiraz nado viram esta mu- danga com bons olhos, ¢ reclamaram contra ella. nas debalde porque tinham contra si 0 capitio- mor e a tropa. Esta competeficia formentou entre os interessados dos doug lados uma intriga que nao tardou em passar ds vias de facto. Os moradores do Aquiraz suscitaram os Indios aldeados na visinhanga A revolla, e reunido’ ¢ guiados por alguns dos mais ardentes interessa- Do INSTITUTO DO vEARA wi dog resolveram vesistir as forgas do eapitio-mov. Houveram entre os dous partidos renhidos en contros, nos quaes morreram inuitos d’elles, mas com especialidade Indios. — El-rei informade estes acontevimentos restabeleceu as cousas wo seu antiyo estudo, tornando w passar « villa pura o Aquiraz, onde ficou seminais competencia, e a Fortaleza fiecu sendo o logar de resideneia dos capitdes-méres. Esta nova transferenciae, se em virtude de umaQrdem Regia de 27 de Janeiro de 1713 (E faz esta nota—segundo Pompen—-Ens Estat.—Tom. 2° Pag. 265: em virtude de Ordem Regia de 9 de maio de 1713.” —No 2° volume dos /nsaios Estutisticos 4 pa- gina 87 o venerando senador T, Pompeu, de sau- dosa memoria, diz que ” a villa do Aquiraz 6 a mais antiga da provincia; priucipiou em 1700 ¢ foi confirmada em 1710 por Carta Regia A? pagina 263—: "1700—ereagiio da villa do Aquiraz, a cuja_juvisdicgio ticou pertencends nao séa povoacio do forte, onde residiam os capitaes-ndres, como todo o resto da capitania. Esta creacdo molestou summamente os morado- ves do forte, inelusive o capitao-mér, ¢ o¢casio- now alguns conflictos.” ‘Ainda o soguinte 4 pagina 265—: "1711—11 de, margo—Ordem rogia, que trapsfere parva a Forta- leza a séde da villa do Aqniraz.” »1713--9 de Maio—Ordem regia, vestahelecen- do o Aqnivaz como séde do termo, de que_resul- tou conflictos entre os moradores esta villa eo eapitao-mér da Fortaleza.” No 1 volume, poréin, no quadro dos munici- pios, 4 pagina 235, lé-se ’Aquiraz villa creada em 1713.” 108 REVISTA TRIMENSAL No Dicionario Topographico e¢ estatistico es- creve—Aquiraz foi a primeira freguezia ea pri- meira villa da provincia do Ceara,e a séde da antiga ouvidoria.—Foi creada villa em 1710 e fre~ guezia em 1700 com o ovago de S José de Riba- mar, A’ pagina 15 dos "Apontamentos pura u Chro- nica do Ceard” Aquiraz creada villa em 17 00, transferida a séde para a Fortaleza por ordem Regia de 11 de Mareo de 1711, e restituida outra vez pela Resolugdo de 6 de Maio de 1713 que se deu exeeugio em 17 de Outubro do mesmo anno.” —O Sr. Major Joao Brigido em seu *Resumo chronologico”, 4 pag. 19 esereve: »—1700—25 de Janeiro. Neste dia fez-se a eleigao da primeira ca- mara da provincia—a da villa deS José de Riba- mar do Ceara, cujo termo comprehendia toda a capitania—Foram eleitos—os capities Manoel da Costa Barros e Christovio Soares de Carva- Jho para juizes ordinarios; 0 tenente Antonio Di- as Freire, Antonio da Costa Peixotu ¢ Joao da Costa Agniar pava vereadores e 0 capitio Joao de Paiva de Aguiar para procurador. ” Estes individuos, escolheram pava séde da villa o logar Iguape (Aquiraz) contra o voto do capitao-moér Francisco Gil-Ribeivo, mas pedindo ito governadur e eapitao general de Pernambuco a confirmagio desua cleigao, este expediu em 24 de Margo, as suas ecartas de usanya, mandando que a séde da villa fosse a mesma povoaciio, em que estava a fortaleza.” A’ pagina 25 diz. 8.: "1711—30 de Faneiro— Carta regia ao governador geral de Pernambuco, mandando transferir para Aquiraz a villa de S. DO INSTITUTO DO CBARA 109 José de Riba-mar, que se tinha estabelecido junto 4 fortaleza de N. Senhora da Assumpgiio.” Ea pag. 26—:” 171318 de fevereiro.