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Agosto, 1871 A honrada Cmara Municipal do Porto quis dotar a cidade de uma praa de peixe.

Nada mais higi nico, mais !usto. "esde sempre, nas grandes cidades, o peixe te#e os seus aposentos, porque a #adiagem do peixe pelas ruas $ %a&endo concorr'ncia ( #adiagem dos %ilhos$de$%am)lia $ muito insalu*re. Mas uma praa de peixe n+o um teatro nem mesmo um quartel. ,em uma arquitectura pr-pria, condi.es especiais de ar, de lu&, de /gua, etc...Assim, em toda a parte as praas de peixe s+o de uma constru+o ligeira, a*erta e atra#essada pelos #entos, com le#es colunas de %erro sustentando um tecto de madeira ou #idro, la#adas por um perp tuo escorrer de /gua, cercadas de /r#ores... 0n%im um lugar s+o, %resco, higi nico, li#re, desin%ectado. Pois *em1 A Cmara do Porto, com uma no*re solicitude pelo peixe, para quem parece ser uma extremosa m+e, e receando, com um carinho assustado, que o peixe se constipasse, ou so%resse a indiscri+o dos #i&inhos, construiu$lhe uma praa %echada, com altas e %ortes paredes, #arandas, ga*inetes interiores, corredores, quase um palacete. 0 tudo de tal modo tranquilo, aconchegado, con%ort/#el, que a Cmara hesita se h/$de p2r ali peixes, se li#ros $ e se %ar/ daquilo um mercado ou uma *i*lioteca1 A n-s parece$nos que, com mais alguma despesa, a Cmara daria ao pa)s o exemplo de uma grande dedica+o pelo peixe1 $ 0ra mandar atapetar a praa, colocar nos recantos so%/s, e n+o esquecer um piano. 3 peixe #i#eria ai dias de grande doura4 os ro*alos estariam deitados 8m di#+s de seda5 o pol#o teria li#rarias para se instruir1 3 comprador seria introdu&ido por criados de li*r . A peixeira condu&i$lo$ia a uma alco#a, com as !anelas cerradas, ergueria os cortinados de um leito, e mostraria inocentemente adormecidas, so* uma co*erta $duas pescadinhas. 3 comprador tiraria o chap u como#ido. 0 a peixeira diria com lindos modos5 $ 6uas 0x.as recolheram$se tarde.. 6+o a 87 r is cada uma1 Ah1 A Cmara tem decerto grandes planos1 Como est+o *em %eitas, es*eltas, as largas #arandas de %erro da %achada da praa1 Alguns mal #olos riem. Mas n-s sa*emos que essas #arandas na praa de peixe, t+o amplas e c-modas, t'm um destino que ningu m $ a n+o ser inspirado pelas in!ustias da in#e!a $ poder/ condenar. Aquelas #arandas s+o para que, aos "omingos, o peixe #enha tomar ca% para a !anela1 0a de 8ueiro&, As 9arpas

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