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ALGUNS ASPECTOS DO CONTOJULIO CORTZAR Difcil se ter uma ideia viva do que o conto, pelo fato de que as ideias

as tendem para o abstrato, para a desvitalizao do seu contedo. Uma sntese viva, ao mesmo tempo que uma vida sintetizada O conto parte da noo de limite, em primeiro lugar, do limite fsico. Foto (conto) X cinema (romance) A fotografia pressupe uma limitao prvia, imposta, em parte, pelo reduzidocampo que a cmera abrange. Na foto, assim como no conto, o contista sente necessidade de escolher e limitar uma imagem ou um acontecimento que sejam significativos, que no s valham por si mesmos, mas tambm sejam capazes de atuar no espectador ou no leitor c o m o u m a e s p c i e d e a b e r t u r a , d e f e r m e n t o q u e p r o j e t e a i n t e l i g n c i a e a sensibilidade em direo a algo que vai muito a l m d o a r g u m e n t o v i s u a l o u literrio contido na foto ou no conto. Um bom conto incisivo, mordente, sem trgua desde as primeiras frases. O contista sabe que no pode proceder acumulativamente, que no tem o tempo por aliado; seu nico recurso trabalhar em profundidade, verticalmente. O tempo e o espao do conto tm de estar como que condensados, submetidos auma alta presso espiritual e formal para provocar uma abertura. Um conto ruim quando escrito sem essa tenso que se deve manifestar dedeas primeiras palavras ou desde as primeiras cenas. Um conto significativo quando quebra seus prprios limites com essa explosod e e n e r g i a e s p i r i t u a l q u e i l u m i n a b r u s c a m e n t e a l g o q u e v a i m u i t o a l m d e pequena e s vezes miservel histria que conta.

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