—Ordem do governador de Pernambuco, mandando que se nude para o sitio Aquiraz a séde da villa de 8. José de Riba-mar, declarando queS$.M., me- Thor informado da capacidade do sitio assim lhe tinha ordenado, por Carta de 30 de Janeiro de 1711, sem embargo de estar o Aquiraz a seis le- guas da Fortaleza: pois que ficava na estrada para diversas povoagdes, com rio navegavel cha- medo Pacoty, em distancia de 2 leguas do mar, onde estavao presidio de Iguape, com béa ense- ada para bareos, sustento:de carne e farinha, 0 que nao se acha junto 4 fortaleza de Assump- gio.” —”27 de Junho.—Transferencia effectiva da séde da villa para o sitio Aquiraz, conforme o acto de installagao existente nos archivos da provincia.” — Entretanto 4 pagina 22 1é-se—: —1708—27 de Novembro.... A camara do Aquiraz pediu ao rei a creacao de seis alcaides para prisio dos criminosos, por ndo serem bastantes os 50 ou 70. soldados do presidio, pois que desde 1700 haviam impunes 214 criminosos; que nao eram perse- guidos & falta de cadeia e agentes policiaes. ” Em 1881, porém, 8. 8. declara pela Gazeta do Norte quea villa do Aquiraz era realmente a mais antiga da provincia, e que fora ereada par Carta Regia de 1699. No trabalho que actualmente est4 publicando diz §. 8. a respeito d’esse assumpto : “No goveruo deste ultimo (Francisco Gil Ribeiro) (16 de Julho 1700) inaugurou-se a pri- 110 REVISTA TRIMENSAL meira villa, cujo termo comprehendia o territo- yio de toda capitania. Os homens principaes da eclonia escolhcram para séde d’esse termo o logar Tguape (Aquivaz) contra o voto de Fran- cisco Gil Ribeiro, o que for parte para um litigio mui longo, conflietos e mortes entre dois parti- dos, que se levavtaram, a saber os militares, que queriam a villa no logar do presidio e os plauta- dores que opinavam pelo Aquiraz. » Apesar do ordens positivas de Lishéa e Per- nambuco para que a Villa fosse n’esse ultimo logar, ella s6 se estabeleceu ahi definitivamente em 1713, tendo estado ora no Aquiraz, ora na barra do Ceara, e ora no local da cidade da Fov- taleza. ” ate Entre tantas e tao diversas opinides, qual a seguir? De que lado esté a razio? A quem assiste a verdade? O que Wahi resulta 6 que cada qual vai adop- tando a opiniio (aquelle a quem na oceasiio consulta ou ]é, sem estalelecer comtudo um eon- fronto com as outvras. Os documentos officiaes, relatorios e quadros estatisticos, vao tambem resentindo-se da mesma falta, sendo certo que a opiniao do venerando se- nador Pompeu éa mais seguida, devido, talv ao facto de ser official o sen trabalho. TLembra-me um facto que vem a proposito nar- rar: tm dos ministerios exigiu, ha tempo, & pre- sidencia da provincia cépia da Ordem Regia de 1718 que credra a villa do Aqniraz, segundo con- stava dz um sen officio, ou outro documento, Se respondeu que na secretaria da presidencia nao a Do INSTITUTO DO CEARA m1 existia tal ordem, e que, si tinha sido ella citada ou mencionada no trabalho de que tratava o ministerio, era porque assim o referia o senador Fompeu nos Ensaios Estatisticos—trabalho offi- cial. Um grande vulto, cuja perda sensivel a Pa- tria ea Religiaéo ainda deploram o venerando senador Candido Mendes, disse : ” Nao temos uma historia completa; temos retalhos aleanhados com esse nome ; alguns nao sao mais do que cépias dos precedentes, distin- guindo-se apenas pelo estylo mais ou menos cor: recto, disposig&io das materias, 4s vezes nenhu- ma idéa adiantando, quanto 4s epocas notaveis da nossa historia, e ao que 6 em geral bem co- nhecido. A causa @este facto provém da falta de documentos e memorias contemporaneas impres- sas, que muita luz podem dar, esclarecendo, rec- tificando o que ha de incorrecto einexacto com a autoridade de algum nome.” (1) Convencido dessa triste verdade, com relacio a esta provincia, entendi, como seu filho que a extremece, que devia, a despeito mesmo da hu- mildade de minha pesséa, concorrer de alguma forma pava remediar esse mal; e, assim, procurei e consegui colligivdiversos documentos, que abai- xo faco publicar eque muita Inz vém trazerdquel- le ponto de controversia. Assim procedendo, nao me alenta mais do quea esperanga de ir estimular a outros a qne fagam publicar novos documentos, que porven- tura possuam ; e, subtrahindo assim aos estragos (1) Candido Mendos—” Memorias para a Historia do Extineto Estado de Maranhio ”, prologo, 'I'.1 pag. VI. 112 REVISTA TRIMENSAL das tragas grande quantidade de reliquias do pas- sado, fazer com que se restabeleca a verdade so- bre um ponto de nao pequena importancia da historia de minha heroica Ceara. Que consiga isto, ficarei contente. D'esses documentos verifica-se qauc com rela- emo & Villa mandada crear na antiga capitania do Ceara, pela ordem Regia de 13de Fevereiro de 1699 oecorreu o seguinte : - Em 1700 se procedeu a eleicio da primeira camara, sendo eleitos para os cargos de juizes or- dinarios os capitaes Manoel da Costa Barros « Christovio Soares de Carvalho ; pia os de ve- readores o tenente Antonio Dias Freire, Antonio da Costa Peixoto e Joio da Costa Axuiar, ¢ para ‘procurador o eapitio Joao de Paiva de Aguiar. Estes cidadios communicam, em carta de 25 de Janeiro de 1700, ao Governador de Pernam buco’o resultado da eleic&o e que ainda nfo xe tinha decidido o lugar separado em que devia ser fundéda a villa, em consequencia de haver a res- peito diversas opinides ; porém que elles com ox demais adjuntos tinham procedido c dita elei¢fo nolngar chamado Iquape. (doe. n? 1) Em 24 de Margo responde 0 Governador de Pernambuco, D. Fernando Martins Mascarenhas de Alencastro, enviando-lhes as cartas de usan- ga (que teem a data de 16 de Marco) e determi- nando que a villa se fundasse no lugar em que actualmente assiste essa pequena povoagdo, como ordenava ao eapitio-mér do Cearé, Francisco Gil Ribeiro. (docs. n? 2 @ 8) Este, cumprindo as ordens reeebidas, fez fun- dar a villa, sob adenominacdo de 8. José de Riba- DO INSTITUTO DO CEARL lis mur—junto da Fortaleza, debaico dus armas del- la, [2] ¢ 20s 16 de Julho juramenta e da posse 4 camara, que no dia 16 de Agosto delibera fa- zer estatutos on posturas acommodadas ao terr uo eao modo de vida de seus moradores, vis- to nao haver na villa regimento algum, pelo qual se regesse com o povo. (does. 4, 5 e 7.) J& en 15 de Maio aquelles cidadaos, reuni- dos em camara, tinkam dirigido ecattas ao Ri de Portugal, solicitando diversas provideucias para augmento c socego da capitania. (doc. 6.) Em uma d’essas cartas communivam que a villa tinha sido fundada junto da Fortaleza con- tra a sua opiniio ¢ a da maior parte do povo— por ser um lugar muito inconveniente, maxime por causa da porto ser pouco capaz, havendo en- tretanto na capitania outro lugar, a que chama- va-se Iguape, junto do qual existia terras ara- veis, abundante cin agua e pesearias, porto facil para entrada esahida de embareagées, sendo por isso mesmo procurady até per piratas, podendo para evitar a estes ser coberto com uma plata- forma com dez soldados, Em vista doexposto, julgavam de grande con- (2) Lundar a vilia, isto 6 levantar o pelonrinho para recouheci- mento dx villa. . Nao posso preeizar o mez edia, em que isto se effectuon, co-me ter sido en 25 de M ono se verd adi “mara, commu! toa EL-Rei de Portngal Como quer que sejay nado me 2 Jheiro Ara sstabelecer major J. Brigide diz quo odin 25 de Janeiro foi v da 0 da camara, o que nao contes‘a. lit REVISTA TRIMENSAL veniencija a mudanca da villa para aquelle lugar, e que até vir a decisao regia nao considerariain a mesma villa como necessario fundamento. (3) (doe. n° 5.] El-Rei responde a 2 de Outubro quanto ds pro- videncias solicitadas [does.8 a 10] (A respeito da mudanga nao encontrai respsta ou decisio.) —Quando se tratava de se levantar o pelouri- nho parao reconhecimento da villa, houve recla- maciio por parte do povo para que nao fosse na Fortaleza, e sendo levado isto ao conhecimento do Governador de Pernambuco, este mandou oer a villaparia parte mais coveniente, (doe. Em vista disso a camara em sessio de 20 de Abril e 20 de Julho de 1701 aceordou fazer.a mu- danca para a barra do rio Ceara, luyar escolhido pelo capitio-mér Francisco Gil Ribeiro e Red. vi- gario Jodo de Muttos Serra, ouvidos a respeito conforme a ordem do Governador de Pernambu- eo. (does. 11 e 12) Em 8 de Abril do anno seguinte o capitao- mor Francisco Gil Ribeiro convocou a camara, a quem apresentou o capitulo de uma carta, que lhe fora dirigida pelo Governador de Pernambu- co D. Fernando Mascarenhas, determinando que a villa continuasso situada na Barra do rio Cea- va; [doc. n? 13] 0 que d4ia entenaer ter havido pedido ‘ou proposta de mudanga da villa para outra localidade. —Em 24 de Fevereiro de 1706 0 capitao-mér do Cearé, Gabriel da Silva Lago, apresenta ao (3) 0 Sr. Dr. Pedro Theberge disse, entretanto, quo era a sena- do da camara do Aquiraz que funceionava em 15 de Meio e se correspondia como Monareba. DO INSTITUTO DO CAERA 115 senado da camara uma proposta de mudanga da villa para junto da Fortaleza de Nossa Senhora da Assumpgao, e tendo no dia 26 0 mesmo se do se veunido, a pedido do povo, delibera a mnu- danga para o dito Ingar, que tambem fora esco- lhido pelo povo. (does. 14 e 15.) Contra esse acto a camara, que eutron a ser- vir, representa em 10 de Julho do mesmo anno [1706] ao Governador de Pernambuco, allegando que sua antecessora assim tinha praticado coagi- da pelo capitio-mér, homem pouco experiente da terra. Mostrando os incovenientes que se ¢xperimen- tariam em continuara villa na Fortaleza, diz a camara: oluyar éludeira abaico ladeira acimea, sem ter perto conveniencia para portosnem pa- ra bareos, a nao ser uma ponta chamada Mnueu- ripe, onde as embareagdes com grande riseo po- dem tomar porto, nio se bebendo no verio pio agua de cacimbas eruim, sem rio de peixe a nao sera costa do mar ; por isso pede permi so para mudar a villa para o Aquicaz, que 6, diz ella—" boa planicie, sitio alegre, boa agna per- manente, rio le peixe, perto da barra do Iguape, onde as embarcacdes podiam ancorar com segu- ro.” [doe. 16.] O Governador responde a 11 de Setembro de- elarando que, tendo sido a villa transferida da Barra do CearA sem ordem Regia e 86 por con- sentimento do capitao mor, cumpriaque a cama- va fizesse voltal-a para aquella localidade, isto sem perdade tempo livrando d+ molesiar—a si ea elle—; eque, quanto A mudanca parao Aqui- raz, iasubmeter a proposta & consideragio do Monareha, afim de resolver como fossy servido ; 116 REVISTA TRIMENSAL porém que antes disso havia de se proeurar lu- gar apropriado para a construegao de fortale- za, (doe. 17. Dando cumprimento a eysa determinagao, a va- mara accordou em, sessio de 23 de Outubro a roudar a villa do lugar Fortaleza para a Barra do rio Ceara. (doe.” 18.) —Em 15 de Dezembro do anno seguinte [1707] a camara que entrou a servir, dirige ao Rei de Portngal uma carta em que, mostrando 0 pou- co augmento quea villa tinha tido até entio, j& em 1 eonsequencia das continuas mudangas, ja por causa da incapacidade dos lugares em que tinha sido situada, pede permissio para transfe- iu para o Aquiraz que esta, diz ella, perto do rio Pacoty, que tem barra, e do forte do Iguaps, onde as Cmbareagdes podem aneorar com segu- ranga, ¢ tier na estrada publica para augmento ¢ defeza do mesmo forte, com abundancia de man- Limento, peixe, pasto para gado vacum ¢ cava- lar. (doe. n° 19.) —A camara que servia no anno de 1708, [4] (4] E' esta camara que, quando avila ainda se nehava na bar? ya do rio Ceara. pede em 31 de Agosto de 1708 wo Kei de Portugal creagdo de scis alestides para a prisao de criminosos. Fundamentando sen pedido diz ela : ite existi orsexnides por ndade dos Ju falta do cadeia e pess Oso 410 9 8% por nao ha os prendessem por um pobre a sea ton aterrat ¢ consegnir prisdes, porque incoenta on scs- antes, que anntalmente vinham 2 eapirani: fo eran igdo das fortalezas existentes, © nio podi- izesse, ser empregados naguelle mister.” ais ye mm aincirinho, cou que nio se podia «SO wed ilinstre profersor @ Exm. $x. conselheivo Avavipe die zem que esse pedido foi feilo pela camara do Aquiraz e-em data de 27 de Novembry do 708. DO INSTITUTO DO CEARA 117 reunindo-se no dia 8 de Outubro na Fortaleza de Nossa Senhora da Assumpgeiio, delibera mudar para ahi o assento da villa, transferindo o pelou- yo que se achava na barra do rio Ceara, até or- dens em contrario do Rei de Portugal; do que inandou fazer termo de assentada e deu parte ao eapitio-mér do Ceard. Para assim proceder allegava a camara ter re- cebido autorisagio do Governador de Pernaambu- co, D. Sebastiio de Castro Caldas, em carta di- 29 de Setembro de 1707. [doc. n? 20.) —Fazendo um historico do que até entio ha- via occorrido com relagio a villa de 8. José de Riba-mar, a camara de 1718 diz ao capitao-mor, em carta de 24 de Margo : agora vemos o pelou- ro junto da Fortaleza e nao encontramos nos li- vros de registro Ordem Regia ou do Governador de Pernambuco, autorisando esta ultima mudan- ga, pelo que pedimos que nos faca saber se tem ordem ou poderes para a conservaciio da villa no dito lugar, pois tendo dese constrnir a cadein néo convém dar comego aos respectivos traba- Thos sem havev certeza do legitimo assento da villa. [doe. n° 21.] O ecapitado-mér, que entéio era Francis2:o Du- arte de Vasconcellos, responde na mesma data declarando que ji encontrou a villa situada na Fortaleza e que vumpria a camara ahi conser- val-a, porque as armas da Fortaleza serviam pa- ya a seguranga dos moradores e estes para a a quellas e que,em qualquer parte em que a villa estivesse situada, havia necessidade de edificacio de fortalezas. (doe. n? 22.) —Ja nesse tempo havia baixado a Ordem Re- gia de 30 de Janeiro de 1711, mandando trans- 118 REVISTA TRIMENSAL ferir a séde da villa da Fortaleza para o lugar vhamado Aquiraz:; Ordem que sé em carta de 13 de Fevereiro de 1718 0 Governador de Per- nambuco [Felix José Machado] envia ao capitao mmér do Cearaé,—Franeiseo Duarte de Vaseoncel- los, afim de dar a divida execucao, [does. n? 23 ¢ 24], sendo por este remettida A camara no dia 15 de Abril do mesmo anno. (doe. n? 25.) Antes de ter a camara vecebido officialmente essa Ordem, reunidas diversas pessoas, tendo por : protector ou guia o Rvd. vigario geral da Capita- nia Joao de Mattos Serra, apresentaram em 16 de Abril] de 1713 aos officiaes da camara um reque- rimento assignado por 39 ou 40 moradores da villa, solicitando 4 camara fizesse suster a execu- e&o0 da mudanga até segunda ordem do Gover- uador de Pernambuco. Os officiaes da camara declaram-lhes que nao teem ainda conhecimento da Ordem, e gue dei- xavam de receber o requerimento por nio se acharem em vereacao. O requerimento foi entao eutregue ao Proen- yador do Conselho para que em nome do povo proeurasse 0 despacho no tempo opportimo e requeresse 0 que foss: a bem de seus direitos. (doe. n. 26). Recebida a Ordem, o Procurador da camara apresenta-lhe um requerimento, declarando pro- testar em nome do povo contra os damnos ¢ ruinas do servigo de Dous e de S. M. El-Rei de Portugal e do mesmo povo, e contra os motins que porventura sobreviessem com a execugao de ta] ordem. A camara recebe 0 requerimento que faz re- gistrar em seus livros, e de tudo d& parte ao ca-~ DO INSTITUTO DO ORARA 119 pitéo-mér do Cearé e ao Governador de Pernam- buco. [does. n? 27 e 28.] O capitao-mir responde logo no dia seguinte [17 de Abril] declarando que o vigario tambem selhe apresentou com outras pessoas pedindo igualmente a nfo execuciio da Ordem, eque em vista das razdes apresentadas havia deliberado attender-lhe, submettendo o caso 4 consideragao do Governador de Pernambuco. (doc. n? 29. Este, por carta de 17 de Maio manda que a ca- mara facacumprirsem mais delonga a Ordem Regia, autorisando-a tambem a requisitar, se assim fosse necessario para a mudanga-da villa, auxilio de braco militar, que o eapitéo-mér for- necer-lhe-ia sob pena de desobediencia 4s or- dons suas ; devendo a camara communicar ao ca- pitao Antonio Vieira da Silva, que se achava en- earregado de fazer essa diligencia. (doe. n? 30.) :Em vista disto. se effeetuou em 27 de Junho de 1713.a transferencia para o Aquivaz (5) da sé- de da villa de 8. José de Riba-mar, que se acha- [5] Como se veri, os documentos accusam qne ossa_mndanga aceffectua em cumprinente & Ordem Regia de 3 de Janeiro de IAL. . Fago notaristo, porque o Sr. Dr. Pedro Theberge falla em uma mudanga da villa para a Fortaleza em virtude de um Alvaré de Tl de Margo de 1711, realisando-se a volta para o Aguiraz-em cumprimento de uma Ordem Regin de 27 de Janeiro de 1718. —0 venerando senador Pompen falla em uma Ordem Regis de 1 de Margo de 1711 transferindo a séde da villa para a Forta- lea od a Ordem, qne u fez voltar parao Aquiraz, adata de 9 de Maio de 3713, ven illustre professor que, apenas deu-se reite- nilo Governador de Peraambuco, foi cumprido o io quanto a trans‘erencia di villa pata o Aquiraz, © queem 1712 foia var uniea quen mesina villa ali estove, tendo estado até entio ora na Fortaleza ora na barra do rio Ceara, —Em sessiio de 27 de Junho a camara accordou comprar uma vacea ¢ dons alqueives de farivha para dar em pagamento aos in- indios que transportaram archivo. 120 REVISTA TRIMENSAL va na Fortaleza, do que se lavrou_ termo. [6] [doe. n°? 81.) —Poucos dias depois, em 18 de Agosts, foi a villa do Aquirazassaltada pelos indios anassés, jagoaribaras, payacis e outros, que mataram cer- ea de duzentas pessoas, particaram roubos e. grandes estragos (7) A camara se refugia.na Fortaleza a convite do capitao-mér ; e d’ahi 6 que communica ao Rei de Portugaleao Governador de Pernambuco nao s6a mudanga da villa para o Aquiraz, como tambem o assalto soffrido. [docs. n? 32 a 34.) —-Mais tarde os moradores da Fortaleza e a propria camara do Aquiraz reclamam a volta da villa para a Fortaleza, porém El-Rei D. Joao or- dena em 11 de Outubro de 1721 que villa se con- serve infallivelmente no Aquiraz, (8) do contra- rio dar-se-ia por muito mal servido. [doe. u? 35.] —Em 1725, em vista de novas_representagdes -para a mudanga da villa para a Fortaleza, baixa a Ordem Regia de. 11 de Margo determinando nao sé a onservagao da villa no Aquiraz, como tambem a creagio de uma outra na Fortaleza. (doc. n? 36.) Essa nova villa 6 inaugurada em 13 de Abril de 1726 pelo capitao-mér Manoel Francez. (doe. ne 37.) (7) Talvez seja este o levante de indios que o Sr. Dr. P. The- berge diz ter havido no auno de 1711 © seguintes, contra os mora- dores da Fortaleza, considera-o promovido a ecnselho dos hali- tantes do Aquiraz. (8) Em vista do exposto, se me fosse permettdo corrrigir 08 tra: balhos do venerando scnador Pompen, d quiras villa creada em 1713 e confirmady em 1f21, [9] 0 Exm. conselheiro Arraripe fa havidas a respeito dos limites das_du ciono por nio ter og documment: Ja om outros ocourrencias fllns, a3 qnaes nao men- v0 HO INSTITUTO DO CHARA 1m +A. delimitacdo de térreno para ternto das duis villas da lugar a novas pendencias entre seus moradore’ ¢ as proprias camaras, sendo que a do Aquiraz se queixdéra a El-Rei do capitéo-mér Manoel Francez, porque concedendo para a For- taleza mais do citenta loguas, reservara para 0 Aquiraz apenas—quatorze—, tirando assim sus. jurisdiccio eo contracto das carnes, unica renda do Conselhe, ¢ isto em proveito proprio, porque, diz ‘a camara, o capitéo mér tinha vendido umas casas de sua propriedade—a camara da Fortale- za, @ esta sé poderia pagal-as com o contracto das carnes. [9] (doe. n? 38.) —Dous annos apenas havia que o Ceara ti- wha sido desligado da Parahyba [Carta Regia de 8 de Janeiro de 1723] para constituir uma co- murea (ouvidoria) independente, _Avvilla do Aquiraz, entdo a unica existente, era a séde da mesma comarea, inais tarde, porém, com a nova creagio da villa da Fortaleza, quiz a camara d’ésta que para ella pas8asse aquella pre- vogativae a competencia de nom2acio de Almo- xarife da Fazenda. D‘abi r. sultam representacdes de ambas as par- tes, allegando cada uma razdes em que se funda sen direito. ‘Em 1754 El-Rei D. José julgando talvez por termo a questao, baixa a Ordem de 14 de Dezem- bro, determinando que o negocio se regnle pela antiguidade das villas, devendo ser preferida a que fosse mais antiga. (doc. n° 39.) Nascem d’ahi novas questdes, pois que cada uma das Villas pretende sera mais antiga. Entao em 22 de Dezembro de 1757 o Monarch- ordena ao Governador de Pernambuco qre=ia- 1232 REVISTA TRIMENSAL forme a respeito, ouvindo por eséripto ad capi- tao-mér do Cearé e aos officiaes das camavas da Fortaleza e do Aquiraz, averiguando tambem em que tempo n’este, ultimo lugar se constituiu a villa, e si na Fortaleza sempre se conserva- vam a camara e mais officiaes, de que se for- ma uma villa, bem como quem tinha feito as - propostas de almoxarifes da Fazenda em todos -. os annos: que as houve. (doe. n? 40). Em.19 de Janeiro de. 1759 a camara do Aqui- zaz d& sua informagéo ao Governador de Per- nambuco, conforme este exigira em 26 de No- vembro de 1758. (docs. 41 e 42). : Por ultimo vem a Ordem Regia de I8 de Ja- neiro de 1760 declarando a villa de 8. José de Riba-mar dos Aquiraz como eabega da comarca, pertencendo-Jhe por isso a competencia da no- meagaéo de Almoxarife, visto ser a mais antiga pois que fot ereada no anno de mil setecentos ¢ trese € wu que se wha junto da Fortaleza tere sua creagao no anno de mil setecentos e vinte e seis. (doc. n? 43) Assim terminou no seculo passado a-contenda entre as duas villas; praza aos Céos que a publica- gato dos documentos, de que trato, venha no se- eulo aetual por termo a controversia—sobra o lu- gar em que foi fundada a primeira villa da pro- vineia, Eis os documentos a que me refiro, ¢ que para maior autenticidade publico com a orthographia vom que se acham registrados nos velhos livros da antiga. capitania. DO INSTITUTO DO TRaRs Ww T ReGIsro DAS CARTAS QUE ESYE SENADO ESCREVEU AOS GOVERNOS E BISPOS E CAPITAES MORES E MAIN PESOAS, Meu Senhor foi Vosa Senhoria seruido por sua masgestade que Deus guarde ordenar a qua s¢ fizesce villa nesta capitania do Ceara grande ¢ e com o Rigimento de vosa Senhoria se ha fei- to a dita villa em que todos os moradores della ouuerdo por bem alembranga de sua magestade que Deus guarde om nos querer aumentar neste desterro, e com o emparo de Vosa Senhoria se deue fazer tudo‘com milhor aserto pella emposi- pilidade da terra que pora esta n&o hé nesegario faze-lo emtudo presente a Vosa Senhoria que lon- gas notisias deuce de ter do estado della e como em nos se fes emleigdo deste presente anno da noua Villa de Sio Jozeph de Riba-mar que ainda sendo ha desedido 0 lugar separado donde a de ser fundada per auer uarias opidnis porem nos com os mais ajuntos flzemos emleisio em o Jugar chamado iguane per nos pareser mais comunien- tee sempre ficamos sugzitos ao que Vosa Se- phoria for seruido ; com que mandamos de pre- sente pello correio que o capitiéo mor Francisco gil Ribeiro remete a Vosa Senhoria buscar no- sas cartas de uzanea pera com ellas seruirmos a Sua magestads que Deus guarde e seguir o que Yosa Senhoria nos ordenar e a breuidade do correio pedimos a Vosa Senhoria seja brene per coanto queremos fazer presente nesta frota a Sua magestade que Deus guarde algts particu- lares muito necessarios a seu real seruico a Vosa 124 REVISTA TRIMENSAL Senhoria comseda Noso Senhor largos annos de vida. Villa de Sam Joseph de Riba mar uinte esinco de janeiro de mil sotesentos Seruidores de Vosa Senhoria Manoel du Costa Barros, Chris- tovto Soares de Carualho, Jodo da Costa de Aguiar, Antonio da Costa peixoto, Antonio Dias freire, Jodo de paiun Aguiar. Ei nao continha mais dita carta qua terladey do original bem e fielmente pello juramento de meu officio e me assignei de meu signal custu- mado signal que custumo fazer, Jorge pereyra. Il > REGIsto DA CARTA QUE ESCREVEU 0 GOVERNADOR DE PERNAMBUCO A ESTE SENADO, 0 SEGUINTE Senhores oficiais da Camera da vila de Sam Joseph de Riba mar Recebi a carta de Vm em que me dao conta da emleisam que eses pouos fizerio das suas pesoas para a governanca desa vepublica em cujo lugares espero obrem Vm de maneyra que desempenhem as suas obrigasonis eem tudo facam oseruiso de Sua magestade tratando do bem cumum deses uasalos seus; Vao as cartas de uzanca pera Vmes entrarem a seruir e afundasio da villa se asentow fose no mesmo lugar em que autualmente assiste essa pequena pouasam na. forma que o declaro e or- deno ao capitio major Francisco gil Ribeiro e asin o devem Vmes ter emtendido pera a exe- entarem tao bem pella parte que lhes toca. Deos Goarde a Vmés mujtos anos. Recife uinte e coatro de marsso de mil e sote sentos. Dom Fernando Miz mascarenhas a lancastro. e do DO INSTITUTO Do cEARA 125 cuntiaha mais a dita carta que terladey do ori- ginal bem e fielmeute pello juramento de meu officio e me assignei de meu sinal custnmado que custumo fazer. Jorge pereyra Tir REGIsTO DA CARTA DE UZANGA DOS OFFICIAIS DA . CAMERA QUE SERUEM ESTE PRESENTE ANNO O Doutor Manoel da Costa Ribeiro do desem- barguo de Sua Magestade ouvidor e auditor geral do crime e silve nesta capitania de Pernam- buco per Sua Magestade que Deus goarde ouvi- dor dalfandega pera a causa dos homés do mar juiz conceruador da junta do Commercio geral provedor das fazendas dos defuntos e au- sentes juiz das justificagdes tudo com alsada pello dito Senhor que Deos goarde ete, Fago saber aos que a presente carta de comiirmacao virem que a mim me enviou a dizer per sua petigio o capitam Manoel da Costa Barros, 0 capitao Christovao Soares de Carualho, que elles sahirio per juizes ordinarios da noua villa de S40 Jozeph ds Riba- mar do Cearé, e o tenente Antonio dias fri Antonio da Costa peixoto e joao da Ccs*a de agui- ar per ureadores ¢ ocapitao joaode paiua deaguiar per procurador e que pera efeito de poderem exer- cer 0s ditos cargos Ihe mandase pasar sua carta de usanca o que tudo mostrou ser uerdadeiro pello que lhe mandei pasar a presente pela qual mando que exercitem osditos cargos na forma que sahiram per elleisam e os hei per metidos de posse e se far4 termo nas costas desta donde se Thes dara o juramento na forma que he uzo, e os

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